Busquei o sangue, e,
escrevi a palavra...grão...
Beija-me!
Com a faca que rasgo o chão,
chão sem fim de tarde morto
não germina o verde fim, assim,
num silêncio de flor afora
triste como o podar árvores nesse poema,
de sonhos e cansaços
onde voam coloridos pássaros
na brisa de um vento vago
envergando lírios brancos, vivendo
entre sangue, grãos e sonhos
quem me sinto, faço morro
sentado no colo de seus ombros
navegando no mar de meus olhos,
a tarde pôs-se a garoar
no chão batido e rachado
pingos pipocas num caldeirão enorme
logo a chuva chovia, então,
que sabem os grãos, as flores
o chão, a chuva e a vida?
Gotas d'agua não são anjos,
seja o que for, parecem falar comigo,
semente de ilusão, nasce e fecunda
metas aforas, floresce o mundo
como coelhos e estrelas
sendo flor sempre será grão.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
sábado, 8 de fevereiro de 2014
QUEM ME FIZ?
Risos de hiena, goiaba bichada
Quem me fiz?
Passeios ao fim da tarde
furtando flores de seus vestidos
Quem me fiz?
Borboleta colorindo vôos
que bate asas no espaço, só,
quem sou eu?
Quem me fiz?
Passeios ao fim da tarde
furtando flores de seus vestidos
Quem me fiz?
Borboleta colorindo vôos
que bate asas no espaço, só,
quem sou eu?
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
ROSAS
O perfume se exala
ao largo das ruas
entre a brisa
se levantam
se espalham
aos braços do vácuo
aroma que voa
juntos colibris coloridos
cortando o ar
aromatizando o vôo
Outras rosas se procuram
voam todas pelos espaços.
ao largo das ruas
entre a brisa
se levantam
se espalham
aos braços do vácuo
aroma que voa
juntos colibris coloridos
cortando o ar
aromatizando o vôo
Outras rosas se procuram
voam todas pelos espaços.
PÁSSARO NEGRO
Negro
um risco
de grafite
um corcel
desenhando dias
de sol e chuva
Ao peso da outra cor
outra flor
outras correntes
selando elos e cadeias
envolvida em lençol negro
Caminho cego
num quadro negro
onde o açoite, calado, vive
à fuga da imagem
que não muda.
Ainda o dorso dobra
fustigado de liberdade
coagulado sangue escravo
Num cicatrizado
pássaro preto.
um risco
de grafite
um corcel
desenhando dias
de sol e chuva
Ao peso da outra cor
outra flor
outras correntes
selando elos e cadeias
envolvida em lençol negro
Caminho cego
num quadro negro
onde o açoite, calado, vive
à fuga da imagem
que não muda.
Ainda o dorso dobra
fustigado de liberdade
coagulado sangue escravo
Num cicatrizado
pássaro preto.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
ALAGAMENTO
Vem chuva por ai
Não venha! Conserve
a água represada
como um poço
O odor da terra
não desenha a colheita,
tão pouco se contenta
com o cheiro dos grãos
Chuva, chuva: estamos
molhados
tem gente sofrendo
a fome é um afogamento
dos que aceitam
Sem alagamentos
amor e amantes, úmidos,
da água são sementes
que colhem ao fechar das mãos
Chuva, chuva
O sol vem por ai
te espera, esperma,
tua natureza.
Não venha! Conserve
a água represada
como um poço
O odor da terra
não desenha a colheita,
tão pouco se contenta
com o cheiro dos grãos
Chuva, chuva: estamos
molhados
tem gente sofrendo
a fome é um afogamento
dos que aceitam
Sem alagamentos
amor e amantes, úmidos,
da água são sementes
que colhem ao fechar das mãos
Chuva, chuva
O sol vem por ai
te espera, esperma,
tua natureza.
MEU TROTAR
Como deixo
sendo cavalo
sendo montado
antes de não ser
Como cavalgo
pelos prados, nesse novelo de gato,
teia de aranha
que grudo nos cascos
Porque trotar, se ainda
o cavaleiro me doma
o trote da vida?
Domado estou, nos campos
ferrado, nos buracos
covas me acolhem
Tombei repentinamente, sei,
sacrificado serei. Funcionário.
Não funciono. Mesmo morto
restos meus combatem.
sendo cavalo
sendo montado
antes de não ser
Como cavalgo
pelos prados, nesse novelo de gato,
teia de aranha
que grudo nos cascos
Porque trotar, se ainda
o cavaleiro me doma
o trote da vida?
Domado estou, nos campos
ferrado, nos buracos
covas me acolhem
Tombei repentinamente, sei,
sacrificado serei. Funcionário.
