Sinto-me uma bomba
pronto pra explodir
de raiva, de ódio, de vergonha,
por viver num mundo de explorados
poetizando gente, rimando coisas.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
RUÍDOS
Sou feliz preferindo-me morto
corpo mudo, surdo em paz
mudo como minhas pernas
procurando um caminho
surdo como uma ostra
que só ouve as ondas
em paz como as cigarras
que gritam nas árvores
rememorando tudo, sobretudo,
o som que vem do mundo
que cai levanta.
corpo mudo, surdo em paz
mudo como minhas pernas
procurando um caminho
surdo como uma ostra
que só ouve as ondas
em paz como as cigarras
que gritam nas árvores
rememorando tudo, sobretudo,
o som que vem do mundo
que cai levanta.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
VOU PRA BALADA
A noite vou pra balada
meter com algum folgado
depois de duas doses
com quem em mim encosta
em algum motel
fudendo-me pelas costas
fode, lambe e dorme
na boca afoga o pau
sou submissa, contente
meu homem com fome
não sei quem é nem a cor
nem sei seu nome.
meter com algum folgado
depois de duas doses
com quem em mim encosta
em algum motel
fudendo-me pelas costas
fode, lambe e dorme
na boca afoga o pau
sou submissa, contente
meu homem com fome
não sei quem é nem a cor
nem sei seu nome.
SEM VERGONHA
Adolescente
se afirmava
sem vergonha
dos caras
dava...dava...dava...
toda festa
chupava
tomava
vara.
Lá no Rio de Janeiro
mora um punheteiro
cassete grande, liso
como ela gosta - fica
põe na garganta o narciso.
se afirmava
sem vergonha
dos caras
dava...dava...dava...
toda festa
chupava
tomava
vara.
Lá no Rio de Janeiro
mora um punheteiro
cassete grande, liso
como ela gosta - fica
põe na garganta o narciso.
ESPERMA E RIMA
Um desejo sem gemido
num lençol
nem grosso nem fino
sol colostro
Tudo é cama
livre libido
esperma e rima
O verso é bom
quando combina
com gozo e vômito
No que dá
um frenético suor
nesse desejo sem lugar?
num lençol
nem grosso nem fino
sol colostro
Tudo é cama
livre libido
esperma e rima
O verso é bom
quando combina
com gozo e vômito
No que dá
um frenético suor
nesse desejo sem lugar?
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
ANDARILHOS
Os Kms percorridos por um andarilho não o fazem um herói.
Os gritos anônimos nos interiores das casas de crianças,
não silenciam os mares ainda.
Continuamos revirando as latas de lixo à sinfonia da barriga.
Os soldados continuarão marchando comemorando
suas vitórias, ao som dos coturnos, agitando bandeiras.
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só,
As armas e os tanques não trazem alimentos,
a farinha da pólvora não tem um bom cheiro.
A côr do sangue do andarilho também é vermelho
Como poderemos viver vivos, fingindo não enxergar?
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só.
Os gritos anônimos nos interiores das casas de crianças,
não silenciam os mares ainda.
Continuamos revirando as latas de lixo à sinfonia da barriga.
Os soldados continuarão marchando comemorando
suas vitórias, ao som dos coturnos, agitando bandeiras.
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só,
As armas e os tanques não trazem alimentos,
a farinha da pólvora não tem um bom cheiro.
A côr do sangue do andarilho também é vermelho
Como poderemos viver vivos, fingindo não enxergar?
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só.
domingo, 7 de novembro de 2010
MORTE
De amor foi semente
crescida
ira e ódio - a vida
escolheu não morrer
de morte matada
morreu morrida.
crescida
ira e ódio - a vida
escolheu não morrer
de morte matada
morreu morrida.
