ENSAIO POÉTICO
"Falta língua no pensamento."
sábado, 29 de junho de 2019
ORIGEM
Nem Adão nem Eva,
botões, gerações,
que fecundam o solo,
transformam-se em florestas,
Outras se erguerão, podadas
na próxima primavera,
Botões e flores,
Caem e renascem,
como a humanidade
que nasce e morre.
MATURIDADE
A maturidade, vindas da experiência,
Aventuradas sem medo de se jogar,
carregamos como uma cruz
sob o calor do e a suavidade da brisa,
A maturidade sorri, porque brinca
De saber pular corda e amarelinha,
Dentro de um buraco quer observa
A prisão da velhice,
A maturidade consume o fazer,
O não fazer, as lágrimas, o tempo,
Sedenta de desertos,
A maturidade não envelhece no
O corpo idoso que a acompanha,
Mas morre morrida desde seu nascimento.
segunda-feira, 3 de junho de 2019
LOOPING
Poemas são
escritos
sem rima, sem querer,
como um amor
que vai esvaindo
saber sem amar,
nada mais é tão natural,
nada mais é...
tão humano,
Tudo agora é coisa,
coisa
que já foi antes.
DESEJOS
Ela me deu uma mão,
natural que eu queira o resto,
não fui.
Ela tem 20 anos, e eu?
Com 60 quero me manter vivo
até a hora da minha morte.
MOVIMENTO
Aranhas tecendo redes
no teto,
descanso os cotovelos
no alpendre,
vejo folhas dançando
na varanda,
um cheiro de café no ar,
se tudo isso acabar
ficarei preocupado.
VELHICES ADOLESCENTES
Quase agredi o coração
outra vez,
com um poema
velho para namorar,
com abraços
e repetidos beijos,
de um velho adolescente
comovido.
ÁGUAS PASSADAS
Remos, remarão
águas que não voltarão,
levando gente e você,
encontrei outra fonte,
que deságua noutro rio,
rio já pronto,
um outro que rema
em mim calmo,
noutras águas que ficarão,.
Danielas molhadas,
Dá nelas! Fazem de tudo,
senão virgens aguadas.
ESPETÁCULO
Você não é poesia,
ideia de Guy Debord,
um espetáculo de seios,
bundas em um jeans,
tudo true and lies,
nada natural,
nos inventamos
para ser felizes,
a vida dura um pouco mais
lírica.
MEDOS
Tenho medo do tempo
pelo limite que me impõe,
à vida,
serei eterno
enquanto dure
essa vida,
dançarei lambadas,
surfarei meu mar
sem ondas,
sem mais nem menos,
somarei, subtrairei palavras,
amor
tenho medo, medo literário
de não incomodar,
com poemas tão calmos.
ATOA
Não faço buracos no céu,
não vou a lugar algum,
nem caminho por onde não conheço,
nem adianta me seduzir
com suas nuvens sem graça,
enquanto o buraco me espia,
meu céu é a rua onde piso, onde
faz tempo que não caminho,
porque não gosto de dobrar esquinas,
queria te dar um poema
mesmo entre tropeços,
com a forma da tua bunda e seios,
Já disse! Não gosto de dobrar esquinas,
dizem que lá se encontra a morte,
Que Deus me proteja!
TEMPO
O tempo não para,
invenção nossa,
Para que tempo?
Essa eternidade que nos devora.
Quem sabe faz a hora?
agora...agora...agora...
Eu danço, a cabeça balança,
entre palavras inúteis,
volto novamente,
escrevo,
o tempo
que vai embora.
VAZIOS
O vazio
não enche,
nem transborda
também,
cada qual
no seu
cada qual,
nós meio ali junto
sem assunto,
sem esperar, sem pesar,
sem mexer muito.
BURACO
É fato
cada buraco
afunda a nós mesmos,
mais fundo
todos os dias,
mais fundo,
quando a gente se vê
aos sorrisos, ou,
quando o buraco
olha para nós.
FILÓZO
Meu velho
corpo
aqui
deitado seu peso
na cama
sonha
seu corpo
as curvas
uma boca
tudo aqui
massa cinzenta
no espaço.
SOB O SOL
A pele
morena de sol
Como um Assaí
com morangos e bananas,
sobre: leite condensado
um solitário qualquer
um corpo dançante
deseja
a falta de realidade
atrapalha qualquer ilusão
nessa tarde de praia.
PROSTÍBULO
Na casa
dos corpos
moram desejos
pessoas se foram
A casa
antiga
de cama
janelas
A casa
não cai
nos corpos deitados
a casa é você,
A casa
guarda
gemidos,
só isso,
Na casa
reside
medos, receios,
portas e janelas.
Postagens mais recentes
Postagens mais antigas
Página inicial
Assinar:
Postagens (Atom)