sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PRAZER PLATÔNICO

Amar dormindo
é masturbação,
morrer de gozo,
amor a perder de vista.
É demais!

PENA DE MORTE

A pena de morte
é um pitbull faminto
de carne putrefa
dos ossos que somos
O resto é botão de camisa com casa
pente de eufemismar
imagens indigeríveis.

CRUZADAS

Todo momento de solidão
me faço um guerreiro
um São jorge
Assassino um dragão
e duas cruzes
depois decifro cruzadas.

DIA DE CHUVA

Sampa
dia de chuva
noite de meia lua
em barulhos cegos
sem poesia.
Acabou a rima.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

LEVEZA DE SER

Corre de mim Carolina
pela areia do mar
conflituosamente , olha o caminho
e a vida que passa
nossas separadas,
Não fica, não deixa, não volta
corre esse mar imenso
para um porto porvir
bem longe das flores
Corre arfante, barulhenta
com sua leveza de ser
que logo te alcanço.

MORTE EM MOVIMENTO

Só morrerão meus verbos
quando me for, o movimento,
com sua suavidade
de mais nada dizer.
Pena uma vida tão breve
Depois que me for, passa
porque nunca fui
quem aqui esteve.

DOS OUTROS

Oh! Portuguesa
algum dia
num bar, com cerveja
será minha por algumas horas

Seu corpo e sorriso cativante
me atravessam como flexa
aguçando-me a cobiça,
algum dia...

Me verá gostando
naquele bar, só a mim
cansado, como sempre,
das mulheres dos outros

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

PORVIR

Um dia
depois de um sono frio
de lagarto
te direi o que penso

Um dia
terei a coragem
que não posso hoje

Um dia
guerreiro me torno
armado com as armas
de talvez amor

Um dia
um porvir...
um porvir...

TÉDIO

A noite subindo
as estrelas se ascendendo
abrindo-se para o vácuo universo

Uma grande festiva noite
universo em brilho, cintilando,
pelas semeadas estrelas

Fixo meus olhos no mastubar dos astros
Flora hegemônica do negro céu
Onde terminamos o tédio.

OPERANDO UM VERSO

Saltam os gritos da folha branca
dos operários que mastigam ossos
do matadouro que engole homens
como um polvo, abraçando, sacudindo,
afundando as marés com os tentáculos
ao som de uma canção de ninar
O balançar das ondas?
Juntam os corpos e as memórias
que já não trabalham, fodem como cães
mães, pais, filhos sem mais valia.

POEMA

O poeta
versou a filha
mas ela, amanhecendo
deitou-se com a lua

O poeta
rimou as amantes
mas só lhe coube,
flores, flores
e um beija-flôr

O poeta
poemou os amigos
sem rimas
se perderam em diferenças,
Fez então uma auto-poesia

Os Narcisos gritaram:
Somos enfim um poema!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CHINFRIM

Real ou ficção?
O eu em mim pra você
você em si para mim
sei que surfo
um mar e moto
aventura chinfrim

O que procuro?
Vida e morte
Narciso num mundo de mim
na crista da onda
esse mar e moto
aventura chinfrim.

EXISTÊNCIA

Velho ? Me volto a infância,
birrento, marrento, exigente
recordo, olho, comparo.

Tudo tão velho onde fui novo
tão outro o que me tornei
não sei se fui sou feliz ou não
sei que essa garoa me lava as rugas

Toda vez que me revejo
busco respostas a essa existência
que me transcende.

