Que neste Natal,
os doces te rasguem, com palavras,
cheias de chantily.
Tudo será oculto,
num espelho que não reflete,
pois só você verá por dentro
como os olhos dos cegos.
Neste Natal,
o que vai receber
não poderá pegar,
nem poderá ser devolvido,
que o peru, o pernil e o vinho,
não seja seu mas de todos.
Nesta postagem poética,
defecada pela memória,
emanam sobras dos afetos
sem endereço, tempo que passou,
passou sem que eu passasse.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
sábado, 25 de novembro de 2017
MORTOS VIVOS
O homem está com sede,
o homem está com fome,
pombas, asfalto, gente,
na cidade que nunca dorme,
Não dorme zumbi,
zumbi que nunca dorme,
come terra, come mundo,
na cidade que se arregala,
para dormir a cidade,
devemos a ela um chamego,
um cafuné e muitos beijos,
selinhos, ventosas,
mais afoitos são os jovens,
as crianças em roda,
outras amarelinhas,
sonhos num chão duro,
cheio de horizontes,
vemos o fim todos os dias,
pés inchados de correria,
descansam tumularmente,
sem que se habite a cidade.
o homem está com fome,
pombas, asfalto, gente,
na cidade que nunca dorme,
Não dorme zumbi,
zumbi que nunca dorme,
come terra, come mundo,
na cidade que se arregala,
para dormir a cidade,
devemos a ela um chamego,
um cafuné e muitos beijos,
selinhos, ventosas,
mais afoitos são os jovens,
as crianças em roda,
outras amarelinhas,
sonhos num chão duro,
cheio de horizontes,
vemos o fim todos os dias,
pés inchados de correria,
descansam tumularmente,
sem que se habite a cidade.
SONHANDO
A lua parecia ao alcance das mão,
brilhava muda, próxima aos meus dedos,
fiz cadeira para minhas pernas,
sorri,com o sopro do vento, esticando-me ,
cai, bati o coração no chão.
brilhava muda, próxima aos meus dedos,
fiz cadeira para minhas pernas,
sorri,com o sopro do vento, esticando-me ,
cai, bati o coração no chão.
SOLIDÃO BRITÂNICA
Ela se arruma,
Atrasa como um relógio;
não adianta.
Droga!
A solidão sim e pontual.
Atrasa como um relógio;
não adianta.
Droga!
A solidão sim e pontual.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
SEGREDOS
Seios inocentes
bolinhas de gude sem pêlo.
Dá-me o que quero!
Universo sem-vergonha
que cabem na minha mão.
Fiel sempre, amarroto lençóis aleitado,
guardo todos os segredos,
faça o que quer!
Eu nada conto.
bolinhas de gude sem pêlo.
Dá-me o que quero!
Universo sem-vergonha
que cabem na minha mão.
Fiel sempre, amarroto lençóis aleitado,
guardo todos os segredos,
faça o que quer!
Eu nada conto.
DIVAGANDO
Tenho dificuldades com acentos
assim como entender de métrica,
quem diria aritmética
não toco surdo nem tamborim
não distingo quiabo de monossilábico,
nada me incomoda é certo,
faço o que gosto sem rimas,
afinal poeta nada tem haver com profeta.
Acho!?
assim como entender de métrica,
quem diria aritmética
não toco surdo nem tamborim
não distingo quiabo de monossilábico,
nada me incomoda é certo,
faço o que gosto sem rimas,
afinal poeta nada tem haver com profeta.
Acho!?
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
GRITO SILENCIOSO
Brado na passeata,
florida ou armada,
bandeira.
Não avança,
ora, verte sangue e miséria.
florida ou armada,
bandeira.
Não avança,
ora, verte sangue e miséria.
CIDADANIA
Cidadania é o ato
de votar e esquecer
Esse fato
é olhar um buraco
Que te olha, te leva,
sem luz e inerte.
de votar e esquecer
Esse fato
é olhar um buraco
Que te olha, te leva,
sem luz e inerte.
APRENDIZ
Sou um insistente aprendiz
que tenta escrever,
juntando sílabas,
criando frases e rimas,
nessa efêmera vida,
de morte eterna.
que tenta escrever,
juntando sílabas,
criando frases e rimas,
nessa efêmera vida,
de morte eterna.
