sábado, 4 de agosto de 2018

ENTARDECER

Minha vida, meu mar,
me leva, me afoga.
Nado, nado e nada,
amanheço com o galo,
queimo em sol ardente,
descanso com a lua,
minha paciência,
sempre entardecendo.

MINHA NATUREZA

Não vivo plenamente,
não aprendo com a natureza
professora do B a Bá,
a envergar como as árvores,
por isso quebro.

DESTINO?

Deus nada pode fazer por mim,
não tira as pedras dos meus caminhos,
por isso pulo amarelinha,
com minha efêmera porção homem,
cheia de escolhas, boas e ruins,
obstáculos com quais vivo,
minha vida severina.

terça-feira, 17 de julho de 2018

ARCO IRIS


Um dia seremos todas as raças,
Morenos como são as tardes,
Noturno, como é o futuro.

Eu tenho uma outra íris
Tenho outro olhar para o mundo
Tudo muito alegre e colorido.

Nem todo dia é quarta-feira
Nem todo dia é cinza
Basta chegar a noite.

Todo dia dou cores
Ao seu corpo e ausência,
100% humana é a vida.

PASSAGEIRA


Achei um amor
Dobrei com as pontas dos dedos,
Coloquei na palma da mão.

Fiquei olhando para ele
Como quem olha para
O horizonte,

Num pôr de sol
Em mar bravio,
Desconfiado do amanhã

Como a vida sonha,
Comovida, sendo
Paisagem passageira.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

FREI CANECA

De novo a Frei Caneca
de gole em gole
diante de meus olhos,
cheia de cidade, e ,
anjos de bocas pintadas,
unhas vermelhas,
Frei caneca, que bebe,
come, engole, chupa cospe,
a vida, como uma honesta gueixa,
que no escuro morre.

VÍRUS

Queria rimar
lost paradise
com jukebox
junky nights
mas tenho medo
de contaminar o verso.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

O LUGAR QUE EU QUERO PRA MIM...


Preciso de uma casinha lá em Marambaia,
sozinha no alto do morro, olhando o mar.
Preciso também de uma pessoa,
sei..sei...sei..., isso me diz
que muito mais vou precisar.

TRANSFORMAÇÃO


Espanta o ceticismo,
e a descrença no futuro.
Para que no futuro,
seja suficiente a comida à mesa
e a tv na sala de estar.

Alienado de baboseiras,
entorpecido de novidades,
cachorro atrás da coleira,
vai vivendo um tempo enrugado.


Não diga que já sabia,
se tudo lhe foi ensinado!
Abre os olhos e vê!
Se puder enxergar,
cerre os punhos,
e deixa o molotov aceso.

Não acredite no que falam:
Sempre foi assim, sempre será, amém.
Nenhuma mudança se faz sem sofrimento,
encara-o, seguro em silêncio,
ele é efêmero como a liberdade.

Não espere cair nada do céu,
dali só vem chuva, Dali é Dali,
Pintando um coração que não ama,
que bomba sangue e vida.
Anda consigo mesmo,
você é teu melhor companheiro.
Limpa bem tua casa, Dali olha,
namora tua mulata,
Derruba todos teus muros,
E também a imagem da virgem Maria.
Sua mente ainda está entorpecida,
banhando-se na piscina, por enquanto.
Rasga teus planos de burguês. Sê astuto
E se agarra nas maravilhas da luta,
À muito estão sendo germinadas,
Nessa nova etapa,
Espanta o ceticismo
E a descrença no futuro

terça-feira, 3 de julho de 2018

A REVOLUÇÃO DOS MORTOS VIVOS


Mortos vivos,
sufocados em necessidades,
enrugados pelo tempo.
Cinzas que infectam,
sorrisos e lágrimas em um trovão de brados,
depois do medo,
enquanto as hienas fogem
para Pasárgada.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

CONVERSA ÍNTIMA

Palavras, precisas?
Outras, novas,
nunca ditas,
antes ou nunca
antes ditas?
Palavras, precisas?
Germinam na fala,
batucam a boca,
dançam nas línguas.
Palavras, precisas?
Elas nunca adormecem.

