Cultivo um gramado
no armário
e uma bola na gaveta
do criado mudo
logo vou ter meu
próprio campo
no meu quarto
pra não assistir campeonatos
com a sensação
de estar sendo enganado
já ouço a torcida
gritando gol bem baixinho
todas as noites.
domingo, 10 de junho de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
BRINCADEIRA DE VENTO
O vento brinca
lá fora
com a natureza
Flôres em pânico
águas trêmulas
levanta a poeira
Não fosse o vento
só o silêncio,
não fosse tanto
seria quase.
lá fora
com a natureza
Flôres em pânico
águas trêmulas
levanta a poeira
Não fosse o vento
só o silêncio,
não fosse tanto
seria quase.
HÁ TEMPO
Ainda há tempo
minhas rugas
ainda há tempo
Nem meu definhamento
nem meu descanso fatal
Vão matar a vida que ouso
pois vou começar
tudo de novo.
minhas rugas
ainda há tempo
Nem meu definhamento
nem meu descanso fatal
Vão matar a vida que ouso
pois vou começar
tudo de novo.
ESPERANDO
Esperei se e-mail
ele não veio
esperei por vôce
também não
Nunca disse que mandaria
ou viria
mas o coração esperou.
ele não veio
esperei por vôce
também não
Nunca disse que mandaria
ou viria
mas o coração esperou.
LEMBRAR APENAS
Levanta teu muro de cravos brancos
Sei que pretende aventuras e fantasias
No passar do tempo
do calado relógio
me espia.
Provei do teu gosto
teu sumo grosso
sei que te sei
não queria dizer
nem te pôr de poema
só quero lembrar, apenas.
Sei que pretende aventuras e fantasias
No passar do tempo
do calado relógio
me espia.
Provei do teu gosto
teu sumo grosso
sei que te sei
não queria dizer
nem te pôr de poema
só quero lembrar, apenas.
terça-feira, 5 de junho de 2012
PARTINDO
Gelo no copo
(chorando)
gelo ao sol.
Silêncio de gelo
que o gelo chora
No sol e no copo
gelos são
só letras frias
Silêncio - lágrimas
sempre o mesmo:
gelo.
(chorando)
gelo ao sol.
Silêncio de gelo
que o gelo chora
No sol e no copo
gelos são
só letras frias
Silêncio - lágrimas
sempre o mesmo:
gelo.
TORTURA
Barulho de chaves
barulho das chapas
das grades
dos coturnos
dos corpos na escuridão
Um côro de passos
Um côro de bombas
um côro eu nú,
pendurado, penso,
sobre uma arara.
barulho das chapas
das grades
dos coturnos
dos corpos na escuridão
Um côro de passos
Um côro de bombas
um côro eu nú,
pendurado, penso,
sobre uma arara.
MATA CHICO
Da floresta mais densa
ao morrer
de uma árvore de joão de barro
bumbo sem baqueta
Os homens bárbaros
abatem como rês
o grito em volta
Tomba o corpo verde
quixote da selva
aos olhos
A cobiça (sempre a cobiça)
Age sem punição
aos interesses da ganância.
ao morrer
de uma árvore de joão de barro
bumbo sem baqueta
Os homens bárbaros
abatem como rês
o grito em volta
Tomba o corpo verde
quixote da selva
aos olhos
A cobiça (sempre a cobiça)
Age sem punição
aos interesses da ganância.
CONSTATAÇÃO
Sempre
um corpo surge
macio ao toque
de uma mão
se
uma vez acariciado
o corpo responde:
é a mão
que faltava.
um corpo surge
macio ao toque
de uma mão
se
uma vez acariciado
o corpo responde:
é a mão
que faltava.
FRUTAS DO CONCRETO
A poesia lida
de tão metafórica
te traem o sentido
Um papel de rabiscos
rasga o pensamento
de todos
Dos homens distraídos
as mulheres aceboladas
correndo as ruas
Os meninos famintos
aspirando o perfume da cola
do país de berço explêndido
Um pomar na cidade
de frutas amadurescendo
mortas
As que não morrem
apodrecem na terra.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
GRAVIDEZ
Pelo outro
em face do outro
sob seu olhar
de gemidos e extase
um ser vai sendo
esculpido no corpo.
em face do outro
sob seu olhar
de gemidos e extase
um ser vai sendo
esculpido no corpo.
ESTILHAÇOS
Hoje sinto teu carinho amanhã,
os traços de teu rosto,
depois a tristeza do teu silêncio
um cristal que caiu e estilhaçou,
caminho por eles gritando
de dor e surpresa.
os traços de teu rosto,
depois a tristeza do teu silêncio
um cristal que caiu e estilhaçou,
caminho por eles gritando
de dor e surpresa.
QUEM ME DERA
Quem me dera fosse seu livro de cabeceira
e que seus dedos me virassem página à página
Quem me dera fosse seu travesseiro
que apoiasse sua cabeça e me derramasse os cabelos
Quem me dera fosse seu cobertor
te cobrisse e aquecesse por cima e em baixo
Quem me dera depositado em seu criado mudo
voce me olhasse satisfeita pelo prazer que causei
Antes livro da sua vida, travesseiro que te equilibra, e cobertor que te aquece
do que nada na sua estória.
e que seus dedos me virassem página à página
Quem me dera fosse seu travesseiro
que apoiasse sua cabeça e me derramasse os cabelos
Quem me dera fosse seu cobertor
te cobrisse e aquecesse por cima e em baixo
Quem me dera depositado em seu criado mudo
voce me olhasse satisfeita pelo prazer que causei
Antes livro da sua vida, travesseiro que te equilibra, e cobertor que te aquece
do que nada na sua estória.
CARINHO
Carinhosa, carinhosa, muito carinhosa
um afago,uma palavra, passa carinhosamente
e some, sempre muito carinhosa
não sei o que dizer a respeito,
é melhor me calar.
um afago,uma palavra, passa carinhosamente
e some, sempre muito carinhosa
não sei o que dizer a respeito,
é melhor me calar.
MUNDO ESTRANHO
Nesse mundo estranho
morte e vida
tem o mesmo horário
morte e vida
severina
nesse mundo estranho
jogo palavras ao vento
sel lenço ou documento
pra acalmar as horas
e nelas me afundo
elas pedras tropeços
faca afiada de manejo
nesse poeta que não conheço,
mais estranho é o mundo.
morte e vida
tem o mesmo horário
morte e vida
severina
nesse mundo estranho
jogo palavras ao vento
sel lenço ou documento
pra acalmar as horas
e nelas me afundo
elas pedras tropeços
faca afiada de manejo
nesse poeta que não conheço,
mais estranho é o mundo.
O FIM EM SI
O fim mais triste
é aquele que anuncia ir para sempre
contrariando sua finalidade
provocando a dúvida da partida
que vai chegando
Não evitá-lo parece-me racional
para se cair na teia da alegria
que transforma a feia beleza
da mesmice.
é aquele que anuncia ir para sempre
contrariando sua finalidade
provocando a dúvida da partida
que vai chegando
Não evitá-lo parece-me racional
para se cair na teia da alegria
que transforma a feia beleza
da mesmice.
VIRANDO AREIA
Um frio inrrompe
ela sumindo, matando afetos,
naquilo que diz,
naquilo que escreve e não lemos.
Pombas nos telhados
ventando incertezas
Vão -se grandes arranhões
como se surgissem de gatos
no cio.
Chora o quarto vazio
onde o silêncio do dia
se deita na cama tendo ela ali
desfazendo os castelos de areia.
ela sumindo, matando afetos,
naquilo que diz,
naquilo que escreve e não lemos.
Pombas nos telhados
ventando incertezas
Vão -se grandes arranhões
como se surgissem de gatos
no cio.
Chora o quarto vazio
onde o silêncio do dia
se deita na cama tendo ela ali
desfazendo os castelos de areia.
MATURIDADE
Vou sumindo
o corpo dela tem mil balanços
na musicalidade da vida,
o que a faz criança,
ela de vários desejos
abandona regras, e,
das mãos extensão dos braços
transforma os brinquedos em ferramentas
de sedução, construindo sua própria cama.
o corpo dela tem mil balanços
na musicalidade da vida,
o que a faz criança,
ela de vários desejos
abandona regras, e,
das mãos extensão dos braços
transforma os brinquedos em ferramentas
de sedução, construindo sua própria cama.
