Sou do mundo
os que me precedem também
a caminho do buraco negro
Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra
Fazendo poesia?
Nunca sei.
Mas estou perto
do poente que desejei
Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo
Nem quando as lágrimas
molham as conversas
Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento
Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas
Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada
Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites
Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei
Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado
Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico
Depois da descoberta
(des) vendada
interna - mente
me embebedarei,
serei destilado
deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado
A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar
Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.
(Para minha amiga Aline Mattos)
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