SEVERINA SOLIDÃO

Jamais admitiria ser uma nuvem
Pra que tudo que voasse defecasse

Melhor seria ser chão
que úmido brotasse

Tudo que fizesse vida
ùtero do mundo, em cena

Severina lida, solidão
mistérios, sofrimentos.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

DEVANEIOS EXISTENCIAIS

Sózinho sido
Sózinho sendo
Serei
Um gato meigo
Tenho amor a isto
talvez por não ter o que amar
ou
por nada que valha meu amor
tanto poderia dá-lo à um gato
ou
as estrelas
Nunca amei senão coisa nenhuma?
Do amor só lhe exigi que fosse sonho
Tenho muitas mulheres dentro de mim
reais, imperfeitas
Sou um sonhador que faz poesia pra mim.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

COISAS QUE VALEM A VIDA

Cultivo ainda algumas mágoas
em que o ceticismo sobrevive.
Um pouco de amor,
vivo porque já vivi.

Sou um tanto ignorante
de saber que pouco sei
è uma ficção
com pitada de realidade

Rosa de desamor
em arranjos de laços de fita,
Berra! vermelha, gritante,
as lutas que movem o mundo.

DO BALANÇO NA VARANDA

Esta tarde refrescou no balançar do vime.
A cobiçada Carolina brincava de mal me quer
com as margaridas.

Essa varanda é uma janela grande
quando assim a imaginei e fiz,
era um romântico Pudol
Acolhido na primeira vez.

Queria então ser poeta, sem noção de rimas.
Tenho agora esse espaço meu em vida
Balançando com minha cadeira de sanidade.




QUERENÇA

Meu desejo aumenta, cobiça
novamente sentado na praça,
tempo fechado, cinza entre
um desejo e outro,
negação da negação, fendas
num lençol úmido,
querença, de suores, deitando
os sonhos do mundo, nadando...
voando...pra banhar-se de novas águas
num dia colorido de borboletas.

AS QUINTAS NA MINHA RUA

Buzinas de carros, pregão na feira,
gritos.apelos. dvd's piratas e sorrisos
na rua da minha casa às quintas;

Cheiro de urina dormida
homens em descanso à porta das lojas
sabiás, maritacas, gritando juntas

O sol secando a chuva do mundo
sangue seco da vida roubada
no asfalto debaixo da caixa de tomate

A brisa, cheiro das flores,
condimentos e frutas
tudo isso e eu sózinho

Minha vida, minha gente,
minha rua...
amanhã novamente.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O AMOR BUSCA O QUE NÃO TEM

O amor veleja pelo que não tem
Se as velas não se movem
Nem aqui ou Mucuripe
não sai para pescar amor
não pega nem gripe.
Mexe, vento mexe,
pra velejar de novo, sem remo,
cobiça o horizonte.
O que amo hoje tenho,
Amo o que não tenho ainda.

 

MASCARADOS

Quando caírem as máscaras
que compõem o rosto, atrás,
infindas rugas inofensivas, aparecerão,
do passado não construído, um cão,
acoleirado, morrendo de câncer,
morrerá, morrerei, na roda gigante,
que gira peões.
Deito-me, talvez fosse feliz,
como coisa ou outra,
dispo a máscara, estúpido
ficcional ou não; versando...
versando...

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OUTRAS COISAS

Somos um mal necessário
vestidos de regras e ficções
lutando contra nossa humanidade
guerra cotidiana em cada rua, cada canto,
pensando hoje em uma coisa, amanhã n'outra.

MEU DEUS E DOS OUTROS

Nunca soube porque não creio em Deus,
nunca soube porque creio em Deus
Não! Porque?
Vivo a margem das crenças
certo de que se esse rio transbordar
vai afogar as margens - marginais como eu,
certo estou de que:
Deuses nascem - Deuses morrem - E daí?

IRONIA DE MESMICES

Vejo meu amanhã de mesmices
amanhã que não construo
que pode ser, porque o pensamento voa,
mas, sou indivíduo,onipresente, e feliz.

Todo esse "presente" fictício
de lindos momentos fúteis,
não merecem mudanças radicais;
que mudem meus companheiros prenhos de utopias!

Tenho toda felicidade que mereço
como roupagem que me aquece,
Certo! Um dia ficarei nú de mim,
curarei-me da miopia.

