sexta-feira, 22 de maio de 2015

PALAVRAS DO CORAÇÃO

Ainda não me encontrei,
eu que me procuro todos os dias,
tentando encontrar o equilíbrio,
ser harmônico, sereno,
ser poeta da poesia ideal, exata,
como um bêbado poeta francês de outrora.

Não sei o que me cabe
só sei o que me cabe dentro do peito,
que ao dormir com minhas utopias,
acordo muitos guerreiros,
que ouvem meu coração

Tenho medo do que falo
algumas palavras me machucam
tanto quanto o meu interlocutor
sinto que apodrecem comigo
porque gostam de mim
são palavras do coração.

MEIO SÉCULO

Parece que foi ontem
Cinquenta anos. Como o tempo passa!
O tempo é sem graça.

A aposentadoria diz que agora
nada tenho haver com o mundo,
já fiz a minha parte.
O mundo ainda gira?
Como? Se somente agora deixo a adolescência,
agora sou cara pintada, boca pintada,
unhas pintadas como um anjo
descompassado de amor,
pronto para contribuir nas mudanças.

Parece que foi ontem
o século não me parece tão distante.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

LOUCURAS

Estudo a falta de lógica da vida
desconstruo cheio de certezas,
poemas desfocados entre rimas sem sentido,
minha lógica, para sua lógica é ilógica,
minha poesia não tem meta, não tem seta,
com ela não tem negócio.

SEXO DE ESQUERDA

Coquetéis molotov
em garrafas de coca-cola.
- Putkin que voodka!
A cama rangendo, Trotsky...trotsky...trotsky...
- Toma um Marx vermelhinho!
Geme baixinho Lenin...lenin...lenin...
A esquerda está em festa
depois da passeata.

HERANÇAS

Bibliotecas parecem túmulos,
vão de silencios.
Muitos cegos, muitos surdos.
Quem vê, quem escuta, naturaliza?
Espera o coelho da páscoa, e,
acredita que virgens acendem o sexo
num barulho genético.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

MÚSICA MORTA

A morte não existe
é coisa inventada,
cantava a tuba
aos ouvidos do povo:

...pópópópó...pópó...pópó...pópópópó...
...pópópópó...pópó...pópó...pópópópó...

VENTO UTÓPICO

As utopias, não tem pernas,
não são coisas, não são gente,
nem vivem por aqui.
São vento ventania, em todo lugar,
dançam pelo ar.

LÁPIDES POÉTICAS

Triste o silêncio dos poemas,
nos túmulos dos poetas mortos
em lápides livros nas bibliotecas.
De quando em quando uma visita rima,
lê e vomita poesia oração.

MULHERES DO MAR

Nessas águas salgadas
o protetor solar protege do sol
Não das merdas do mar
que já está dentro delas.

DISTANTE

A lua ao meu alcance
brilhava na imaginação
eu a tocava com os dedos
na ponta dos pés,
qualquer distração
leva a lua pra longe.

CREMAÇÃO

Incendeia
dinheiro
pra ver
a fumaça
ir pro céu.
Quero ser
cremado
também.

TUDO

O que não cabe
 em tudo?
Nada!
Tudo, adormece,
Tudo, acorda
com o sol.

AFOGANDO MÁGOAS

O vai e vem
das marés
Não sai do lugar
Se saisse
pra navegar
se afogaria.