terça-feira, 31 de janeiro de 2012

NUMA RUA

Uma víbora ( no pescoço)
de pele fria
numa noite numa rua

Cabeça arrancada
do corpo (frio)
numa noite numa rua.

Uma dor (violenta)
de ódio puro
numa noite numa rua.

AS MÁGOAS

A mágoa inversa: Amei
e des-armado sofri
impotente diante das armadilhas.

A mágoa interna: Um homem
num ser dividido
com o pensamento cansado

repleto de estratégias de vingança.

FALTA DE TEMPO

Dei um tiro no relógio
que marcava o tempo

Sangrei o espaço
no espaço do tempo

Em tempo:

Cavei minha cova
e virei um musgo

e a clorofila
sorria.

sábado, 28 de janeiro de 2012

SEM DIÁLOGO

Muitas cartas mortas
trocaram abraços entre si
hoje arquivadas com naftalinas
envenenadas por um coração seco,
Junto um revólver parcial
e manifestos niilistas
com pensamentos magoados
que detonam bombas sobre o mundo.

DES-AMOR

O pensamento voa no esqueleto da pipa
invocando nas nuvens o amor perdido
com uma gota de mar nos olhos
As mãos trêmuas deixam seu gesto
debaixo do rosto pálido
Dentes rangendo na boca fechada
num silêncio vazio
Solidão na vida noturna que faz
desaparecer o perfume
do vinho e da harpa que surge
na escuridão da noite
No alto a lua partida
sob bares e baladas
onde meninas magras
se deitam sob saxofones
dividindo hóstias invisíveis
elas coloridas e ardentes
com desconto de 5%
entre homens que não conhecem
ovários.

MÁGOA

A dor da mágoa
é definitiva

Não tem cura
a dor é viva

No batuque do coração
o som é seco

A dor da mágoa
dói noite e dia

Cicatrizes profundas
no peito do silêncio

A dor da mágoa
fantasmas acompanham

Assombrando medos
dos homens às muheres

Correntes que se arrastam
sobre  chão pisado

A dor da mágoa
não tem razão

Martírio sem sentido
no pensamento insano

Na faca da dor
não sobra alguém

Vingança que tomba
sem ser saudável a ninguém.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NOVO?

Entre o amor
e o desamor
(poetizo dissonante

e denuncio a dor)
As rimas do poema
somem

Uma nova forma
emerge da pena.

METAMORFOSE

Metamorfoseio-me
na mesma moldura
em outro, em você
num eterno espiral

Isso sou hoje
aquilo amanhã
naquilo futuro
Isso sou hoje

Retrato ativado
que não morre nunca
hoje gente
amanhã coisa

domingo, 22 de janeiro de 2012

PASSEIO

O vento não tem espinhos
nem o mundo traz carinhos
Morena, que ecoa silêncio
Enpresta-me tuas palavras!

Fará minha vida verde
morango - doce vermelho
tua voz - borboletas
que voarão a redor


O vento não tem espinhos
Ai, morena
nem o mundo traz carinhos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

PARTIDA

Minha esperança me alimentava
como a beleza dos lírios
clareando horizontes

Quanto mais eu chegava
tudo parecia mais longe
quanto mais acreditava
menos era verdade

Apenas meu pensamento te alcançava,
os olhos, tão redondos
te deixavam ausente
chorei por noites e dias

O peito - tão bomba!
O corpo - tão frágil!

Eu não percebia
que eu chegava
e voce ia.

PRA TE AQUECER

Só voce conhece
voce mesma,
mas podemos nos olhar
no nosso silêncio,
algo novo brotará
nesse corpo aquecido,
talvez baste
este coração
pra aquecer teus dias.

PINHEIRINHO II

Avante!
Trabalhadores, moradores
do pinheirinho!
Chorará? Não.
Não chorará.
È teu este chão.
Teu mundo é de luta
povo bonito.
Você não sabe a força que tem
Tua boca amordaçada
Teus pés amarrados
correntes do Estado
Quem te segurará?
Junta-se povo!
forma trincheiras!
luta seu sonho!
troca tuas lágrimas
gente guerreira!
Outras palavras
substituem a dos loucos
que dizem: "É inútil resistir"
O latifúndio resiste
te mata a vida, mas voce argila,
se multiplica.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SERES DO SILÊNCIO

Era tarde sem vento
tarde sem movimento
tudo calmo e ausente
Um doloroso sentimento que incomoda
Visto outra pele para tocar o mundo
Haviam multidões e um vazio oco
Em cada canto homens criavam
homens e mulheres silenciosas.