Me assistirei no amanhã,
Quem fui? Quem serei?
Nesse espaço temporal entre eu e eu,
sigo sendo.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

QUANDO EU VOLTAR A AMAR

Ao voltar a amar, mulher,
romântico, carinhoso e gentil
me abraça amamenta,
me ajuda a crescer,
deita-me na tua cama,
me embala a criança,
brincamos de sol e chuva,
conta-me teus segredos
misturando com os meus,
me expõe os sonhos
sob o tamborilar dos meus dedos.
Amar é como um grão
geminando nem sempre, nem tão,
real ou ilusão.
Para as sementes sorrio...
não sei bem se elas entendem.

PIPA

Fiz das mágoas minha pipa
que coloquei no ar com minhas mãos

Voou como quem voa
pena de pombo ou bem-te-vi

Admirável leveza de ser do meu corpo
como que expurgando uma cruz de sequóia

Ganhei uma re-vida
posso sonhar com a floresta.

DIVISÍVEL

Divíduo, vários
hoje sou
me descobrindo,
descoberto,
estou nú em mim.

EU

Não sou poeta. Sou margem
de segredos neurônicos onde se esconde
algum alguém em mim.
Entregue na espeiral da vida
para vivê-la com um fim definitivo:
morrê-la!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ÁGUAMOLE

margemmarginal
quetransbordo
palavrasmudas
namesmiceimunda
dapedranocaminho
margemdeafogados
solidezliquefeita
águamolepedradura
batebatebate
atéquefura
dochuiaosolnascente.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

SAUDOSISMO


Há muita satisfação
numa geração 
que gera - ação
que ingere emoção
que hoje não há
nada oferece,
só mercadorias

LÁPIDES

“Mais temível do que qualquer masmorra, são os profundos buracos que enterro a cabeça significando meu ser, de modo que, ao deparar-me com o queijo suiço que dá forma à meu mundo, rato sou como os outros, a quem não me é possível invejar.”

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

FLERTE

Gostava tanto
de gostar de gostar,
dos olhos

da menina, que nunca soube
o que me contava, fazia-de-conta
Depois sorria.

Sorria porque?

A menina dos olhos
Sorria das possibilidades
do que poderia sido,...
que só sua menina
escondia.





terça-feira, 7 de maio de 2013

DO TEMPO DE VOVÓ

Toda dúvida carrego
nasci mulher, nasci pronta?
Nascida homem teria que se aprontar?
Bandeira tremulante
Mastro de se apoiar
Verdades o tempo rouba
só dúvidas me restam no corpo.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

BANDAS DE BUNDAS

Gêmeas, bandas
juntas, bundas
entre metades
meias luas
abismos mistérios
rolam redondas
bundas corcundas
músicas, poemas
instrumentos adjetivos
violão, avião
bundas concavas
comoversas
bandas gêmeas
entrepernas
alvos esferas
bolas alegres
dourando n`areia
excitando mares
bundas musas de
encantos Jobins.

sábado, 29 de setembro de 2012

UM DIA

Um dia

liberto da moral burguesa
serei criança
e sorrirei!

Um dia

Sem Deus, céu e inferno
voltarei a ser humano
e sorrirei!

Um dia

Não estando sob o olhar do outro
acasalherei-me em teus braços
e morrerei!


PRONTO PRA BRIGA

Meus pensamentos
são inesperados

Meus pensamentos
voam

Batem as asas no meu quarto
a luz de um molotov

Ao som de uma música xiita
sou um homem em minha ilusão

Será que me basto?
Não rastejo, isso é certo.

Solto poemas pra implodir
cidades e ideais.

Quem pode me enfrentar?

DO AVESSO

Vivi em tempos de repressão,
sumiços, torturas, rosas de hiroshimas
e a utopia de uma revolução.
Vivo outros tempos, outras lutas,
sem saber ainda o que fazer.
Há um vazio surgindo,
nessa utopia de novos direitos,
onde viver só é preciso
sorvendo minha garrafa de Chateau.
Nessa ressaca, penso nessa dor do avesso...
do avesso...do avesso...do avesso...