BARATA MORTA

Na porta da minha casa,
havia uma barata morta,
não um gato, um cachorrinho, um passarinho,
pelos quais costumamos chorar.

Era uma barata morta,
sem hipocrisia, real,
morta, fria, jogada,
morte matada,
defronte a porta da minha casa.

ENTRE DEDOS

Sobre a grama da noite
estico os braços, abro as mãos,
por entre os dedos
vejo a imensidão do céu;
um quadro de constelações
nas encostas da lua,
que me sorri e excita.

As luzes me confundem
por entre os dedos, escorrem
na minha imaginação infantil,
cavalos, leões, touros, pássaros,
se escondem atrás da luz,
ficam as sombras,
na luz dos vagalumes.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

SEVERINAS

Não é bela,
nem é feia,
a morte nem tem gosto
de amargo ou doce,
Já à vida se lambuza,
mas mesmo a morte,
lhe arranca a vida.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

MINHA CAVERNA

Me olhei me vi morto,
na escuridão da caverna
onde o tempo não dança,
sem ritmo ou instantes,
gestando um ser a ser
em movimento para nascer,
quase nada,
esvaziado de feitos não feitos.
Amarras ou liberdade?
Caos na escuridão,
Para onde ir? Por quem vou?
Perdi a memória.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

MAR DE COISAS

Tudo a minha volta, cores, sons e formas da natureza e da vida, são fenômenos poéticos; e sua essência está naquilo que se esconde nessas aparências, o encanto e o fascínio está nesse movimento de tudo, isso impressiona, irrita e ao menor toque explode em rimas dolorosas, porque tenho mais prazer, amo com mais violência, odeio com mais paixão que outros.
Duvido que aja alguém que possa enxugar o oceano para ficar mais próximo do horizonte. Somente o meu eu poeta.

PULGAS E CARRAPATOS

Os políticos só pioraram,
hienas que devoram misérias,
pulgas e carrapatos se multiplicam
disputando todos os espaços,
a miséria vai secando,
nas cinzas que respiramos.

JANELAS

Meus olhos são janelas
abertas para o mundo,
na minha mente penetram,
o movimento, ativo olhar
dentro da paisagem no cérebro,
imagens intensas, ligeiras, filtradas,
processadas, esteiras,
morro só de pensar
que um dia deixarei de enxergar.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

GOTAS DE OCEANO

Gotas de oceano,
o mundo segue seu plano,
nada a fazer, significa fazer algo,
de puro ou mundano.

Nesse seu vai vem ,
tudo pode mudar, tudo pode ser melhorado,
pelas marés da utopia,
pelas marés da lógica.

Nova gente, gera-ação
novos planos repassados,
que as hienas engordarão,
com risos insaciáveis,

Sabemos que o que começa
já anuncia seu fim,
aquilo que agora termina agora recomeça,
nas ondas do "sempre foi assim",
nas ondas do "sempre será" com
a convicção do amém.

cada qual com suas vergonhas,
vou aqui ficando com as minhas
não vou mais falar de mar,
não vou mais falar de mulheres,

De que me serve a razão
se só a desrazão engorda?
De que me serve amor e Deus,
que só olham o tempo passar?

As crianças ainda nascem,
porque o amor palpita,
os poetas ainda respiram,
outros tipos de poesia,

Gotas de oceano,
que venham as tempestades,
pois onde agora estamos,
jamais estaremos novamente.

REFLEXO

Sinto que nada é tão útil,
como brincar e ajoelhar no milho,
nada inocente, nada tão mau,
mal do ridículo de soprar no espelho,
que nem olha para você,
nem o sopro passa por aqui,
reflexo distraído que engana,
as brincadeiras refletidas de verdade.

PAISAGEM

No topo do prédio mais alto,
olhava o descampado da cidade,
cheio de desprezo,
elevado um homem pior,
com a cabeça nas alturas
nada debaixo dos pés,
a não ser aquele espectro imundo
de misérias ligadas ao mundo,
a leitura dessas verdades
 me leva a ignorar as estrelas, e,
pisar nesse chão.

DESCOBERTA

Nada mais se cria,
tudo se repete
num extenso movimento sinoidal,
de erros e acertos
na vaidade das especulações.

