Humilhante
humilhante reconhecer
que vivo num buraco
De buraco em buraco
aguardo uma vela acesa
no fim do buraco
De buraco em buraco,
cheio de contradições, que,
se transforma o tempo todo
Meu buraco é meu lar
como o de um pombo
com ar e migalhas
preso dentro da vela
De buraco em buraco
minha metáfora buscou o mundo
o mundo era cego
num buraco maior
De buraco em buraco
abriguei a vida, cada vez
mais fundo acolhida
com tudo que acumulei
latinhas, ferro, misérias do dia
De buraco em buraco
escondido em meu latifúndio,
coquetéis molotov, um violão
Uma lata de tinta 18 litros
pra cozinhar meus dias
De buraco em buraco
maltrapilho, pés rachados
muitos caminhos e chinelas
chinelas menores que os pés
De buraco em buraco
uma mancha
uma pedra
rolando no chão
De buraco em buraco
o miserável se esconde
meu porão, meu calabouço
no fundo de cada dia
De buraco em buraco
do tamanho que é
da profundidade que quis
sou erva que não se arranca
De buraco em buraco
vivo com folhas mortas
sonhando ser, sem cura
nem existo, nem dói
De buraco em buraco
mistério e minha ignorância
onde todos são sombras
de árvores dos outros
De buraco em buraco
na inquietação de meu descanso
sonho com flores a minha volta
Não são flores! São gente, e,
só há gente lá fora
Quem me fia me desfia
de buraco em buraco.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
HOMENS E COISAS
Criaturas ou criaturas
ou lógicas criadas
Num mundo de Deuses
ou coisas estáticas
sem conflitos, harmoniosamente
névoas aspiradas viciadas
Um espetáculo resiste
leão, sereia, urso
máscaras de neon
infinitas vestimentas
Na resistência cruel
pela acumulação do valor
cemitério, latifúndio
ou ficção?
Submissos criadores
sonhos que somos
desse legado, resgate
que o sonho liberta
criatura de vidas próprias
não se vestem como nós
são coisas que nos conjuram
só morrendo para sabê-las
Nas fatias do tempo
elas caminham paradas
são fetiche, são ousadas
instantes coisificados
Só o poeta percebe o abismo
entre os homens e as coisas
como rosas e percevejos
O homem não resiste a essa infecção
Quando nos despimos
nús e sem cabrestos
obtemos uma lente de aumento
onde as coisas ficam claras
ou lógicas criadas
Num mundo de Deuses
ou coisas estáticas
sem conflitos, harmoniosamente
névoas aspiradas viciadas
Um espetáculo resiste
leão, sereia, urso
máscaras de neon
infinitas vestimentas
Na resistência cruel
pela acumulação do valor
cemitério, latifúndio
ou ficção?
Submissos criadores
sonhos que somos
desse legado, resgate
que o sonho liberta
criatura de vidas próprias
não se vestem como nós
são coisas que nos conjuram
só morrendo para sabê-las
Nas fatias do tempo
elas caminham paradas
são fetiche, são ousadas
instantes coisificados
Só o poeta percebe o abismo
entre os homens e as coisas
como rosas e percevejos
O homem não resiste a essa infecção
Quando nos despimos
nús e sem cabrestos
obtemos uma lente de aumento
onde as coisas ficam claras
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
NASCIMENTO E MORRIMENTO
Meu começo um nascimento
chorei no ventre , no mundo
a vida, água, ar
o começo do fim
vivo morrendo
Vou me construindo
nas experiências que vivo
viver é minha ação
entre acertos e erros
De negar a ficção
ou não, vivendo
da não ficção
e das coisas que renego
A vida não sabe, desconfia
tudo o que nela agrego.
chorei no ventre , no mundo
a vida, água, ar
o começo do fim
vivo morrendo
Vou me construindo
nas experiências que vivo
viver é minha ação
entre acertos e erros
De negar a ficção
ou não, vivendo
da não ficção
e das coisas que renego
A vida não sabe, desconfia
tudo o que nela agrego.
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
QUADRO DE RECORDAÇÕES
Recordações são,
como um quadro
na parede, colorido,
quadrado,simétrico,
como quarta parede
de momentos após momentos
O quadro na parede
gasto, vibrante, intensa
estória de vivos e mortos,
uma jovem lenda imortal
do que foi ontem
Para avisar de que
por aqui passei
e não voltarei
O quadro quadrado
aprisionado e prisão
pincelado, linhavado,
não possui rugas, ou,sentimentos,
fria grafia que não finge
No quadro
com suas linhas multicores
pousam moscas
sem asas, sem vôo.
como um quadro
na parede, colorido,
quadrado,simétrico,
como quarta parede
de momentos após momentos
O quadro na parede
gasto, vibrante, intensa
estória de vivos e mortos,
uma jovem lenda imortal
do que foi ontem
Para avisar de que
por aqui passei
e não voltarei
O quadro quadrado
aprisionado e prisão
pincelado, linhavado,
não possui rugas, ou,sentimentos,
fria grafia que não finge
No quadro
com suas linhas multicores
pousam moscas
sem asas, sem vôo.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
ARMADILHAS
Tendo sido e tanto
no meio da tempestade
caiu no entanto hoje
no esquecimento
Foste um furacão
de intensa destruição
- Sua natureza
Hoje rasteja pelo chão
como bicho de peçonha
Se foi, se foi!
Não lhe abano o rabo
como cão adestrado
que come na tua mão
Hoje não é mais que um verso
catavento, que enquando
com o vento gira pra movimentar o mar
junto com outros dejetos
Sido tanto fui
um lobo faminto
preso na minha própria armadilha
no meio da tempestade
caiu no entanto hoje
no esquecimento
Foste um furacão
de intensa destruição
- Sua natureza
Hoje rasteja pelo chão
como bicho de peçonha
Se foi, se foi!