MEU ÚNICO BEM

Não tenho faróis de xenon
nem paletas prateadas no parabrisa
não tenho carro, nem casa; sou montador.

Não tenho bens, só um poder dividido no lar
não tenho mais que minha companheira,
companheira de amor e lutas.

Ela é meu único bem.

domingo, 23 de setembro de 2012

LEMBRANÇAS

Lembranças, guardo comigo,
lembranças, páginas de um livro...
brilhantes como as estrelas,
caminho de rio que não sigo,
sou margem, ribanceira, solidão.

Lembranças são coloridas,
por mim, por você,
por acasos, tantos dadas.

Lembranças... amores,
algumas foram o que são
que a todo dia me acaricia,
são o que tenho de melhor
a carregar na vida.

PRIMEIRO DE ABRIL

Amor como aquele
que seja o último.
Nem chorei meia lágrima
nem garoei.
Amor como aquele
nem me viu
agora, só em primeiro de Abril.

MENINA DOS OLHOS

O que minha menina
quando acorda olha?
Vê no hoje o que não há,
pra viver um amanhã que não vê
se ontem esteve dormindo?

MINHA CASINHA EM MARAMBAIA

Na varanda
espreguicei o mar
depois de um padre nosso
uma ave maresia amanhecida
era muito mar
mar de lado a lado.

MINHA PRIMAVERA

Ontem
o vôo de uma borboleta
foi tão suave e lindo
que dava pra colorir lencóis.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

COISAS DE MAR

Está em mim
o sal
do teu mar extenso

O mar olhar
batendo nas pedras

Banho a tua imagem
mergulho
Amo e salgo

Pensamentos aos pensamentos
à você

Sou e me és
e me consumo

Marisco-me
(fugindo do amor)
na tua dura pedra

Sou e me és
em tudo que construo

dividido     inseguro

Transformo-me todo dia
navegando teus passos
os momentos     o que fica

Aprumo-me
revolto e mareado

Um mar heresia atravessando o tempo
amor que salta de mim
ao saltar-te

Alimento-me
do vento marinho
sorvendo a gota do sal do rosto

Batalho com ondas errantes
me premiando com tua vida em vida

Acolho-me
perto da costa
com minha mala de mentiras

Continuo navegando
nesse mar
numa vida em brisas

Imaginado-a nas marés
batendo nas pedras
Mata-me!
Logo?




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TRUES AND LIES


Trancadas atrocidades nossas
onde se escondem ossos,
mudo grito cujo o som

ecoa em nossos ouvidos
da garganta de 50 anos
em cada um de nós.
Nos buracos sem lápides
onde o sol não esquenta
ossos amontoados, numa ,
conflituosa harmonia democrática
que enterram atrocidades nossas,
que mudas sobrevivem
entre heras sombrias,
que na boca dos palanques
se afloram a cada 2 e 4 anos
em forma de lembrança
para eleger um novo herói,
um novo caçador torturador
travestido de homem do povo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MINI MAR

O rio é doce
porque é calmo
seu caminhar,
navegar só é preciso
no mar,
Só é bravio
nas margens,
marginais
que se afogam
com seu aguar,
se a margem revida
faz do rio mini mar
onde navegar é preciso
mesmo sem mudar
seu curso.

CÃES

Os cães eram tantos,
de que valeu tanta luta?
As torturas foram tantas,
Porque se foram quando comecei acreditar que existiam?
Olha o que deixamos fazer de nós
céticos, descrentes, mórbidos,
sonhando só, só sonhando
com medo de cães.


ACAMPANDO O PÂNICO

A vida
é aquilo que se vê
que se toca
é real!
Porque insistir em vê-la
como não é?
Transformá-la, é,
colocá-la entre parenteses,
vamos tentando
Mas como?
Se qualquer outra lógica
é ilógica para essa lógica.
Me apresentarei,
desta forma vou tropeçando
a vida
lápide fria, onde vou
acampar o meu pânico.

