quarta-feira, 22 de março de 2017

ACHANDO O QUE FAZER

Não sei porque te amo,
nem sei se é amor...ou carência...
Talvez eu ame sem querer...
ou para ser...sobreviver...
ou morrer...
Tenho que achar o que fazer!

MELANCOLIA

Somente os poetas em conflito,
sem rimas, inversos,
verão o contrário,
despindo o mundo, a vida e a morte,
no choro melancólico da cuica.

ALÉM DO ESPELHO

Quem se olhar em espelhos
há de passar.
Quem se olhar além do espelho,
há de sentir, há de sonhar.

ÁGUA FRIA

Como pode um peixe vivo
esmorecer-se do que foi?
O futuro depende do peixe
que aquece a água fria.

segunda-feira, 20 de março de 2017

SENSUAL

As cracatuas falam sem parar,
daquele jeito obsceno,
cabelos de moicano,
estridentes arrogantes,
gritando e gozando muito.

PEDRA SABÃO

Sempre fui pedra sabão,
comi muito bolo de noiva,
amei as mulheres para sempre,
o sempre nunca soube,
me olharam, usaram, lambuzaram,
eu ainda procuro.
Só vou melhorar ao chorar.

FUI EU ACHO

Fui feliz? Ficaram três filhos,
cinco descasamentos, muitas fotos amarelidas,
na memória: vinhos, lençóis, sorrisos, lágrimas,
cachorros e latidos, também estrelas,
tudo muito alegre e triste. Fui.

VOU LEVANDO

Meu tempo vai passando
sem nenhuma ruga a mais,
meus desejos, fragmentos, lembranças,
com café com leite e pão com manteiga.

SIMPLES ASSIM

Eu saio, não sei se eu,
caminho só.
em busca de poesia,
entre conversas e buzinas
canta um galo as 16 hs,
despretencioso, sonolento,
rompendo a ordem do dia.

Um canto cansado
entre nossos abraços
barulhento de ecos,
cuicas e surdos desfilando.

É meu coração disparado,
simples assim.

segunda-feira, 13 de março de 2017

ROSA

José morreu torturado
militar = militando = gerúndio,
A luta continua! Gritavam os companheiros.
José não era capitalista, não era comunista.
Um homem humilde, pai, marido, trabalhador.
Comia pão com ovo de manhã e café
na marmita ovo de novo ou salsicha.
Gostava de flores, todas as flores.
azaléias, margaridas, rosas, mulher e três filhas.
Distribuia alegria desde as 05:00hs da manhã,
gostava de rosas, por isso não quero,
rosa longe de mim.

DESMEDIDO

Desocultando horizontes
remando uma canoa furada,
desaceitei um naufrágio,
desinventei a viagem,
disseminarei metáforas
desoculpado da minha ocupação.

CRIANÇA ASSUSTADA

Há palavra mais aterrorizante
que MONSTRO?
Ou INCONSTITUCIONALICIMAMENTE?
Crianças boquiabertas, atônitas, comovidas.

SINGELO

A pombas pousadas,
nos fios de alta tensão,
sem pernas, perceverantes,
- juntas por justiça -
migalhas e bondade da miséria.

PRESAS

As hienas, riem,
o tempo observando arregalado,
os cajados, martelos, pás, covas,
cimento, capital, areia..
as presas domesticadas
que movimentam e levantam o mundo.

sexta-feira, 10 de março de 2017

ESPERANÇA

Chove chuva chorando
lavando o mundo de bruços,
aguardando outros dias e noites,
sorrisos e açoites,
as mudanças que nunca vem.

GOTAS LENTAS

Me assusto com gotas de chuva,
exageradamente, exagerado como meu susto...
meus olhos castanhos,
olham um céu sem sol;
chorando gotas lentas.

MORDENDO O COTOVELO

Na disputa entre os donos da verdade,
quanto ao caminho do mundo,
ainda sob a ótica do bem e do mal,
erros e acertos, verdades e mentiras,
os conscientes inconscientes,
na singeleza ou na arrogância,
caminham pra lugar nenhum.
Desconfie, aproveita,
na realidade ainda há beleza!
Só se vive uma única vez
as efemeridades do tempo,
se não concordar,
continua mordendo o cotovelo.

AFLORESCÊNCIA

Num mar verde de alfaces e hortaliças
o brilho vermelho dos tomates,
sobre a planície úmida
onde passeiam lagartos e formigas,

crianças brincam de amarelinha,
muitos jogos e brincadeiras,
inocência em saber e sabedoria,

O ar cheira fraldas,

Nas meninas dos olhos,
os meninos também,
doçuras e crueldade,
páginas ganhando tinta,
canções, violinos, zumbidos,

De plantações, pomares, jardins,
hortaliças, raízes..

Com muito sol e muita água.

NADA É TÃO PURO HOJE

As lágrimas não caíram...
não molharam...
me afoguei.

Nunca mais entrei num rio.

Só as borboletas me contam
o que o casulo escondia.

Nada..Nada é tão puro hoje!

O ARTISTA

Gritos, fumaça e lágrimas,
chorando injustiças
sob o olhar das hienas
e agonia da cultura,
batalha de pedras poéticas,
contra balas de borracha.