VÔO

Não sorri. Chora as vezes.
Outras vezes raivoso se abate
num mundo de narcisos e aflitos
tem a terra sob os pés
a cabeça atormentada,
é humano, não ave, não sabe
pousar um coração.

CICATRIZES

Pensando em silêncio
desprotegido me protejo,
pensando espelhos
em silêncios sem conclusões,
olhando inimigos,
vejo amigos e me entorpeço,
talvez nos meus atos futuros
o corpo surja cicatrizado.

JANELAS

Ao prazer do sofrimento
a fuga resta,
Criação dentro do silêncio
silêncio fundo
silêncio contemporâneo
ser-ou-não-ser,
Olhar para além da janela
Pra nada ser visto,
O que não se vê
é inundado pela noite escura.

PINHEIRINHO

Cidade isolada
são gente: foram
o que são: muitos
A história contra a qual lutamos.

Pinheirinho passa suas horas de insônias
Dormem o dia sem saber do dia
Vamos fazer mudar?
Nossa história precisamos fazer agora.

Trabalhadores, socialistas de saletas
note books, cyber-cafés
Jacarés comem peixes fora dágua
e digerem nossa história de luta.

Olhamos...olhamos...Olhamos...
O que vemos?

CRIANÇAS

Crianças bebem esperanças
e fumam crack
pensando em vida feliz
vida que não terão

Ruas de asfalto catatonicos e céu
Vilões morrem nas tvs de vitrines
ou em jogos de video-games
todo dia uma ficção diferente

Outras crianças marcianas
matam o tempo a distância
enquanto as águas das piscinas
fazem ondas sózinhas

Tem muita criança no mundo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

FOI-SE

Foi-se dois mil e onze
quantos mil mais
viverão, aquilo
que não morre
se transforma e fica
mil se vão, mil nascem
com a fome que não fica pra trás.

POUCA RENDA

Arroz frio
comido
ontem
outra vez
hoje
comido
gelado
amanhecido
falta
grão
na casa
de pouca renda.

CÔR DE ROSAS

Pelo óculos de pedra
o silêncio olha
os defeitos ou a sombra
do homem que grita sua dor?

Meninba dos olhos de vidro:

- Rouba corações de homens,
sem os conhecer de lugar algum.

Por trás do silêncio
as maçãs escondidas
desejando sem lugar

Côr de rosas nossas vidas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

RUÍDOS

Na voz calada
o som
das ondas nas pedras

A làgrima
faz um mar
que vira poema de amor.

TRANSFORMAÇÃO

O capitalismo
será socialismo
pra poder sobreviver.

Tem essa capacidade de transformação
que poucas criaturas tem
E nós criando e nos submetendo a elas

Esperando naturalmente,
lutando com as sentenças
escritas nas cinzas.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

SILÊNCIO

O silêncio fixo
Noturno
é a base do deserto

O silvo traçante
diário
é o grito do silêncio

A areia corre como crianças
matando de sede a garganta
e o silêncio com vontade de ser tudo

Procuro seu céu da boca
pra me molhar de saliva
enquanto o silêncio escurece.

QUARTO VAZIO

Meus olhos lacrimejam
lembrando o amor de muitas mulheres

O coração bate forte
como Olodum na Bahia

Na cama, à noite
O lençol dorme. Suave

O tempo passa
no quarto que envelhece

Já não há gemidos
nem comigo mais conversa

As lembranças ficam amontoadas
nas fotos descoloridas

Onde isso vai parar?

É cinco da manhã
Vou sigo dormindo

longe...
meu quarto...
quarto vazio...

