quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

CONTRADIÇÕES

Só vou viver depois que morrer,
não me enterrem por favor,
me queimem como bruxo que sou,

Nasci repleto de sonhos que já não lembro
pela distração que o mundo promoveu,
mas lembro do gás de pimenta,

condimento dos meus anos 70,
quando sonhava com um mundo feliz,
adolescente rebelde aprendiz,

quis ser tudo para o qual fui educado,
doutor, professor, engenheiro, tudo que proporcionasse dinheiro,
tornei-me um poeta, nem melhor, nem exato,

Cultivei a vida, a vida inteira,
hoje tenho medo da morte,
dos botões on e off,

Só vou viver depois de morrer,
que minhas cinzas pulem um viaduto,
e sintam o ar que respiro.

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