Sentados ao pôr do sol,
bebendo água na fonte,
entreventos e folhas caídas,
pertubando a ignorância
vamos conhecendo a nós mesmos.


SOBRENATURAL

Entre as contradições,
a natureza se esvai
pouco a pouco,

desnaturalizada como ovo
frito, cozido,
choco,

triste ditadura
da fome, dentadura
em puro mecanismo.

SOPRO DA MORTE

Matei o tempo,
matei distâncias,
matei amores,
matei infância,
matei o homem,
morri velho,
minhas cinzas respiro.

A CAMINHO DO FIM

Minha humanidade cheia de certas errâncias,
viveu numa caverna, severa e severina,
esperando a morte porvir, morte lenta,
precisava de espaço e foi viajar além mundo.

MORTE ANUNCIADA

Meu olhar se perdia
naquele oceano imenso,
que acompanhava minha imagem
frágil e transitória,
findando numa estranha maré
que contava a minha estória,
numa ressaca cultural de vida,
vai e vem, início e fim,
num precioso segundo trincou-se o espelho,
morri.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

REPETIÇÃO

O novo não tem novidades,
os galos já não cantam às 05:00 hs,
agora eu tenho Iphone,

As galinhas ainda botam ovo,
ainda do mesmo jeito,
sentadas sob o poleiro,

A confusão jaz costumeira,
Deus e o diabo vivem na terra do sol,
em paz e guerra carnaval,

A caneta gritando:
Poesia...! Poesia...! Poesia...!

QUESTÃO MORAL

Uma lesma se arrasta,
nua, gozada, úmida,
entre as pernas de uma mesa,
lambendo nosso chão.
Já não basta cupins,
comendo o armário?

TIETÊ

Enterrei na marginal,
as margens, um braço do tietê,

Ser rio poluído é preciso prática,
começa com uma cusparada,

Comer pneus e sofás,
e outras coisas jogadas fora,

A vida fecunda, bundas,
moscas de bananas madurando mortas,

Nessa paisagem passeia o poeta afogado,
entre sapos coaxando, cada qual na sua cova,

Entremorto uma coroa de borboletas,
uma poesia sem calcinhas,

O cheiro desse poema,
banha nessas águas turvas.

PALAVRAS

Calar para que?
Para que calar?
Palavras querem fugir,
querem falar caladas,

palavras escravizadas,
são queixosas,
falam com força,
poéticas teimosas,

Palavras desejam,
recitam, ouçam e vejam,
aos pulos, sussurros,
desembocando num oásis.

RALO

Nenhum grito aqui ecoa,
entre confetes, cervejas e tiros,

amplo vácuo nesse silêncio fresco,
como uma falta, de tudo e nada,

som quieto, uniforme salta,
como ondulações em águas calmas,

Como tudo que vai, corre, esvai.

segunda-feira, 5 de março de 2018

VIDA E MORTE LUMPEN

A vida passa tão rápido...
passa...passa...passa...
Chega uma velhice tão jovem,
institucionalizada falece. Tudo efêmero,
nada real, tudo tão ficção.

Passeio entre Quixotes,
Ghandis e Marxs,
namorando Fridas Calos.
Calei-me. Minha lápide: Ninguém.

GESTOS

Tudo que começa termina,
como filhos de Deus e Diabo,
marionetes que olham e não vêem,
ovários e teias.

Armas que te pertencem,
mas cansam teu lombo,
Como usá-las em luta?

Ao nascer o gesto que se faça o gesto.

QUEM TEM OLHO GRANDE NÃO ENTRA NA CHINA

O Brasil morre, colocado de joelhos,
do Oiapoque ao Chui, olhando,
entre sorrisos falsos, cínicos,
chapéu de memorias, sonhando,

O lábio de cima, mostra os caninos,
o inferior, cortante como serras,
os superiores são ousados,
com punhos cerrados que apoiam o queixo,

Os olhos, inquietos, definitivos,
Um Brasil de futuro americano,

O olhar de quem olha é chinês.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

DIA DE SER CRIANÇA

A água chorava no telhado
a lua cerrava os olhos,
ainda nem são 07:00hs

quarto, sala, cozinha,
casa de magras coisas
onde passeiam lagartixas.

