quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TRUES AND LIES


Trancadas atrocidades nossas
onde se escondem ossos,
mudo grito cujo o som

ecoa em nossos ouvidos
da garganta de 50 anos
em cada um de nós.
Nos buracos sem lápides
onde o sol não esquenta
ossos amontoados, numa ,
conflituosa harmonia democrática
que enterram atrocidades nossas,
que mudas sobrevivem
entre heras sombrias,
que na boca dos palanques
se afloram a cada 2 e 4 anos
em forma de lembrança
para eleger um novo herói,
um novo caçador torturador
travestido de homem do povo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MINI MAR

O rio é doce
porque é calmo
seu caminhar,
navegar só é preciso
no mar,
Só é bravio
nas margens,
marginais
que se afogam
com seu aguar,
se a margem revida
faz do rio mini mar
onde navegar é preciso
mesmo sem mudar
seu curso.

CÃES

Os cães eram tantos,
de que valeu tanta luta?
As torturas foram tantas,
Porque se foram quando comecei acreditar que existiam?
Olha o que deixamos fazer de nós
céticos, descrentes, mórbidos,
sonhando só, só sonhando
com medo de cães.


ACAMPANDO O PÂNICO

A vida
é aquilo que se vê
que se toca
é real!
Porque insistir em vê-la
como não é?
Transformá-la, é,
colocá-la entre parenteses,
vamos tentando
Mas como?
Se qualquer outra lógica
é ilógica para essa lógica.
Me apresentarei,
desta forma vou tropeçando
a vida
lápide fria, onde vou
acampar o meu pânico.

NEM RATO NEM POETA

Em vagos momentos de mim
Tento-me achar na multidão
lutando com minha poesia classe média
entre famintos, automóveis, e discursos vagos
de um mundo melhor pra amanhã nunca pra hoje,
o rato que rói é o rato que rói
poeta burguês é poeta burguês
não sou rato nem poeta
apenas uma rima marginal
declamando amores inúteis
numa folha virgem
com muitos pesadelos à noite
sobre a nova aurora da barbárie.

HOMEM ARANHA

O meu homem aranha
é tupiniquim
verde amarelo (ouro
com a barriga roncando

Tem pitadas americanas
azuis e vermelhas

Falo muito com ele
no íntimo do pensamento
em meio ao mar dos olhos

Assim vou vivendo
essa vida precária
conivente na memória
com o mundo que me embebeda.

ARMADO DE POESIA

Como poeta
quero me des-construir
na lucidez de existir

Não me basta o que vejo
promessas, esperança, mãos dadas,
Batmans imaginários
cintos de inutilidades
e consciências frágeis

Quero poemas insanos
sem saber do momento seguinte

Minha guerra poética
quando mata pessoas
não tem poesia

Minha guerra poética
quando mata pessoas
é apenas guerra poética
que rima pessoas.

VOYER

Olho
o corpo de açucar
no seu sono relativo
sem epouso absoluto

Olho
como me vês o corpo
sem lápide
sempre movimento

Eu beija flôr
que beija
flores abertas
no carinho que pousa na flôr

No lençol úmido
de a pouco
a relativa cama
um deserto

Olho
nada vejo
nada mais, que
senão teu corpo
e o meu.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

MULHERES FAMINTAS

Quando falo com a poesia
ela me cochicha: - Somos amigos
como colibris e rosas
rosas e colibris. Isso será eterno
enquanto eu for um poeta

Balanço o berço em
que o poema dorme. Sonhamos
acordamos juntos e as rimas riem,
quero dividir isso com o mundo

A poesia é minha companheira
juntamente com colibris e rosas,
nascidos para sermos doces
para saciar mulheres famintas.

QUERO DESCANSAR

Suas pupilas
se fecham
a cada segundo
de espanto

Os olhos transbordam mar aos prantos

Minha menina me conta
que meu corpo do seu
quer descansar.

NOVO SOL

Subo o redemoinho espiral
da vida,
no cume,
no final
que não chega,
nunca chega,
recomeço do começo
e me entrego.

O que se desmaterializa-se
rematerializa-se
e o que materializa-se
já não tem mais forma.

Fecho a janela histórica
me tranco
me assusto
com o novo sol
adentrando.

domingo, 19 de agosto de 2012

EXISTÊNCIA

As contradições da existência
um lobo
dentro de mim
rosnando verde amadurecendo
como as estações do ano
as contradições da existência.

ANDARILHOS

Nas árvores, entre galhos,
saltos e quedas
com mochilas de miséria

Viajam o mundo

Mulas carregadas de sonhos
levam cruzes
eles mesmos: cruzes?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MORRENDO CINZA

Morro trotskista
me transformando em cinzas
num forno idealista
Que elas se espalhem no ar,
enchendo outros pulmões
aqueçam corações
que observam estrelas
na infinitude
do universo das utopias.

MILITANDO

Vivo sonhando palavras
gostaria de virar livro
pra recitar todos os poemas
que derrubaram muralhas
com canetas espadas
como um animal
sob palavras de ordem
que expurgam misérias.

POEMA ARMADO

Na luta de classes
meu poema
também é uma arma
Ilumina
constrói
destrói
poesia daquilo
que a sombra encobre
acendendo pavios
explodindo sonhos
pra te acalmar
morrendo.

sábado, 11 de agosto de 2012

BARCO TONTO

Meu barco tonto,
preciso, navega,
nas margens acenos mortos,
ficam e buscam
qualquer mar, qualquer,
ondas que tragam respostas.
Porque tem casa o botão,
e eu não?
Que idade me pertence
se meu coração ainda ama?
As perguntas não cessarão,
nos confins do mar valerá
a mim navegar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MUDANÇAS

Sim, faço,
posso transformar,
martelando idéias,
pregando na sua consciência
o desabitado segredo das palavras.
Escuta ardentemente
e aguarda o incêndio.

2011

Doloroso
quando o amor cresce pra dentro
oco lado só de estar
como estrela do mar na areia
Na areia de si
batendo nas pedras.

OLHO CHOCO

A bola do olho
o olho da bola
bolas loucas
que giram prenhas
olho ovo
ovo olho
choco.

CONVITE

Estou aprendendo o começo
falam do fim do mundo
palavras geladas, sózinhas,
sujam-me de respostas esquecidas
contra mentiras pregadas
Eu tentando fugir da fome
comendo poesias
convidando verdades
que não vem.

TÔ DE 4

Corto laranja em 4
porque não gosto de descascar
mijo sentado
pra não balançar
Tô de 4
mijadinho
emburrado
saturado da ordem
na poesia.

MÊDO DO VENTO

Não invento
vento
só o falso
vento
onde tudo cabe
querendo ver
o que tem dentro
ave vento
tenho mêdo de ti.

AGOSTO

Mês
de cachorro loco
vem de longe
ou daqui
essa mudança
em mim?
Que raiva!