Não funciono. Mesmo morto
restos meus combatem.
ALERTA
Se foram
desaparecidos
eles nós vivos
em nós vivos
um alerta
aguçado instinto
Os cães adormecidos
apertam mãos, abraçam,
não estão longe, aqui,
lágrimas das lágrimas
ainda são armadilhas
Custa nos existir
gritar gritos
forca, abafos, mas,
sussurram- nos o passado
nas tardes sem brisa
Ainda somos poucos
ninguém percebe
precisamos seguir
ao ponto do medo,
resistir ao medo
Somos o todo, juntos
uma arma
que não reluz
com as estrelas
Mas, as idéias
trabalham,
sonham vivendo.
desaparecidos
eles nós vivos
em nós vivos
um alerta
aguçado instinto
Os cães adormecidos
apertam mãos, abraçam,
não estão longe, aqui,
lágrimas das lágrimas
ainda são armadilhas
Custa nos existir
gritar gritos
forca, abafos, mas,
sussurram- nos o passado
nas tardes sem brisa
Ainda somos poucos
ninguém percebe
precisamos seguir
ao ponto do medo,
resistir ao medo
Somos o todo, juntos
uma arma
que não reluz
com as estrelas
Mas, as idéias
trabalham,
sonham vivendo.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
TÚMULOS
Humilhante
humilhante reconhecer
que vivo num buraco
De buraco em buraco
aguardo uma vela acesa
no fim do buraco
De buraco em buraco,
cheio de contradições, que,
se transforma o tempo todo
Meu buraco é meu lar
como o de um pombo
com ar e migalhas
preso dentro da vela
De buraco em buraco
minha metáfora buscou o mundo
o mundo era cego
num buraco maior
De buraco em buraco
abriguei a vida, cada vez
mais fundo acolhida
com tudo que acumulei
latinhas, ferro, misérias do dia
De buraco em buraco
escondido em meu latifúndio,
coquetéis molotov, um violão
Uma lata de tinta 18 litros
pra cozinhar meus dias
De buraco em buraco
maltrapilho, pés rachados
muitos caminhos e chinelas
chinelas menores que os pés
De buraco em buraco
uma mancha
uma pedra
rolando no chão
De buraco em buraco
o miserável se esconde
meu porão, meu calabouço
no fundo de cada dia
De buraco em buraco
do tamanho que é
da profundidade que quis
sou erva que não se arranca
De buraco em buraco
vivo com folhas mortas
sonhando ser, sem cura
nem existo, nem dói
De buraco em buraco
mistério e minha ignorância
onde todos são sombras
de árvores dos outros
De buraco em buraco
na inquietação de meu descanso
sonho com flores a minha volta
Não são flores! São gente, e,
só há gente lá fora
Quem me fia me desfia
de buraco em buraco.
humilhante reconhecer
que vivo num buraco
De buraco em buraco
aguardo uma vela acesa
no fim do buraco
De buraco em buraco,
cheio de contradições, que,
se transforma o tempo todo
Meu buraco é meu lar
como o de um pombo
com ar e migalhas
preso dentro da vela
De buraco em buraco
minha metáfora buscou o mundo
o mundo era cego
num buraco maior
De buraco em buraco
abriguei a vida, cada vez
mais fundo acolhida
com tudo que acumulei
latinhas, ferro, misérias do dia
De buraco em buraco
escondido em meu latifúndio,
coquetéis molotov, um violão
Uma lata de tinta 18 litros
pra cozinhar meus dias
De buraco em buraco
maltrapilho, pés rachados
muitos caminhos e chinelas
chinelas menores que os pés
De buraco em buraco
uma mancha
uma pedra
rolando no chão
De buraco em buraco
o miserável se esconde
meu porão, meu calabouço
no fundo de cada dia
De buraco em buraco
do tamanho que é
da profundidade que quis
sou erva que não se arranca
De buraco em buraco
vivo com folhas mortas
sonhando ser, sem cura
nem existo, nem dói
De buraco em buraco
mistério e minha ignorância
onde todos são sombras
de árvores dos outros
De buraco em buraco
na inquietação de meu descanso
sonho com flores a minha volta
Não são flores! São gente, e,
só há gente lá fora
Quem me fia me desfia
de buraco em buraco.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
HOMENS E COISAS
Criaturas ou criaturas
ou lógicas criadas
Num mundo de Deuses
ou coisas estáticas
sem conflitos, harmoniosamente
névoas aspiradas viciadas
Um espetáculo resiste
leão, sereia, urso
máscaras de neon
infinitas vestimentas
Na resistência cruel
pela acumulação do valor
cemitério, latifúndio
ou ficção?
