quinta-feira, 22 de maio de 2014

NO BANHEIRO

Engoli palavras
embrulha-me o estômago
que agora ronca.
Dói-me os bagos de ameixa
com a poesia crescendo
nauseante, grávido?
Vômito? Não!
Fora existe o mundo
Onde bocas pousam em outras bocas
como moscas, palavra que me dá ânsia?
Amor?
É chegada a hora da teatral defecação.
Que bicho será que darei a luz?

SE O SENHOR NÃO TÁ LEMBRADO

Estamos favelados, fruto de classe,
cruel, saboroso como limão,
ácido como a história ácida.
Quem são os construtores? Todos, que se farão cinzas,
mãos cruzadas no caixão que sorriem hipocritamente,
ricas, cheias, reduzidas a nada, singelas autoritárias,
afagando a historia na cabeça submetida de outros homens,
sonhadores, criadores de Deuses.

Os barracos se levantam alienados pra durar
reproduzindo sonhos da classe oposta desejada.
Descobrimos a roda dia a dia que há tempos roda
entusiasmada pelo mundo, turista,
da paisagem da fome, consternados olhos,
presos a correntes ocultas.
Barracos, arquitetos, singelos egoístas,
cada qual com seu espelho,
falida consciência, morta, se esvaindo em desencanto,

Tomara seja mentira
essa realidade eterna eternizada,
que barracos vão viver, mas, morrer
todos os dias, pouco a pouco,
mesmo que na beleza de cada poesia.