NARCISO
O beautiful da minhoca
fugia pelo menor buraco
enquanto eu ouvia "carinhoso".
Isso mostra a realidade esvaindo
o que não fomos,
como flores murchando
nos afastando
do nosso muro e do nosso jardim
nos tornando narcisos d'outro mundo
fugia pelo menor buraco
enquanto eu ouvia "carinhoso".
Isso mostra a realidade esvaindo
o que não fomos,
como flores murchando
nos afastando
do nosso muro e do nosso jardim
nos tornando narcisos d'outro mundo
MINHAS VERDADES
Estou velho
Não sou feio,
não sou belo
aos meus olhos;
sou bom como um cão,
impuro como a lama
Não sou feio,
não sou belo
aos meus olhos;
sou bom como um cão,
impuro como a lama
MEDITAÇÃO
Adormeço de tua ausência
Desperto de tua ausência.
Jeans,seios, meias, nádegas,
calçados, foram embora.
Falar de ti? Falar tudo nada.
Dócilmente, por acaso.
Durmo, gozo, nú, talvez
Desperto de tua ausência.
Jeans,seios, meias, nádegas,
calçados, foram embora.
Falar de ti? Falar tudo nada.
Dócilmente, por acaso.
Durmo, gozo, nú, talvez
FAZENDO AS HORAS
Como um guerreiro indígena
pinto-me para a guerra.
Levanto minha lança e lanço
gritos de indignação
sem medo do que venha a acontecer,
por andar de ombro a ombro
com aquilo em que acredito.
A fome e a opressão me fazem
ter essa coragem.
Para os sonhadores
sou mais um idealista
sob o pressuposto do idealismo.
Meus pais me ensinaram
os primeiros passos: como pensar,
a forma certa e errada de me portar,
encheram-me de juízos de valor;
aprenderam com quem?
Pergunto-me.
Fora do casulo
confronto as contradições,
daquilo que acho que sei,
com o que acham que sabem
os outros.
Alço vôo pelos jardins,
e observo o roubo das flores,
permaneço calado.
Me deparo com o pisoteio
dos jardins e a caça as borboletas,
permaneço calado.
Quando por fim resolvo gritar
para o mundo, arrancam-me a voz
e cortam-me asas
já não posso voar ou falar.
Fica claro que o movimento
na terra se acelera e não nos é possível
perceber ou descansar, sob a égide da barbárie.
Os cachorros continuam a obedecer às ordens
de comando, e nós que não somos domesticados,
ficamos calados de terror.
Afundado no travesseiro fantasio um levante;
ao acordar suado, sinto o gosto do mar na boca.
Um vírus me corrói corpo, está preste a me destruir.
Dormindo e acordando diante
das mudanças lentas, fica claro.
que minto a mim mesmo, só repetindo.
a história de outros heróis que não mais precisamos.
A televisão me mostra quem é Duro de matar,
Matando minha consciência.
Livros de apóstolos são lidos para embalar
meus dias para me alimentar de esperanças
enquanto o estômago ronca com a promessa
de que todos os homens serão julgados um dia.
Não estamos atrás de vingança,
queremos igualdade em vida.
Nenhum monarca divino ou terreno deve traçar
nossos destinos: basta de sermos súditos!
Nem justiça ou Salvador aparecerão
nas prateleiras de algum supermercado.
Plantamos flores e colhemos,
na hora da paga pelo esforço,
lá estão eles como aves de rapina
a espreita para nos roubar em nome.
da nossa segurança; mas se nos defendermos.
é sobre nós que eles marcham e pisoteiam
com os coturnos que lhes demos;
temerosos vivemos sob o slogan liberdade.
È chegada a hora de não ter mais medo,
afinal a vida é efêmera, acaba-se,
precisamos fazer valer a existência:
fazendo nossas horas.
*Direitos Reservados*
pinto-me para a guerra.
Levanto minha lança e lanço
gritos de indignação
sem medo do que venha a acontecer,
por andar de ombro a ombro
com aquilo em que acredito.
A fome e a opressão me fazem
ter essa coragem.
Para os sonhadores
sou mais um idealista
sob o pressuposto do idealismo.
Meus pais me ensinaram
os primeiros passos: como pensar,
a forma certa e errada de me portar,
encheram-me de juízos de valor;
aprenderam com quem?
Pergunto-me.
Fora do casulo
confronto as contradições,
daquilo que acho que sei,
com o que acham que sabem
os outros.
Alço vôo pelos jardins,
e observo o roubo das flores,
permaneço calado.
Me deparo com o pisoteio
dos jardins e a caça as borboletas,
permaneço calado.
Quando por fim resolvo gritar
para o mundo, arrancam-me a voz
e cortam-me asas
já não posso voar ou falar.
Fica claro que o movimento
na terra se acelera e não nos é possível
perceber ou descansar, sob a égide da barbárie.
Os cachorros continuam a obedecer às ordens
de comando, e nós que não somos domesticados,
ficamos calados de terror.
Afundado no travesseiro fantasio um levante;
ao acordar suado, sinto o gosto do mar na boca.
Um vírus me corrói corpo, está preste a me destruir.
Dormindo e acordando diante
das mudanças lentas, fica claro.
que minto a mim mesmo, só repetindo.
a história de outros heróis que não mais precisamos.
A televisão me mostra quem é Duro de matar,
Matando minha consciência.
Livros de apóstolos são lidos para embalar
meus dias para me alimentar de esperanças
enquanto o estômago ronca com a promessa
de que todos os homens serão julgados um dia.
Não estamos atrás de vingança,
queremos igualdade em vida.
Nenhum monarca divino ou terreno deve traçar
nossos destinos: basta de sermos súditos!
Nem justiça ou Salvador aparecerão
nas prateleiras de algum supermercado.
Plantamos flores e colhemos,
na hora da paga pelo esforço,
lá estão eles como aves de rapina
a espreita para nos roubar em nome.
da nossa segurança; mas se nos defendermos.
é sobre nós que eles marcham e pisoteiam
com os coturnos que lhes demos;
temerosos vivemos sob o slogan liberdade.
È chegada a hora de não ter mais medo,
afinal a vida é efêmera, acaba-se,
precisamos fazer valer a existência:
fazendo nossas horas.
*Direitos Reservados*
ALIENAÇÃO
Alienei-me.
sem perceber, nos rostos anônimos das ruas do centro, as vidas eificadas, meu espelho, mais que isso, é como se não houvesse gente, dentro de mim, a dizer-me: acorda!
volta-se as ações.
abre-se ao desconforto.
deixa-se levar pelo movimento da vida.
deixo que as contradições me atravessem, que o mundo me possua, me possua, me leve a reflexão, continue, pra que eu possa fazer e refazer, sem ter certeza, certo de estar certo.
o fazer é meu foco, como um pragmático intelectual, para sentir mudanças que não havia sentido.
deixo a apatia da alienação, a morte em vida, com ternura e faço meus dias.
volto-me as ações.
Abro-me ao desconforto.
Deixo-me levar pelo movimento da vida.
sem perceber, nos rostos anônimos das ruas do centro, as vidas eificadas, meu espelho, mais que isso, é como se não houvesse gente, dentro de mim, a dizer-me: acorda!
volta-se as ações.
abre-se ao desconforto.
deixa-se levar pelo movimento da vida.
deixo que as contradições me atravessem, que o mundo me possua, me possua, me leve a reflexão, continue, pra que eu possa fazer e refazer, sem ter certeza, certo de estar certo.
o fazer é meu foco, como um pragmático intelectual, para sentir mudanças que não havia sentido.
deixo a apatia da alienação, a morte em vida, com ternura e faço meus dias.
volto-me as ações.
Abro-me ao desconforto.
Deixo-me levar pelo movimento da vida.