Submissos criadores
sonhos que somos
desse legado, resgate
que o sonho liberta
criatura de vidas próprias
não se vestem como nós
são coisas que nos conjuram
só morrendo para sabê-las
Nas fatias do tempo
elas caminham paradas
são fetiche, são ousadas
instantes coisificados
Só o poeta percebe o abismo
entre os homens e as coisas
como rosas e percevejos
O homem não resiste a essa infecção
Quando nos despimos
nús e sem cabrestos
obtemos uma lente de aumento
onde as coisas ficam claras
ou lógicas criadas
Num mundo de Deuses
ou coisas estáticas
sem conflitos, harmoniosamente
névoas aspiradas viciadas
Um espetáculo resiste
leão, sereia, urso
máscaras de neon
infinitas vestimentas
Na resistência cruel
pela acumulação do valor
cemitério, latifúndio
ou ficção?
Submissos criadores
sonhos que somos
desse legado, resgate
que o sonho liberta
criatura de vidas próprias
não se vestem como nós
são coisas que nos conjuram
só morrendo para sabê-las
Nas fatias do tempo
elas caminham paradas
são fetiche, são ousadas
instantes coisificados
Só o poeta percebe o abismo
entre os homens e as coisas
como rosas e percevejos
O homem não resiste a essa infecção
Quando nos despimos
nús e sem cabrestos
obtemos uma lente de aumento
onde as coisas ficam claras
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
NASCIMENTO E MORRIMENTO
Meu começo um nascimento
chorei no ventre , no mundo
a vida, água, ar
o começo do fim
vivo morrendo
Vou me construindo
nas experiências que vivo
viver é minha ação
entre acertos e erros
De negar a ficção
ou não, vivendo
da não ficção
e das coisas que renego
A vida não sabe, desconfia
tudo o que nela agrego.
chorei no ventre , no mundo
a vida, água, ar
o começo do fim
vivo morrendo
Vou me construindo
nas experiências que vivo
viver é minha ação
entre acertos e erros
De negar a ficção
ou não, vivendo
da não ficção
e das coisas que renego
A vida não sabe, desconfia
tudo o que nela agrego.
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
QUADRO DE RECORDAÇÕES
Recordações são,
como um quadro
na parede, colorido,
quadrado,simétrico,
como quarta parede
de momentos após momentos
O quadro na parede
gasto, vibrante, intensa
estória de vivos e mortos,
uma jovem lenda imortal
do que foi ontem
Para avisar de que
por aqui passei
e não voltarei
O quadro quadrado
aprisionado e prisão
pincelado, linhavado,
não possui rugas, ou,sentimentos,
fria grafia que não finge
No quadro
com suas linhas multicores
pousam moscas
sem asas, sem vôo.
como um quadro
na parede, colorido,
quadrado,simétrico,
como quarta parede
de momentos após momentos
O quadro na parede
gasto, vibrante, intensa
estória de vivos e mortos,
uma jovem lenda imortal
do que foi ontem
Para avisar de que
por aqui passei
e não voltarei
O quadro quadrado
aprisionado e prisão
pincelado, linhavado,
não possui rugas, ou,sentimentos,
fria grafia que não finge
No quadro
com suas linhas multicores
pousam moscas
sem asas, sem vôo.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
ARMADILHAS
Tendo sido e tanto
no meio da tempestade
caiu no entanto hoje
no esquecimento
Foste um furacão
de intensa destruição
- Sua natureza
Hoje rasteja pelo chão
como bicho de peçonha
Se foi, se foi!
Não lhe abano o rabo
como cão adestrado
que come na tua mão
Hoje não é mais que um verso
catavento, que enquando
com o vento gira pra movimentar o mar
junto com outros dejetos
Sido tanto fui
um lobo faminto
preso na minha própria armadilha
no meio da tempestade
caiu no entanto hoje
no esquecimento
Foste um furacão
de intensa destruição
- Sua natureza
Hoje rasteja pelo chão
como bicho de peçonha
Se foi, se foi!
Não lhe abano o rabo
como cão adestrado
que come na tua mão
Hoje não é mais que um verso
catavento, que enquando
com o vento gira pra movimentar o mar
junto com outros dejetos
Sido tanto fui
um lobo faminto
preso na minha própria armadilha
TEU SILÊNCIO
Conversa com teu silêncio
na varanda
- Com o balanço da cadeira,
olha o que teu olhar alcança.
Sopra a brisa mesma
do final de tarde
arrogante, arruaceira.
Pensa no que foi, é e será
medrada por contradições,
enquanto as rosas mortas
embelezam o vaso da tua mesa
é tua a solidão companheira de si mesma
- Como a lagartixa no alpendre
Como vai?
