Sabia que a chuva fina parava,
que era fim de tarde porque as rãs cantavam.
Vou a janela sem nada a dizer,
exceto que que vou decifrar paisagens.
Assim: coisas úmidas, limpas, nas próprias formas,
cantos, floras, faunas, terra, de cada qual o extremo.
Sem nada a dizer, aperto entre o indicador e o dedão
a caneta, firmo-a no papel e descrevo minhas imagens
deixando boquiaberto o poema.
O meu lugar comum tem outro cheiro,
tem muitas cores e muitas rimas.
No meu olhar pro horizonte,
pererecas, pássaros, borboletas e grama molhada;
ventam o espaço aberto. Cada palavra deixada, como música anterior,
dançam, rimam, se alinhando,
no úmido centro do meu lugar comum.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
AS MARGENS
Na poesia concreta
homens de pedra
arranha céus
becos, ruas, ciladas,
onde?
escondem-se os urutais
Seu teto
estrelas
suas criações
criaturas que se erguem
de anjos que batem asas
silenciando gritos
tempestades
que afogam margens
arrastam tudo.
Crianças que não sabem nadar
agarram-se aos golfinhos
no cotidiano do rio
que corre pro mar,
curso que tem de mudar.
homens de pedra
arranha céus
becos, ruas, ciladas,
onde?
escondem-se os urutais
Seu teto
estrelas
suas criações
criaturas que se erguem
de anjos que batem asas
silenciando gritos
tempestades
que afogam margens
arrastam tudo.
Crianças que não sabem nadar
agarram-se aos golfinhos
no cotidiano do rio
que corre pro mar,
curso que tem de mudar.
domingo, 15 de abril de 2012
AQUI SE DIZ AMÉM
Moro num país tropical
aqui celebra-se, natal, ano novo,
carnaval.
Sambamos cristianismo
recitamos marxismo
ainda aprendemos catecismo,
nunca lemos, "o capital"
Aqui quem come crianças,
são padres, pastores e bispos,
que não dançam carnaval,
o demônio ainda é o comunismo
pede-se paz as almas,
apontando o caminho do céu,
não dá pra ir de avião,
ao trabalhador comum.
Aqui ainda se diz amém.
aqui celebra-se, natal, ano novo,
carnaval.
Sambamos cristianismo
recitamos marxismo
ainda aprendemos catecismo,
nunca lemos, "o capital"
Aqui quem come crianças,
são padres, pastores e bispos,
que não dançam carnaval,
o demônio ainda é o comunismo
pede-se paz as almas,
apontando o caminho do céu,
não dá pra ir de avião,
ao trabalhador comum.
Aqui ainda se diz amém.
DIZAMANHÃ
Gritou-me o mar: acorda!
Eu vi teu rosto
no vai e vem das marés
na minha manhã de fantasia
lavou-me os pés
esfriou-me o corpo.
Pena que esta manhã
sem você é verdadeira.
Eu vi teu rosto
no vai e vem das marés
na minha manhã de fantasia
lavou-me os pés
esfriou-me o corpo.
Pena que esta manhã
sem você é verdadeira.
FOTOGRAFIA
A imagem assim sem fome. Muda
sorridente e jovem. Registro de amor
ou desamor de frontes nuas. Que arquivo;
movimento roda da vida, que sobe e desce,
nunca a mesma vida que pensamos conduzir.
Nós maracujamos nas gavetas,
a imagem rejuvenesce a cada dia,
amor de lençóis amarrotados
iluminado pelas noites, que as vezes,
gozam estrelas.
sorridente e jovem. Registro de amor
ou desamor de frontes nuas. Que arquivo;
movimento roda da vida, que sobe e desce,
nunca a mesma vida que pensamos conduzir.
Nós maracujamos nas gavetas,
a imagem rejuvenesce a cada dia,
amor de lençóis amarrotados
iluminado pelas noites, que as vezes,
gozam estrelas.
HISTÓRICA É A FOME
Histórica é a fome
sol sob sol a roncar, a cantar,
a música que ninguém assune ter cantado
nem admitem as amarras da mordaça.
Hoje cantaremos
somos todos responsáveis,
matamos com nossa munição de ódio,
de isenção, de amor,
somos todos responsáveis,
por plantar sangue, ditaduras e versos.
sol sob sol a roncar, a cantar,
a música que ninguém assune ter cantado
nem admitem as amarras da mordaça.
Hoje cantaremos
somos todos responsáveis,
matamos com nossa munição de ódio,
de isenção, de amor,
somos todos responsáveis,
por plantar sangue, ditaduras e versos.
CRIANÇAS DO AMANHÃ
Olhem o futuro
olho nas crianças
nos olhos, nos pés,
na barriga, nos risos,
no choro, na esperança.
Versos do amanhã
que a luta desperta.
olho nas crianças
nos olhos, nos pés,
na barriga, nos risos,
no choro, na esperança.
Versos do amanhã
que a luta desperta.
JAZIGOS
Sangue derramado
cicatrizes que não fecham
fome mastigada
onde não se tem pão
barbárie inacabada
tostão a tostão
pelos jazigos sãos.
cicatrizes que não fecham
fome mastigada
onde não se tem pão
barbárie inacabada
tostão a tostão
pelos jazigos sãos.