BURACOS
Atrás de um poste,
cheio de sacos de lixo
um rato se movia, olhos atentos,
com ele meu pensamento
correu para o esgoto.
cheio de sacos de lixo
um rato se movia, olhos atentos,
com ele meu pensamento
correu para o esgoto.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
ARTESÃO
Pelo uso das mãos
nasce o mundo
faz-se o gesto
nasce o gesto
e o mundo
vai escorrendo
por entre os dedos
das utopias.
nasce o mundo
faz-se o gesto
nasce o gesto
e o mundo
vai escorrendo
por entre os dedos
das utopias.
POESIA EM FLÔR
Em terra seca
com pedras sobre si,
versos e rimas
lutam por germinar,
esperando que a sensibilidade
permita a poesia aflorar.
com pedras sobre si,
versos e rimas
lutam por germinar,
esperando que a sensibilidade
permita a poesia aflorar.
SEM GRAÇA
Um cão urinando no poste,
moscas beijando um velho,
duas senhoras falando de alguém,
eu bebendo a mesma cerveja.
Hoje o dia acordou sem graça.
moscas beijando um velho,
duas senhoras falando de alguém,
eu bebendo a mesma cerveja.
Hoje o dia acordou sem graça.
NÁUFRAGO
Garrafas ao mar,
assim são os poemas,
lê quem quer,
rimas de um cotidiano prosaico.
que não cabem numa gaiola,
não explicam, só se expressam.
A quem interessa a expressão,
se a explicação basta?
Eu acredito, o mentiroso também,
em rasgar qualquer silêncio.
assim são os poemas,
lê quem quer,
rimas de um cotidiano prosaico.
que não cabem numa gaiola,
não explicam, só se expressam.
A quem interessa a expressão,
se a explicação basta?
Eu acredito, o mentiroso também,
em rasgar qualquer silêncio.
PERDAS E DANOS
Já que perdi os amores que tinha,
gastarei meus míseros trocados,
tomando cerveja e debatendo com as estrelas.
gastarei meus míseros trocados,
tomando cerveja e debatendo com as estrelas.
MEU OLHAR
Não tenho um camaro amarelo,
vivo do meu mísero salário,
não tenho bens nem poder,
tenho sim, muita saúde,
um olhar apurado de quem olha,
para além daquilo que é visto.
vivo do meu mísero salário,
não tenho bens nem poder,
tenho sim, muita saúde,
um olhar apurado de quem olha,
para além daquilo que é visto.
MEU CONTRÁRIO
Quem puder não me esqueça
como aquele que admirava borboletas,
resmungava para tudo,
sempre inconformado,
com o amor, com amaré?
Com tudo que aparece de singelo,
entre Deus e o Diabo.
como aquele que admirava borboletas,
resmungava para tudo,
sempre inconformado,
com o amor, com amaré?
Com tudo que aparece de singelo,
entre Deus e o Diabo.
HUMANO
D e amores e medos
vesti meu corpo,
entre seios fartos,
bocas suculentas,
coxas, nádegas e sorrisos,
na obrigação de existir,
mais do que a matéria,
resume-se em algo mais,
mais do que corpos suados,
sim o que de humano
existe no homem.
vesti meu corpo,
entre seios fartos,
bocas suculentas,
coxas, nádegas e sorrisos,
na obrigação de existir,
mais do que a matéria,
resume-se em algo mais,
mais do que corpos suados,
sim o que de humano
existe no homem.
GUERREIROS
O Brasil explora conscientemente
a miséria e a fome, histórica
fome e miséria que engordam
políticos e presidentes,
queria eu estar infectado de:
Che Guevara e Betinho.
a miséria e a fome, histórica
fome e miséria que engordam
políticos e presidentes,
queria eu estar infectado de:
Che Guevara e Betinho.
A SUA SOMBRA
Ainda farei ciesta a sua sombra,
sombra que me excita,
suave gemido, sem choro,
meu cansaço em você descansa,
o amor vence esse cansaço,
com um coração deserto.
sombra que me excita,
suave gemido, sem choro,
meu cansaço em você descansa,
o amor vence esse cansaço,
com um coração deserto.
BANANAS
Brasil! Meu país de bananas,
falando português tupiniquim,
incerto requebrado melancólico,
minha rede de descanso,
meu balanço, meu gingado,
num sono exausto repouso,
aproximo de mim, tendo a certeza
que a fome matará muitos,
antes que eu envelheça.
falando português tupiniquim,
incerto requebrado melancólico,
minha rede de descanso,
meu balanço, meu gingado,
num sono exausto repouso,
aproximo de mim, tendo a certeza
que a fome matará muitos,
antes que eu envelheça.