AFRONTA
Dia
sem por de sol
desanoitece
no escuro
na noite, quase
Dia em si
na linha reta do horizonte
transborda de indignação
fuzis ou lua
que, enfim te afronte.
sem por de sol
desanoitece
no escuro
na noite, quase
Dia em si
na linha reta do horizonte
transborda de indignação
fuzis ou lua
que, enfim te afronte.
ANDARILHOS
Os Kms percorridos por um andarilho não o fazem um herói.
Os gritos anônimos nos interiores das casas de crianças,
não silenciam os mares ainda.
Continuamos revirando as latas de lixo à sinfonia da barriga.
Os soldados continuarão marchando comemorando
suas vitórias, ao som dos coturnos, agitando bandeiras.
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só,
As armas e os tanques não trazem alimentos,
a farinha da pólvora não tem um bom cheiro.
A côr do sangue do andarilho também é vermelho
Como poderemos viver vivos, fingindo não enxergar?
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só
Os gritos anônimos nos interiores das casas de crianças,
não silenciam os mares ainda.
Continuamos revirando as latas de lixo à sinfonia da barriga.
Os soldados continuarão marchando comemorando
suas vitórias, ao som dos coturnos, agitando bandeiras.
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só,
As armas e os tanques não trazem alimentos,
a farinha da pólvora não tem um bom cheiro.
A côr do sangue do andarilho também é vermelho
Como poderemos viver vivos, fingindo não enxergar?
Andarilhos não podem andar só, não podem andar só
sábado, 12 de maio de 2012
BANHO DE CHUVA
As formigas se beijam
quando se encontram;
há quem não acredite,
só quem tem tempo
de olhar pra elas
percebe,
como o sol
se refresca na chuva.
quando se encontram;
há quem não acredite,
só quem tem tempo
de olhar pra elas
percebe,
como o sol
se refresca na chuva.
OUTRO DIA
Outro dia uma amiga
veio construir narrativas comigo
em silêncio
Ela veio
inteira...não...meio a meio
Enchemos a cara
construímos juízos morais,
em silêncio
E fomos cada um para o seu lado.
veio construir narrativas comigo
em silêncio
Ela veio
inteira...não...meio a meio
Enchemos a cara
construímos juízos morais,
em silêncio
E fomos cada um para o seu lado.
MUITA POESIA
Na dialética da luta
todas as contradições
são válidas.
Quem sou eu?
quero ter tudo
não tenho
se tenho
é meu...
mas divido...
se não consigo...
não ligo...
todo mundo é assim...
é natural
dor de cabeça
aspirina
Marx
e muita poesia.
todas as contradições
são válidas.
Quem sou eu?
quero ter tudo
não tenho
se tenho
é meu...
mas divido...
se não consigo...
não ligo...
todo mundo é assim...
é natural
dor de cabeça
aspirina
Marx
e muita poesia.
MÃOS QUE MUDAM
No passado sentia a esperança
num futuro que não houve
sem gula sem fome
e nenhum dos outros seis pecados capitais
O capitalismo me deu esse hoje
e possivelmente um amanhã pior
com mais miséria enlatada
palavras que saem da boca
que não cabem mais na cabeça,
irão até as mãos, capazes,
de transformar essa natureza.
num futuro que não houve
sem gula sem fome
e nenhum dos outros seis pecados capitais
O capitalismo me deu esse hoje
e possivelmente um amanhã pior
com mais miséria enlatada
palavras que saem da boca
que não cabem mais na cabeça,
irão até as mãos, capazes,
de transformar essa natureza.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
DÚVIDAS
Das dúvidas fazem-se certezas
ou dúvidas novas,
entre uma dúvida e outra
nascem as melhores e as piores dúvidas,
disso eu tenho dúvidas.
ou dúvidas novas,
entre uma dúvida e outra
nascem as melhores e as piores dúvidas,
disso eu tenho dúvidas.
MELANCOLIA
Levantei-me um franco-atirador
um socialista platônico
vendo o dia vestido de elegâncias
enquanto o sol ficou namorando a lua
pela janela olhei em volta, e vi,
um homem narciso
que viu sobre sua imagem
as marcas do uso na sua fisionomia,
notou nas dobras outra existência,
achou que não lhes pertencia
e quis afastar dle o espelho do pai.
As verdades de um momento
são infinitas.
A descoberta de ter esperado
como um personagem de Beckett
que o mundo se transformaria
enquanto ficou enrugando quieto
fingindo que agia
a espera, sempre a espera,
banhou um mar pelo rosto
carregando uma melancolia,
do que buscou não fazer,
o mar ainda revolto, e ainda,
a espera...
um socialista platônico
vendo o dia vestido de elegâncias
enquanto o sol ficou namorando a lua
pela janela olhei em volta, e vi,
um homem narciso
que viu sobre sua imagem
as marcas do uso na sua fisionomia,
notou nas dobras outra existência,
achou que não lhes pertencia
e quis afastar dle o espelho do pai.
As verdades de um momento
são infinitas.
A descoberta de ter esperado
como um personagem de Beckett
que o mundo se transformaria
enquanto ficou enrugando quieto
fingindo que agia
a espera, sempre a espera,
banhou um mar pelo rosto
carregando uma melancolia,
do que buscou não fazer,
o mar ainda revolto, e ainda,
a espera...
quinta-feira, 10 de maio de 2012
É TUDO DELES
É tudo deles
a foice, o martelo,
a bigorna, o ferro,
o trigo, o pão,
também seu coração,
seu pensamento, sua canção,
sua moradia, seu salário,
sua mulher e seus filhos,
tudo que voce acha ser seu;
Tudo porque jogamos fora as espadas
e agora carregamos cruzes, e,
caminhamos para o nada
com a nossa face enrugada.
a foice, o martelo,
a bigorna, o ferro,
o trigo, o pão,
também seu coração,
seu pensamento, sua canção,
sua moradia, seu salário,
sua mulher e seus filhos,
tudo que voce acha ser seu;
Tudo porque jogamos fora as espadas
e agora carregamos cruzes, e,
caminhamos para o nada
com a nossa face enrugada.
TENHO MÊDO DO DIABO
As vezes fico muito triste
quando ando pela periferia ou centro
e vejo gente comendo lixo
crianças comendo a fome
a casa ao relento
a vida se sujeitando.
Fico triste, mas ando por ai;
nos meus segundos burgueses
minha ira materialista
me leva a pensar em lutar,
mas tenho medo do vermelho
tenho medo do diabo.
quando ando pela periferia ou centro
e vejo gente comendo lixo
crianças comendo a fome
a casa ao relento
a vida se sujeitando.
Fico triste, mas ando por ai;
nos meus segundos burgueses
minha ira materialista
me leva a pensar em lutar,
mas tenho medo do vermelho
tenho medo do diabo.
AMO SEMPRE
Não é preciso o amor,
nem precisamente, o rosto angelical,
os cabelos sedosos,
a escultura do corpo,
o padrão de beleza vendido
que me desperta o amor.
TYenho mil, milhões de motivos
para amar sempre.
nem precisamente, o rosto angelical,
os cabelos sedosos,
a escultura do corpo,
o padrão de beleza vendido
que me desperta o amor.
TYenho mil, milhões de motivos
para amar sempre.
PELA ESQUERDA PELA DIREITA
Pela esquerda pela direita
desalojam-se índios
pra morada capital
pela direita pela esquerda
operários na sarjeta
batalhões de miseráveis
pela esquerda pela direita
fodem-se livros e mulheres
pela direita
se aposentam, e olham
o poder pela varanda
pela esquerda
discursos, desesperos,
da luta ao luto
pela esquerda pela direita
o mundo crê que avança,
há quem conchave
Sou poeta de baixo para cima
e como ação
defeco no papel.
desalojam-se índios
pra morada capital
pela direita pela esquerda
operários na sarjeta
batalhões de miseráveis
pela esquerda pela direita
fodem-se livros e mulheres
pela direita
se aposentam, e olham
o poder pela varanda
pela esquerda
discursos, desesperos,
da luta ao luto
pela esquerda pela direita
o mundo crê que avança,
há quem conchave
Sou poeta de baixo para cima
e como ação
defeco no papel.