NEM RATO NEM POETA

Em vagos momentos de mim
Tento-me achar na multidão
lutando com minha poesia classe média
entre famintos, automóveis, e discursos vagos
de um mundo melhor pra amanhã nunca pra hoje,
o rato que rói é o rato que rói
poeta burguês é poeta burguês
não sou rato nem poeta
apenas uma rima marginal
declamando amores inúteis
numa folha virgem
com muitos pesadelos à noite
sobre a nova aurora da barbárie.

HOMEM ARANHA

O meu homem aranha
é tupiniquim
verde amarelo (ouro
com a barriga roncando

Tem pitadas americanas
azuis e vermelhas

Falo muito com ele
no íntimo do pensamento
em meio ao mar dos olhos

Assim vou vivendo
essa vida precária
conivente na memória
com o mundo que me embebeda.

ARMADO DE POESIA

Como poeta
quero me des-construir
na lucidez de existir

Não me basta o que vejo
promessas, esperança, mãos dadas,
Batmans imaginários
cintos de inutilidades
e consciências frágeis

Quero poemas insanos
sem saber do momento seguinte

Minha guerra poética
quando mata pessoas
não tem poesia

Minha guerra poética
quando mata pessoas
é apenas guerra poética
que rima pessoas.

VOYER

Olho
o corpo de açucar
no seu sono relativo
sem epouso absoluto

Olho
como me vês o corpo
sem lápide
sempre movimento

Eu beija flôr
que beija
flores abertas
no carinho que pousa na flôr

No lençol úmido
de a pouco
a relativa cama
um deserto

Olho
nada vejo
nada mais, que
senão teu corpo
e o meu.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

MULHERES FAMINTAS

Quando falo com a poesia
ela me cochicha: - Somos amigos
como colibris e rosas
rosas e colibris. Isso será eterno
enquanto eu for um poeta

Balanço o berço em
que o poema dorme. Sonhamos
acordamos juntos e as rimas riem,
quero dividir isso com o mundo

A poesia é minha companheira
juntamente com colibris e rosas,
nascidos para sermos doces
para saciar mulheres famintas.

QUERO DESCANSAR

Suas pupilas
se fecham
a cada segundo
de espanto

Os olhos transbordam mar aos prantos

Minha menina me conta
que meu corpo do seu
quer descansar.

NOVO SOL

Subo o redemoinho espiral
da vida,
no cume,
no final
que não chega,
nunca chega,
recomeço do começo
e me entrego.

O que se desmaterializa-se
rematerializa-se
e o que materializa-se
já não tem mais forma.

Fecho a janela histórica
me tranco
me assusto
com o novo sol
adentrando.

domingo, 19 de agosto de 2012

EXISTÊNCIA

As contradições da existência
um lobo
dentro de mim
rosnando verde amadurecendo
como as estações do ano
as contradições da existência.

ANDARILHOS

Nas árvores, entre galhos,
saltos e quedas
com mochilas de miséria

Viajam o mundo

Mulas carregadas de sonhos
levam cruzes
eles mesmos: cruzes?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

MORRENDO CINZA

Morro trotskista
me transformando em cinzas
num forno idealista
Que elas se espalhem no ar,
enchendo outros pulmões
aqueçam corações
que observam estrelas
na infinitude
do universo das utopias.

MILITANDO

Vivo sonhando palavras
gostaria de virar livro
pra recitar todos os poemas
que derrubaram muralhas
com canetas espadas
como um animal
sob palavras de ordem
que expurgam misérias.

