sábado, 20 de fevereiro de 2010

SOBREASSALTOS

Caminhar pelas ruas
escuras ou iluminadas,
é somente.

A aventura está,
no assalto a cada parada.

*Direitos Reservados*

GORDURAS

Um sol gordo
se escode atrás
de um horizonte magro,
pra olhar a noite se despir.

SEGREDOS

Meu barco a vela
não ilumina o mar
Mar que não conheço a fundo

Onde o vento quer morar de vez.

teatro que encena mundos.

Lá em terra estão abatendo pêssegos!
Assim como fazem aqui com as baleias.

*Direitos Reservados*

VERDADES

Priscila mentiu
que não gostava de mim

Existem olhares
feromônios
cheiros de mar

O amarrotado pedido dos lençóis
dos gemidos

Priscila -
Sinceramente, o poeta
deitou.

*Direitos Reservados*

ARRASTÃO

Eram muitos
tinha surf, tinha sol

Eram muitos
e nos atravessaram

Eram muitos
gafanhotos na praia

Eram muitos
lavaram tudo

Eram muitos
nenhum tinha nome

Nossos braços de rios
desaguando no mar

*Direitos reservados*

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MOVIMENTO

Pensa-se na vida
como um eterno movimento.
Pensa-se no movimento,
como um círculo que se repete
negando a negação.
A vida é movimento, é certo,
mas não algo redondo,
talvez sinoidal, não...não...
certeza ser espiral.

SOLITÁRIO

Teu corpo é um deserto
disfarçado de areia.

Em cada grão, encontro
estrelas
poesias

Vale a pena camelar

Pensar e observar,
imaginar sua companhia.

NECESSÁRIO

É necessário
que as marcas no meu lençol,
sejam para sempre?
E teu perfume seja parceiro,
no meu deserto?

É necessário
pentear os cabelos,
grisalhos
com nossa experiência,
sem a preocupação
que os adolescentes
nos reproduzam.

CÃES A SOLTA

Há um cheiro de tensão no ar
o sol revoltado, não deita no mar,
quem pensa com versos, cuidado!
As botas resolveram marchar, juntas.
As ruas estremecem. Porque?
Os cães se livraram das coleiras.

MENINO?

Sob o embalo materno
com talco em meu cheiro,
lembro-me do orgulho nos olhos
daqueles que me diziam menino,
mas na minha memória,
não lembro de saber
o que era isso.

MORTO VIVO

O que sou
me fizeram
Oque penso
pensamos
O que faço
já foi feito
Quero sair
me trazem de volta
Tento morrer
me ressuscitam
Sempre morto vivo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ENCHENTES

Enchente nas bocas
molham o meio das pernas

Estraga o samba. estraga a festa,

As borboletas se divertem
entre pássaros performáticos

Suores íntimos
arranham a pele

Estamos vivos! Estamos vivos!

Gritam os espermas.

INFORMAÇÃO

Meu jornal meu cobertor

Não vou me cobrir nesses dias de ignorância
depois de uma vida inteira de palavras escravisadas

meu jornal meu cobertor

Não vou me cobrir, no entanto
no meu canto, municio minha arma
e me atiro aos versos.

CORPO

O corpo é um porto
O porto é um morto,
no horizonte deitado
Um corpo vivendo ao lado,
um lado desorientado
com um pôr do sol no fundo,
Lá até onde o olho alcança,
começa e termina,
corpo e porto.