FILME
Jabuticaba foi ao cinema
ver um filme de ficção
estória de um alazão negro
que namorava um poema
namorava porque era poeta
residia na parte esquerda da lua
poema, desses que lutam lutas pequenas
Jabuticaba ficou triste
com aquela estória de amor
Insiste sempre com a lua:
- Amanheça por favor!
ver um filme de ficção
estória de um alazão negro
que namorava um poema
namorava porque era poeta
residia na parte esquerda da lua
poema, desses que lutam lutas pequenas
Jabuticaba ficou triste
com aquela estória de amor
Insiste sempre com a lua:
- Amanheça por favor!
BARBIE
Voce me barbie
eu todo me barbeasse
a pé
todas as barberagens
sobre os lençóis cor de morangos,
onde
sim - sorrindo
eu bobeasse.
eu todo me barbeasse
a pé
todas as barberagens
sobre os lençóis cor de morangos,
onde
sim - sorrindo
eu bobeasse.
NÃO ENTENDO GAROTAS
Não entendo
mesmo
garotas jovens.
Nós as amamos
idosamente
e elas se vão
sem mais nem menos
como se entre nós
nunca tivessem
existido baladas.
mesmo
garotas jovens.
Nós as amamos
idosamente
e elas se vão
sem mais nem menos
como se entre nós
nunca tivessem
existido baladas.
AFRONTA
Dia
sem por de sol
desanoitece
no escuro
na noite, quase
Dia em si
na linha reta do horizonte
transborda de indignação
fuzis ou lua
que, enfim te afronte.
sem por de sol
desanoitece
no escuro
na noite, quase
Dia em si
na linha reta do horizonte
transborda de indignação
fuzis ou lua
que, enfim te afronte.
SUICÍDIO
Muitos rios afogados
embebedam meus caminhos,
hei de morar noutro lugar.
Brinco de amarrar o lençol no pescoço
pra ir me estrangulando aos poucos.
embebedam meus caminhos,
hei de morar noutro lugar.
Brinco de amarrar o lençol no pescoço
pra ir me estrangulando aos poucos.
PERGUNTAS
Vivo pra perguntar
Há algo além do que foi, do que é, do que sempre será?
Soube que sim, que tudo muda a todo momento, cada segundo,
momento e maçã.
Não é demasiadamente pesado o fardo do conhecimento
de que tudo é definitivo?
Soube que de tanto, ver, viver, conhecer, há muito caminho
a percorrer e muito a saber.
Devo crer nos dedos que me apontam a vida?
Há algo além do que foi, do que é, do que sempre será?
Soube que sim, que tudo muda a todo momento, cada segundo,
momento e maçã.
Não é demasiadamente pesado o fardo do conhecimento
de que tudo é definitivo?
Soube que de tanto, ver, viver, conhecer, há muito caminho
a percorrer e muito a saber.
Devo crer nos dedos que me apontam a vida?
ADOLESCENCIA
Daqui a pouco
deixo a adolescência, ainda,
não cheguei aos oitenta.
Não beberei como hoje
tentarei ser como papai,
farei direito
darei o diploma
para os sonhos de mamãe
casarei com uma mulher virtuosa
não farei filhos nela
Ela? Não sei...criarei.
deixo a adolescência, ainda,
não cheguei aos oitenta.
Não beberei como hoje
tentarei ser como papai,
farei direito
darei o diploma
para os sonhos de mamãe
casarei com uma mulher virtuosa
não farei filhos nela
Ela? Não sei...criarei.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
SER
Ser mais infectado que a selva
esterco que cobre o chão,
o jumento confuso
esbraveja, não agrega,
não comunica ninguém.
esterco que cobre o chão,
o jumento confuso
esbraveja, não agrega,
não comunica ninguém.
JARDIM
Sampa travestida de Ipês
torres decadentes impiedosas,
vanguardas angustiadas de lírios
passeiam em seus jardins,
enquanto em Brasília,
as espadas de São Jorge e bromélias,
sufocam as flores do campo.
