segunda-feira, 21 de maio de 2018

MINHA CAVERNA

Me olhei me vi morto,
na escuridão da caverna
onde o tempo não dança,
sem ritmo ou instantes,
gestando um ser a ser
em movimento para nascer,
quase nada,
esvaziado de feitos não feitos.
Amarras ou liberdade?
Caos na escuridão,
Para onde ir? Por quem vou?
Perdi a memória.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

MAR DE COISAS

Tudo a minha volta, cores, sons e formas da natureza e da vida, são fenômenos poéticos; e sua essência está naquilo que se esconde nessas aparências, o encanto e o fascínio está nesse movimento de tudo, isso impressiona, irrita e ao menor toque explode em rimas dolorosas, porque tenho mais prazer, amo com mais violência, odeio com mais paixão que outros.
Duvido que aja alguém que possa enxugar o oceano para ficar mais próximo do horizonte. Somente o meu eu poeta.

PULGAS E CARRAPATOS

Os políticos só pioraram,
hienas que devoram misérias,
pulgas e carrapatos se multiplicam
disputando todos os espaços,
a miséria vai secando,
nas cinzas que respiramos.

JANELAS

Meus olhos são janelas
abertas para o mundo,
na minha mente penetram,
o movimento, ativo olhar
dentro da paisagem no cérebro,
imagens intensas, ligeiras, filtradas,
processadas, esteiras,
morro só de pensar
que um dia deixarei de enxergar.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

GOTAS DE OCEANO

Gotas de oceano,
o mundo segue seu plano,
nada a fazer, significa fazer algo,
de puro ou mundano.

Nesse seu vai vem ,
tudo pode mudar, tudo pode ser melhorado,
pelas marés da utopia,
pelas marés da lógica.

Nova gente, gera-ação
novos planos repassados,
que as hienas engordarão,
com risos insaciáveis,

Sabemos que o que começa
já anuncia seu fim,
aquilo que agora termina agora recomeça,
nas ondas do "sempre foi assim",
nas ondas do "sempre será" com
a convicção do amém.

cada qual com suas vergonhas,
vou aqui ficando com as minhas
não vou mais falar de mar,
não vou mais falar de mulheres,

De que me serve a razão
se só a desrazão engorda?
De que me serve amor e Deus,
que só olham o tempo passar?

As crianças ainda nascem,
porque o amor palpita,
os poetas ainda respiram,
outros tipos de poesia,

Gotas de oceano,
que venham as tempestades,
pois onde agora estamos,
jamais estaremos novamente.

REFLEXO

Sinto que nada é tão útil,
como brincar e ajoelhar no milho,
nada inocente, nada tão mau,
mal do ridículo de soprar no espelho,
que nem olha para você,
nem o sopro passa por aqui,
reflexo distraído que engana,
as brincadeiras refletidas de verdade.

PAISAGEM

No topo do prédio mais alto,
olhava o descampado da cidade,
cheio de desprezo,
elevado um homem pior,
com a cabeça nas alturas
nada debaixo dos pés,
a não ser aquele espectro imundo
de misérias ligadas ao mundo,
a leitura dessas verdades
 me leva a ignorar as estrelas, e,
pisar nesse chão.

DESCOBERTA

Nada mais se cria,
tudo se repete
num extenso movimento sinoidal,
de erros e acertos
na vaidade das especulações.

Sentados ao pôr do sol,
bebendo água na fonte,
entreventos e folhas caídas,
pertubando a ignorância
vamos conhecendo a nós mesmos.


SOBRENATURAL

Entre as contradições,
a natureza se esvai
pouco a pouco,

desnaturalizada como ovo
frito, cozido,
choco,

triste ditadura
da fome, dentadura
em puro mecanismo.

SOPRO DA MORTE

Matei o tempo,
matei distâncias,
matei amores,
matei infância,
matei o homem,
morri velho,
minhas cinzas respiro.

A CAMINHO DO FIM

Minha humanidade cheia de certas errâncias,
viveu numa caverna, severa e severina,
esperando a morte porvir, morte lenta,
precisava de espaço e foi viajar além mundo.

MORTE ANUNCIADA

Meu olhar se perdia
naquele oceano imenso,
que acompanhava minha imagem
frágil e transitória,
findando numa estranha maré
que contava a minha estória,
numa ressaca cultural de vida,
vai e vem, início e fim,
num precioso segundo trincou-se o espelho,
morri.