segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NÃO ENTENDO AS MULHERES

Eu vi uma morena, morenas não tem nome,
com o cabelo comprido negro e rosto amarelo;
Vi o inocente olhar perverso, na menina dos olhos,
e os dentes branquinhos de uma cascavel.
Eu vi o corpo, tocando uma canção,
As bandas bundas dançavam fascinantes,
Na cabeça, um cocar e uma casa de marimbondo
no coração, um bater de crocodilo,
Nas mãos, dedos de uma preguiça,
Na boca, lábios de Tamanduás,
buscando meu eu formiga
Pernilongos zuniam nos meus ouvidos,
um cheiro de jasmim, coroa de espinhos dourada,
e as veias do meu corpo latejando de felicidade.

sábado, 14 de novembro de 2015

PROPOSTA INDECENTE


Continuo dano corda no relógio
Pra amar e ser amado
Gostaria de ouvir
Um te amo
De mentirinha
Nesse mundo que a  grana
Já destruiu  as coisas belas.
Agora eu penso o gingado
O corpo do violão
A barriga de tanquinho
Coisas
Que molham o instinto
A ideia de gozar de voce
Já está em gozo
É  a efemeridade dos tempos
Mas tenho medo do amor,
Pode virar amizade
Me deixa te tocar

Sem nenhum respeito?

ESTRELA

Há sonhos que quero alcançar
Há sonhos que quero ter concretamente
Não vejo motivos pra não sonhar
Estrelas.
Não há motivos pra não querê-las
A Via-Láctea é um espaço aberto
Como sonhador quero tocar estrela
E morar no céu
Quando fecho meus olhos, vejo a distância
Penso: demora!
Abro meu coração, cheio de espanto
A luz não é dela, é de estrela
Se revelasse meus pensamentos
Outro brilho estrela teria.
Se foi um choque de planetas
Aceito o confronto, não tenho medo
Num dia vi a lama,

No outro dia vi estrela.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DECEPÇÃO



Esperamos das pessoas muitas vezes coisas que elas não podem nos dar, porque vemos no outro aquilo que queremos ver, aquilo que o outro acha que é, no meio disso um poço sem fundo nesse objetivo de viver sob o olhar do outro, é ser aceito.
A verdade muitas vezes não tem haver com a ação, para que a vida siga seu caminho, sem pedras no caminho, precisamos da convivência feliz,  em meio a sorrisos falsos, mentiras e ilusões.
 Viver não é pra qualquer um.
O mundo fictício é doloroso, para todas as relações, principalmente para o amor e a amizade.
Após cada decepção, esquecemos, depois de muita tortura partimos pra outra.
Aquilo que se vai e se perde, fica e se acha, em vida a todo movimento.
O que foi porque morreu não se encontra em vida, melhor seguir em frente, as decepções nos ensinam esse viver.
Uma fênix renasce das cinzas da decepção, num mundo fictício, de sorrisos amarelos, sexo utilitário, trabalho alienado, amor valorado, no universo da desilusão. A cada momento falso, o passado, presente e futuro se aproximam e são saudados por novas decepções.
Os personagens deste mundo se confundem cada qual nas suas espertezas. Dualidade entre verdades e mentiras na sociedade do espetáculo. Mesquinhos altruístas, demagogos decentes, certificando toda a prole com doutorado de falsidade.
-  Quem são os tolos?
Numa noite negra uma luz vai escancarar essa monstruosidade?
Um tolo não percebe no singelo e na sutilidade, conteúdos indecentes e desprezíveis.
- Prefiro me manter bêbado e só, meu brio.
Eu sabia que a decepção, sem saber nem era.


SIDNEY NUNES

domingo, 6 de setembro de 2015

REALIDADE MENOS MORTA


Ela tinha muitas ruas
Muitos bares, muitas luas
Meias, inteiras, confusas,

Ela tinha lugares, esquinas,
Becos, hotéis, camas, quartinhos,
Fragmentos de mundo.

Ela tinha amigos jovens, maduros,
Velhos, banqueiros, mendigos,
Negros, índios e passarinhos.

Ela tinha bonecas, sonhos, família,
ficções, imaginação, utopias,
Gente é assim quando mantém o caráter.

