sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A AMIZADE É UM AMOR QUE NUNCA MORRE

A amizade é um amor que nunca morre
como a água que eu bebi,
no seu copo, em sua casa,
que eu bebi, como um beijo;
água de infância,
água nos meus olhos;
água, muito mais que água.
A amizade é um amor que nunca morre
como a abelha
que eu vi mamar nas plantas
da sua sacada;
ou nas pedras que pensavam
sob os pés da mulher que adorava
o pôr do sol na sua sala.
A amizade é um amor que nunca morre
no valor terapêutico
das nossas conversas,
é como tosse que não se oculta,
e só vale se for lúcida.
A amizade é um amor que nunca morre
como o forno quente
que me aquece o coração,
me dando coragem de ser eu mesmo
na hora de lhe fazer o pão.
A amizade é um amor que nunca morre
que dá saudade antes mesmo da partida,
que propõe a troca por toda a vida,
troca de carícias sempre lidas,
nas páginas do livro de nossas vidas.
A amizade é um amor que nunca morre
Em Natal no natal, onde a chuva pouco chora,
Là não esqueça, que o melhor perfume é o do pão,
o melhor sabor é o do sal,
e o melhor amor é o do amigo.

AMIZADE É UM AMOR QUE NUNCA MORRE II

Minha inspiração amiga;
Sinto vontade de te dizer;
só esperava que voce voltasse;
sabe quando te versei,
amizade é um amor que nunca morre?
Preciso passar a limpo;
não quis deixá-la mais só
com aquelas palavras.
Não! Não é disso de que precisamos;
de tempestades de bem querer;
não há vento pra soprar essas velas,
desse barco de encantos;
apesar dos sussurros dos olhares
em nossos ouvidos
sempre me recomponho e pergunto:
Há cheiro de recheio nesse aroma de coisa boa?
São sinais que me paralizam;
encorajam, exorcisam...atemorizam;
Já tive o altar no meio das coxas;
agora já não me permito mais o definitivo;
nem atropelar sonhos,
com beijos vagabundos;
beijos equivocados,
sem tom ou rimas;
o amor tem suas facetas;
a amizade continua sendo,
um amor que nunca morre.

(Poema para a amiga Jhaíra)

* Direitos Reservados*

sábado, 3 de novembro de 2007

DO OUTRO LADO

Trate de penetrar no nevoeiro,
molhar-se todo,
buscar a tradução ou as chaves,
sem mêdo,
sem olhar para trás.
Porque o importante,
está do outro lado:
o importante é chegar lá,
estabelecer uma cabeça-de-ponte
esperando o grosso que virá atrás.
Não porque alguém seja o mocinho do filme,
mais porque esta é a nossa missão,
missão de todos os oprimidos.
Nem por choro,
nem porque nós poetas
damos vida as árvores.
Tudo ao contrário.
Porque não somos nós que daremos
beijinhos salvadores,
à boa princesinha.
Sabemos muito bem quem são.

*Direitos Reservados*

DISTÂNCIA

A dor de não mais te amar,
me deixa em suspenso;
mas no coração,
lá bem fundo eu entendo.
Escuros dias se passaram;
nada mais poderá ser igual aquilo.
Não a mais nada a dizer...
só me resta ouvir
a batida do coração,
como batem na água os remos,
que nunca mais voltarão.

*Direitos Reservados*

CRESCIMENTO

Tinha tanta palavra meiga
quando me fizeram de leite.
Conhecia vozes de bicho,
sabia os beijos mais violentos,
viajava, brincava, aprendia.
Era bom amar, desamar, viver, uivar, desesperar.
Era bom mentir e sofrer;
adolescência inocente.
Meu corpo, que era do corpo,
meu único corpo
desamparado entre nuvens,
que eu vesti de negro,
vesti de branco,
cerquei de defesas,
embalei, tratei.
Meu mercado de desejos,
expôe seus tristes tesouros.

