quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

METÁFORAS DE UM GRÃO

Busquei o sangue, e,
escrevi a palavra...grão...
Beija-me!
Com a faca que rasgo o chão,

chão sem fim de tarde morto
não germina o verde fim, assim,
num silêncio de flor afora
triste como o podar árvores nesse poema,

de sonhos e cansaços
onde voam coloridos pássaros
na brisa de um vento vago
envergando lírios brancos, vivendo

entre sangue, grãos e sonhos
quem me sinto, faço  morro
sentado no colo de seus ombros
navegando no mar de meus olhos,

a tarde pôs-se a garoar
no chão batido e rachado
pingos pipocas num caldeirão enorme
logo a chuva chovia, então,

que sabem os grãos, as flores
o chão, a chuva e a vida?
Gotas d'agua não são anjos,
seja o que for, parecem falar comigo,

semente de ilusão, nasce e fecunda
metas aforas, floresce o mundo
como coelhos e estrelas
sendo flor sempre será grão.



sábado, 8 de fevereiro de 2014

QUEM ME FIZ?

Risos de hiena, goiaba bichada
Quem me fiz?

Passeios ao fim da tarde
furtando flores de seus vestidos
Quem me fiz?

Borboleta colorindo vôos
que bate asas no espaço, só,
quem sou eu?

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ROSAS

O perfume se exala
ao largo das ruas

entre a brisa
se levantam
se espalham
aos braços do vácuo

aroma que voa
juntos colibris coloridos
cortando o ar
aromatizando o vôo

Outras rosas se procuram
voam todas pelos espaços.

PÁSSARO NEGRO

Negro
um risco
de grafite
um corcel
desenhando dias
de sol e chuva

Ao peso da outra cor
outra flor
outras correntes
selando elos e cadeias
envolvida em lençol negro

Caminho cego
num quadro negro
onde o açoite, calado, vive
à fuga da imagem
que não muda.

Ainda o dorso dobra
fustigado de liberdade
coagulado sangue escravo
Num cicatrizado
pássaro preto.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

ALAGAMENTO

Vem chuva por ai
Não venha! Conserve
a água represada
como um poço

O odor da terra
não desenha a colheita,
tão pouco se contenta
com o cheiro dos grãos

Chuva, chuva: estamos
molhados
tem gente sofrendo
a fome é um afogamento
dos que aceitam


Sem alagamentos
amor e amantes, úmidos,
da água são sementes
que colhem ao fechar das mãos

Chuva, chuva
O sol vem por ai
te espera, esperma,
tua natureza.

MEU TROTAR

Como deixo
sendo cavalo
sendo montado
antes de não ser

Como cavalgo
pelos prados, nesse novelo de gato,
teia de aranha
que grudo nos cascos

Porque trotar, se ainda
o cavaleiro me doma
o trote da vida?

Domado estou, nos campos
ferrado, nos buracos
covas me acolhem

Tombei repentinamente, sei,
sacrificado serei. Funcionário.
Não funciono. Mesmo morto
restos meus combatem.

ALERTA

Se foram
desaparecidos
eles nós vivos
em nós vivos
um alerta
aguçado instinto

Os cães adormecidos
apertam mãos, abraçam,
não estão longe, aqui,
lágrimas das lágrimas
ainda são armadilhas

Custa nos existir
gritar gritos
forca, abafos, mas,
sussurram- nos o passado
nas tardes sem brisa

Ainda somos poucos
ninguém percebe
precisamos seguir
ao ponto do medo,
resistir ao medo

Somos o todo, juntos
uma arma
que não reluz
com as estrelas

Mas, as idéias
trabalham,
sonham vivendo.