LUZ
Bombas de criações podres
perguntem aos Deuses
se plantam arroz?
A partir de hoje
bombardearemos a alienação
enforcaremos a singeleza do capital
e sairemos da escuridão.
perguntem aos Deuses
se plantam arroz?
A partir de hoje
bombardearemos a alienação
enforcaremos a singeleza do capital
e sairemos da escuridão.
VAIDADE
As coisas são homens
Os homens são coisas
expostas nas vitrines
como frango em fila
na frente da padaria
a espera da felicidade
As coisas tomam vida
penduricalhos, quinquilharias,
homens coisas vivas
expostos em fila,
polidos vidros,espelhos,
vaidade sedenta.
Os homens são coisas
expostas nas vitrines
como frango em fila
na frente da padaria
a espera da felicidade
As coisas tomam vida
penduricalhos, quinquilharias,
homens coisas vivas
expostos em fila,
polidos vidros,espelhos,
vaidade sedenta.
sábado, 14 de abril de 2012
SOLIDÃO
Não sei o que fazer
não posso perder seu encanto
Você já ouviu muitos gozos
não ouvirá homens que gozam sózinhos
Vou engolir meus desejos
defecar minhas verdades
fantaziar-me
amar noutra mulher
sem ter delas,
chorar meu gozo
no meu sexo de solidão.
não posso perder seu encanto
Você já ouviu muitos gozos
não ouvirá homens que gozam sózinhos
Vou engolir meus desejos
defecar minhas verdades
fantaziar-me
amar noutra mulher
sem ter delas,
chorar meu gozo
no meu sexo de solidão.
VENDO TUDO MUITO CLARO
Com a mar nas mãos
você molhou minhas areias
achou-me nos meus inscritos
que a maré trazia e levava
meu olhar no horizonte
enxergou você.
você molhou minhas areias
achou-me nos meus inscritos
que a maré trazia e levava
meu olhar no horizonte
enxergou você.
sexta-feira, 30 de março de 2012
FLÔR DE IPÊ NA CABEÇA
Sorrio com as flôres de ipê
espalhadas na cidade nua,
alegres, meio rosas, meio roxas,
amarelas, meio brancas
acenando pelas ruas,
primavera que vai passar
marcando mulheres, silhuetas,
o sol põe no chão - friozinho -
que está no ar, disputa a cena bela,
em meio as borboletas,
som de buzinas, gás carbônico,
gritam os pardais, atropelam-se pombas.
As flôres de ipês, não se incomodam,
não sabem que em meio a tudo isso
tenho voce na cabeça.
espalhadas na cidade nua,
alegres, meio rosas, meio roxas,
amarelas, meio brancas
acenando pelas ruas,
primavera que vai passar
marcando mulheres, silhuetas,
o sol põe no chão - friozinho -
que está no ar, disputa a cena bela,
em meio as borboletas,
som de buzinas, gás carbônico,
gritam os pardais, atropelam-se pombas.
As flôres de ipês, não se incomodam,
não sabem que em meio a tudo isso
tenho voce na cabeça.
UM A UM OS DIAS PASSAM
Lá se foram os cinquenta
as duas da manhã
eu com trinta
um cigarro atrás do outro
pensando comer maçã com você
que aos vinte e cinco
depois de uma dúzia de cervejas
flertava, eu insistia
em dar forma a outra argila.
Os arquétipos que cultuo vão se embora
quando eu abrir os olhos,
essa faca que fere
nunca disse a que veio,
já me perguntei mais de mil vezes.
as duas da manhã
eu com trinta
um cigarro atrás do outro
pensando comer maçã com você
que aos vinte e cinco
depois de uma dúzia de cervejas
flertava, eu insistia
em dar forma a outra argila.
Os arquétipos que cultuo vão se embora
quando eu abrir os olhos,
essa faca que fere
nunca disse a que veio,
já me perguntei mais de mil vezes.
quarta-feira, 28 de março de 2012
PRA AMANHÃ
Sou do mundo
os que me precedem também
a caminho do buraco negro
Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra
Fazendo poesia?
Nunca sei.
Mas estou perto
do poente que desejei
Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo
Nem quando as lágrimas
molham as conversas
Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento
Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas
Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada
Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites
Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei
Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado
Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico
Depois da descoberta
(des) vendada
interna - mente
me embebedarei,
serei destilado
deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado
A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar
Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.
(Para minha amiga Aline Mattos)
os que me precedem também
a caminho do buraco negro
Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra
Fazendo poesia?
Nunca sei.
Mas estou perto
do poente que desejei
Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo
Nem quando as lágrimas
molham as conversas
Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento
Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas
Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada
Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites
Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei
Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado
Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico
Depois da descoberta
(des) vendada
interna - mente
me embebedarei,
serei destilado
deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado
A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar
Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.
