sexta-feira, 13 de junho de 2008

SENSIBILIDADE

Mesmo com o tempo fugindo
com as mesmas
ou outras palavras,
o mundo vai se repetindo,
nos matando com distrações
nas paixões de tempos
em tempos,
como chuva entoando vida
molhando corpos sem roupas
e o mundo de grandes maldades;
Nas lágrimas que te rolam
vejo sua cisma,
descontentamento e falhas
na sua impossibilidade humana,
fragilidade menina
mulher sensível
entre todos nós e nadas
sempre estarão
nossas ânsias e sinais
de algo vivo
nessa paisagem morta.

(Para a amiga Andressa Ferraresi)

*Direitos Reservados*

OLHAR

Você nunca viveu
no mar
pensando a terra
como memória antiga,
vejo no olhar;
Os olhos sabem de tudo,
- ou quase.
Essa massa (corpo)
que é teu desenho
procura no escuro
teus medos submersos
que acabarão por sumir
nesse mar de mistérios
escama por escama.

Começa então pelo olhar.

(Para amiga Maria Carolina Dressler)

*Direitos Reservados*

ALIENAÇÃO

Silenciosa,
num exílio infinito
como uma escultura
de vidro;
tenho medo
que uma leve
trinca
possa me fazer
em cacos.


*Direitos Reservados*

CRESCENDO

Presente
de
silêncio
sou
procurando
meu eu
fragmento
do todo
essência
existência
que me constitui
tímido
voraz
esquentando
corajoso
no contexto
da vida
que acredito
evolui.

(Para o amigo Ney Gomes)

*Direitos Reservados*

PROCURA

Saiba que o sentimento
de amor
não cabe em quartos
amplos,
ou campos,
nem nadam em piscinas
como os desejos;
O amor
marulha nas ondas
mas não cabe no mar,
Não entende?
nem precisa,
ouve o vento
em lamento
lento
de quem procura
o que não sabe
o que é.

(Para a amiga Sandra Santana)

*Direitos Reservados*

quinta-feira, 12 de junho de 2008

DO OUTRO LADO

Do outro lado
Passeiam os mortos

Andam como sombras
nas margens

Do outro lado
passeiam os vivos

Na margem oposta
sob as ávores

Do outro lado
as ávores queimam

Sob a ambição
dos marginais

Que cultivarão eunucos.

(Para o amigo Osvaldo - Dinho)

*Direitos Reservados*

MEIO MACUNAÍMA

Tem dia que acordamos
culpados e sujos
com sentimentos de cobra
coral - rastejando
meio pré-históricos
qualquer coisa
com vontade de sucumbir
ao suicídio
por ser isto
essa coisa impotente
estranha aos outros animais
que não enrubescem.
Tem dia que acordamos
pensando pesado
que nem levantamos
só nos restando
estourar a bolsa dágua
como um macunaíma
pra se esborrachar na verdade.

(Para o amigo Oswaldo Pinheiro - OS )

*Direitos Reservados*

quinta-feira, 5 de junho de 2008

PERDIDO

Que alguém me ache

algum

alguém

qualquer

sem nome
pra viver

Pra viver
que venha

me ferir

Se eu puder
perdoo.

*Direitos Reservados*

CADAUM CADAUM

Na cabeça
o mar,

no corpo
um porto,

com mar
o papo é outro,

porto é pouco

mar é mar

porto é porto

*Direitos Reservados*

quarta-feira, 4 de junho de 2008

POUCO ME BASTA

Sentado na cadeira me calo

Que todos falem aos ventos
ensurdecendo-se com suas idéias
no eco do silêncio da sala
Nem ligo
Já conheço um tanto de palavras
que me bastam
Não me canso dos olhares dela
Sentada a minha frente
Daniela, sempre
Tantos falares e opiniões
Ela imaginativa
e sentenciosa:
Eu já me acostumara

Podem eles falarem
Dela me basta o olhar.

*Direitos Reservados*

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ENTREGUE

Vou mergulhar a cabeça
em alguma tina de água
pra me esfriar de você;
eu sou como sou,
na medida do impossível
vou vivendo bem ou mal,
as minhas medidas;
Apesar da paixão
me corroer,
vou tratar como um assunto
sem valor;
Que saco!
Não consigo mais ser firme
comigo mesmo
quando se trata de você.

