sexta-feira, 30 de agosto de 2019

MUNDO DA LUA

Atrás da bunda da lua
se escondia um sol absurdo,
vergonha de uma noite íntima,

O céu rangeu sem parar,
Trotsky...Trotsky... Trotsky...
como uma cena Mayakovski,

Lua sem ideologia
dormia em qualquer lado,
lua de Brasil, lua Japonesa,

Afora essa lua cheia ou meia,
lua luz luzidia seduzia
meu pênis pela janela do quarto de dormir.

PADARIAS

Entre roscas atrevidas e baguetes fálicos,
são mais consumidos os cacetinhos franceses,

Os olhos de sogra e os beijinhos,
não ficavam sem lamber os beiços,

quando um pão de queijo sempre fora de hora,
fornicado de goiabada, escorre como sêmen,

Meu amor na padaria,
tinha um cheiro de tudo fresco,

um doce de palavra avelã,
fermentamos a partir das 5 da manhã.

COISAS INTERNAS

Nessa minha cama morta
nos tempos que ela dormia,
rangiam canções de alegria
que se achavam infinitas,

Infinita de sons
que não conheciam silêncios,
mesmo que ensurdecessem,

Fui preso nessa armadilha
entre nós de lençóis, e,
trapos de extase,

Junto tudo e vejo
o eterno em mim
como uma lembrança sem fim.

MAR DO LADO

Desse lado a onda vem
do outro lado do mundo também,

Muitos lados de um mar
ancorado,

Cercamos o mar,
ou o mar é nosso cercado?

Velejamos a crista d'água,
n'água dos naufragados,

Do lado que não tem cercado
tá tudo muito amarrado.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

MAR DOS AFOGADOS

Naquele mar imenso,
brincamos, molhamos,
olhares invejosos,

seu corpo salgava
a água
o suor naufragava,

Um amor tão grande
sem perceber
se afogava.

TORTURA

Fui cruelmente torturado,
gaivotas, beija flores, maritacas...
galinhas... até mesmo borboletas.

Mulheres foram mais bárbaras,
bastaram alguns beijinhos,
e um abrir de pernas.

COISAS DE BUTECO

Quem bebe em pé
mija mais rápido,

Tudo desce
diz a gravidade,

Assim como
todo desamor desaparece.

JANELAS DE CASA

A luz escorria pelas frestas,
abria-se um enorme buraco na paisagem,
a luz invadia a sala,

Clarão comprido,
comprido e quente,
no obscuro momento da minha vida,

Os móveis calados,
as paredes abraçadas,
a janela aberta gargalhava de alegria.

MEUS DESEJOS RUINS

Tomara que minha saudade
te afogue,

aos poucos,
a medida que bato asas para longe,

Deixo de presente
tuas nafitalinas,

Pimenta vermelha
para teus olhos,

com bastante fé,
tua morte em vida.

VÔO POÉTICO

Nem passarinho,
nem avião
nestas paisagens,
apenas um poeta.

O poema que aqui reside
é um poema de rua,
lá, longe, fica, está,
o que ele habita,

nesse vôo conhecido
como poesia.

sábado, 3 de agosto de 2019

FÁBULA

Nem sapo, nem princesa,
nem príncipe ou anjo beato,
somente uma grande foda,
entre fantasmas,

entre estrelas e espermas
debaixo do Viaduto do Chá,
eco de escarros e gemidos
de homens morcegos e piratas,

Tudo um cheiro e carne,
nessa fábula moderna
encenando desigualdades...
faz de conta, nada não passou.

SIMPLESMENTE POESIA

Nem passarinho, nem avião,
paisagens, poetas, poema residente,
de rua, lá, longe, fica, está,

habitante, dentro, fora, onde?
Felicidade, tristeza, ira, tudo que é sentimento,
simplesmente poesia.

MORRENDO DE IDEIAS

O desejo é anarquista, negam os capitalistas,
ludibriam-se os socialistas, bota medo aos comunistas,

deve ser nessa ordem, organizados cataclismos,
São desejos demais, de fome...muita fome...haja fome.

INFANTILIDADE

Não vou deixar minha infância,
vou parar por aqui, daqui não saio não,

Vou viver meu pique esconde,
vou brincar de cabra cega,

Vou pular amarelinha,
do inferno chegar ao céu,

Vou ser sempre passarinho,
até morrer bebezinho.