terça-feira, 17 de julho de 2018

ARCO IRIS


Um dia seremos todas as raças,
Morenos como são as tardes,
Noturno, como é o futuro.

Eu tenho uma outra íris
Tenho outro olhar para o mundo
Tudo muito alegre e colorido.

Nem todo dia é quarta-feira
Nem todo dia é cinza
Basta chegar a noite.

Todo dia dou cores
Ao seu corpo e ausência,
100% humana é a vida.

PASSAGEIRA


Achei um amor
Dobrei com as pontas dos dedos,
Coloquei na palma da mão.

Fiquei olhando para ele
Como quem olha para
O horizonte,

Num pôr de sol
Em mar bravio,
Desconfiado do amanhã

Como a vida sonha,
Comovida, sendo
Paisagem passageira.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

FREI CANECA

De novo a Frei Caneca
de gole em gole
diante de meus olhos,
cheia de cidade, e ,
anjos de bocas pintadas,
unhas vermelhas,
Frei caneca, que bebe,
come, engole, chupa cospe,
a vida, como uma honesta gueixa,
que no escuro morre.

VÍRUS

Queria rimar
lost paradise
com jukebox
junky nights
mas tenho medo
de contaminar o verso.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O LUGAR QUE EU QUERO PRA MIM...


Preciso de uma casinha lá em Marambaia,
sozinha no alto do morro, olhando o mar.
Preciso também de uma pessoa,
sei..sei...sei..., isso me diz
que muito mais vou precisar.

TRANSFORMAÇÃO


Espanta o ceticismo,
e a descrença no futuro.
Para que no futuro,
seja suficiente a comida à mesa
e a tv na sala de estar.

Alienado de baboseiras,
entorpecido de novidades,
cachorro atrás da coleira,
vai vivendo um tempo enrugado.


Não diga que já sabia,
se tudo lhe foi ensinado!
Abre os olhos e vê!
Se puder enxergar,
cerre os punhos,
e deixa o molotov aceso.

Não acredite no que falam:
Sempre foi assim, sempre será, amém.
Nenhuma mudança se faz sem sofrimento,
encara-o, seguro em silêncio,
ele é efêmero como a liberdade.

Não espere cair nada do céu,
dali só vem chuva, Dali é Dali,
Pintando um coração que não ama,
que bomba sangue e vida.
Anda consigo mesmo,
você é teu melhor companheiro.
Limpa bem tua casa, Dali olha,
namora tua mulata,
Derruba todos teus muros,
E também a imagem da virgem Maria.
Sua mente ainda está entorpecida,
banhando-se na piscina, por enquanto.
Rasga teus planos de burguês. Sê astuto
E se agarra nas maravilhas da luta,
À muito estão sendo germinadas,
Nessa nova etapa,
Espanta o ceticismo
E a descrença no futuro

terça-feira, 3 de julho de 2018

A REVOLUÇÃO DOS MORTOS VIVOS


Mortos vivos,
sufocados em necessidades,
enrugados pelo tempo.
Cinzas que infectam,
sorrisos e lágrimas em um trovão de brados,
depois do medo,
enquanto as hienas fogem
para Pasárgada.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

CONVERSA ÍNTIMA

Palavras, precisas?
Outras, novas,
nunca ditas,
antes ou nunca
antes ditas?
Palavras, precisas?
Germinam na fala,
batucam a boca,
dançam nas línguas.
Palavras, precisas?
Elas nunca adormecem.

BARATA MORTA

Na porta da minha casa,
havia uma barata morta,
não um gato, um cachorrinho, um passarinho,
pelos quais costumamos chorar.

Era uma barata morta,
sem hipocrisia, real,
morta, fria, jogada,
morte matada,
defronte a porta da minha casa.

ENTRE DEDOS

Sobre a grama da noite
estico os braços, abro as mãos,
por entre os dedos
vejo a imensidão do céu;
um quadro de constelações
nas encostas da lua,
que me sorri e excita.