SÓZINHO
Estremeço, viro e me reviro,
não rangem as molas da cama,
range o corpo resmungando desejos,
gemidos, ecos de sussurros,
de corpos me acariciando.
É madrugada, peço socorro,
braços e abraços vão embora,
sigo em frente... lá longe...
meu quarto vazio...
volto a dormir novamente,
a manhã transformo em versos,
o calor, o pavor e o amor,
depois tomo um café, visto a roupa que engordou,
vou ao trabalho... depois...
voltarei aprendiz, com o fardo do destino.
não rangem as molas da cama,
range o corpo resmungando desejos,
gemidos, ecos de sussurros,
de corpos me acariciando.
É madrugada, peço socorro,
braços e abraços vão embora,
sigo em frente... lá longe...
meu quarto vazio...
volto a dormir novamente,
a manhã transformo em versos,
o calor, o pavor e o amor,
depois tomo um café, visto a roupa que engordou,
vou ao trabalho... depois...
voltarei aprendiz, com o fardo do destino.
MEIAS VERDADES
Sou um poeta mau humorado,
que a pessoas incomodo,
nas suas falsas paz singelas.
Não sou o homem que balança o rabo,
não sou bicho, nem acatarei os atos,
sou poeta homem do mato,
só podendo ser medido no sofrimento,
nunca serei um, visto pela metade,
nem serei inteiro de verdade.
que a pessoas incomodo,
nas suas falsas paz singelas.
Não sou o homem que balança o rabo,
não sou bicho, nem acatarei os atos,
sou poeta homem do mato,
só podendo ser medido no sofrimento,
nunca serei um, visto pela metade,
nem serei inteiro de verdade.
VOLTAS QUE A GENTE DÁ
O Uber transita, a cidade
ainda me impressiona.
Os prédios e suas pichações,
arte caótica e arriscada. O vento me esquenta.
Na praça uma mulher defeca,
com a mesma calcinha de bolinhas da Minie,
um dia viveremos outro tempo,
se viver houver.
ainda me impressiona.
Os prédios e suas pichações,
arte caótica e arriscada. O vento me esquenta.
Na praça uma mulher defeca,
com a mesma calcinha de bolinhas da Minie,
um dia viveremos outro tempo,
se viver houver.
HORA DE DORMIR
A cidade vai matando de fome,
churrascos de costela,
salmão na brasa,
coração na mão;
o dia vai findando
com o ronco da barriga.
churrascos de costela,
salmão na brasa,
coração na mão;
o dia vai findando
com o ronco da barriga.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
VEM E VAI
Amores que se foram,
não podem nos deixar distraídos,
pois outros amores passarão...
Nada deve ser esquecido,
tendo sentido, ou,
não.
As experiências são tudo,
são nosso conteúdo,
até o pênis na mão,
Tudo é vem, é vão,
pois é tudo tão exato,
como nascer e morrer.
não podem nos deixar distraídos,
pois outros amores passarão...
Nada deve ser esquecido,
tendo sentido, ou,
não.
As experiências são tudo,
são nosso conteúdo,
até o pênis na mão,
Tudo é vem, é vão,
pois é tudo tão exato,
como nascer e morrer.
ABACATEIRO
Nunca quis ser mais,
bastou me ser inteiro,
simples assim, como um abacate,
inteiro a cada momento,
sendo sempre o que faço,
assim como essa fruta de mato,
suculenta por que vive,
abacateiro acataremos teu ato.
bastou me ser inteiro,
simples assim, como um abacate,
inteiro a cada momento,
sendo sempre o que faço,
assim como essa fruta de mato,
suculenta por que vive,
abacateiro acataremos teu ato.
LÁPIDE
Só ficara na história,
o dia que nasci,
o dia que morri,
entre uma data e outra,
tudo me pertence,
tudo que vivi,
irão para sempre comigo.
o dia que nasci,
o dia que morri,
entre uma data e outra,
tudo me pertence,
tudo que vivi,
irão para sempre comigo.
TUDO PASSA
Caminhando pelas ruas,
entre rostos e vozes rosnantes,
vejo seu rosto na multidão,
quando passa...passa...