ARCO IRIS

quando os homens andam juntos
Ah! parecem mais colibris e bem-te-vis
e o mundo parece tão colorido.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PERTURBAÇÃO

Amarrei meu tornozelo
nas lembranças

Sou arrastado pelas ruas
sangrando no asfalto

Machucado de insônias
me trato todas as manhãs

ACABOU

Teu rosto é o mesmo
fora da moldura
foi-se

Foram-se os sonhos
ganharam velas
partiram mar afora.

ADOLESCENTE

Estou com cinquenta anos
logo me vai a adolescência

Vou parar de beber e de fumar
fazer o ENEM e estudar

Fazer o que todos esperam de mim
ser doutor, ter uma casinha com jardim

Vou ser o que as mulheres esperam
senão jamais caso, e elas se desesperam

Tudo quando a adolescência acabar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

FRÁGIL

A minha cabeça pra cima
entre a cabeça pra baixo
Um coração no meio
escrito: Frágil.

PEDRA E MAR

Ela sentou na pedra

me olhou

Sentou na pedra
pra olhar o mar

me beijou

O mar nem viu
nem ligou

Me abraçou

O mar revolto
A pedra calada

O mar olhado
marulhado

Ela se foi

Pedra parada
Mar pra todo lado.


/home/ecid4/Desktop/sidcris3.jpg

sábado, 7 de janeiro de 2012

FRANGO BOI

É uma galinha na forma - do rabo
ao bico. Uma galinha noturna
Uma galinha de sexta.
Presente de um cafetão.

É uma galinha de puleiro,
no sentido
Uma galinha sem discussão,
nas ruas sem nome.

Surpreso de vê-la, vendida,
Bola da vez
O mundo em movimento,
O milho no prato.

O prato gelado
o prato quebado
fragmentos de louça,
É galinha, e dai?

Passa a noite fria
Passam todos os estranhos
sob seus pés, enrugados,
e o mundo continua correndo

SEM RESPOSTA

A uma mensagem de vento
me calo
sem resposta alguma
Como se o sol não se deitasse
a sonhar com a lua
como se paixão
fosse tufão.

Tudo muito complicado
como se toda flôr aberta
ganhasse um beija-flôr
sabe...assim... meio...
se tudo fosse você.

SURDEZ

Não constroem os operários
o mundo, a consciência
constrói seus dias.

Em qualquer ato
que lhe traga prazer
cigarras cantam em côro,


Pare! - Pra eles é imperceptível,
ensurdecidos pelo som da bigorna
e o calo nas suas mãos grossas,

ENGANO

Tão meiga e tão cruel
A morena que me amava
Não passava de um açoite.

CANSEI

Cansei de falar de nós
Cansei de falar de mim
Cansei de falar do mundo
Cansei agora.
Já falei muito.
Acho que falei tudo.
Acho?
Foi tudo tão rápido.

CORAÇÃO COM ASAS

Deprimo-me as vezes
o rosto envelhece na cabeça
uma coroa apertando, espinhos,
e o coração assustado - bate asas.

INCÔMODO

Eu vivo
pra causar
desconforto
e denunciar mentiras.

LUGAR NENHUM

O destino de todos
se escreve
a portas fechadas

Polvo a direita
Aranhas a esquerda
a gosma e o fio
quase invisíveis

A roda gira
levando os destinos
pra lugar nenhum.

SOLDADO

A lúcida consciência
olhou pra mim.
O materialismo
atravessou a fábrica

Foi
comigo
pra casa

e eu

Que envelheci
Amanheci
soldado. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PALAVRAS A ESMO

Eu na frente do espelho
me vejo meu manequim
sem pernas no canto da parede.
Eu uso Black-Tie na garagem
dentro do meu carro
como um gato cego
na minha visão mecânica
de pegar Marias gasolinas.

Me olho na imagem morta
na frente do espelho
pensando perguntas
que não se respondem.
Nessas linhas mal traçadas
saem palavras sem cabeças
que me inquietam,
o papel, e aos outros.

HOJE É AINDA ONTEM

Enquanto a estrutura não se abalar
Ontem continua sendo hoje.

Os teóricos de Marx
ainda são audíveis
ao quebrar o tédio
com suas taças de vinho.

Nós trabalhadores frequentes
ausentes, do produto do trabalho
nos compadecemos
com o amor carente deles,

Nós carentes de mudanças,
cansamos de teorias prenhas, pois,
Hoje continua sendo ontem.