POETA DE INCERTEZAS
Não gosto de marxistas
que não vêem a ideologia como instrumento
que tem respostas para tudo
e um estoque de certezas
Sou poeta de incertezas
do tudo desamarradinho,
do tudo desarrumadinho,
amo o antidiscurso.
A poesia é de uma clareza...
como lua cheia...
quando escapa da poluição.
que não vêem a ideologia como instrumento
que tem respostas para tudo
e um estoque de certezas
Sou poeta de incertezas
do tudo desamarradinho,
do tudo desarrumadinho,
amo o antidiscurso.
A poesia é de uma clareza...
como lua cheia...
quando escapa da poluição.
VIVO
Vivo
vivo porque participo da vida
não aceito o destino
não cultivo esperanças
não faço pedidos em orações
faço minha hora
quando ela for chegada
reclamarei a barricada
Vivo
vivo porque também aprendi a morrer
vivo porque participo da vida
não aceito o destino
não cultivo esperanças
não faço pedidos em orações
faço minha hora
quando ela for chegada
reclamarei a barricada
Vivo
vivo porque também aprendi a morrer
terça-feira, 8 de maio de 2012
APOSENTANDO DA HISTÓRIA
Minha geração
sem ereção política?
Onde estão as lideranças
de ontem, seus discursos, seus orgasmos?
Aposentaram-se uns, reclamam-se outros,
e o mundo não para, cansados, enfadados,
como se houvesse tempo para isso.
Se outras revoluções houverem
olharemos com tédio no espelho
contemplando nossos filhos,
como as formigas que perdem o rumo
e os Tamanduás - bandeiras
vão comendo a história
pela mão do nosso Estado,
Tudo é tão natural olhando-se da varanda.
sem ereção política?
Onde estão as lideranças
de ontem, seus discursos, seus orgasmos?
Aposentaram-se uns, reclamam-se outros,
e o mundo não para, cansados, enfadados,
como se houvesse tempo para isso.
Se outras revoluções houverem
olharemos com tédio no espelho
contemplando nossos filhos,
como as formigas que perdem o rumo
e os Tamanduás - bandeiras
vão comendo a história
pela mão do nosso Estado,
Tudo é tão natural olhando-se da varanda.
CELA
Privado da liberdade
nesse momento da vida
nesse momento da história
nesse momento de mim
- è um doloroso castigo
Como prender um beija-flôr ou um avião
a contemplar sempre o horizonte
sem diálogos, sem o sexo do dia e da noite
- é muita perda
Só por desejar ser quixote e domar arranha-céus?
É trágico o poder,
o não poder é mais triste.
nesse momento da vida
nesse momento da história
nesse momento de mim
- è um doloroso castigo
Como prender um beija-flôr ou um avião
a contemplar sempre o horizonte
sem diálogos, sem o sexo do dia e da noite
- é muita perda
Só por desejar ser quixote e domar arranha-céus?
É trágico o poder,
o não poder é mais triste.
NA VEIA
Passado os tempos
relembro fragmentos
adolescentes, equivocados,
lendo a história de ontem
a hoje; o que ocorre,
o fato, convenhamos,
é um porre.
Vivíamos fumando maconha
dançando sobre o trabalho alheio
nossa religião materialista recitávamos
outra droga, mas: entranhada em nossas veias.
relembro fragmentos
adolescentes, equivocados,
lendo a história de ontem
a hoje; o que ocorre,
o fato, convenhamos,
é um porre.
Vivíamos fumando maconha
dançando sobre o trabalho alheio
nossa religião materialista recitávamos
outra droga, mas: entranhada em nossas veias.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
ONTEM NÃO ACONTECEU
Ontem
não aconteceu
um porque
não aconteceu
... não aconteceu como não
aconteceu
Ontem
de como aconteceu
um porque
aconteceu que não
aconteceu
Ontem
como acontece
quando há
porques e
acontecimentos.
sábado, 5 de maio de 2012
VIRADA CULTURAL
Hoje tem virada cultural
eles lá estarão - pés de chinelos
bermudas, bêbados ou não - caminhando
esperando a virada.
Alimentados por sopa de pedras, aconchegados
por papelão e jornal; um morador de rua
acordará, mendigará seu café, olhará
sem enxergar, o carinho da cidade
que lhe violenta os dias
Amanhã, depois de todo festejo cultural
dormirá sob o jornal de hoje.
Ao levantar sob sol e chuva
cidade vai lhe dizer o quanto foi divertido viver.
eles lá estarão - pés de chinelos
bermudas, bêbados ou não - caminhando
esperando a virada.
Alimentados por sopa de pedras, aconchegados
por papelão e jornal; um morador de rua
acordará, mendigará seu café, olhará
sem enxergar, o carinho da cidade
que lhe violenta os dias
Amanhã, depois de todo festejo cultural
dormirá sob o jornal de hoje.
Ao levantar sob sol e chuva
cidade vai lhe dizer o quanto foi divertido viver.
HOJE
Como me indignar com meu hoje?
Tenho apreciado a cerveja,
as redes sociais, as novas tecnologias,
calçado seus sapatos
vivido seus sonhos e contradições...
e vomitado muito.
Tenho apreciado a cerveja,
as redes sociais, as novas tecnologias,
calçado seus sapatos
vivido seus sonhos e contradições...
e vomitado muito.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
OS VERBOS
Os verbos
me movimentam
para onde as nuvens
se esticam
e o mar se encolhe
pra outros nascimentos
Os verbos
me fazem sonhar
com mãos e pés,
com a fartura de pão,
e com crianças que falam com flôres.
me movimentam
para onde as nuvens
se esticam
e o mar se encolhe
pra outros nascimentos
Os verbos
me fazem sonhar
com mãos e pés,
com a fartura de pão,
e com crianças que falam com flôres.
VÁCUO
O amor inquieto
derruba a facadas
a solidão em volta
Não vive o conforto
do cafuné
aos ouvidos
O silêncio (sempre o silêncio)
cala-se
sem explicação
no fundo do vácuo.
derruba a facadas
a solidão em volta
Não vive o conforto
do cafuné
aos ouvidos
O silêncio (sempre o silêncio)
cala-se
sem explicação
no fundo do vácuo.
AFETO
Hoje o maracujá se dá
o corpo enrugado
a espera de carícia,
uma vez tocado
o coração confirma
o afago aceito,
o afeto oxidado.
o corpo enrugado
a espera de carícia,
uma vez tocado
o coração confirma
o afago aceito,
o afeto oxidado.
DESATENÇÃO
Um dia ao meu amor desatento
mandarei comer peixe com banana
pra morrer ou engordar
como vivem as ilhas.
mandarei comer peixe com banana
pra morrer ou engordar
como vivem as ilhas.
SINOIDAL
Adormeci a solidão,
se passa, passo.
Ontem foi ontem
hoje é agora mesmo
fico sinoidal
a vida assim
precisando do que
não esteja parado
de tudo que não descansa
com toda a solidão
que nos são próprias,
a minha vida já não é.
se passa, passo.
Ontem foi ontem
hoje é agora mesmo
fico sinoidal
a vida assim
precisando do que
não esteja parado
de tudo que não descansa
com toda a solidão
que nos são próprias,
a minha vida já não é.
AMOR
O amor
o meu amor?
não está em você
está em mim
Na moda ou piegas,
poético, enfim,
é meu amor
que está em mim
O amor
este, sedutor,
único
é maior que eu
já está
Nele umedeço meu coração
banho meu corpo nú.
o meu amor?
não está em você
está em mim
Na moda ou piegas,
poético, enfim,
é meu amor
que está em mim
O amor
este, sedutor,
único
é maior que eu
já está
Nele umedeço meu coração
banho meu corpo nú.
CINZAS
Na vida real
as mortes são vivas
feito do efeito do nada
sem compromisso com a vida
tudo sempre acaba em cinza
até as cinzentas verdades
contida na filosofia.
as mortes são vivas
feito do efeito do nada
sem compromisso com a vida
tudo sempre acaba em cinza
até as cinzentas verdades
contida na filosofia.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
LEMBRANÇAS
Quanto tempo se passou?
Não sei.
Mar de lembrança,
vou içar as minhas velas
em você vou navegar.
Não sei.
Mar de lembrança,
vou içar as minhas velas
em você vou navegar.