Da janela eu via o quadro,
com meus olhos de passarinho,
impaciente no ninho.

É manhã! Eu chateado?
Ninguém mexera comigo!
Devo me chatear? Eu não consigo.

Sem choro o sol parece um bicho preguiça,
descansando entre as nuvens.
Bora rimar!

De onde vem a coragem?
A coragem é que me alegra,
como criança a sujar papel em branco.

PERDA TOTAL

Eles queriam criar um roseiral vermelho,
sob estrelas brancas, azuis, verdes e amarelas,
Com foice e martelo fizeram cercas,
pintaram de verde, mas não vingaram.
Talvez pelos tucanos que vigiavam.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

COISAS QUE O POVO FALA

A sentença saiu. O Ex presidente Luis Inácio LULA da Silva, monta uma nova estratégia. Vamos começar, conscientizar as bases e fortalecer o partido. Quis começar neste ano, mas não há condições políticas para isso.
- Que Marx me perdoe!
A burguesia se aproximou, chegou bem pertinho, cochichou em seu ouvido e começou a comer suaus idéias, pedacinho por pedacinho...

MILITÂNCIA POÉTICA

Cai na real que nada é eterno,
fica com o germe do velho, que infecta,
um mundo em movimento,
não reto, não sinoidal, espiral,
que não finda, gesta,
eterna negação da negação,
são memórias solitárias,
sobre tudo, sobre nada,
em tempos de luta.

CRÔNICA DE UM MOLUSCO

Quando os trabalhadores deram à rua, as nuvens entraram em debate, o céu começou a chorar e a cidade ficou cinza. Nos sonhos do passado, submerso as esperanças construídas com luta. Tudo institucinalizou-se; então os velhos combatentes se cobriram com o lençol da sedução, onde os burgueses e políticos havim construído a codificação da vida cotidiana.

Nesta manhã veio a sentença, que aguardava velhos e novos trabalhadores, militantes e o povo. Como pode uma lula viva, viver fora d' agua fria? Là longe o surdo marcava o tempo e o repique anunciou:
- Tudo deixou de ser notícia e o carnaval chegou!

FILANTRÓPICO

Não ganho pão
com as palavras,
elas não sabem
o que são livros,
O que ganho com elas?
Só revelo nas páginas em branco,
ao sabor dos meus erros.

CRÔNICA DA RUGA

Rugas na rua,
no meio, entre,
a rua, becos, vielas,
grita!
Asfalto e brita,
cidade do avesso,
onde dorme,
onde morre,
o sol, a chuva e a noite.

ESPERANDO CRISTINA

De novo?
Desta vez,
vou te esperar deitado, pois,
de pé cansa.

PALAVRAS

Preso em pensamentos,
abrigado pela caverna errada,
onde vivem palavras escravas,
se obstina o silêncio,

Essa solidão patética,
com medo de afrontar,
negrume que turva os olhos,
míope para não enxergar,

Vozes para arranha - céus,
falas cortam o ar,
pingando água de côco,
limão, abacaxi, poesia - algodão,

garoada a palavra emerge,
do xicote que fere o cavalo,
relincha a memória antiga,
Desperta! Essa loucura imensa,

No ceu da boca, a palavra
é um pássaro azul,
cantando com duas asas,
frevando as pernas aos gritos,

As palavras da caverna errada,
colocam as vozes para fora,
exasperadas, zombeteiras, matreiras,
tagarelas já não recuam.

Quem sou eu?
Porque poderia interessar a alguém?
Sou um miserável poeta,
que come palito de dente,
que brinca de faz- de - contas,
as palavras - eu alguém
Não! Zé ninguém.