Seu idealismo enfrenta
a mesmice hegemônica
e tua inquietude concreta
pronta a comungar
na varanda
- Com o balanço da cadeira,
olha o que teu olhar alcança.
Sopra a brisa mesma
do final de tarde
arrogante, arruaceira.
Pensa no que foi, é e será
medrada por contradições,
enquanto as rosas mortas
embelezam o vaso da tua mesa
é tua a solidão companheira de si mesma
- Como a lagartixa no alpendre
Como vai?
Seu idealismo enfrenta
a mesmice hegemônica
e tua inquietude concreta
pronta a comungar
PEDRAS NO BECO
Vou morrer num beco
de crime sem autor
por quebrar pedras no caminho
tinha pedras no caminho
do beco que me abrigava,
incendiei todas.
de crime sem autor
por quebrar pedras no caminho
tinha pedras no caminho
do beco que me abrigava,
incendiei todas.
DETRÁS DA PORTA
Sai detrás da porta
achando que o mundo havia mudado
que a fome tinha acabado
e você fosse só minha.
Que tudo fosse filho de Deus
e pecar tinha passado a ser lindo.
Escondido detrás da porta
não vi nenhum movimento,
sonhei com tudo perfeito,
cheguei tarde pra algo fazer
assim como minhas lágrimas.
Sai detrás da porta
pensei e fiz
mesmo suspeito, sujeito,
sem movimento
eu quis.
achando que o mundo havia mudado
que a fome tinha acabado
e você fosse só minha.
Que tudo fosse filho de Deus
e pecar tinha passado a ser lindo.
Escondido detrás da porta
não vi nenhum movimento,
sonhei com tudo perfeito,
cheguei tarde pra algo fazer
assim como minhas lágrimas.
Sai detrás da porta
pensei e fiz
mesmo suspeito, sujeito,
sem movimento
eu quis.
MENINA
Ouvido, silêncio ou choro
barulho que o mar faz.
Talvez seja inveja dessa meninapequena,
que, nesse olho tão grande jaz.
barulho que o mar faz.
Talvez seja inveja dessa meninapequena,
que, nesse olho tão grande jaz.
ALÉM DA VIDA
Não precisa vida,
sente a brisa,
estrela que não sabe nadar;
nascimento que me instiga,
só podia ser vida!
Estrangeira até para si,
só quem te vive pressente
Que dia é hoje?
Preciso dar um passo a frente.
sente a brisa,
estrela que não sabe nadar;
nascimento que me instiga,
só podia ser vida!
Estrangeira até para si,
só quem te vive pressente
Que dia é hoje?
Preciso dar um passo a frente.
SABEDORIA
Venho aos poucos morrendo
As pernas dando seu passo
são passos de marca passo
Venho virando criança
brincando de amarelinha
Venho saltando muito
entre céus e infernos
Venho esquecendo momentos
e os vivendo de novo
Venho perdendo as crianças
Venho descobrindo o saber
sabendo o saber que me mata.
As pernas dando seu passo
são passos de marca passo
Venho virando criança
brincando de amarelinha
Venho saltando muito
entre céus e infernos
Venho esquecendo momentos
e os vivendo de novo
Venho perdendo as crianças
Venho descobrindo o saber
sabendo o saber que me mata.
NOTÍCIAS INACABADAS
Sobre a calçada fria
abriu-se um jornal novo
com velhas notícias do dia
numa mente deitada tranquila
O ano velho se foi
ficam nossas noites mais brabas
com o ano que agora fica
ainda repetindo os dias
Notícias dos outros
as pombas, as festas,
as roupas, as cestas,
as ceias, romãs
as notícias que aquecem o corpo
cobrem de sabedoria
sobre ser meio isso ou aquilo
sem nunca ser um inteiro
Jamais sei, saberei
Se o mundo será meu ou nosso
Com essa força pra fazer
o que posso
Certo é que essa vida decepada
jaz na tua calçada
em noites de estrelas,
ruas desertas e notícias inacabadas.
abriu-se um jornal novo
com velhas notícias do dia
numa mente deitada tranquila
O ano velho se foi
ficam nossas noites mais brabas
com o ano que agora fica
ainda repetindo os dias
Notícias dos outros
as pombas, as festas,
as roupas, as cestas,
as ceias, romãs
as notícias que aquecem o corpo
cobrem de sabedoria
sobre ser meio isso ou aquilo
sem nunca ser um inteiro
Jamais sei, saberei
Se o mundo será meu ou nosso
Com essa força pra fazer
o que posso
Certo é que essa vida decepada
jaz na tua calçada
em noites de estrelas,
ruas desertas e notícias inacabadas.
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