Ela tinha fogo nas ventas,
intensa, nos cais , cemitérios,
era filha de outras realidades.

domingo, 23 de agosto de 2015

TRANSFORMAÇÕES

Sob a consciência daquilo que é velho,
A lápide sobre mim não sintetiza o que fui.
Quando era, nascido, seria para sempre,
O ovo, a lagarta, a libélula,
Olhos, braços, pernas, espreguiçadeira,
Família feliz na cabeça.
Sempre soube que o que começa termina,
lógica de tudo nas rugas,
engano os anos a ferro e bisturi,
convenço, um, dois, nunca o mundo.
Eu diante do espelho.
Passeando no tempo durante tudo é lindo,
Uma mordida, um maracujá na gaveta,
cheio de cicatrizes de tempo,
o drama da carne ficcionando a vida.
Talvez pudesse negar mudanças,
Do que sou, fomos, seremos,
Preso as correntezas afogando margens,
Remando felicidades, como borboletas,
Vivente a vida cochicha maturidade

Me ensinando a ser pó.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

MINHOCANDO

De buraco em buraco
a terra sobre mim
enche-me de pensamentos,
patéticos  políticos,
somente semente de dois lados
esquerda e direita
como se a terra não fosse redonda,
um queijo suiço quadrado,
meus buracos, casulos ideológicos,
tomara esse poeta poema,
saia borboleta, do buraco, da minhoca.

REGGAE

Um sapo embriagado falou
numa esquina
Ei! reggae...reggae...reggae...
Estava eu embriagado?...sorri

Muitos surdos mudos, passavam,
não valiam libras ou tostão, se ,
não sabem quem são,
Eu? Ouvia Bob Marley.

Preguiçoso, nas pernas,
com os olhos eu vejo,
um mundo um beijo.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

PALAVRAS DO CORAÇÃO

Ainda não me encontrei,
eu que me procuro todos os dias,
tentando encontrar o equilíbrio,
ser harmônico, sereno,
ser poeta da poesia ideal, exata,
como um bêbado poeta francês de outrora.

Não sei o que me cabe
só sei o que me cabe dentro do peito,
que ao dormir com minhas utopias,
acordo muitos guerreiros,
que ouvem meu coração

Tenho medo do que falo
algumas palavras me machucam
tanto quanto o meu interlocutor
sinto que apodrecem comigo
porque gostam de mim
são palavras do coração.

MEIO SÉCULO

Parece que foi ontem
Cinquenta anos. Como o tempo passa!
O tempo é sem graça.

A aposentadoria diz que agora
nada tenho haver com o mundo,
já fiz a minha parte.
O mundo ainda gira?
Como? Se somente agora deixo a adolescência,
agora sou cara pintada, boca pintada,
unhas pintadas como um anjo
descompassado de amor,
pronto para contribuir nas mudanças.

Parece que foi ontem
o século não me parece tão distante.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

LOUCURAS

Estudo a falta de lógica da vida
desconstruo cheio de certezas,
poemas desfocados entre rimas sem sentido,
minha lógica, para sua lógica é ilógica,
minha poesia não tem meta, não tem seta,
com ela não tem negócio.

SEXO DE ESQUERDA

Coquetéis molotov
em garrafas de coca-cola.
- Putkin que voodka!
A cama rangendo, Trotsky...trotsky...trotsky...
- Toma um Marx vermelhinho!
Geme baixinho Lenin...lenin...lenin...
A esquerda está em festa
depois da passeata.

HERANÇAS

Bibliotecas parecem túmulos,
vão de silencios.
Muitos cegos, muitos surdos.
Quem vê, quem escuta, naturaliza?
Espera o coelho da páscoa, e,
acredita que virgens acendem o sexo
num barulho genético.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

MÚSICA MORTA

A morte não existe
é coisa inventada,
cantava a tuba
aos ouvidos do povo:

...pópópópó...pópó...pópó...pópópópó...
...pópópópó...pópó...pópó...pópópópó...

VENTO UTÓPICO

As utopias, não tem pernas,
não são coisas, não são gente,
nem vivem por aqui.
São vento ventania, em todo lugar,
dançam pelo ar.

LÁPIDES POÉTICAS

Triste o silêncio dos poemas,
nos túmulos dos poetas mortos
em lápides livros nas bibliotecas.
De quando em quando uma visita rima,
lê e vomita poesia oração.

MULHERES DO MAR

Nessas águas salgadas
o protetor solar protege do sol
Não das merdas do mar
que já está dentro delas.

DISTANTE

A lua ao meu alcance
brilhava na imaginação
eu a tocava com os dedos
na ponta dos pés,
qualquer distração
leva a lua pra longe.

CREMAÇÃO

Incendeia
dinheiro
pra ver
a fumaça
ir pro céu.
Quero ser
cremado
também.

TUDO

O que não cabe
 em tudo?
Nada!
Tudo, adormece,
Tudo, acorda
com o sol.

AFOGANDO MÁGOAS

O vai e vem
das marés
Não sai do lugar
Se saisse
pra navegar
se afogaria.