As luzes me confundem
por entre os dedos, escorrem
na minha imaginação infantil,
cavalos, leões, touros, pássaros,
se escondem atrás da luz,
ficam as sombras,
na luz dos vagalumes.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

SEVERINAS

Não é bela,
nem é feia,
a morte nem tem gosto
de amargo ou doce,
Já à vida se lambuza,
mas mesmo a morte,
lhe arranca a vida.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

MINHA CAVERNA

Me olhei me vi morto,
na escuridão da caverna
onde o tempo não dança,
sem ritmo ou instantes,
gestando um ser a ser
em movimento para nascer,
quase nada,
esvaziado de feitos não feitos.
Amarras ou liberdade?
Caos na escuridão,
Para onde ir? Por quem vou?
Perdi a memória.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

MAR DE COISAS

Tudo a minha volta, cores, sons e formas da natureza e da vida, são fenômenos poéticos; e sua essência está naquilo que se esconde nessas aparências, o encanto e o fascínio está nesse movimento de tudo, isso impressiona, irrita e ao menor toque explode em rimas dolorosas, porque tenho mais prazer, amo com mais violência, odeio com mais paixão que outros.
Duvido que aja alguém que possa enxugar o oceano para ficar mais próximo do horizonte. Somente o meu eu poeta.

PULGAS E CARRAPATOS

Os políticos só pioraram,
hienas que devoram misérias,
pulgas e carrapatos se multiplicam
disputando todos os espaços,
a miséria vai secando,
nas cinzas que respiramos.

JANELAS

Meus olhos são janelas
abertas para o mundo,
na minha mente penetram,
o movimento, ativo olhar
dentro da paisagem no cérebro,
imagens intensas, ligeiras, filtradas,
processadas, esteiras,
morro só de pensar
que um dia deixarei de enxergar.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

GOTAS DE OCEANO

Gotas de oceano,
o mundo segue seu plano,
nada a fazer, significa fazer algo,
de puro ou mundano.

Nesse seu vai vem ,
tudo pode mudar, tudo pode ser melhorado,
pelas marés da utopia,
pelas marés da lógica.

Nova gente, gera-ação
novos planos repassados,
que as hienas engordarão,
com risos insaciáveis,

Sabemos que o que começa
já anuncia seu fim,
aquilo que agora termina agora recomeça,
nas ondas do "sempre foi assim",
nas ondas do "sempre será" com
a convicção do amém.

cada qual com suas vergonhas,
vou aqui ficando com as minhas
não vou mais falar de mar,
não vou mais falar de mulheres,

De que me serve a razão
se só a desrazão engorda?
De que me serve amor e Deus,
que só olham o tempo passar?

As crianças ainda nascem,
porque o amor palpita,
os poetas ainda respiram,
outros tipos de poesia,

Gotas de oceano,
que venham as tempestades,
pois onde agora estamos,
jamais estaremos novamente.

REFLEXO

Sinto que nada é tão útil,
como brincar e ajoelhar no milho,
nada inocente, nada tão mau,
mal do ridículo de soprar no espelho,
que nem olha para você,
nem o sopro passa por aqui,
reflexo distraído que engana,
as brincadeiras refletidas de verdade.

PAISAGEM

No topo do prédio mais alto,
olhava o descampado da cidade,
cheio de desprezo,
elevado um homem pior,
com a cabeça nas alturas
nada debaixo dos pés,
a não ser aquele espectro imundo
de misérias ligadas ao mundo,
a leitura dessas verdades
 me leva a ignorar as estrelas, e,
pisar nesse chão.

DESCOBERTA

Nada mais se cria,
tudo se repete
num extenso movimento sinoidal,
de erros e acertos
na vaidade das especulações.

Sentados ao pôr do sol,
bebendo água na fonte,
entreventos e folhas caídas,
pertubando a ignorância
vamos conhecendo a nós mesmos.


SOBRENATURAL

Entre as contradições,
a natureza se esvai
pouco a pouco,

desnaturalizada como ovo
frito, cozido,
choco,

triste ditadura
da fome, dentadura
em puro mecanismo.