O BOM FILHO

Filho de uma bandeira
o homem tinha sido esculpido,
lá na infância, Zé ninguém,
numa terra obscura

Se embebedava de orvalhos,
onde girassóis comiam vagalumes,
as notícias lhe acobertavam do frio,
na face só a memória das moscas,

Filho que fora folha,
sendo desfolhado pelo vento,
por que bebeu mulher numa jarra,
nunca mais parou de pingar poesia,

Dos bolsos da calça, camisa, casaco
se viam vários buracos por onde
se olhavam as igrejas,
com olhar de negro branco,

tempo que a morte rondava,
grilos, cigarras no tapa,
indigestos sapos boi,
todos iguais aos olhos da lua,

O filho foi aprendendo a vida,
um ninguém na terra do nunca,
onde ningém não dava a mínima,
sózinho fazia rimas.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

A MENINA DOS OLHOS AZUIS

Além dessas meninas azuis,
tem uma mulher singela,
dentro de uma menina bela,
que se chama Daniela,
mas se não houver lá alguém,
essa tal mulher Daniela
para além de suas meninas azuis,
quero minha utopia possível,
que haja uma mulher sincera,
na menina que você era,
guardada bem dentro delas.

PÉTALAS

Mal me quer... bem me quer...
jogadas ao vento,
 não tecem amores,

Mal me quer...bem me quer...
voando na paisagem
nem sabe quem são

Mal me quer...bem me quer...
suavemente pousam no chão,
há seus pés um romance.

ABORTAR

Quando o corpo, pote de gozo,
pari fruto com  caroço,
deixando tudo em alvoroço,
entre o colosso e o lodo,
não é possível lhe aparar as asas,
mas há como cortar-lhe o vôo,
para que o corpo daquele seu corpo
deite-se em nuvens azuis.

PEQUENO POETA

Não me acostumo a poemas longos,
sou poeta de paixões,
não faço poemas para casar,
boto a fila para andar,
porque atrás de mim vem rimas,
rimas são para dançar.

AS RUAS DA CIDADE

As ruas desta cidade
estão crescendo muito rápido,
filhas de corpo feito,
de varizes e estrias

Nas manhãs acordam adormecidas,
das noites dormidas cansadas,
homens, mulheres, não amam,
somente acasalam,

Tudo com preço e horário,
gente se escondendo da vida,
saem do anonimato
frente a uma Cidade Alerta,

A cidade tem muitas ruas,
ruas para todos os gostos,
uns a moda da casa, outros em dobradinha,
tem até crianças a milanesa para seu dia a dia,

Ó minha cidade!
As ruas agora são moças,
Genis de migrantes e imigrantes
que também defecam em você

Marginais margeiam lágrimas,
mais, matam aos poucos,
digerem misteriosos carros
com suas bocas de lobo no asfalto,

Cidade despojada, seus seios amamentam
suas hienas e pombos, por aqueles que acumulam,
viver se torna uma arte,
que caminha a morrer nas esquinas,

Não há saída! Somente,
ruas becos, marginais,
avenidas, viadutos e garoas,
Nós sonhando saídas.



segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

GRANDE AMIZADE BRANCA

O sol suava
o fazendeiro e o negro,
tapinhas nas costas,
a fazenda, as cercas brancas,

"- É...é...meu amigo,
se você não fosse negro,
eu te dava um sabonete!"

CRIANCICE

Nas memórias esqueci de outrora,
brincar, curioso, descobrir.

Agora sou grande, penso e faço,
bêbado vivo a realidade que sei.

Onde há crianças,
não se vêm bestas,

Qual o sentido de tudo?
Precisa ter?

Eu quero brincar de novo,
sonhar, pois, sem dor tudo é tão simples.

SIMPLESMENTE URBANO

O homem artesão,
constrói, destrói,
ri, canta, nem vê,
a bomba que cai.

AFOGAMENTO

Salivam as hienas,
sobre o corpo seco que trabalha,

Que se farta em mão de obra
assim avança a humanidade,

Desumanidade com o outro
que considera coisa,

Das 05:00hs da manhã as 22:00hs,
deserto em que de dia caminha,

Deserto em que na noite se deita,
sonha, na sede, no trabalho se afoga.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

COTOVELO

Ela me  morde
a maçã do rosto
e se vai,

Quando ela volta,
tomo muitas doses
de revolta,

Mordo o cotovelo,
no fundo do poço

Se ex-vou indo,
deixo com a garrafa
minha última rima.