POEMA ARMADO

Na luta de classes
meu poema
também é uma arma
Ilumina
constrói
destrói
poesia daquilo
que a sombra encobre
acendendo pavios
explodindo sonhos
pra te acalmar
morrendo.

sábado, 11 de agosto de 2012

BARCO TONTO

Meu barco tonto,
preciso, navega,
nas margens acenos mortos,
ficam e buscam
qualquer mar, qualquer,
ondas que tragam respostas.
Porque tem casa o botão,
e eu não?
Que idade me pertence
se meu coração ainda ama?
As perguntas não cessarão,
nos confins do mar valerá
a mim navegar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MUDANÇAS

Sim, faço,
posso transformar,
martelando idéias,
pregando na sua consciência
o desabitado segredo das palavras.
Escuta ardentemente
e aguarda o incêndio.

2011

Doloroso
quando o amor cresce pra dentro
oco lado só de estar
como estrela do mar na areia
Na areia de si
batendo nas pedras.

OLHO CHOCO

A bola do olho
o olho da bola
bolas loucas
que giram prenhas
olho ovo
ovo olho
choco.

CONVITE

Estou aprendendo o começo
falam do fim do mundo
palavras geladas, sózinhas,
sujam-me de respostas esquecidas
contra mentiras pregadas
Eu tentando fugir da fome
comendo poesias
convidando verdades
que não vem.

TÔ DE 4

Corto laranja em 4
porque não gosto de descascar
mijo sentado
pra não balançar
Tô de 4
mijadinho
emburrado
saturado da ordem
na poesia.

MÊDO DO VENTO

Não invento
vento
só o falso
vento
onde tudo cabe
querendo ver
o que tem dentro
ave vento
tenho mêdo de ti.

AGOSTO

Mês
de cachorro loco
vem de longe
ou daqui
essa mudança
em mim?
Que raiva!

domingo, 29 de julho de 2012

BARULHOS

Se o barulho é forte
quando é do povo, geminado,
mais que barulho:
- É mudança,
e lanterna dos miseráveis
pra acender a vida
Por isso barulho
da consciência de um povo
não é só barulho
- É revolução!

MATANDO A FOME

Sentado na escadaria da Sé
uma estudante com camiseta de Trotsky
tomando Coca cola refletia
com um olhar perdido no horizonte
e disse: Como Deus é misericordioso!
Do meu lado esquerdo um mendigo
mastigando um pão amanhecido
com o olhar na garrafa de caçhaca
respondeu: Misericordiosa seria uma feijoada!
Pensei: Primeiro é necessário se matar a fome,
se sobrar tempo, matamos o espírito.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

AMIZADE É AMOR QUE AS VEZES MORRE

O lamento das minhas mágoas
mais suaves que goles de cervejas
mais do que faca da língua,
maliciosamente me aquecem os dias
frios e mudos

Na gruta que me abrigo
fico mais pedaço de pedra

Um triste lampejo nos olhos
me adoecem quando penso imagens
dor de fanáticos em suplícios
ou de um lobo urbano...

Farsa
essa que vivi, amigo,
como câncer,
como crença,
covardemente assassinada

Foram-se as amizades
que guardamos com punho cerrado
pra solidalizarmos nos sonhos?

Hoje já não há sonho.

Durmo enganando as mágoas
essa que o punhal deixou nas costas
por gerações narcísas
geradas pelo mundo das coisas

Descanço meus dedos cansados
de palavras mudas, pedras,
falta de rimas , versos
de angústia tropical

Nessa e outras noites
vão sendo superadas
Hoje me privo de versos
não declamo mais
Zecas e Cristinas

Amizade é amor que as vezes morre,

IMAGINANDO COISAS

Lá no meu quartinho
meu mundinho
escondo um sol
no buraco da parede
que me aquece quando chamo.
Não! Como posso ter um sol num buraco?

(Segredo: Me imagino poeta.)

ME CHAMO SOMÁLIA

Há uma pobre razão pra viver
povo somaliano,
quando me vejo negro minguando
como tu
num delicioso morrer de fome.

MAÇÃ

Não teve importância
a maçã
não era nem maçã
antes de se fazer pecado.

Todo momento e manhã
maçã
sem lugar, em cima em baixo
entre

Fruta madurando
salivando a boca
como você
nos pomares das mordidas.