MULHER
Humilde e vertical
como milho no milharal
lutadora mulher genital
quando andas, troteias,
gazela, entre suas nádegas metal.
como milho no milharal
lutadora mulher genital
quando andas, troteias,
gazela, entre suas nádegas metal.
MENINAS
Dos teus olhos saltam
as meninas, num parque de diversões
cabelos
fios me milho no pé
que quando se espelham n`agua,
fazem ondas, carícias a vida do fundo
Tuas meninas sabem mais que tua cabeça
e tanto como teu ventre
é a beleza da pele alva
do teu corpo em pêlo
esse mar onde nadam
as nuas meninas dos teus olhos.
as meninas, num parque de diversões
cabelos
fios me milho no pé
que quando se espelham n`agua,
fazem ondas, carícias a vida do fundo
Tuas meninas sabem mais que tua cabeça
e tanto como teu ventre
é a beleza da pele alva
do teu corpo em pêlo
esse mar onde nadam
as nuas meninas dos teus olhos.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
LUGAR COMUM
Sabia que a chuva fina parava,
que era fim de tarde porque as rãs cantavam.
Vou a janela sem nada a dizer,
exceto que que vou decifrar paisagens.
Assim: coisas úmidas, limpas, nas próprias formas,
cantos, floras, faunas, terra, de cada qual o extremo.
Sem nada a dizer, aperto entre o indicador e o dedão
a caneta, firmo-a no papel e descrevo minhas imagens
deixando boquiaberto o poema.
O meu lugar comum tem outro cheiro,
tem muitas cores e muitas rimas.
No meu olhar pro horizonte,
pererecas, pássaros, borboletas e grama molhada;
ventam o espaço aberto. Cada palavra deixada, como música anterior,
dançam, rimam, se alinhando,
no úmido centro do meu lugar comum.
que era fim de tarde porque as rãs cantavam.
Vou a janela sem nada a dizer,
exceto que que vou decifrar paisagens.
Assim: coisas úmidas, limpas, nas próprias formas,
cantos, floras, faunas, terra, de cada qual o extremo.
Sem nada a dizer, aperto entre o indicador e o dedão
a caneta, firmo-a no papel e descrevo minhas imagens
deixando boquiaberto o poema.
O meu lugar comum tem outro cheiro,
tem muitas cores e muitas rimas.
No meu olhar pro horizonte,
pererecas, pássaros, borboletas e grama molhada;
ventam o espaço aberto. Cada palavra deixada, como música anterior,
dançam, rimam, se alinhando,
no úmido centro do meu lugar comum.
terça-feira, 17 de abril de 2012
AS MARGENS
Na poesia concreta
homens de pedra
arranha céus
becos, ruas, ciladas,
onde?
escondem-se os urutais
Seu teto
estrelas
suas criações
criaturas que se erguem
de anjos que batem asas
silenciando gritos
tempestades
que afogam margens
arrastam tudo.
Crianças que não sabem nadar
agarram-se aos golfinhos
no cotidiano do rio
que corre pro mar,
curso que tem de mudar.
homens de pedra
arranha céus
becos, ruas, ciladas,
onde?
escondem-se os urutais
Seu teto
estrelas
suas criações
criaturas que se erguem
de anjos que batem asas
silenciando gritos
tempestades
que afogam margens
arrastam tudo.
Crianças que não sabem nadar
agarram-se aos golfinhos
no cotidiano do rio
que corre pro mar,
curso que tem de mudar.
domingo, 15 de abril de 2012
AQUI SE DIZ AMÉM
Moro num país tropical
aqui celebra-se, natal, ano novo,
carnaval.
Sambamos cristianismo
recitamos marxismo
ainda aprendemos catecismo,
nunca lemos, "o capital"
Aqui quem come crianças,
são padres, pastores e bispos,
que não dançam carnaval,
o demônio ainda é o comunismo
pede-se paz as almas,
apontando o caminho do céu,
não dá pra ir de avião,
ao trabalhador comum.
Aqui ainda se diz amém.
aqui celebra-se, natal, ano novo,
carnaval.
Sambamos cristianismo
recitamos marxismo
ainda aprendemos catecismo,
nunca lemos, "o capital"
Aqui quem come crianças,
são padres, pastores e bispos,
que não dançam carnaval,
o demônio ainda é o comunismo
pede-se paz as almas,
apontando o caminho do céu,
não dá pra ir de avião,
ao trabalhador comum.
Aqui ainda se diz amém.
DIZAMANHÃ
Gritou-me o mar: acorda!
Eu vi teu rosto
no vai e vem das marés
na minha manhã de fantasia
lavou-me os pés
esfriou-me o corpo.
Pena que esta manhã
sem você é verdadeira.
Eu vi teu rosto
no vai e vem das marés
na minha manhã de fantasia
lavou-me os pés
esfriou-me o corpo.
Pena que esta manhã
sem você é verdadeira.
FOTOGRAFIA
A imagem assim sem fome. Muda
sorridente e jovem. Registro de amor
ou desamor de frontes nuas. Que arquivo;
movimento roda da vida, que sobe e desce,
nunca a mesma vida que pensamos conduzir.
Nós maracujamos nas gavetas,
a imagem rejuvenesce a cada dia,
amor de lençóis amarrotados
iluminado pelas noites, que as vezes,
gozam estrelas.
sorridente e jovem. Registro de amor
ou desamor de frontes nuas. Que arquivo;
movimento roda da vida, que sobe e desce,
nunca a mesma vida que pensamos conduzir.
Nós maracujamos nas gavetas,
a imagem rejuvenesce a cada dia,
amor de lençóis amarrotados
iluminado pelas noites, que as vezes,
gozam estrelas.
HISTÓRICA É A FOME
Histórica é a fome
sol sob sol a roncar, a cantar,
a música que ninguém assune ter cantado
nem admitem as amarras da mordaça.
Hoje cantaremos
somos todos responsáveis,
matamos com nossa munição de ódio,
de isenção, de amor,
somos todos responsáveis,
por plantar sangue, ditaduras e versos.
sol sob sol a roncar, a cantar,
a música que ninguém assune ter cantado
nem admitem as amarras da mordaça.
Hoje cantaremos
somos todos responsáveis,
matamos com nossa munição de ódio,
de isenção, de amor,
somos todos responsáveis,
por plantar sangue, ditaduras e versos.
CRIANÇAS DO AMANHÃ
Olhem o futuro
olho nas crianças
nos olhos, nos pés,
na barriga, nos risos,
no choro, na esperança.
Versos do amanhã
que a luta desperta.
olho nas crianças
nos olhos, nos pés,
na barriga, nos risos,
no choro, na esperança.
Versos do amanhã
que a luta desperta.
JAZIGOS
Sangue derramado
cicatrizes que não fecham
fome mastigada
onde não se tem pão
barbárie inacabada
tostão a tostão
pelos jazigos sãos.
cicatrizes que não fecham
fome mastigada
onde não se tem pão
barbárie inacabada
tostão a tostão
pelos jazigos sãos.
LUZ
Bombas de criações podres
perguntem aos Deuses
se plantam arroz?
A partir de hoje
bombardearemos a alienação
enforcaremos a singeleza do capital
e sairemos da escuridão.
perguntem aos Deuses
se plantam arroz?
A partir de hoje
bombardearemos a alienação
enforcaremos a singeleza do capital
e sairemos da escuridão.
VAIDADE
As coisas são homens
Os homens são coisas
expostas nas vitrines
como frango em fila
na frente da padaria
a espera da felicidade
As coisas tomam vida
penduricalhos, quinquilharias,
homens coisas vivas
expostos em fila,
polidos vidros,espelhos,
vaidade sedenta.
Os homens são coisas
expostas nas vitrines
como frango em fila
na frente da padaria
a espera da felicidade
As coisas tomam vida
penduricalhos, quinquilharias,
homens coisas vivas
expostos em fila,
polidos vidros,espelhos,
vaidade sedenta.
sábado, 14 de abril de 2012
SOLIDÃO
Não sei o que fazer
não posso perder seu encanto
Você já ouviu muitos gozos
não ouvirá homens que gozam sózinhos
Vou engolir meus desejos
defecar minhas verdades
fantaziar-me
amar noutra mulher
sem ter delas,
chorar meu gozo
no meu sexo de solidão.
não posso perder seu encanto
Você já ouviu muitos gozos
não ouvirá homens que gozam sózinhos
Vou engolir meus desejos
defecar minhas verdades
fantaziar-me
amar noutra mulher
sem ter delas,
chorar meu gozo
no meu sexo de solidão.