UTOPIA

Que nossa utopia
nunca acabe

Precisamos sempre um novo
para chocar

O longe fica perto
perto fica longe

Utopias vem e vão
poesias sim e não

Haverá um dia
que tudo será danação.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

NATAL

Que neste Natal,
os doces te rasguem, com palavras,
cheias de chantily.
Tudo será oculto,
num espelho que não reflete,
pois só você verá por dentro
como os olhos dos cegos.

Neste Natal,
o que vai receber
não poderá pegar,
nem poderá ser devolvido,
que o peru, o pernil e o vinho,
não seja seu mas de todos.
Nesta postagem poética,
defecada pela memória,
emanam sobras dos afetos
sem endereço, tempo que passou,
passou sem que eu passasse.


sábado, 25 de novembro de 2017

MORTOS VIVOS

O homem está com sede,
o homem está com fome,
pombas, asfalto, gente,
na cidade que nunca dorme,

Não dorme zumbi,
zumbi que nunca dorme,
come terra, come mundo,
na cidade que se arregala,

para dormir a cidade,
devemos a ela um chamego,
um cafuné e muitos beijos,

selinhos, ventosas,
mais afoitos são os jovens,
as crianças em roda,
outras amarelinhas,

sonhos num chão duro,
cheio de horizontes,
vemos o fim todos os dias,

pés inchados de correria,
descansam tumularmente,
sem que se habite a cidade.

SONHANDO

A lua parecia ao alcance das mão,
brilhava muda, próxima aos meus dedos,
fiz cadeira para minhas pernas,
sorri,com o sopro do vento, esticando-me ,
cai, bati o coração no chão.

SOLIDÃO BRITÂNICA

Ela se arruma,
Atrasa como um relógio;
não adianta.
Droga!
A solidão sim e pontual.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SEGREDOS

Seios inocentes
bolinhas de gude sem pêlo.
Dá-me o que quero!
Universo sem-vergonha
que cabem na minha mão.
Fiel sempre, amarroto lençóis aleitado,
guardo todos os segredos,
faça o que quer!
Eu nada conto.

DIVAGANDO

Tenho dificuldades com acentos
assim como entender de métrica,
quem diria aritmética
não toco surdo nem tamborim
não distingo quiabo de monossilábico,
nada me incomoda é certo,
faço o que gosto sem rimas,
afinal poeta nada tem haver com profeta.
Acho!?

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

GRITO SILENCIOSO

Brado na passeata,
florida ou armada,
bandeira.

Não avança,
ora, verte sangue e miséria.

CIDADANIA

Cidadania é o ato
de votar e esquecer

Esse fato
é olhar um buraco

Que te olha, te leva,
sem luz e inerte.

APRENDIZ

Sou um insistente aprendiz
que tenta escrever,
juntando sílabas,
criando frases e rimas,
 nessa efêmera vida,
 de morte eterna.

CELA 410A

Sempre morei em casas cinzas,
nunca foram coloridas,
sempre com a aparência
de túmulos.

BURACOS

Atrás de um poste,
cheio de sacos de lixo
um rato se movia, olhos atentos,
com ele meu pensamento
correu para o esgoto.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

ARTESÃO

Pelo uso das mãos
nasce o mundo

faz-se o gesto
nasce o gesto

e o mundo
vai escorrendo

por entre os dedos
das utopias.

DESUMANO

Extingue-se a humanidade,
se não bastasse,
os micos leões dourados
e a presença do outro.

POESIA EM FLÔR

Em terra seca
com pedras sobre si,
versos e rimas
lutam por germinar,
esperando que a sensibilidade
permita a poesia aflorar.

SEM GRAÇA

Um cão urinando no poste,
moscas beijando um velho,
duas senhoras falando de alguém,
eu bebendo a mesma cerveja.
Hoje o dia acordou sem graça.

NÁUFRAGO

Garrafas ao mar,
assim são os poemas,
lê quem quer,
rimas de um cotidiano prosaico.
que não cabem numa gaiola,
não explicam, só se expressam.
A quem interessa a expressão,
se a explicação basta?
Eu acredito, o mentiroso também,
em rasgar qualquer silêncio.

PERDAS E DANOS

Já que perdi os amores que tinha,
gastarei meus míseros trocados,
tomando cerveja e debatendo com as estrelas.