Não lhe abano o rabo
como cão adestrado
que come na tua mão
Hoje não é mais que um verso
catavento, que enquando
com o vento gira pra movimentar o mar
junto com outros dejetos
Sido tanto fui
um lobo faminto
preso na minha própria armadilha
TEU SILÊNCIO
Conversa com teu silêncio
na varanda
- Com o balanço da cadeira,
olha o que teu olhar alcança.
Sopra a brisa mesma
do final de tarde
arrogante, arruaceira.
Pensa no que foi, é e será
medrada por contradições,
enquanto as rosas mortas
embelezam o vaso da tua mesa
é tua a solidão companheira de si mesma
- Como a lagartixa no alpendre
Como vai?
Seu idealismo enfrenta
a mesmice hegemônica
e tua inquietude concreta
pronta a comungar
na varanda
- Com o balanço da cadeira,
olha o que teu olhar alcança.
Sopra a brisa mesma
do final de tarde
arrogante, arruaceira.
Pensa no que foi, é e será
medrada por contradições,
enquanto as rosas mortas
embelezam o vaso da tua mesa
é tua a solidão companheira de si mesma
- Como a lagartixa no alpendre
Como vai?
Seu idealismo enfrenta
a mesmice hegemônica
e tua inquietude concreta
pronta a comungar
PEDRAS NO BECO
Vou morrer num beco
de crime sem autor
por quebrar pedras no caminho
tinha pedras no caminho
do beco que me abrigava,
incendiei todas.
de crime sem autor
por quebrar pedras no caminho
tinha pedras no caminho
do beco que me abrigava,
incendiei todas.
DETRÁS DA PORTA
Sai detrás da porta
achando que o mundo havia mudado
que a fome tinha acabado
e você fosse só minha.
Que tudo fosse filho de Deus
e pecar tinha passado a ser lindo.
Escondido detrás da porta
não vi nenhum movimento,
sonhei com tudo perfeito,
cheguei tarde pra algo fazer
assim como minhas lágrimas.
Sai detrás da porta
pensei e fiz
mesmo suspeito, sujeito,
sem movimento
eu quis.
achando que o mundo havia mudado
que a fome tinha acabado
e você fosse só minha.
Que tudo fosse filho de Deus
e pecar tinha passado a ser lindo.
Escondido detrás da porta
não vi nenhum movimento,
sonhei com tudo perfeito,
cheguei tarde pra algo fazer
assim como minhas lágrimas.
Sai detrás da porta
pensei e fiz
mesmo suspeito, sujeito,
sem movimento
eu quis.
MENINA
Ouvido, silêncio ou choro
barulho que o mar faz.
Talvez seja inveja dessa meninapequena,
que, nesse olho tão grande jaz.
barulho que o mar faz.
Talvez seja inveja dessa meninapequena,
que, nesse olho tão grande jaz.
ALÉM DA VIDA
Não precisa vida,
sente a brisa,
estrela que não sabe nadar;
nascimento que me instiga,
só podia ser vida!
Estrangeira até para si,
só quem te vive pressente
Que dia é hoje?
Preciso dar um passo a frente.
sente a brisa,
estrela que não sabe nadar;
nascimento que me instiga,
só podia ser vida!
Estrangeira até para si,
só quem te vive pressente
Que dia é hoje?
Preciso dar um passo a frente.
SABEDORIA
Venho aos poucos morrendo
As pernas dando seu passo
são passos de marca passo
Venho virando criança
brincando de amarelinha
Venho saltando muito
entre céus e infernos
Venho esquecendo momentos
e os vivendo de novo
Venho perdendo as crianças
Venho descobrindo o saber
sabendo o saber que me mata.
As pernas dando seu passo
são passos de marca passo
Venho virando criança
brincando de amarelinha
Venho saltando muito
entre céus e infernos
Venho esquecendo momentos
e os vivendo de novo
Venho perdendo as crianças
Venho descobrindo o saber
sabendo o saber que me mata.
NOTÍCIAS INACABADAS
Sobre a calçada fria
abriu-se um jornal novo
com velhas notícias do dia
numa mente deitada tranquila
O ano velho se foi
ficam nossas noites mais brabas
com o ano que agora fica
ainda repetindo os dias
Notícias dos outros
as pombas, as festas,
as roupas, as cestas,
as ceias, romãs
as notícias que aquecem o corpo
cobrem de sabedoria
sobre ser meio isso ou aquilo
sem nunca ser um inteiro
Jamais sei, saberei
Se o mundo será meu ou nosso
Com essa força pra fazer
o que posso
Certo é que essa vida decepada
jaz na tua calçada
em noites de estrelas,
ruas desertas e notícias inacabadas.
abriu-se um jornal novo
com velhas notícias do dia
numa mente deitada tranquila
O ano velho se foi
ficam nossas noites mais brabas
com o ano que agora fica
ainda repetindo os dias
Notícias dos outros
as pombas, as festas,
as roupas, as cestas,
as ceias, romãs
as notícias que aquecem o corpo
cobrem de sabedoria
sobre ser meio isso ou aquilo
sem nunca ser um inteiro
Jamais sei, saberei
Se o mundo será meu ou nosso
Com essa força pra fazer
o que posso
Certo é que essa vida decepada
jaz na tua calçada
em noites de estrelas,
ruas desertas e notícias inacabadas.
FOME
Magro, encurvado
dentes à mostra
costelas nas costas
dormindo ao relento
um cadavérico corpo
Está comendo vento?
dentes à mostra
costelas nas costas
dormindo ao relento
um cadavérico corpo
Está comendo vento?
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