quarta-feira, 24 de julho de 2019

MASP

Quem nunca esteve
na marquise do MASP,

A espera da militância
nunca viu arte,

- tomando ar, ou,
sufocando no sub-solo,

É o movimento da Av. Paulista,
que silenciam pessoas incautas,

Á falta de paredes, subtraio os ângulos,
um vão que denuncia a arte.


ESPERANDO MARGOT

No ano passado você foi?
ou
Nesse ano você vem?

Tem muito sol lá fora!
e
Nesse ano você vem?

E agora que você foi?
esquece
Nesse ano você vem.

Eu te espero Margot.

ANJO

dentro de mim
mora um outro
que vejo por ai
com meu corpo
caminhando sem rosto
sem certezas ou erros
livre, da morte e dos mortos.

DESCONFIANÇA

Fome, guerras,
fezes e mijos.
Dizem que: Se é de Judeu é bom!
Será?
- Desconfia até de Deus seu Tomé!

PRINCESAS

Ela tem celular e espelho
não há mais nada a dizer,

Não fala. Calada sussurra
num jazigo de futilidades,

o cadáver dentro dela sorri,
que fique longe de mim, pode seduzir minha alma,

tudo ontem, hoje, amanhã,
essas coisas não descansam.

terça-feira, 23 de julho de 2019

VONTADE DE CHORAR

O que estou fazendo aqui?
causando o nada.

Sou muito menos que isso,
nem tenho identidade,

Nasci e vou morrer nesse mesmo caixão,
fabricado no tempo, para ocupar meu espaço,

filho de Deus, aponto para a igreja,
meus olhos marejam d´água.

MUROS

Os muros que acontecem melhor saltá-los,
olhando para trás com os olhos de quem vai cair,

A cobiça nos fazem voar pelas vontades de lá,
onde os muros ficam incapazes de aprender,

Não se pode impedir as manhãs, nem os arco-iris desbotados,
que para lá do além muro outros muros vão saltar,

a cada salto realizado, progressivo voam esperanças,
sonhadas idealizadas como as casas de um João de barro.

D´JAVIR

Esta tarde já aconteceu,
quando?

Um cachorro se coçava no poste
um homem urinava no canto
com a sirene da polícia ao fundo,

Um homem estapeava a bíblia
blasfemando suas palavras,
colocando Deus no bolso,

Esta tarde já aconteceu,
anêmica, sem sentido, sem chuva.

Produtos chineses à venda
para homens de olhos grandes,
meninas de todos os números
se atreviam com gestos antinaturais,

a tarde segue a noite
sem consciência social,
lógica formal de sentimentos
cheia de Deuses e desejos,

Esta tarde já aconteceu,
novamente na Praça da Sé.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

SEM LIMITE


Eu não tenho limites
E gostaria que eles não houvessem,
Caminho por todos os lugares,
Não admito paradas,
Só quero um teclado ou caneta,
E muitas folhas em branco.

POEMA ENGAJADO


Tudo que é povo
É poema mal remunerado,
Presidiário dos livros,
Assim como lua, sol, mar e amor.

Porque?

Só cabe o poeta mendigo
Que passa o chapéu,
Que não come, mora ou dorme
Com palavras sem valor.

A poesia?

Está em tudo que existe,
Forte, oprimido, alegre ou triste,
Esquerda, direita, ou
Em coisas centrais.

A LÓGICA DAS RUAS

Existe um rumo que as ruas tomam
como se não ligassem para o espaço,
diante da lógica perplexa da geografia,

Porém, caminham sem se mover,
os passos dos homens e dos animais,
cantam, cantos becos, vielas,

frenéticos vai e vem que marcam o compasso,
onde a carne é verbo na esquina, em descidas,
subidas, num looping de versos adversos,


As ruas estanques não param,
não respeitam limites e vão, e,
todos os ouvidos sucumbem, sem brincar de sol e chuva.

ENTRE VERSOS E RIMAS

Entre o verso e a rima
a ambivalência salta para o nada,

A cada palavra metáforas e sonhos,
maçã, amor, no tempo de Eva,

entre coisas e sentimentos
a ambivalência calada,

rolam no branco pichado de tinta,
ponto a ponto linha a linha,

projetadas frases desconexas,
como asa de xícaras teimosas,

As palavras dançam num carnaval de versos,
dando mãos as rimas num imenso mar de lágrimas.

MIOPIA

Quando silencia o ronco do estômago
os olhos se arregalam, surpreendendo as meninas,
as dilatadas barrigas saem até do lugar,
então calam-se os ossos e relacham-se as pálpebras.

GATOS NO TELHADO

Profundo poema sem rima
não imita a cama,
desenha a forma da sombra,
do corpo que flutua,
nos braços negros que te enlaçam
e apertam o nó do seu coração,
que arfa descompassado
como os gemidos dos gatos no telhado.

ANDARILHO

A boca de lobo,
a boca da mina,
nuca mais beijos
no samba que vela,

Doces ideias,
amargos propósitos,
da música cantada
que levanta a poeira,

dança dos mundos.
comes e bebes
na 13 de maio
entre meigos ladrões,

Vou devagar e vou só
com meus pés pré-defuntos
atravessando a cidade
para o sono dos velhos.

PROIBIÇÃO

Olhando a calçada,
olhando a boca de lobo,
olhei para o fim da rua,

casas anônimas, janelas anônimas,
anônimos colibris dormindo,

a solidão deliciosa
de um cada qual na sua rua
sonhando a vida em pedaços,

onde a vida anoitece?
Pedaços de mortos morridos,

Olhando o fim da rua
um coro de silêncio em vida
proíbe qualquer manifestação.

AVENTURAS

Amor armadilha
animais da ficção
com unicórnios ao redor,

Nasce e finda o dia
transformando o ódio,
que imaginei na harmonia,

sobressaltos na calmaria,
guerras de um guerreiro
nas fugas que implorei,

cavalo nu celado
nessa planície escaldante
galopando as aventuras que amei.

DESCANSO

A maré traz
a maré leva.
Maravilhoso!
A maresia
desse mar dormindo.

VAZIOS

Perto?...Longe?
nem sinal do fim da rua.

Nada pode evitar os calos
somente se um avestruz surgisse na esquina,.

ou se minha fada madrinha
me desse uma passagem de metrô,

ou se sua negra vara de condão
estrelasse minha vazia trajetória.

GUAIANAZES DA ÁFRICA

Passei na Rua Guaianazes
com a África de pano de fundo,

A rua fica aqui perto
no oceano do mundo,

mulheres abundantemente negras
como espetinhos na calçada,

baratas mortas, ratos rasantes,
em obscuros convívios,

negros diamantes constantes
forjados numa dura existência,

velha África brasileira, escurecendo o dia,
as crianças daqui te saúdam.