quinta-feira, 26 de agosto de 2010

COBIÇA

Meu olho sempre cobiça o que vê,
mais o ouvido sobre o que ouvê.
Palavras feministas - numa boca de menina
que quase nunca entendi, afirmações poéticas,
dúvidas, nas poucas mulheres que escutam
com a identidade há muito perdida.

Não vi Rosa Luxemburgo, nem Cora Coralina,
com todas suas contradições, naquele dia.
As mãos suavam, o corpo desequilibrado.
Meu olho continuava cobiçando o que via,
mais o ouvido sobre o que ouvia.

Minha cobiça, meu começo, difícil,
deixei o juízo sobre, fui ao avesso,
hegemonicamente feliz,
outros sonhos, outras teorias prenhas,
me levaram a afirmar a mesma realidade

Um início, reinício, início,
reinício, início, um vício.
Cultuado como amor

Um mundo falso, imagético, fictício,
Em todos os becos, em janelas anônimas, barracos.
tua voz sempre presente - idealista,
pensando um trabalho que realizasse os sonhos,
grana, carros, gente bonita, gente bela.

Fast foods a quem não me curvo
o mesmo corcunda, de ti eu vivo
dialeticamente uma vida.
Como pensar materialmente o sentimento?
Fala-me Marx, Hengel, Trotsky, Mayakovsky!

Alguém me diga!

Vivo o medo do espelho se quebrar,
de ser diferente aos seus pais, aos meus.
A mim , me amendontra, ser igual,
tão igual aos meus pares, me aventuro
a um novo começo ao avesso.

Vendo o cinza nos olhos do outro, vejo um muro,
me aventuro a pular - nessa, menina mulher,
minha cúmplice - nós gazelas saltitantes.
São elas, as meninas mulheres que sabem,
viver deuses de chocolates e bolinhos de chuva.

Jamais serei o homem que inventaram,
capaz de suprir o desejo dessa nova Amélia,
que é contra a harmonia, que não é monogâmica,
feminista que não sei se entendo,
sem rima, sem Rosa, sem Coralina.

Meu olho sempre cobiçou o que via
Mais o ouvido sobre o que ouvia
O sabor é mais interessante, experimento.
Porque adoro jabuticaba...de noite...de dia

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