Conheci as ruas
juntando latinhas,
mijando em paredes,
fazendo fogueiras,
vagando sózinho.
Conheci as ruas
tomando cachaça,
vivendo aventuras,
fazendo trapaças,
não sou pobre coitado,
sou um homem capaz, inteligente,
por me deitar com jornais,
escolhi ser largado,
viver sonhos roubados
e almoço esmolado,
sou cheio de mim mesmo.
Com as pessoas que vivo,
sempre sou esperto,
eles são trouxas,
quando não acordam primeiro,
como malandros vividos,
e eu, intrigante,
um corpo vazio,
num mundo hipócrita,
de malícias em sorriso,
me sinto feliz
neste vagar liberto,
que aos outros invejo,
a esposa que acolhe,
pra mim o sereno,
e o perigo da noite,
no preto do asfalto.
Um homem da rua,
homem, moleque,
deste mundo que adoro
Só quero uma mulher
pra amar, pra me dar atenção,
pra fazer poesia,
de noite ao deitar,
descoberto, cansado,
com o rosto tristonho,
quero ser filho de Deus,
com quem peço insistente,
pra junto me levar,
pra com ele morar,
pensamento indeciso,
de quem só sabe vagar,
num vagar impreciso.
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