sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CINZAS

O céu chora uma chuva fina que cai
o vento se lamenta vez em quando,
lavando o tapete de flores de ipês
sob os resmungos do ranzinza trovão.
Uma lagarta na varanda faz buraco num casulo.
Abre-o, acende uma vela.
O pássaro da pintura na parede lambe os beiços.
Escapa da cela escura, pra liberdade.
A mulher do meu desejo foi pra longe espreitar outras possibilidades.
Outros homens, outros olhos, serão vistos e verão
que não se pode deixar o coração aberto com as flores da primavera:
Um pensamento de amor é uma lembrança de cinzas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário