segunda-feira, 25 de junho de 2018

CONVERSA ÍNTIMA

Palavras, precisas?
Outras, novas,
nunca ditas,
antes ou nunca
antes ditas?
Palavras, precisas?
Germinam na fala,
batucam a boca,
dançam nas línguas.
Palavras, precisas?
Elas nunca adormecem.

BARATA MORTA

Na porta da minha casa,
havia uma barata morta,
não um gato, um cachorrinho, um passarinho,
pelos quais costumamos chorar.

Era uma barata morta,
sem hipocrisia, real,
morta, fria, jogada,
morte matada,
defronte a porta da minha casa.

ENTRE DEDOS

Sobre a grama da noite
estico os braços, abro as mãos,
por entre os dedos
vejo a imensidão do céu;
um quadro de constelações
nas encostas da lua,
que me sorri e excita.

As luzes me confundem
por entre os dedos, escorrem
na minha imaginação infantil,
cavalos, leões, touros, pássaros,
se escondem atrás da luz,
ficam as sombras,
na luz dos vagalumes.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

SEVERINAS

Não é bela,
nem é feia,
a morte nem tem gosto
de amargo ou doce,
Já à vida se lambuza,
mas mesmo a morte,
lhe arranca a vida.