*Direitos Reservados*

A PROCURA DE RESPOSTAS

Busco na morte um terror,
um exorcisamento...ou uma atração?
Não sei.
Apenas sei que devo cortar-me
uma orelha,
cozinhá-la e enlouquecer...
ou embriagar-me de côres luminosas
e esquecer...
o arame farpado,
a roupa pendurada,
são meus irmãos,
que estão comigo.
Vivo a mil,
luto...
para que apareça a ambivalência
do torturador
e sua relação com o torturado.


*Direitos Reservados*

QUAL É A TUA?

Teu rosto claro e bem feito,
teu corpo que tudo cheira,
teus lábios vermelhos e macios,
teus olhos - ilusão de retina
de tocaia pupila,
tuas mãos inquietas -
eterno queixume,
tuas pernas esguias
ficam a espreita.
Com que frase,
com que poema,
com que base,
te deitas na minha esteira?


*Direitos Reservados*

PRISIONEIRO

Na vida fazemos ginásticas possíveis
nas mais duras prisões.
No segredo das noites,
fazemos exercícios,
adestramos as pernas
nos confins da cela.
Mais uma vez o bicho aprisionado,
que aprenda a regra mais elementar da natureza,
para alterar a natureza das coisas.
Um homem aprende o que necessita,
ele vive em qualquer circunstância.
O homem é mais do que o lagarto?
Ou do que um cachorro?
Na mão do homem surgem
as vezes escamas.
Nos braços surgem martelos.
Uma poeira cai no relógio do tempo,
e aquele animal na solitária,
aprende a tereza, o tatu,
aprendeu a caminhar,
no túnel que sobe aos céus.
Quem pode sufocar o coração,
do bicho homem?


*Direitos Reservados*

FUGA

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo e danço,
Tenho dinheiro no banco.
A posia deste momento
inunda minha vida inteira.
Todos já foram poetas!
Eu nada mais sou do que um poeta.
E a noite caiu na minh'alma
porém meus olhos não perguntam nada.
Nenhum problema nesta vida.
O mundo parou de repente,
os homens ficaram calados.
Que ironia da vida.
Se eu tivesse mil pernas,
fugia com todas elas.

*Direitos Reservados*

MIRAGEM

É engraçado ver as pessoas
em plena 24 de Maio
com a testa enrugada,
indo e vindo
das outras ruas do centro,
ou das ruas da periferia,
preocupados, lívidos,
mortos de medo,
por razôes de ordem política,
por razões de ordem sexual,
por razões de ordem religiosa,
tirando de lado a existencia
da cidade e seus habitantes,
embora esteja claro
que os habitantes não nasceram
e nem nascerão
antes de sucumbir,
e que o mundo é um deserto.
Acreditamos sermos pais,
sermos amigos, sermos irmãos.
A verdade é que somos
apenas miragem.


*Direitos Reservados*

BOM DIA POESIA!

Boa noite estrela!
A terra é quem diz,
voce brilha no alto,
nós brilhamos aqui.
Boa noite estrela!
Que vem nos iluminar,
a mim e a minha paixão,
à nossa poesia,
poesia anoitecida.
Poeta e coração
lembram a poesia,
amam a poesia,
riem na poesia,
cantam a poesia.
A poesia sim,
sim, sim a poesia.

*Direitos Reservados*

PASSA TEMPO

O dia surge, o dia passa.
A noite surge, a noite passa.
O tempo passa.

O riso surge, o riso passa.
O pranto surge, o pranto passa.
O tempo passa.

A vida surge, a vida passa.
A morte surge.
O tempo passa.

O tempo cria. O tempo mata.

*Direitos Reservados*

ACONTECE MUITO

As vezes acontece com a gente
uma raiva imensa
de não poder nem mesmo
controlar nosso próximo dia.
De não saber o que vai ser
de tudo
que pensamos sobre a vida,
as pessoas,
o nosso futuro,
das pessoas.
de não saber aonde vamos parar,
de língua, de braços
e consciência cortados.