MEU OLHAR

Não tenho um camaro amarelo,
vivo do meu mísero salário,
não tenho bens nem poder,
tenho sim, muita saúde,
um olhar apurado de quem olha,
para além daquilo que é visto.

MEU CONTRÁRIO

Quem puder não me esqueça
como aquele que admirava borboletas,
resmungava para tudo,
sempre inconformado,
com o amor, com amaré?
Com tudo que aparece de singelo,
entre Deus e o Diabo.

FALANDO DE SILÊNCIO

Para quem não sabe
sou um tagarela,
no meu silêncio
procuro dizer tudo.

HUMANO

D e amores e medos
vesti meu corpo,
entre seios fartos,
bocas suculentas,
coxas, nádegas e sorrisos,
na obrigação de existir,
mais do que a matéria,
resume-se em algo mais,
mais do que corpos suados,
sim o que de humano
existe no homem.

GUERREIROS

O Brasil explora conscientemente
a miséria e a fome, histórica
fome e miséria que engordam
políticos e presidentes,
queria eu estar infectado de:
Che Guevara e Betinho.

A SUA SOMBRA

Ainda farei ciesta a sua sombra,
sombra que me excita,
suave gemido, sem choro,
meu cansaço em você descansa,
o amor vence esse cansaço,
com um coração deserto.

BANANAS

Brasil! Meu país de bananas,
falando português tupiniquim,
incerto requebrado melancólico,
minha rede de descanso,
meu balanço, meu gingado,
num sono exausto repouso,
aproximo de mim, tendo a certeza
que a fome matará muitos,
antes que eu envelheça.

SÓZINHO

Estremeço, viro e me reviro,
não rangem as molas da cama,
range o corpo resmungando desejos,
gemidos, ecos de sussurros,
de corpos me acariciando.
É madrugada, peço socorro,
braços e abraços vão embora,
sigo em frente... lá longe...
meu quarto vazio...
volto a dormir novamente,
a manhã transformo em versos,
o calor, o pavor e o amor,
depois tomo um café, visto a roupa que engordou,
vou ao trabalho... depois...
voltarei aprendiz, com o fardo do destino.

MEIAS VERDADES

Sou um poeta mau humorado,
que a pessoas incomodo,
nas suas falsas paz singelas.
Não sou o homem que balança o rabo,
não sou bicho, nem acatarei os atos,
sou poeta homem do mato,
só podendo ser medido no sofrimento,
nunca serei um, visto pela metade,
nem serei inteiro de verdade.

VOLTAS QUE A GENTE DÁ

O Uber transita, a cidade
ainda me impressiona.
Os prédios e suas pichações,
arte caótica e arriscada. O vento me esquenta.
Na praça uma mulher defeca,
com a mesma calcinha de bolinhas da Minie,
um dia viveremos outro tempo,
se viver houver.

HORA DE DORMIR

A cidade vai matando de fome,
churrascos de costela,
salmão na brasa,
coração na mão;
o dia vai findando
com o ronco da barriga.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

VEM E VAI

Amores que se foram,
não podem nos deixar distraídos,
pois outros amores passarão...

Nada deve ser esquecido,
tendo sentido, ou,
não.

As experiências são tudo,
são nosso conteúdo,
até o pênis na mão,

Tudo é vem, é vão,
pois é tudo tão exato,
como nascer e morrer.

ABACATEIRO

Nunca quis ser mais,
bastou me ser inteiro,
simples assim, como um abacate,
inteiro a cada momento,
sendo sempre o que faço,
assim como essa fruta de mato,
suculenta por que vive,
abacateiro acataremos teu ato.

LÁPIDE

Só ficara na história,
o dia que nasci,
o dia que morri,
entre uma data e outra,
tudo me pertence,
tudo que vivi,
irão para sempre comigo.

TUDO PASSA

Caminhando pelas ruas,
entre rostos e vozes rosnantes,
vejo seu rosto na multidão,
quando passa...passa...

