sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ALGUÉM

Membuxaram a filha
menina de leite
dezesseisanos
mevingo
temato
irado
ao meio dia
com o copo vazio
de pinga.

*Direitos Reservados*

MARIA

Achei
que nunca conseguiria
dialogar
com o mar
pois o mar ia.

Sabia
que achava
não conseguir
dialogar
com o mar,
mas não sabia
Maria
que achar
poder dialogar
com o mar
necessitava
Maria
Saber dialogar
com você.

*Direitos Reservados*

DIGAM AO POVO QUE FICO!

No parque D. Pedro
bebericando
homens reclamando.

Bebendo
Homens reclamando,
xingando
uns aos outros
com paus.

Sem esperanças,
na educação, saúde, moradia,
alimentação
Homens brigando.

No parque D. Pedro
bebericando
reclamando
xingando
brigando
com paus
com fome
Homens gritando:
- Digam ao povo que fico!

*Direitos Reservados*

RIO 40 GRAUS

Em um tiroteio
no alemão
uma bala perdida
tocou o peito
e o corpo no chão
no morro
tiros..tiros...
num caveirão
pra derrotar o inimigo;
o vapor corre
gritando aos pulmões:
- Sobe morro!
Alemão
que se esvai em sangue
naquela tarde
de combate.
No Rio o termômetro
40 graus.

*Direitos Reservados*

RAPIDINHA

Tempo?!
Eu não tenho tempo!
Tenho que demitir 100 funcionários.

Ufa!!!!

Ainda bem!

Imaginem se ele tivesse o tempo.

*Direitos Reservados*

DAVOS

Na conferência dos países ricos em Davôs,
um repórter indagou a uma loira sobre,
ela respondeu:
Crise econômica?! O que é isso?

"Cuidado! O gelo em Davôs anda congelando miolos."

*Direitos Reservados*

PALAVRAS VELHAS

Peguei algumas palavras velhas, esquecidas
e com as velhinhas fui à um baile inventar poesias,
pra me aproximar mais da realidade.

*Direitos Reservados*

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

SE ELE EXISTIR

Não sei se Deus existe,
mas se ele existe de verdade
vai dormir comigo hoje
comer pão amanhecido,
debaixo da minha ponte,
com meu cobertor de jornal.

*Direitos Reservados*

CHORO DE HOMEM

Fui sempre levado a acreditar,
que "homem que é homem não chora".

Quando eu julgava-me um homem.

Fui crescendo a acreditar na força,
não na inteligência.
Nos heróis e não nos covardes,
eduquei-me para a arrogância.

Agora choro como só um homem sabe chorar.

*Direitos Reservados*

OLHOS NOS OLHOS

No ano que passou te mandei muitos olhares,
não obtive de volta,
ganhei foi choro, horas e horas.
Nesse ano mando meus olhares de novo,
cheio de novas intenções; se concordar,
Venha!

*Direitos Reservados*

AMOR UNILATERAL

Corre com suas idéias
antes que o tempo esqueça.
Coragem e ansiedade te exalam dos poros,
desenhando o palco, nas suas escritas.
Marca do tempo no canto dos olhos. Fome pelo saber.
Florescem as orquídeas. Aquecem-se os girassóis.
Perfumada, cheiram os jasmins,
pintando suas narrativas que saem desses dedos magros.
Mesmo que você caminhe isenta dos meus carinhos,
sabendo que não fica longe da ilusão de outros corpos,
me satisfaço por ora, por sua atuação e mistério.
De sandália hippie chic, roupas de indiana,
é culpada por essa armadilha que não escapo,
mas não permito que me julgue,
não gosto de ficar exposto, me deixa só com seu mistério,
e eu perdoo o escorpião que te tomou o corpo;
só permita que eu viva intensamente,
esses momentos comigo mesmo.

*Direitos Reservados*

A CHUVA

A chuva molhou o meu corpo,
ela molhou os meus olhos,
e também lavou o tempo,
molhou as mãos, os pés,
terra mole, pedra dura.
A garoa mais fina
refrescou meu pensar,
de convercer o tímido sol,
a me aquecer devagar.

*Direitos Reservados*

TANTAS PALAVRAS

Poema para rosas,
poema para maçãs,
poema para o mar,
poema para o amor,
poema para o aleitamento,
poema para a colheita.
Tantas palavras
semeadas a colher,
escritas.
Tantas palavras
construídas em verso e prosa,
histórias e estórias,
das raízes,
desse chão.

*Direitos Reservados*

NATUREZA CRUEL

O mar açoitava
as costas
de uma enorme pedra,
que sorria,
oca, calada,
em Dezembro,
em Boissucanga.
(Quem diria!)

*Direitos Reservados*

FIM

Acabou-se a água
agora matamos a sede com lágrimas,
acabou-se a colheita,
agora nos alimentamos da fome,
acabou-se a vida,
cultivamos a morte.

*Direitos Reservados*

FLÔR

Sei que é bonita,
vistosa, instigante, misteriosa,
sem conhecê-la ainda.
Só te conheço pálida, murcha,
em processo de esquecimento,
fruto da crueldade e ambição humana,
onde permite ver seu colorido
nos sulcos dos projéteis no peito alheio.