*Direitos Reservados*

ACABOU

Agora você fala comigo!
Vamos ao teatro?
É tarde!
o pedido;
eu escuto por respeito
é tarde!
Tempo perdido
Você não ouviu?
Nos olhos de amor?
Que acabou;
Não estou a fim
de ir ao teatro.

*Direitos Reservados*

NÃO HÁ TEMPO

Não me olhe
fraco
fracassado,
pois até mesmo
este caco
pode te ferir
de fato o coração,
pra te atormentar.
Corre
pede tempo
pro tempo
pensa
avança
luta
Sua teus atos
procura ser forte
abandona os pré-conceitos
e viva a vida
olhe
corre
luta
aproveite;
a vida é assim,
e não há muito tempo.

* Direitos Reservados*

MASSAGEANDO SONHOS

Com a ponta dos dedos
espremo tuas carnes,
e sinto voce murchando
entregue;
sugo todo teu leite
até a última gota;
e sinto ele descer
pelo meu corpo;
mulher tenra
da cabeça aos pés,
toda nua
única.
Não te vejo em partes
te vejo toda
inteira eu tenho;
Desdobro então tua roupa
em pedaços
tirada com todo cuidado
e penso:
como foram bons os momentos;
mas que pena
que não aproveito;
são só pensamentos.

* Direitos Reservados *

RECORDAÇÕES

Não sei quem serei
Quem sou?
Não sei o que verei
O que vejo?
E depois?
Meu dilema
São meus problemas;
tento no presente
buscar um futuro;
vou sentar no balanço
e recordar o passado;
Oh! Daniela
que me deixa abstrato,
porque vens me encontrar
nesse poema?
Pra que?
Amanhã não serei
Amanhã não verei
nem passado
nem o futuro
que me espera;
viverei
meus problemas
abstratos
balançando
bebericando
numa choupana
que me aguarda,
lembrando balanço
e você?

* Direitos Reservados*

terça-feira, 27 de maio de 2008

ALGUÉM MORREU

Sabem quem morreu?
O Rafael;
na porta de casa
com tiros no peito;
por ser Mauá,
por ser humano;
morreu ele,
podia ser nós.
Eu mesmo não sei quem é!
Nunca levei seu beijo pra casa;
sei que sumiram com sua beleza;
assim...
um tiro resolveu a questão,
devia ser negro de noite,
a noite é negra,
tudo é negro
a noite;
anoitecidos por dentro,
quem nos clareia
é um tiro;
de quando em quando;
pra nos alertar
que um pouco de luz existe.

*Direitos Reservados*

MULATO ANDARILHO

Morava numa casa de esquina,
mas queria estar em toda parte;
gritar como o vento,
gritar como o mar;
sair pro mundo sentir a vida;
como Deus,
de vila em vila;
o teto era o céu,
o chão seu abrigo,
sobre as costas,
uma mochila cheia de nuvens
mal passadas;
a alegria era um butiquim
de vozes e gargalhadas,
embebidas em garrafa de cana;
alimentado de podridão,
doido, doente,esquecido;
junto a noite cúmplice,
o mêdo,
do furor branco imposto
sobre seu corpo andarilho;
havia outro fato
que a morte velava;
era mulato.

*Direitos Reservados*

HORAS MORTAS

Após as mãos calejadas,
os pés doloridos
do trabalho;
o sono enfim;
e no sonho que dorme,
marca gols
sob a poeira de estrelas;
de repente uivam os chacais
acordando o dia;
de volta ao cativeiro
a alentar uma esperança;
de mudar os andrajos,
de acabar com a fome;
e assim vão morrendo os dias;
ficam pra trás as horas mortas,
pra novamente;
dormir enfim;
pra sonhar em fazer gols.

* Direitos Reservados*

segunda-feira, 12 de maio de 2008

DESTINO

Pela fofoca das cigarras;
era verão;
minha roupa
verão;
minhas mangas
maduras,
deitavam no cobertor,
verde
cheirando a rosas;
sobre minha cabeça
sabiás cantavam
seu nome,
preenchendo o silêncio
do fim de tarde;
ao grito de maritacas;
o curioso...
é que você nem ainda existia.

*Direitos Reservados*

FLERTE

Havia na sala
uma cena
e na cena
uma atriz
na atriz - um olhar
na cadeira calado
eu

um olhar de soslaio
nos cruzou
e nos viu
e sorriu

Hoje não sei;
Se sou eu;
seu olhar;
Tenho uma certeza;
você ou seus personagens,
não precisam mais
me atormentar o sono;
nem precisam mais me amar...


*Direitos Reservados*