Olha-me como olha a todos,
o mais comum dos seres,
ganho sempre um sorriso,
que me enche de quereres,

Caminhando pelas ruas
entre rostos e vozes rosnantes,
penso vê-la na multidão,
que não passa... não passa...

segunda-feira, 26 de junho de 2017

OLHAR POÉTICO

O olho da poesia
viu uma senhora alimentando moscas,
comendo rosas e dando água as árvores,
como uma pequena menina,

Falava com as margaridas,
fazia sopa de pedras,
dançava com a tempestades,
cantava para os passarinhos,

Tenho que fazer silêncio,
para meus dedos descansarem.

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

Cristina usava óculos,
gostava de usar jeans e camisetas,
admirava o som dos violinos,
enquanto lagarta falava comigo,
um dia saiu do casulo,
toda colorida, bateu asas de alegria,
tropeçou, caiu, levantou,
nunca mais me olhou,
caiu no álbum das minhas recordações.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

ABISMO

As mãos nas tuas nádegas,
a língua no teu ouvido,
ecoando te amo pelo corpo,
beijos, abraços, em cima,
embaixo, entre, sempre,
sempre é muito tempo!
nesta efêmera poesia e no sêmen, então,
o silêncio se transforma num abismo profundo.

SE ESSA RUA FOSSE MINHA

Disse-me hoje uma rua:
Sou a Gal. Jardim nº 32 - Centro,
- Atenção! Aqui tem gente morando!
Coisas que uma rua diz, através dos muros,
coisas que só saem da gente por escrito,

Na calçada uma senhora, urinava,
com a mesma calcinha rosa,
com os desenhos infantis de sempre,

A banca de jornal descansando no muro,
grita: Golllll!, Inflação e sangue,
frente a aqueles que palitam os dentes
e os que cagam e mijam felizes,

Ela está cheia de cães,
ligados aos donos pela mesma coleira,
numa convivência apática que os fazem iguais,

Os escritos no muro, serão poemas?
Não sei.
O que sei?
O autor do muro, me era desconhecido.

VIDAS SEVERINAS

O mundo é pródigo de pessoas,

Todos os dias brilham e caminham no tempo,
entre a destruição e a paz passageira poética.

Da minha janela que dá para o berçário
vejo muitos, como abelhas construindo um favo,

na lembrança outros enxames me assombram,
assim como os guerreiros, que morreram de overdose,

cochilo, sonho, exaurido,
entorpecido de vidas, num melaço de paixões.

TÚMULOS

O pobre não demora a ir para o céu,
o rico que o financia
demora muito mais,
só quando quer fugir de si,
as portas se abrem.

terça-feira, 20 de junho de 2017

A CAVERNA


Aos olhos do homem encarcerado, de repente,
um fio de luz iluminou, desvendando os olhos,
velho e adormecido, pelos grilhões da alienação,
as amarras se removiam, a cada passo para a luz,
já não tinha pernas para andar o mundo,
 já não tinha braços para carregar fardos,
já não tinha língua, só grunidas palavras;
a luz à sua frente como uma porta aberta,
já não conhecia portas nem janelas.
A esfinge havia lhe tirado o pensamento,
com tristeza, olhou as amarras, a venda, os grilhões,
urrou como um animal deu meia volta,

Correu para a sua escuridão.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

PREDADOR

A cabeça navega,
nas águas que banham um gato,
que devorou um canto, hoje,
na gaiola só se ouve o silêncio,
de um canário.

PALAVRAS

Do descanso romântico,
para o parnasiano exercício,
nasceram palavras tão lindas,
que não expressam nada...
nadinha de nada.

FELICIDADE

As crianças olham para as listras das zebras,
pensando em um arco - iris colorido;
por isso são muito mais felizes.

ORAÇÃO

Oh, lumpem!
meus dias são de lutas,
tensão, contradições...
Nada tenho a ver com aposentadoria!
Porque você não se torna um mastro?
Serviria ao menos para agitar a bandeira...
ou orar num altar com pão e vinho,
signo de um herói morto.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

CHORINHO

Eu vivo clarinetando a vida
lacrimejando os dias.
fui acolhido por um bandolim,
um cavaco, piano e pandeiro,
ao som de um violão.
Bem baixinho me dizia: Te amo!
Um acordeon.