TERRA

Que me cantem
aos ouvidos
os sabiás.
Que me voem
as borboletas,
as libélulas,
aos beija-flores
quando chegam, digo:
Me polinizem!
Sou terra!

NEM MAR NEM PEDRA

Não mar nem pedra
no silêncio que se isola
mar amor como
vento suave e violento

Em qualquer mesa de bar
os versos fogem ao poeta
intrasubjetivamente
isolado como pedra

Não uma pedra pedra
mas um pedaço humano
coberto de andrajos
em outras mesas de bar

Não andrajos andrajos
fragmentos humanos
cercados de solidão
por todos os lados

Minha menina contempla
as doses dos copos
gotas dos olhos
Não gotas gotas
mar de pedras caídas.


URSO

A mágoa ibernou
murchou a rosa
do espinho
que me torno,
firo teu corpo
com sonhos
quando acordo.

UM TRABALHADOR COMEU UM PADRE

Os padres pedem ao trabalhador
para ter esperança, dividir seu pão,
com ritos ao som de aleluias
diante do corpo presente de Cristo.

Sem pão na mesa,
os pratos transbordam de esperança,
faminto, ronaca a barriga
e ele come o padre, diante
do corpo presente de Cristo.

ENSINANDO A POESIA A FALAR

Aquele beijo
que você me deu
a semana passada
tá doendo até hoje.

TEMPO

O tempo é movimento
interminável na existência
sussurra
sobre a vida
existência passageira
como o movimento do amor
sua significância incontrolável
laço, armadilha
que sorri, dessa efêmera existência
brisa de transformação do corpo:
dança eterna.

domingo, 22 de julho de 2012

FRUTAS PODRES

Como poeta, as vezes me revolto,
escondo mágoas
envelheço pra outras festas
e cumprimentos amigos
Só no pomar dos meus segredos
há frutas amarelando no pé,
quando apodrecerem não chorarei.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

BRINCANDO DE BONECA

Aline é menina
de louça, boneca,
que brinco no quarto
quando sonho.

Dormindo pesadamente
vou além do sonho
com meus segredos
que a realidade assassina

Essa minha imaginação fértil
coloco nos versos, pensando,
a boneca de louça
que brinco no quarto

Sem a rima na poesia
uma boneca mastigo,
a criança, o poeta,
que não sabe fazer poemas.

Ela sentada na cama. Sem saber
de mim, como se virasse fumaça.

OLHANDO O MAR

Penso em Cristina
sentada na pedra ao meu lado
olhando o mar
ao meu lado.

Ao meu lado, tão distante;
a distância tem que ser longe?
Faltou-me esse distanciamento
antes de sentar a olhar o mar.

LOBO DO MAR

O mar uivava
os uivos ensurdeciam os lobos,
os lobos eram cruéis.

A história passa por mim,
as lembranças são fantasmas
me torturam as noites.

Pela manhã, as lembranças se divertem
rodopiam como borboletas,
na cama o suor do embate,
a cena da tortura,
que se esconde ao raiar do sol.

OS DESEJOS

Os desejos desejaram
a morena do Rio Grande do Norte,
os sonhos, o poeta cansado,
a menina, o laço, a armadilha,
companheiros, oss corações pulsaram
e os desejos fugiram.

(Os desejos continuam ainda erectos)

ALGODÃO

Aquela jovem
era como chimaço de algodão,
tinha mêdo d´agua,
do mar azul,
do pó dos grandes centros,
da geada úmida,
daqueles que morrem de frio, mas,
sabia aquecer o meu corpo.

D´JAVÚ

Eu e ela
sentados na pedra
que o mar
quer abraçar?

No pensamento dela
golfinhos passam voando
em idéias que rastejam
como cobras.

Eu tenho um d´javú no peito
onde os gestos das mulheres,
suas ações,
se repetam.