VENDO TUDO MUITO CLARO
Com a mar nas mãos
você molhou minhas areias
achou-me nos meus inscritos
que a maré trazia e levava
meu olhar no horizonte
enxergou você.
você molhou minhas areias
achou-me nos meus inscritos
que a maré trazia e levava
meu olhar no horizonte
enxergou você.
sexta-feira, 30 de março de 2012
FLÔR DE IPÊ NA CABEÇA
Sorrio com as flôres de ipê
espalhadas na cidade nua,
alegres, meio rosas, meio roxas,
amarelas, meio brancas
acenando pelas ruas,
primavera que vai passar
marcando mulheres, silhuetas,
o sol põe no chão - friozinho -
que está no ar, disputa a cena bela,
em meio as borboletas,
som de buzinas, gás carbônico,
gritam os pardais, atropelam-se pombas.
As flôres de ipês, não se incomodam,
não sabem que em meio a tudo isso
tenho voce na cabeça.
espalhadas na cidade nua,
alegres, meio rosas, meio roxas,
amarelas, meio brancas
acenando pelas ruas,
primavera que vai passar
marcando mulheres, silhuetas,
o sol põe no chão - friozinho -
que está no ar, disputa a cena bela,
em meio as borboletas,
som de buzinas, gás carbônico,
gritam os pardais, atropelam-se pombas.
As flôres de ipês, não se incomodam,
não sabem que em meio a tudo isso
tenho voce na cabeça.
UM A UM OS DIAS PASSAM
Lá se foram os cinquenta
as duas da manhã
eu com trinta
um cigarro atrás do outro
pensando comer maçã com você
que aos vinte e cinco
depois de uma dúzia de cervejas
flertava, eu insistia
em dar forma a outra argila.
Os arquétipos que cultuo vão se embora
quando eu abrir os olhos,
essa faca que fere
nunca disse a que veio,
já me perguntei mais de mil vezes.
as duas da manhã
eu com trinta
um cigarro atrás do outro
pensando comer maçã com você
que aos vinte e cinco
depois de uma dúzia de cervejas
flertava, eu insistia
em dar forma a outra argila.
Os arquétipos que cultuo vão se embora
quando eu abrir os olhos,
essa faca que fere
nunca disse a que veio,
já me perguntei mais de mil vezes.
quarta-feira, 28 de março de 2012
PRA AMANHÃ
Sou do mundo
os que me precedem também
a caminho do buraco negro
Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra
Fazendo poesia?
Nunca sei.
Mas estou perto
do poente que desejei
Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo
Nem quando as lágrimas
molham as conversas
Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento
Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas
Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada
Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites
Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei
Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado
Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico
Depois da descoberta
(des) vendada
interna - mente
me embebedarei,
serei destilado
deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado
A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar
Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.
(Para minha amiga Aline Mattos)
os que me precedem também
a caminho do buraco negro
Me curvo ao poente
todos os dias
sentado na minha pedra
Fazendo poesia?
Nunca sei.
Mas estou perto
do poente que desejei
Olho tudo, as vezes,
mesmo atento, nada vejo
Nem quando as lágrimas
molham as conversas
Sensibilidade aflorada
na palavra sentimento
Mas a menina dos olhos
tem muitos carinhos,
curiosos como as marmotas
Já enfrentei os dragões
como guerreiro
de capa e espada
Uma rã me atingiu
posso vê-la em você,
no instante do beijo
no paraíso das noites
Ensino e aprendo
o tempo todo, mas
me diluo quando a vejo,
ali, onde beijei
Que sonhei ter beijado
que imaginei ter deitado
Sou do mundo, becos,
mulheres e outros gêneros,
acorrentado, torturado,
de outro amor platônico
Depois da descoberta
(des) vendada
interna - mente
me embebedarei,
serei destilado
deste lado
me afogando vivo
nas lágrimas engasgado
A isso me afasto
por ser mortal e penoso
queima o fogo, que acendi
pra nele se apagar
Te escrevo hoje, na janela
olhando minha noite,
meu poema, pra amanhã.
(Para minha amiga Aline Mattos)
PEDRA DURA ATÉ QUE FURA
Ela olhava a noite
festeira
e a cerveja suava
sobre a mesa
Uma escuridão dourada
confundia o tempo
entre uma e outra
conversa muda
O sorriso, róseo,
vibrante. Como se jorrasse
um som de violino
nos ouvidos
Amor ali tinha
margaridas todas na voz
a noite não prometia
nem lambia a maçã da poesia
Poeta que não sei amar,
advertido, com carinho,
a caminho estanquei
corri da minha morte
Deixei sentada na mesa
o amor a vista
Me olhando. Como faca
de corte de dois gumes
Confesso: Tenho medo da morte,
Se for do coração
Não quero morder
suas maçãs fonemas
O que ne deixa
me faz viver em paz
viver ventando todo
mas não acredite em mim
A cada noite festeira
de muita cerveja suada
Vai pondo seu carinho
sobre essa pedra.
festeira
e a cerveja suava
sobre a mesa
Uma escuridão dourada
confundia o tempo
entre uma e outra
conversa muda
O sorriso, róseo,
vibrante. Como se jorrasse
um som de violino
nos ouvidos
Amor ali tinha
margaridas todas na voz
a noite não prometia
nem lambia a maçã da poesia
Poeta que não sei amar,
advertido, com carinho,
a caminho estanquei
corri da minha morte
Deixei sentada na mesa
o amor a vista
Me olhando. Como faca
de corte de dois gumes
Confesso: Tenho medo da morte,
Se for do coração
Não quero morder
suas maçãs fonemas
O que ne deixa
me faz viver em paz
viver ventando todo
mas não acredite em mim
A cada noite festeira
de muita cerveja suada
Vai pondo seu carinho
sobre essa pedra.
domingo, 18 de março de 2012
COISAS DE UM VELHO
Não faz tempo
latinhas vazias
livros relidos
viravam tartarugas
e meu cachorrinho
tinha lábios de miss
sorriso de hienas
Meus olhos eram
os flachs do pensamento...
Minha velhice é coisa
de gente fútil.
latinhas vazias
livros relidos
viravam tartarugas
e meu cachorrinho
tinha lábios de miss
sorriso de hienas
Meus olhos eram
os flachs do pensamento...
Minha velhice é coisa
de gente fútil.
FILHOS
Carrego teorias prenhas
como filho de meus pais
que lutaram, morreram
aprenderam, na lida, de calos,
mortos calados, em alguma prisão,
Lá vou eu filho
na mesma pegada, ouros calos
Talvez me encontre com progéteis
pelo caminho.
Lá vou eu filho
na batalha pelos silenciosos
não como herói, mais morto vivo
Lá vem eles!
Os filhos da puta
dançando ao som hegemônico
de seus coturnos.
como filho de meus pais
que lutaram, morreram
aprenderam, na lida, de calos,
mortos calados, em alguma prisão,
Lá vou eu filho
na mesma pegada, ouros calos
Talvez me encontre com progéteis
pelo caminho.
Lá vou eu filho
na batalha pelos silenciosos
não como herói, mais morto vivo
Lá vem eles!
Os filhos da puta
dançando ao som hegemônico
de seus coturnos.
MASSAS
Me misturo as massas
como da massa, me pergunto:
onde está minha morada,
minha saúde, meu alimento,
que sustente minha vida?
Que sustente meus pares e o mundo
que de mim quer tirar a vida
Vivo morrendo
Será que morro vivendo?
Sou guerreiro
Preciso de armas, como muitos,
Pra defender meu direito a vida.
como da massa, me pergunto:
onde está minha morada,
minha saúde, meu alimento,
que sustente minha vida?