Olha-me como olha a todos,
o mais comum dos seres,
ganho sempre um sorriso,
que me enche de quereres,
Caminhando pelas ruas
entre rostos e vozes rosnantes,
penso vê-la na multidão,
que não passa... não passa...
segunda-feira, 26 de junho de 2017
OLHAR POÉTICO
O olho da poesia
viu uma senhora alimentando moscas,
comendo rosas e dando água as árvores,
como uma pequena menina,
Falava com as margaridas,
fazia sopa de pedras,
dançava com a tempestades,
cantava para os passarinhos,
Tenho que fazer silêncio,
para meus dedos descansarem.
viu uma senhora alimentando moscas,
comendo rosas e dando água as árvores,
como uma pequena menina,
Falava com as margaridas,
fazia sopa de pedras,
dançava com a tempestades,
cantava para os passarinhos,
Tenho que fazer silêncio,
para meus dedos descansarem.
ÁLBUM DE RECORDAÇÕES
Cristina usava óculos,
gostava de usar jeans e camisetas,
admirava o som dos violinos,
enquanto lagarta falava comigo,
um dia saiu do casulo,
toda colorida, bateu asas de alegria,
tropeçou, caiu, levantou,
nunca mais me olhou,
caiu no álbum das minhas recordações.
gostava de usar jeans e camisetas,
admirava o som dos violinos,
enquanto lagarta falava comigo,
um dia saiu do casulo,
toda colorida, bateu asas de alegria,
tropeçou, caiu, levantou,
nunca mais me olhou,
caiu no álbum das minhas recordações.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
ABISMO
As mãos nas tuas nádegas,
a língua no teu ouvido,
ecoando te amo pelo corpo,
beijos, abraços, em cima,
embaixo, entre, sempre,
sempre é muito tempo!
nesta efêmera poesia e no sêmen, então,
o silêncio se transforma num abismo profundo.
a língua no teu ouvido,
ecoando te amo pelo corpo,
beijos, abraços, em cima,
embaixo, entre, sempre,
sempre é muito tempo!
nesta efêmera poesia e no sêmen, então,
o silêncio se transforma num abismo profundo.
SE ESSA RUA FOSSE MINHA
Disse-me hoje uma rua:
Sou a Gal. Jardim nº 32 - Centro,
- Atenção! Aqui tem gente morando!
Coisas que uma rua diz, através dos muros,
coisas que só saem da gente por escrito,
Na calçada uma senhora, urinava,
com a mesma calcinha rosa,
com os desenhos infantis de sempre,
A banca de jornal descansando no muro,
grita: Golllll!, Inflação e sangue,
frente a aqueles que palitam os dentes
e os que cagam e mijam felizes,
Ela está cheia de cães,
ligados aos donos pela mesma coleira,
numa convivência apática que os fazem iguais,
Os escritos no muro, serão poemas?
Não sei.
O que sei?
O autor do muro, me era desconhecido.
Sou a Gal. Jardim nº 32 - Centro,
- Atenção! Aqui tem gente morando!
Coisas que uma rua diz, através dos muros,
coisas que só saem da gente por escrito,
Na calçada uma senhora, urinava,
com a mesma calcinha rosa,
com os desenhos infantis de sempre,
A banca de jornal descansando no muro,
grita: Golllll!, Inflação e sangue,
frente a aqueles que palitam os dentes
e os que cagam e mijam felizes,
Ela está cheia de cães,
ligados aos donos pela mesma coleira,
numa convivência apática que os fazem iguais,
Os escritos no muro, serão poemas?
Não sei.
O que sei?
O autor do muro, me era desconhecido.
VIDAS SEVERINAS
O mundo é pródigo de pessoas,
Todos os dias brilham e caminham no tempo,
entre a destruição e a paz passageira poética.
Da minha janela que dá para o berçário
vejo muitos, como abelhas construindo um favo,
na lembrança outros enxames me assombram,
assim como os guerreiros, que morreram de overdose,
cochilo, sonho, exaurido,
entorpecido de vidas, num melaço de paixões.
Todos os dias brilham e caminham no tempo,
entre a destruição e a paz passageira poética.
Da minha janela que dá para o berçário
vejo muitos, como abelhas construindo um favo,
na lembrança outros enxames me assombram,
assim como os guerreiros, que morreram de overdose,
cochilo, sonho, exaurido,
entorpecido de vidas, num melaço de paixões.
TÚMULOS
O pobre não demora a ir para o céu,
o rico que o financia
demora muito mais,
só quando quer fugir de si,
as portas se abrem.
o rico que o financia
demora muito mais,
só quando quer fugir de si,
as portas se abrem.
terça-feira, 20 de junho de 2017
A CAVERNA
Aos olhos do homem encarcerado, de repente,
um fio de luz iluminou, desvendando os olhos,
velho e adormecido, pelos grilhões da alienação,
as amarras se removiam, a cada passo para a luz,
já não tinha pernas para andar o mundo,
já não tinha braços
para carregar fardos,
já não tinha língua, só grunidas palavras;
a luz à sua frente como uma porta aberta,
já não conhecia portas nem janelas.
A esfinge havia lhe tirado o pensamento,
com tristeza, olhou as amarras, a venda, os grilhões,
urrou como um animal deu meia volta,
Correu para a sua escuridão.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
PREDADOR
A cabeça navega,
nas águas que banham um gato,
que devorou um canto, hoje,
na gaiola só se ouve o silêncio,
de um canário.
nas águas que banham um gato,
que devorou um canto, hoje,
na gaiola só se ouve o silêncio,
de um canário.
PALAVRAS
Do descanso romântico,
para o parnasiano exercício,
nasceram palavras tão lindas,
que não expressam nada...
nadinha de nada.
para o parnasiano exercício,
nasceram palavras tão lindas,
que não expressam nada...
nadinha de nada.
FELICIDADE
As crianças olham para as listras das zebras,
pensando em um arco - iris colorido;
por isso são muito mais felizes.
pensando em um arco - iris colorido;
por isso são muito mais felizes.
ORAÇÃO
Oh, lumpem!
meus dias são de lutas,
tensão, contradições...
Nada tenho a ver com aposentadoria!
Porque você não se torna um mastro?
Serviria ao menos para agitar a bandeira...
ou orar num altar com pão e vinho,
signo de um herói morto.
meus dias são de lutas,
tensão, contradições...
Nada tenho a ver com aposentadoria!
Porque você não se torna um mastro?
Serviria ao menos para agitar a bandeira...
ou orar num altar com pão e vinho,
signo de um herói morto.
sexta-feira, 9 de junho de 2017
CHORINHO
Eu vivo clarinetando a vida
lacrimejando os dias.
fui acolhido por um bandolim,
um cavaco, piano e pandeiro,
ao som de um violão.
Bem baixinho me dizia: Te amo!
Um acordeon.
lacrimejando os dias.
fui acolhido por um bandolim,
um cavaco, piano e pandeiro,
ao som de um violão.
Bem baixinho me dizia: Te amo!
Um acordeon.
quinta-feira, 25 de maio de 2017
POEMA INÚTIL
Nas relações surdas e cegas,
não ouvidas,nos gemidos,
nos gritos, pulos, sussurros,
só se vêem gestos rápidos,
agora lentos, se opondo a nada.
Nada de graça, só cobranças,
que se desdobram, rolam, revelam,
o final de um tempo inútil.
não ouvidas,nos gemidos,
nos gritos, pulos, sussurros,
só se vêem gestos rápidos,
agora lentos, se opondo a nada.
Nada de graça, só cobranças,
que se desdobram, rolam, revelam,
o final de um tempo inútil.
AQUI
Nesse "aqui" nada inocente,
a pele vibra, embrutece, sente,
deseja e padece, em,
meu labirinto de agora,
na rugosa paisagem,
não sou cego, vejo o polvo,
com seus tentáculos de abutre,
corre povo! Não sossego,
corre, para, salta, agacha.
Distante na tensa calma,
a palavra, sílaba, fragmento,
narra o tempo,
unidos num agora a menos,
os cacos da militância de hoje.
Revejo a poesia, pois é apoesia,
tentando concentrar um "aqui".
E agora?
Resta-me buscar um sentido,
procurando perdidos entre os achados,
não encontro nem o verso do todo
entre os destroços no vazio.
Haverá uma saída?
As palavras tem pele,
é feita pelos sentidos,
oxigena os poemas
entre tantas coisas líricas,
o povo é uma bomba polvo,
de pavio curto,
escuta esse mundo redondo
explodir e girar.
a pele vibra, embrutece, sente,
deseja e padece, em,
meu labirinto de agora,
na rugosa paisagem,
não sou cego, vejo o polvo,
com seus tentáculos de abutre,
corre povo! Não sossego,
corre, para, salta, agacha.
Distante na tensa calma,
a palavra, sílaba, fragmento,
narra o tempo,
unidos num agora a menos,
os cacos da militância de hoje.
Revejo a poesia, pois é apoesia,
tentando concentrar um "aqui".
E agora?
Resta-me buscar um sentido,
procurando perdidos entre os achados,
não encontro nem o verso do todo
entre os destroços no vazio.
Haverá uma saída?