As rosas sâo uma ilusão,
mas precisamos dessa primavera,
depois de outonos tão tristes?
torres decadentes impiedosas,
vanguardas angustiadas de lírios
passeiam em seus jardins,
enquanto em Brasília,
as espadas de São Jorge e bromélias,
sufocam as flores do campo.
As rosas sâo uma ilusão,
mas precisamos dessa primavera,
depois de outonos tão tristes?
ESPELHO
Tudo tão cotidiano
que inclui também
eu.
Tudo tão eu
que inclui também
nós.
Tudo tão frágil
que não possa quebrar
vidro.
Tudo tão reflexivo
quanto eu, nós, vidros,
no espelho.
que inclui também
eu.
Tudo tão eu
que inclui também
nós.
Tudo tão frágil
que não possa quebrar
vidro.
Tudo tão reflexivo
quanto eu, nós, vidros,
no espelho.
ME ACABO
Um pênis erecto
imagina
que uma vagina
sovina
só se preenche
não sente
Com meu dedo eu afirmo
a lingua fala sempre
diante do gozo
eu babo
nesse poema
que acabo.
imagina
que uma vagina
sovina
só se preenche
não sente
Com meu dedo eu afirmo
a lingua fala sempre
diante do gozo
eu babo
nesse poema
que acabo.
SONHOBOBO
Quero acordar revolucionário,
um guerrilheiro bastardo,
Como um Chê cubano - charuto
gritando:
Viva a revolução! Depois,
morrer de dengue
na Amazônia.
um guerrilheiro bastardo,
Como um Chê cubano - charuto
gritando:
Viva a revolução! Depois,
morrer de dengue
na Amazônia.
NEO GERA-AÇÃO
Meu coquetel Molotov
fiz numa garrafa
De Moet Chandon,
sou um revolucionário Chic
que lançara chamas
nos olhos azuis da terra.
fiz numa garrafa
De Moet Chandon,
sou um revolucionário Chic
que lançara chamas
nos olhos azuis da terra.
MORADIA
Eu faço minha moradia
Comecei com o desejo,
depois dei nome pra rua
com placa dependurada
na ponta do meu fuzil,
no choro, na morte na escuridão
Grupo, massa, luta,
eram uma fábula,
valiam-se mais do discurso,
e como as marés,
se moviam pra morrer se preciso.
E assim o dia chegou
juntaram-se muitos e muitos.
Na rua fincara-se em mutirão,
nessa noite chorei.
Janelas surgiram pra apreciar
o amanhã
Todos fazendo o dia juntos,
as mãos calejadas, o choro torturado,
A construção subia,
eu podia agarrar meu desejo,
que sorria de contentamento.
Das sobras dos sarrafos,
fiz cruzes pra aqueles que morreram,
que não veriam suas moradias,
sem portas, paredes rachadas, sem memórias
Era por eles que o desejo persistia:
portas perdidas, abrigos sem fundação,
sem vida.
O desejo do alto das janelas
se edificava nos nos rostos da vizinhança.
Comecei com o desejo,
depois dei nome pra rua
com placa dependurada
na ponta do meu fuzil,
no choro, na morte na escuridão
Grupo, massa, luta,
eram uma fábula,
valiam-se mais do discurso,
e como as marés,
se moviam pra morrer se preciso.
E assim o dia chegou
juntaram-se muitos e muitos.
Na rua fincara-se em mutirão,
nessa noite chorei.
Janelas surgiram pra apreciar
o amanhã
Todos fazendo o dia juntos,
as mãos calejadas, o choro torturado,
A construção subia,
eu podia agarrar meu desejo,
que sorria de contentamento.
Das sobras dos sarrafos,
fiz cruzes pra aqueles que morreram,
que não veriam suas moradias,
sem portas, paredes rachadas, sem memórias
Era por eles que o desejo persistia:
portas perdidas, abrigos sem fundação,
sem vida.
O desejo do alto das janelas
se edificava nos nos rostos da vizinhança.
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