Nós olhando a imensidão do mar
vigiados pelo seu horizonte.

domingo, 24 de junho de 2012

RENASCIMENTO

Ela jamais quebra
o silêncio
de pedra, por ser
pedra.
Ele não desmuda
o homem
de fala muda, por ser
homem

Ele ela apesar
de estátuas
homem-mulher-pedra, por ser
amantes de si
sedentários se quebram
fazendo brotar pássaros cantantes
que entoam
canções de protesto.

domingo, 10 de junho de 2012

AFIRMAÇÕES E PERGUNTAS

No mercado da mão de obra
ele se vende
Obrigado a trabalhar para sobreviver
ele se mata
Obrigado a calar a boca
ele tampa olhos e ouvidos.

No mercado da mão de obra
ensina-se a esperança,
Amai-vos uns aos outros!
Genti-leza gera genti-leza!
ele diz amém,
mas começa-se a perguntar:

Esperança, amor, gentileza?
Por um trabalho que me mata?
O que produzo, prque não posso ter?

No mercado da mão de obra
caro amigo
sua paciência, seu sorriso submisso
bebendo seu copo de humilhações,
traduzem a mais profunda barbárie
que rege tua vida. 

FATO

Nunca é o que parece
nunca é o mesmo à pouco
à pouco nunca, já passou
tudo vai se refazendo
com juízos de valor
nunca é impossível, afinal.
Nunca é o que parece
não há de ser nunca.

MEU CAMPO

Cultivo um gramado
no armário
e uma bola na gaveta
do criado mudo

logo vou ter meu
próprio campo
no meu quarto
pra não assistir campeonatos
com a sensação
de estar sendo enganado

já ouço a torcida
gritando gol bem baixinho
todas as noites.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

BRINCADEIRA DE VENTO

O vento brinca
lá fora
com a natureza

Flôres em pânico
águas trêmulas
levanta a poeira

Não fosse o vento
só o silêncio,
não fosse tanto

seria quase.

HÁ TEMPO

Ainda há tempo
minhas rugas
ainda há tempo
Nem meu definhamento
nem meu descanso fatal
Vão matar a vida que ouso
pois vou começar
tudo de novo.

ESPERANDO

Esperei se e-mail
ele não veio
esperei por vôce
também não
Nunca disse que mandaria
ou viria
mas o coração esperou.

LEMBRAR APENAS

Levanta teu muro de cravos brancos
Sei que pretende aventuras e fantasias
No passar do tempo
do calado relógio
me espia.
Provei do teu gosto
teu sumo grosso
sei que te sei
não queria dizer
nem te pôr de poema
só quero lembrar, apenas.

terça-feira, 5 de junho de 2012

PARTINDO

Gelo no copo
(chorando)
gelo ao sol.

Silêncio de gelo
que o gelo chora

No sol e no copo
gelos são
só letras frias

Silêncio - lágrimas
sempre o mesmo:
gelo.

TORTURA

Barulho de chaves
barulho das chapas
das grades
dos coturnos
dos corpos na escuridão

Um côro de passos
Um côro de bombas
um côro eu nú,
pendurado, penso,
sobre uma arara.

MATA CHICO

Da floresta mais densa
ao morrer
de uma árvore de joão de barro
bumbo sem baqueta

Os homens bárbaros
abatem como rês
o grito em volta

Tomba o corpo verde
quixote da selva
aos olhos

A cobiça (sempre a cobiça)
Age sem punição
aos interesses da ganância.

CONSTATAÇÃO

Sempre
um corpo surge
macio ao toque
de uma mão
se
uma vez acariciado
o corpo responde:
é a mão
que faltava.

FRUTAS DO CONCRETO



A poesia lida
de tão metafórica
te traem o sentido

Um papel de rabiscos
rasga o pensamento
de todos

Dos homens distraídos
as mulheres aceboladas
correndo as ruas

Os meninos famintos
aspirando o perfume da cola
do país de berço explêndido

Um pomar na cidade
de frutas amadurescendo
mortas

As que não morrem
apodrecem na terra.