Que sustente meus pares e o mundo
que de mim quer tirar a vida
Vivo morrendo
Será que morro vivendo?
Sou guerreiro
Preciso de armas, como muitos,
Pra defender meu direito a vida.
domingo, 11 de março de 2012
É AMOR?
Tudo que odiei em voce
guardei pra mim
num baú de antiguidades
Toda manhã
quando fazia o café
voce sorria, achando que eu adorava
o café perfumado. Eu gostava de chá.
Os olhares parasitas, aos homens,
de corpo inteiro. Não eram pra mim.
Eu até acreditava nos seus anjos.
Com cuidado ajeitava o lençol suado da cama.
Minha pele arrepiava, lembrando o calor da noite,
sonhando eu perguntava: Isso é paixão?
Parecia mais, será amor?
Minha consciência se abre, se despe, me explica:
Germina o que se planta na cabeça. É amor!
Sempre quando se coloca-se em segundo
sabendo-se ser o primeiro.
guardei pra mim
num baú de antiguidades
Toda manhã
quando fazia o café
voce sorria, achando que eu adorava
o café perfumado. Eu gostava de chá.
Os olhares parasitas, aos homens,
de corpo inteiro. Não eram pra mim.
Eu até acreditava nos seus anjos.
Com cuidado ajeitava o lençol suado da cama.
Minha pele arrepiava, lembrando o calor da noite,
sonhando eu perguntava: Isso é paixão?
Parecia mais, será amor?
Minha consciência se abre, se despe, me explica:
Germina o que se planta na cabeça. É amor!
Sempre quando se coloca-se em segundo
sabendo-se ser o primeiro.
AS AÇÕES ALERTAM
Diante de tantas palavras
que pulam como pipocas
construímos frases na cabeça
que andam como filas de formigas
Junto com colibris coloridos
que beijam flores,
adoçam os lábios bicos,
fazendo crescer poemas
O ato é o movimento
da vida diária
cheia de conceitos prenhos
de uma estória em pedaços
Sinceridade?
Soltar a voz,
essas palavras latrinas,
explicando vontades e crueldades
que abrem feridas nas costas?
Os atos são um aviso
firmes como geléia
é o instinto animal
sem justificativa na poesia.
que pulam como pipocas
construímos frases na cabeça
que andam como filas de formigas
Junto com colibris coloridos
que beijam flores,
adoçam os lábios bicos,
fazendo crescer poemas
O ato é o movimento
da vida diária
cheia de conceitos prenhos
de uma estória em pedaços
Sinceridade?
Soltar a voz,
essas palavras latrinas,
explicando vontades e crueldades
que abrem feridas nas costas?
Os atos são um aviso
firmes como geléia
é o instinto animal
sem justificativa na poesia.
sexta-feira, 2 de março de 2012
ESPAÇO
Escuridão - e espaço
que, livre,
está em qualquer lugar
e abriga
guardando
o universo
de possibilidades infinitas
enquanto você se esconde.
que, livre,
está em qualquer lugar
e abriga
guardando
o universo
de possibilidades infinitas
enquanto você se esconde.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
SURTO DIONÍZICO
Estava pensativo diante de um copo de vinho velho,
quando me trouxe a realidade o coachar de um sapo,
Eu vi! Vi? Acho que vi.
Ele dar um grande gole num copo de cerveja,
mas..., pensando bem, talvez fosse um príncipe.
quando me trouxe a realidade o coachar de um sapo,
Eu vi! Vi? Acho que vi.
Ele dar um grande gole num copo de cerveja,
mas..., pensando bem, talvez fosse um príncipe.
DANÇA
Passamos os braços pelos ombros
ajustamos nossos quadris aos meus
alojamos os joelhos entre nossas pernas
Seu pé direito meu esquerdo, dois passos,
pra lá, pra cá, pra cima, em baixo, entre,
o olhar´passava para além, por fora,
dos nossos rostos sorridentes,
as mão rodopiavam os corpos.
Tocava Louis Amstrong ao fundo.
ajustamos nossos quadris aos meus
alojamos os joelhos entre nossas pernas
Seu pé direito meu esquerdo, dois passos,
pra lá, pra cá, pra cima, em baixo, entre,
o olhar´passava para além, por fora,
dos nossos rostos sorridentes,
as mão rodopiavam os corpos.
Tocava Louis Amstrong ao fundo.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
PRISIONEIRO
Amarras - correntes
no quarto escuro
onde o criado-mudo
anuncia o tempo,
o tempo é o espelho
que são afluentes na pele
Amarras - correntes
boiando na superfície,
dos rios e margens -
correntes.
no quarto escuro
onde o criado-mudo
anuncia o tempo,
o tempo é o espelho
que são afluentes na pele
Amarras - correntes
boiando na superfície,
dos rios e margens -
correntes.
TENHO URGÊNCIA DE VIVER
Tenho urgência de viver
Fui criança, fomos adolescentes,
sou... acho que sou...são.
Em todo mundo de loucos
há tantos doidos com tantas certezas
eu com tantas dúvidas
To be or not to be
Não sei quem sou,
tupiniquim?
Vale a pena ser o que penso de mim?
Penso tantas coisa, outros tantos,
pensam o mesmo, pode haver tantos?
Já sou visto por quem não sou
quando arrancar minha máscara da cara,
só verei velhas rugas.
Fui criança, fomos adolescentes,
sou... acho que sou...são.
Em todo mundo de loucos
há tantos doidos com tantas certezas
eu com tantas dúvidas
To be or not to be
Não sei quem sou,
tupiniquim?
Vale a pena ser o que penso de mim?
Penso tantas coisa, outros tantos,
pensam o mesmo, pode haver tantos?
Já sou visto por quem não sou
quando arrancar minha máscara da cara,
só verei velhas rugas.
ADEUS AMIGO...
Perdi um companheiro
entre coisas que seduzem,
o mundo, caos moralista, in-di-gente,
vou lembrá-lo, asseguro.
O afastamento é definitivo, talvez...talvez...
nos vemos no futuro.
Foi-se amigo, sem calor, sem falas,
Não hei de me perturbar com a descoberta
da causa - da vagina - a fera
Vamos morrer nessa vida - do fato
Assim como vivemos a passagem - do exato.
entre coisas que seduzem,
o mundo, caos moralista, in-di-gente,
vou lembrá-lo, asseguro.
O afastamento é definitivo, talvez...talvez...
nos vemos no futuro.
Foi-se amigo, sem calor, sem falas,
Não hei de me perturbar com a descoberta
da causa - da vagina - a fera
Vamos morrer nessa vida - do fato
Assim como vivemos a passagem - do exato.
INÍCIO
Saibam, com sinceridade,
aprendi a amar no cárcere,
me apaixonei através da grade da cela
a imensidão do céu e o mundo,
mas, poesia mesmo,
foi quando um raio de sol amarelado,
desenhou quadrados na parede
formas pra todo preso,
foi quando odiei o bonito
e resolvi fazer cabeças.
aprendi a amar no cárcere,
me apaixonei através da grade da cela
a imensidão do céu e o mundo,
mas, poesia mesmo,
foi quando um raio de sol amarelado,
desenhou quadrados na parede
formas pra todo preso,
foi quando odiei o bonito
e resolvi fazer cabeças.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
ANSIEDADE
Acalme sua ansiedade
não é tempo, não é hora
está tudo muito confuso
o sonho não se faz agora.
Sossega sossega
logo a gente se deita
amassar lençol, socar colchões
deixa a vida prazeirosa.
não é tempo, não é hora
está tudo muito confuso
o sonho não se faz agora.
Sossega sossega
logo a gente se deita
amassar lençol, socar colchões
deixa a vida prazeirosa.
LÁPIDE
Adeus revolucionário
fomentador de conflitos.
Viver
na intensidade da luta
levou-o à morte
Se é bom combatente
lute com Deus e o Diabo
Isso sim eu faria se pudesse
Transformar minha covardia
em coragem, o confronto com minhas preces.
fomentador de conflitos.