Quando não houver mais guerras,
vou cuidar de você, cultivá-la
e colocá-la na boca
dos canos dos fuzis e pistolas,
para montar guarda aos poemas,
que hão de surgir aos montes.

*Direitos Reservados*

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

BONS MOMENTOS

Atirei meu coração
em Marília,
como em cena de amor
de cinema noticiado
por Carbonari, em tempos,
de Oscarito, carnaval e chanchadas,
eufórico,bêbado como uma porta,
seu olhar me fuzilou como um raio,
só vi a cor de seus cabelos,
como seria ela?
Se tivésemos nos conhecido,
jamais conhecerei.

*Direitos Reservados*

NA VEIA!

Quando conheci Roberta Ninim
achei que ela tinha mãos bobas,
achei que a cara parecia com as mãos,
observando mais de perto conclui:
Os olhos nasceram antes do corpo,
que chegou bem depois.
mais de perto ainda,
vi pureza suficiente p/ fazer
a vontade desse viciado,então,
sai gritando como um louco:
- Me aplica na veia! Na veia!

*Direitos Reservados*

JARDIM DO ALBERGE

Flores no albergue burguês
pássaros que se banham em poças,
que a chuva acabou de lavar,
as folhas das mangueiras e jacas,
as rosas,
enchertadas
vistosas sorriem,
cúmplices do abacateiro repleto,
plebeu, dominical,
enquano o cachorro mija no poste
como aluna de ballet, que,
elegante desfila no espaço,
como as borboletas
- Cotidiano burguês de um albergue
de 1200 homens, cravos,
ex cravos.

*Direitos Reservados*

LOUCO

Já me enchi de drogas,
de todas (acho),
estou desatualizado; isso,
na época das tristezas.
Hoje me encho de alegrias
e cervejas, sempre seis,
garrafas que me trazem mensagens,
de naufragas francesas.
Meus motivos tristes só muitos,mas,
sorvendo a cevada
sinto por mais tempo o blues.

Me encho de alegrias
e choro minhas lágrimas de sal,
sem anfetaminas
por todas as mulheres que conheço ou não?
Penso nelas indecências efémeras,
deitado sobre seus corpos coloridos,
transpiro olhares de repugnância, que,
passam pelos seus olhos,
que refletem esse corpo negro, mas,
não me importo; não tenho dengue,
não tenho aids, nem mesmo gripe,
elas brilham ao som do blues,
enquanto me embebedo de alegrias.

*Direitos Reservados*

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

SILÊNCIO

De manhã silencio
De dia murmuro
De tarde eu grito
De noite me calo

Depende com quem falo
contra quem vivo
Sou falastrão na escrita
este é meu som

Quem quiser que fale
com eloquência sobre o que sabe
Eu me calo ontem
pensante

Falo somente amanhã
sobre o que penso antes,
se houver espaço;
- Quando eu quero silencio.

* Direitos Reservados*

DISCURSO

As tuas palavras vermelhas
levei pra sala se aula,
nunca vi tantos alunos
devorando os meus (teus) pensamentos!
De punhos erguidos no espaço
gritavam: Nós venceremos!

* Direitos Reservados*

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ABRAÇOS

Há muito não via minha filha,
apesar dos presentes
ela pediu-me um simples abraço,
tímido, lhe dei três,
depois quatro,
ela ficou tão feliz...
perdi a conta em seguida.

(Para Gabi)

*Direitos Reservados*

PODER

Fui para além da infância
e nunca mais voltei,
resisto porque ainda amo;
diante do mundo contraditório, sei,
contradições,
porque vivo em movimento, assim como,
a consciência dos homens.
O adverso provocou-me este verso,
que não absorvo. Conservo apenas,
meus sentidos a espreita,
como cego.
Fui até o céu procurar respostas;
o céu não sabe nada, nem,
que territórios não existem, mas,
o céu tem poder, como um animal;
tem poder, como quem
prende o mar na praia;
só pode ser enfrentado quando morde, pois,
não foi além da infância, como eu,
não escavou a história;
tem muito a aprender,acordar,
do sono, em que acordei;
escavando vai descobrir
que houveram resistências
e que não pode haver poder;
apenas cúmplices.

* Direitos Reservados*

DESEJO

Desejo morrer nu
Jogado numa cova como semente
A minha vestimenta dêem a uma mulher que queira
Para lembrar dos amores que lhe negaram

Desejo morrer nu
Levando a bagagem que me cabe
cravos, rosas, amantes
e o sorriso da minha viúva
na palma da minha mão

Para lembrar de mim
Basta matar a fome dos famintos,
basta que abriguem quem não tem casa,
pois de terra não preciso,
Pra onde vou?

Morro só, morro aqui
nessas palavras mortas
na horizontal paisagem
da cidade esquelética que trabalha

Deixem me ir,
desisto da cova,
nem quero mais ser semente,
quero ver o por do sol,
ouvir ondas novas
sem vestimenta;
me joguem no mar;
nu.