sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

PÉROLA

Uns tantos,
outros nem,
sobre a areia.

De onde veio?

Empurrada pela maré,
me olhava,
negra de brilho.

Gaivotas e Marlins, cuspiram?

Ela brilhava, o coração batia,
qualquer olhar
para mim é ouro.

Tantos, nem,
ontem,
fui um deles.

O amor trabalha de muitas maneiras.

A MORTE

Morrer
é estar enrugado como um maracujá
cheio de doçura e sementes férteis,

o processo
é ser doce e tolerante,
crescer e alimentar o mundo,

nem todo gozo jazz
num prazer futuro.

Esse futuro não nos pertence,
pertence ao outro, desconhecido,
que fez por você.

Funcional, funcionário, flor ou espinho?

Na lógica formal,
nascemos para morrer.

Só.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

MEMÓRIAS


Você voltou, eu ainda estava
cheio de esperanças.
O hoje?
Correndo atrás do amanhã.

Puxei pela memória,
os nossos momentos,
cada lembrança, com muito cuidado,
com carinho; uma a uma,

com elas fiz um colar de lágrimas,
de todas as alegrias e tristezas,
brigas e reconciliações, fechei o fecho
no pescoço. Um princípio de enforcamento.

SOMBRAS


Meu coração cheio de maresia
chora muitas lágrimas salgadas,
que no convívio diário disfarço,
faço carinhos e até sou sorrisos,
na minha cama quando dou forma as sombras,
mas com medo, cantando sozinho Caetano,
as sombras me machucam.

ORQUÍDEA


Gosto de flores
são tão frágeis
duram o tempo
que dura o amor.

Duram pouco.

Se você fosse
amigas delas
talvez as orquídeas
lhe caíssem bem.

MENINA DOS OLHOS


Quanta beleza
me mostra a menina
quando ela passa,
mesmo em fração de segundos,

Teu olhar me basta
nas imagens; olhar de meninas...
me acalmam, me sugerem...
Cristina.

O QUE SERÁ QUE SERÁ.


Não parei no meio,
nem existe meia,
ela é toda,
toda poesia e ponto.

Mas como?

Nem comecei
rima por rima
rima é rima
na poesia.

Senão valem
as metáforas
que lhe dão asas,
o que será?

OBSCENIDADES

Por onde eu roce,
orelhas, pescoço, seios,
bundas, coxas e bocas,
haverá de se molhar,

Por onde eu toque,
em cima, entre, embaixo
não haverá promessas,
só um monte de surpresas,

Por onde eu beije
ou a língua toque,
haverá uma revolução,
com possíveis liberdades

CAVERNAS


Lábios, labirintos,
grande, falange,
seiva, sede,
pênis, ereto,
o caule, a flor,
lenta, mente
a vontade,
entreaberta.

ARMADILHAS

Excita-me vaginas molhadas,
num corpo cheio de formas que expressa
aos gritos em meio ao silêncio,
seu gozo matinal,

Excita-me vaginas coloridas,
grutas entrecoxas,
pensadas, descompensadas,
em seus mistérios silenciosos,

Mistérios que vou sorvendo,
com boca e língua faminta,
uma singela refeição, uma armadilha,
um laço que me aprisiona.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

BOTÕES DE ROSAS

No mundo as flores florescem a terra
para ornar os túmulos dos homens e das crianças,

gerações em fila levantam muros,
um depois do outro para que a separação implore,

aos negros, brancos, vermelhos e amarelos,
que acumulam e fazem silêncio,

silêncio de heróis mortos vivos,
exaltando liberdade e psicopatia,

No mundo as flores florescem a terra,
a primavera está abrindo botões de rosas e girassóis.

O BERÇO

Fiquei de mal com Deus a muito tempo,
meus demônios assassinaram meus anjos,
perdi a infância e as asas brancas,

ouvindo teorias prenhas, nas orações
onde nasciam realidades mortas,
sem que eu pudesse sentir ou questionar,

Ainda ouço cantigas de ninar,
uma vontade grande de voar,
mas o mundo continua a balançar meu berço.

ABRAÇOS

Quando os tentáculos me envolvem
todo fim de tarde chega a noite,
sinto a saudade de quando sabia nadar,

Não dou mais braçadas desordenadas,
não sinto mais as transformações do tempo,
tudo é tão mesmo que a mesmice afogou,

Óh meu polvo!
Perdi a memória apertado por seus abraços,
agora sou um Marlin cor de rosa.

QUESTÃO DE SEDE

Depois que comprei meu celular,
um tênis e uma moto,
enterrei minha cabeça de avestruz
num aparelho de TV de 42 polegadas.
Minha vida? Vai virando suco.


JD. UMARIZAL


O medo anda pelas ruas do Jd. Umarizal,

Companheiro das noites mal dormidas.

Entra no mercado, sai pelo posto de gasolina,

Vestindo todos os corpos.

 

Lá a infância morre cedo,

O medo envelhece todos os dias

Molhando de lágrimas as noites,

das mães com insônia.