EIFICAÇÃO

Do trabalho repetitivo
pulsa dia a dia
um robô
sem imaginação

máquina com vida

mais e mais embriões nascem
imaginando nada, nada massa
entre máquinas,
um mundo em movimento
no sentido horário

Os cadáveres andam automatamente
pés cascudos, sombras no asfalto vagabundo

Sobre as cabeças, o estado, os aviões,
aplaudindo a alienação, fecundando
óvulos entre o sexo de metal
fetos de engrenagens
leite de óleo diesel.
Na mente o lampejo de canções
e a máquina cada vez mais forte
por obra de seu escarro.

SOBREVIVENTES

Os revolucionários de hoje,
passam a noite à mesa, em note-books
pra lutar contra os monstros
que germinam a cada dia.

Monstros, capitalistas, pelegos
de palavras. Engatilha suas teorias,
atirando sobre o papel e a tela,
sangrando-se a cada batalha.

Doce luta revolucionária
sem confronto, sem armas,
sem fuga ou desconforto,
febre ou vertigem.

Há uma justificativa:
Não há revolução, sem teoria revolucionária,
não há continuidade sem sobreviventes.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

FAMINTOS

Louca essa química anarquista de amor
des-amor e tragédias
Amor des-amado des-armado
violência vã do ciúme

Vou ao buraco escuro mais fundo
buscar uma estrela no céu da sua boca
com todos os conflitos

eu, voce e os carinhos,
famintos, muito famintos.

ÚLTIMA LÁGRIMA

Minha lágrima que cai!
A última... a mais perigosa
Antes, outras cairam,
por cairem nada aconteceu.
Essa lágrima é a final
a que gostaria de guardar
mas posso acabar afogado.
Lágrima que cai,
perigosa! Perigosa!

CACOS

Ainda me corto
com os cacos dos sonhos,
não dá pra varrer
para debaixo do tapete
Alguém pode se machucar.
Vou viver meu pânico
eminente de nada
e ir curando os cortes
acarinhando as cicatrizes.

SEM CONSERTO

Desisti de consertar
o que se quebrou
sem desforra
sem vingança
ou revide,
seu mal ficará maior
sem conserto.

QUANDO FINDARÁ O DIA?

Somos responsáveis por crimes que não cometemos?
As ditaduras de esquerda e de direita cerram
seus punhos de areia e dizem: Sim!
Não temos a fanática infância Taliban
acreditamos em heróis e Peter Pans,
talvez dai a responsabilidade e o castigo,
um cão de botas em cada esquina
e o mundo patrulhando nossas mentes.
Quando findará este dia?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

PENSANDO NO AMANHÃ

Diante deste novo mundo,
entendo a miséria
como poeira de chão.

Levanto os olhos,
avisto crianças e passarinhos,

Choro.

E penso no fuzil
enferrujando na despensa.

REVOLUÇÃO DE GABINETE

Socialistas de gabinete,
estudam, teorizam lutas,
sob a lua branca

Ouço os pequenos- burgueses
festejando, pintando as caras,
como índios, a cantar as lutas.

POMBAS E URUBUS

Eu queria diante do que vejo
perder-me num cemitério
entre túmulos e urubus

Antes pombas brancas
com ares de anjos
neste mundo - mais cruel que cemitério

Paz - na terra como se elas
pudessem levar nossos conflitos
loucas brancas - rapina sentinela

Nascido eu nesse quase
coisa que angustia
caminho seco, e luto.

Sem chumbo - cético
urubu e pomba
pra desvendar o enigma do meu futuro.

NÃO HOUVESSE VOCÊ

Se voce não me olhasse
não haveria sol
na minha vida cega

Se voce não me acariciasse
as rugas jamais
sorririam nas minhas pálpebras

Se voce não cochichasse aos meus ouvidos
o clarinete jamais
atravessaria o som desse poema

Se voce não dormisse comigo
o calor do corpo jmais
permaneceria em nosso sonho.

MAGIA

Subitamente - Tornei-me um mágico!
Transformei coisas em simples pessoas
Ao luar da noite, em meio a um caos escuro,
num sujeito que chora e sorri
cheio de sensibilidade e compaixão.