quarta-feira, 28 de março de 2012

PRA AMANHÃ

Sou do mundo
os que me precedem também
a caminho do buraco negro

Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra

Fazendo poesia?
Nunca sei.

Mas estou perto
do poente que desejei

Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo

Nem quando as lágrimas
molham as conversas

Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento

Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas

Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada

Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites

Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei

Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado

Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico

Depois da descoberta 
(des) vendada
interna - mente

me embebedarei,
serei destilado

deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado

A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar

Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.

(Para minha amiga Aline Mattos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário