sábado, 29 de setembro de 2012

UM DIA

Um dia

liberto da moral burguesa
serei criança
e sorrirei!

Um dia

Sem Deus, céu e inferno
voltarei a ser humano
e sorrirei!

Um dia

Não estando sob o olhar do outro
acasalherei-me em teus braços
e morrerei!


PRONTO PRA BRIGA

Meus pensamentos
são inesperados

Meus pensamentos
voam

Batem as asas no meu quarto
a luz de um molotov

Ao som de uma música xiita
sou um homem em minha ilusão

Será que me basto?
Não rastejo, isso é certo.

Solto poemas pra implodir
cidades e ideais.

Quem pode me enfrentar?

DO AVESSO

Vivi em tempos de repressão,
sumiços, torturas, rosas de hiroshimas
e a utopia de uma revolução.
Vivo outros tempos, outras lutas,
sem saber ainda o que fazer.
Há um vazio surgindo,
nessa utopia de novos direitos,
onde viver só é preciso
sorvendo minha garrafa de Chateau.
Nessa ressaca, penso nessa dor do avesso...
do avesso...do avesso...do avesso...

MEU ÚNICO BEM

Não tenho faróis de xenon
nem paletas prateadas no parabrisa
não tenho carro, nem casa; sou montador.

Não tenho bens, só um poder dividido no lar
não tenho mais que minha companheira,
companheira de amor e lutas.

Ela é meu único bem.

domingo, 23 de setembro de 2012

LEMBRANÇAS

Lembranças, guardo comigo,
lembranças, páginas de um livro...
brilhantes como as estrelas,
caminho de rio que não sigo,
sou margem, ribanceira, solidão.

Lembranças são coloridas,
por mim, por você,
por acasos, tantos dadas.

Lembranças... amores,
algumas foram o que são
que a todo dia me acaricia,
são o que tenho de melhor
a carregar na vida.

PRIMEIRO DE ABRIL

Amor como aquele
que seja o último.
Nem chorei meia lágrima
nem garoei.
Amor como aquele
nem me viu
agora, só em primeiro de Abril.

MENINA DOS OLHOS

O que minha menina
quando acorda olha?
Vê no hoje o que não há,
pra viver um amanhã que não vê
se ontem esteve dormindo?

MINHA CASINHA EM MARAMBAIA

Na varanda
espreguicei o mar
depois de um padre nosso
uma ave maresia amanhecida
era muito mar
mar de lado a lado.

MINHA PRIMAVERA

Ontem
o vôo de uma borboleta
foi tão suave e lindo
que dava pra colorir lencóis.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

COISAS DE MAR

Está em mim
o sal
do teu mar extenso

O mar olhar
batendo nas pedras

Banho a tua imagem
mergulho
Amo e salgo

Pensamentos aos pensamentos
à você

Sou e me és
e me consumo

Marisco-me
(fugindo do amor)
na tua dura pedra

Sou e me és
em tudo que construo

dividido     inseguro

Transformo-me todo dia
navegando teus passos
os momentos     o que fica

Aprumo-me
revolto e mareado

Um mar heresia atravessando o tempo
amor que salta de mim
ao saltar-te

Alimento-me
do vento marinho
sorvendo a gota do sal do rosto

Batalho com ondas errantes
me premiando com tua vida em vida

Acolho-me
perto da costa
com minha mala de mentiras

Continuo navegando
nesse mar
numa vida em brisas

Imaginado-a nas marés
batendo nas pedras
Mata-me!
Logo?




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TRUES AND LIES


Trancadas atrocidades nossas
onde se escondem ossos,
mudo grito cujo o som

ecoa em nossos ouvidos
da garganta de 50 anos
em cada um de nós.
Nos buracos sem lápides
onde o sol não esquenta
ossos amontoados, numa ,
conflituosa harmonia democrática
que enterram atrocidades nossas,
que mudas sobrevivem
entre heras sombrias,
que na boca dos palanques
se afloram a cada 2 e 4 anos
em forma de lembrança
para eleger um novo herói,
um novo caçador torturador
travestido de homem do povo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MINI MAR

O rio é doce
porque é calmo
seu caminhar,
navegar só é preciso
no mar,
Só é bravio
nas margens,
marginais
que se afogam
com seu aguar,
se a margem revida
faz do rio mini mar
onde navegar é preciso
mesmo sem mudar
seu curso.

CÃES

Os cães eram tantos,
de que valeu tanta luta?
As torturas foram tantas,
Porque se foram quando comecei acreditar que existiam?
Olha o que deixamos fazer de nós
céticos, descrentes, mórbidos,
sonhando só, só sonhando
com medo de cães.


ACAMPANDO O PÂNICO

A vida
é aquilo que se vê
que se toca
é real!
Porque insistir em vê-la
como não é?
Transformá-la, é,
colocá-la entre parenteses,
vamos tentando
Mas como?
Se qualquer outra lógica
é ilógica para essa lógica.
Me apresentarei,
desta forma vou tropeçando
a vida
lápide fria, onde vou
acampar o meu pânico.

NEM RATO NEM POETA

Em vagos momentos de mim
Tento-me achar na multidão
lutando com minha poesia classe média
entre famintos, automóveis, e discursos vagos
de um mundo melhor pra amanhã nunca pra hoje,
o rato que rói é o rato que rói
poeta burguês é poeta burguês
não sou rato nem poeta
apenas uma rima marginal
declamando amores inúteis
numa folha virgem
com muitos pesadelos à noite
sobre a nova aurora da barbárie.

HOMEM ARANHA

O meu homem aranha
é tupiniquim
verde amarelo (ouro
com a barriga roncando

Tem pitadas americanas
azuis e vermelhas

Falo muito com ele
no íntimo do pensamento
em meio ao mar dos olhos

Assim vou vivendo
essa vida precária
conivente na memória
com o mundo que me embebeda.

ARMADO DE POESIA

Como poeta
quero me des-construir
na lucidez de existir

Não me basta o que vejo
promessas, esperança, mãos dadas,
Batmans imaginários
cintos de inutilidades
e consciências frágeis

Quero poemas insanos
sem saber do momento seguinte

Minha guerra poética
quando mata pessoas
não tem poesia

Minha guerra poética
quando mata pessoas
é apenas guerra poética
que rima pessoas.

VOYER

Olho
o corpo de açucar
no seu sono relativo
sem epouso absoluto

Olho
como me vês o corpo
sem lápide
sempre movimento

Eu beija flôr
que beija
flores abertas
no carinho que pousa na flôr

No lençol úmido
de a pouco
a relativa cama
um deserto

Olho
nada vejo
nada mais, que
senão teu corpo
e o meu.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

MULHERES FAMINTAS

Quando falo com a poesia
ela me cochicha: - Somos amigos
como colibris e rosas
rosas e colibris. Isso será eterno
enquanto eu for um poeta

Balanço o berço em
que o poema dorme. Sonhamos
acordamos juntos e as rimas riem,
quero dividir isso com o mundo

A poesia é minha companheira
juntamente com colibris e rosas,
nascidos para sermos doces
para saciar mulheres famintas.

QUERO DESCANSAR

Suas pupilas
se fecham
a cada segundo
de espanto

Os olhos transbordam mar aos prantos

Minha menina me conta
que meu corpo do seu
quer descansar.