Viver
na intensidade da luta
levou-o à morte
Se é bom combatente
lute com Deus e o Diabo
Isso sim eu faria se pudesse
Transformar minha covardia
em coragem, o confronto com minhas preces.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
CHUVA
Chovia no céu- cinza,
do novo dia que despontava
não lágrimas : - : chovia
Molhava o quadro
umedecia a muda cotovia
pra silenciar a despedida
Movimento repetido
do que seria o amor do amanhã
sem as lágrimas: - : porque chovia.
do novo dia que despontava
não lágrimas : - : chovia
Molhava o quadro
umedecia a muda cotovia
pra silenciar a despedida
Movimento repetido
do que seria o amor do amanhã
sem as lágrimas: - : porque chovia.
PODRES PODERES
Podres poderes, patrões,
pobre sujeito coisificado,
juventude sem identidade.
Podres sementes
que florescem
somente se apodrescem.
Podre mundo dialético
que mesmo enrugado
estica a vida num d`javu
Sistema vivente
que precisa matar
pra viver.
pobre sujeito coisificado,
juventude sem identidade.
Podres sementes
que florescem
somente se apodrescem.
Podre mundo dialético
que mesmo enrugado
estica a vida num d`javu
Sistema vivente
que precisa matar
pra viver.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
PIPA QUE PARTIU
No chão batido, a favela ao fundo;
crianças constroem pipas
e gritam:
O vento!...
Desembestada a pipa voou,
planou,
partiu,
As crianças surpresas xingam:
Puta que pariu!
crianças constroem pipas
e gritam:
O vento!...
Desembestada a pipa voou,
planou,
partiu,
As crianças surpresas xingam:
Puta que pariu!
FILHOS DA MÃE
A flexa de Marx
atravessou cabeças
A faca de Lênin
rasgou ilusões
A bomba de Brecht
explodiu o naturalismo
A flexa só não atravessou
A faca só não rasgou
A bomba só não explodiu
o rabo dos calhordas
que defendem a miséria.
atravessou cabeças
A faca de Lênin
rasgou ilusões
A bomba de Brecht
explodiu o naturalismo
A flexa só não atravessou
A faca só não rasgou
A bomba só não explodiu
o rabo dos calhordas
que defendem a miséria.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
O QUE FOR SERÁ
Se eu soubesse antes
que hoje sempre morre
que o amanhã também,
morreria tranquilo,
porque você seria
depois de amanhã.
Vem no seu tempo,
Onça pintada
de olhar agateado
Porque, quando for,
será o que é.
(Para a amiga Carol Martins)
que hoje sempre morre
que o amanhã também,
morreria tranquilo,
porque você seria
depois de amanhã.
Vem no seu tempo,
Onça pintada
de olhar agateado
Porque, quando for,
será o que é.
(Para a amiga Carol Martins)
sábado, 11 de fevereiro de 2012
PEDAÇO DA TARDE
"Vem a mágoa
nos dentes do lobo
e o pôr do sol
Suas visceras
sendo mastigadas
pedaço a pedaço. Tarde."
nos dentes do lobo
e o pôr do sol
Suas visceras
sendo mastigadas
pedaço a pedaço. Tarde."
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
DRAMATURGIA POÉTICA
Eu - Fique no chão ou voe
pra bem longe ou fique,
exploda ou silencie,
mesmo calada nos falamos.
Ela - Essa relação me pesa
como pesam os sonhos
sob os lençóis
Eu - Se me olhasse nos olhos
minha menina mostraria
seu reflexo dentro deles.
Ela - Ouve meu silêncio
como um murmúrio
de possibilidades
Eu - Somos marés morrendo
e quebrando nas praias
Ela - Vivo o medo, de não encontrar
o que procuro, sem querer tomar posse
Eu - Nunca soube onde começa a menina
e onde termina a mulher.
Ela - Confesso: Me escondo no meu íntimo
sem sentir o lá-fora-dos-outros.
pra bem longe ou fique,
exploda ou silencie,
mesmo calada nos falamos.
Ela - Essa relação me pesa
como pesam os sonhos
sob os lençóis
Eu - Se me olhasse nos olhos
minha menina mostraria
seu reflexo dentro deles.
Ela - Ouve meu silêncio
como um murmúrio
de possibilidades
Eu - Somos marés morrendo
e quebrando nas praias
Ela - Vivo o medo, de não encontrar
o que procuro, sem querer tomar posse
Eu - Nunca soube onde começa a menina
e onde termina a mulher.
Ela - Confesso: Me escondo no meu íntimo
sem sentir o lá-fora-dos-outros.
MULHER?
Sem considerar a forma e o conteúdo
como distinguir as mulheres?
São só diferentes nos nomes...
São tão parecidas como um buquê de rosas.
como distinguir as mulheres?
São só diferentes nos nomes...
São tão parecidas como um buquê de rosas.
O ABRAÇO DO POLVO
Polvo que mora no oceano
no fundo do mar do mundo
abraça, abraça e sufoca
a garganta
o pulmão
o pensamento
o estômago
as entranhas
abraça, abraça e sufoca
Polvo que mora no oceano
no fundo do mar do mundo
abraça o trabalhador
abraça os seus desejos
abraça os abraços, braços,
abraça as mãos sobre a natureza,
abraça a cabeça,
abraça e reabraça
abraçando e dançando,
dança pra lá e dança pra cá
ao som da balada.
no fundo do mar do mundo
abraça, abraça e sufoca
a garganta
o pulmão
o pensamento
o estômago
as entranhas
abraça, abraça e sufoca
Polvo que mora no oceano
no fundo do mar do mundo
abraça o trabalhador
abraça os seus desejos
abraça os abraços, braços,
abraça as mãos sobre a natureza,
abraça a cabeça,
abraça e reabraça
abraçando e dançando,
dança pra lá e dança pra cá
ao som da balada.
COMBATE A FICÇÃO
O amanhã virá de novo
com o abraço das coisas,
do amor, do trabalho, da exploração
e da luta, justa?
Uma fábrica que produz
cruelmente o futuro
Mudanças?
Só mudando a forma e o conteúdo
que já não nos cabe mais.
O amanhã poderá ser coletivo
um só corpo
sem céus, só oceano,
mar vermelho, transformado
pelo combate incessante, diário,
contra a ficção dos dias.
com o abraço das coisas,
do amor, do trabalho, da exploração
e da luta, justa?
Uma fábrica que produz
cruelmente o futuro
Mudanças?
Só mudando a forma e o conteúdo
que já não nos cabe mais.
O amanhã poderá ser coletivo
um só corpo
sem céus, só oceano,
mar vermelho, transformado
pelo combate incessante, diário,
contra a ficção dos dias.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
SEREIANDO
Nos conhecemos hoje,
sou pra você
uma estrela?
Se o navegante navegar
o caminho errado de marear
a me seguir
vai naufragar no mar
se chocará nas rochas sob o mar.
Se você me navegar
a procurar: você
vai naufragar no mar
e as rochas dançarão
por nós em frenesi,
você nos encontrou.
sou pra você
uma estrela?
Se o navegante navegar
o caminho errado de marear
a me seguir
vai naufragar no mar
se chocará nas rochas sob o mar.
Se você me navegar
a procurar: você
vai naufragar no mar
e as rochas dançarão
por nós em frenesi,
você nos encontrou.
NÃO VOLTE NUNCA
Se eu lhe dirigir meu sorriso
quando a encontrar
não volte, não volte nunca
Virei a página dos melhores dias
meus olhos olham outras vidas
se perdem no horizonte
pra enxergar outras estórias
esquece os abraços, animais,
esquece meu céu da boca
onde não se molhou da verdade
Se tivesse eu percebido
a singela inutilidade dessa relação
tudo teria sido amizade
e nós teríamos sido felizes.
Se eu lhe dirigir meu sorriso
quando a encontrar
não volte, não volte nunca.
quando a encontrar
não volte, não volte nunca
Virei a página dos melhores dias
meus olhos olham outras vidas
se perdem no horizonte
pra enxergar outras estórias
esquece os abraços, animais,
esquece meu céu da boca
onde não se molhou da verdade
Se tivesse eu percebido
a singela inutilidade dessa relação
tudo teria sido amizade
e nós teríamos sido felizes.
Se eu lhe dirigir meu sorriso
quando a encontrar
não volte, não volte nunca.
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