(Para minha amiga Aline Mattos)
PEDRA DURA ATÉ QUE FURA
Ela olhava a noite
festeira
e a cerveja suava
sobre a mesa
Uma escuridão dourada
confundia o tempo
entre uma e outra
conversa muda
O sorriso, róseo,
vibrante. Como se jorrasse
um som de violino
nos ouvidos
Amor ali tinha
margaridas todas na voz
a noite não prometia
nem lambia a maçã da poesia
Poeta que não sei amar,
advertido, com carinho,
a caminho estanquei
corri da minha morte
Deixei sentada na mesa
o amor a vista
Me olhando. Como faca
de corte de dois gumes
Confesso: Tenho medo da morte,
Se for do coração
Não quero morder
suas maçãs fonemas
O que ne deixa
me faz viver em paz
viver ventando todo
mas não acredite em mim
A cada noite festeira
de muita cerveja suada
Vai pondo seu carinho
sobre essa pedra.
festeira
e a cerveja suava
sobre a mesa
Uma escuridão dourada
confundia o tempo
entre uma e outra
conversa muda
O sorriso, róseo,
vibrante. Como se jorrasse
um som de violino
nos ouvidos
Amor ali tinha
margaridas todas na voz
a noite não prometia
nem lambia a maçã da poesia
Poeta que não sei amar,
advertido, com carinho,
a caminho estanquei
corri da minha morte
Deixei sentada na mesa
o amor a vista
Me olhando. Como faca
de corte de dois gumes
Confesso: Tenho medo da morte,
Se for do coração
Não quero morder
suas maçãs fonemas
O que ne deixa
me faz viver em paz
viver ventando todo
mas não acredite em mim
A cada noite festeira
de muita cerveja suada
Vai pondo seu carinho
sobre essa pedra.
domingo, 18 de março de 2012
COISAS DE UM VELHO
Não faz tempo
latinhas vazias
livros relidos
viravam tartarugas
e meu cachorrinho
tinha lábios de miss
sorriso de hienas
Meus olhos eram
os flachs do pensamento...
Minha velhice é coisa
de gente fútil.
latinhas vazias
livros relidos
viravam tartarugas
e meu cachorrinho
tinha lábios de miss
sorriso de hienas
Meus olhos eram
os flachs do pensamento...
Minha velhice é coisa
de gente fútil.
FILHOS
Carrego teorias prenhas
como filho de meus pais
que lutaram, morreram
aprenderam, na lida, de calos,
mortos calados, em alguma prisão,
Lá vou eu filho
na mesma pegada, ouros calos
Talvez me encontre com progéteis
pelo caminho.
Lá vou eu filho
na batalha pelos silenciosos
não como herói, mais morto vivo
Lá vem eles!
Os filhos da puta
dançando ao som hegemônico
de seus coturnos.
como filho de meus pais
que lutaram, morreram
aprenderam, na lida, de calos,
mortos calados, em alguma prisão,
Lá vou eu filho
na mesma pegada, ouros calos
Talvez me encontre com progéteis
pelo caminho.
Lá vou eu filho
na batalha pelos silenciosos
não como herói, mais morto vivo
Lá vem eles!
Os filhos da puta
dançando ao som hegemônico
de seus coturnos.
MASSAS
Me misturo as massas
como da massa, me pergunto:
onde está minha morada,
minha saúde, meu alimento,
que sustente minha vida?
Que sustente meus pares e o mundo
que de mim quer tirar a vida
Vivo morrendo
Será que morro vivendo?
Sou guerreiro
Preciso de armas, como muitos,
Pra defender meu direito a vida.
como da massa, me pergunto:
onde está minha morada,
minha saúde, meu alimento,
que sustente minha vida?
Que sustente meus pares e o mundo
que de mim quer tirar a vida
Vivo morrendo
Será que morro vivendo?
Sou guerreiro
Preciso de armas, como muitos,
Pra defender meu direito a vida.
domingo, 11 de março de 2012
É AMOR?
Tudo que odiei em voce
guardei pra mim
num baú de antiguidades
Toda manhã
quando fazia o café
voce sorria, achando que eu adorava
o café perfumado. Eu gostava de chá.
Os olhares parasitas, aos homens,
de corpo inteiro. Não eram pra mim.
Eu até acreditava nos seus anjos.
Com cuidado ajeitava o lençol suado da cama.
Minha pele arrepiava, lembrando o calor da noite,
sonhando eu perguntava: Isso é paixão?
Parecia mais, será amor?
Minha consciência se abre, se despe, me explica:
Germina o que se planta na cabeça. É amor!
Sempre quando se coloca-se em segundo
sabendo-se ser o primeiro.
guardei pra mim
num baú de antiguidades
Toda manhã
quando fazia o café
voce sorria, achando que eu adorava
o café perfumado. Eu gostava de chá.
Os olhares parasitas, aos homens,
de corpo inteiro. Não eram pra mim.
Eu até acreditava nos seus anjos.
Com cuidado ajeitava o lençol suado da cama.
Minha pele arrepiava, lembrando o calor da noite,
sonhando eu perguntava: Isso é paixão?
Parecia mais, será amor?
Minha consciência se abre, se despe, me explica:
Germina o que se planta na cabeça. É amor!
Sempre quando se coloca-se em segundo
sabendo-se ser o primeiro.
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