Só vou viver depois que morrer,
não me enterrem por favor,
me queimem como bruxo que sou,
Nasci repleto de sonhos que já não lembro
pela distração que o mundo promoveu,
mas lembro do gás de pimenta,
condimento dos meus anos 70,
quando sonhava com um mundo feliz,
adolescente rebelde aprendiz,
quis ser tudo para o qual fui educado,
doutor, professor, engenheiro, tudo que proporcionasse dinheiro,
tornei-me um poeta, nem melhor, nem exato,
Cultivei a vida, a vida inteira,
hoje tenho medo da morte,
dos botões on e off,
Só vou viver depois de morrer,
que minhas cinzas pulem um viaduto,
e sintam o ar que respiro.
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