*Direitos Reservados*

POLÉTICA POLÍTICA POÉTICA

A mão...
o rosto...
o corpo...
o gesto...

A mão escreve no espaço em branco,
norteando o sentimento,
delimitando-o.
Os músculos do rosto,
contraem-se,
relaxam,
arquitetam expressões:
esperança,
alegria,
tristeza,
e dor.
O corpo acompanha,
retorcido,
mole,
duro,
erecto.
Nasce o gesto,
faz-se o gesto.

*Direitos Reservados*

PARA MEU FILHO HENRIQUE

Não leia poesias
filho meu!
Leia os horários dos aviões,
são mais exatos.
Estude direito
enquanto lhe sobre tempo.
Abra os olhos,
não cante.
Voltam os dias
em que fixarão
faixa sobre as portas
e marcarão
o peito dos que digam
NÃO.

SIMPLES ASSIM

Sou pelo princípio do prazer,
pelo princípio de fazer,
pedreiro que sabe,
que com a conjugação dos esforços,
faz nascer a construção.
Não o palacete,
autoritário e facista.
Mais uma casa,
suficiente para abrigar a vida,
o gozo,
dois metros de verde,
e água limpinha.

VIVAS AO OPERÁRIO!

Ninguém me fale de penas,
porque eu penando vivo.
Que todos se mostrem altivos,
mesmo sendo escravisados,
pois escravisado está até
o operário mais vivo.
Junta experiência na vida,
até pra dar e emprestar
a quem a teve que passar,
entre sofrimento e pranto,
pois que nada ensina tanto,
como sofrer e lutar.

LIBERDADE

Liberdade, sem ti...
nada mais sei.
Compreendi o mundo
em ti,
stil compêndio.
Amei muito antes
de me amares,
entre surtos e sulcos.
Amei.
E só a morte
de perder-te,
me faz viver,
multiplicando auroras e meses.
Eu sou tão doido
que o risco inútil...
percorri
de me perder, perdendo-te,
perdido em mim.

O DRAMA

Sinto que o drama já não interessa.
Quem ama, quem luta,
quem bebe veneno?
Quem chora no escuro?
Quem se diverte?
Todos os mortos presentes?
Cão morto.
Passarinho morto.
Roseira morta.
Laranjeira morta.
Ar morto.
Enseada morta.
Esperança, paciência, olhos, sono,
mover de mãos: mortos.
Homem morto.
O drama já não interessa;
a palavra encanto recolhe-se
entre outras mil palavras.
A espera.

HOMENS DO TRECHO

Eles vem de todos os lugares,
e de todos os momentos,
junto com a fumaça do cigarro que sobe,
com o pensamento... e pensativos,
vendo desaparcer,
o onde foi criado raízes.
Talvez virem vapor,
e falem calmamente a todos,
exortando,
cada vez melhor,
um ser humano,
que é o princípio da vida.
E se tornem brilhantes,
tão brilhantes,
que talvez ninguém os consiga olhar.

GABRIELA MINHA FILHA

Gabi, Gabriela, menininha.
Que linda menina tenho eu,
Estava escondida,
fiz esta poesia e ela reviveu,
Pela simpatia,
Pela sua graça,
e a emoção do meu peito,
ficou muito admirada,
de eu ainda viver neste mundo,
com meu coração solitário,
com raça,
na indisposição com o certo.
Mais meu peito foi se abrindo...
foi se abrindo...
E me tornando tão belo.

NOITE DE JANELAS ANÔNIMAS

As vezes, (em) quando
o ruído de um carro se ouve,
é noite.
O carro corta o silêncio,
como a um túnel.
Onde estavam os que há pouco,
falavam, cantavam e riam
às portas das lojas abertas?
Estão todos deitados,
dormindo profundamente,
é noite
de janelas anônimas.

*Direitos Reservados*