As palavras tem pele,
é feita pelos sentidos,
oxigena os poemas
entre tantas coisas líricas,
o povo é uma bomba polvo,
de pavio curto,
escuta esse mundo redondo
explodir e girar.
SILÊNCIO
...Carrego muitos silêncios
que me habitam a todo momento,
mesmo os que não o tem como hóspede
com ele caminham ao vento...,
cada qual com seu silêncio de dentro,
como uma contínua lembrança
que invadem minhas e suas noites,
oco, inacabado, suspenso...,
como algo profundo e palpável, ou,
um deserto a saltar para fora
no chão do nada, buscando
esboçar um método...
que me habitam a todo momento,
mesmo os que não o tem como hóspede
com ele caminham ao vento...,
cada qual com seu silêncio de dentro,
como uma contínua lembrança
que invadem minhas e suas noites,
oco, inacabado, suspenso...,
como algo profundo e palpável, ou,
um deserto a saltar para fora
no chão do nada, buscando
esboçar um método...
SOBRAS
Se poesia fosse alimento
estaria eu morrendo
de obesidade mórbida,
mesmo enquanto a burguesia
palita seus dentes,
os poetas vão comendo,
correndo atrás das sobras.
estaria eu morrendo
de obesidade mórbida,
mesmo enquanto a burguesia
palita seus dentes,
os poetas vão comendo,
correndo atrás das sobras.
DO OUTRO LADO
Nem te ligo Heráclito
mesmo nem sempre sendo eu,
o importante é conseguir
atravessar o seu rio.
mesmo nem sempre sendo eu,
o importante é conseguir
atravessar o seu rio.
terça-feira, 23 de maio de 2017
LEMBRANÇAS
Lembro-me das pequenas perdas
que a imaginação desloca,
preferiria ter perdido todas,
das grandes as pequenas.
As ausências são um bom silêncio,
as lembranças ficam nuas,
pequenas, adultas, adultas, velhas,
velhas querem morrer,
não sei pela sobra ou falta de amor.
que a imaginação desloca,
preferiria ter perdido todas,
das grandes as pequenas.
As ausências são um bom silêncio,
as lembranças ficam nuas,
pequenas, adultas, adultas, velhas,
velhas querem morrer,
não sei pela sobra ou falta de amor.
SAUDOSISMO
Os adolescentes são crianças
no seu tempo, os invejo,
pois já me falham as lembranças.
Hoje tenho um fardo na corcunda,
carrego um calombo nas costas.
no seu tempo, os invejo,
pois já me falham as lembranças.
Hoje tenho um fardo na corcunda,
carrego um calombo nas costas.
FIM DOS TEMPOS
Alguns dias enterro,
pois mortos eles não sonham mais;
que esses versos galopem,
os percursos cotidianos,
vivos, como os dias de ontem
que serão melhor um dia,
seguindo diferentes,
sem nunca olhar para os lados,
sob as lápides em cova rasa,
embaladas pelos dias mortos
com as horas que não mais avançam,
adormecidas, as lágrimas molham,
os dias mortos exaustos
que estirados soluçam.
pois mortos eles não sonham mais;
que esses versos galopem,
os percursos cotidianos,
vivos, como os dias de ontem
que serão melhor um dia,
seguindo diferentes,
sem nunca olhar para os lados,
sob as lápides em cova rasa,
embaladas pelos dias mortos
com as horas que não mais avançam,
adormecidas, as lágrimas molham,
os dias mortos exaustos
que estirados soluçam.
terça-feira, 16 de maio de 2017
MULHER APENAS
Daniela
fresca
sutil
(vagalumes
iluminam
sua noite)
só
uma
mulher
linda
serena
misteriosa
apenas.
fresca
sutil
(vagalumes
iluminam
sua noite)
só
uma
mulher
linda
serena
misteriosa
apenas.
ATÉ AMANHÃ
Bocejo,
eu: mortalmente vivo:
respiro.
No jornal do dia
as crianças da noite,
em notícia.
Nos meus passos calibrados,
disparo um praguejo.
Nas calçadas
mijos e cusparadas,
com meu inútil
andar cotidiano.
No rosto dos postes e árvores,
um lambe lambe sensual,
a cidade fraciona até o sol,
o dia aguarda a noite sonâmbulo,
o tempo ainda não deixou de existir.
eu: mortalmente vivo:
respiro.
No jornal do dia
as crianças da noite,
em notícia.
Nos meus passos calibrados,
disparo um praguejo.
Nas calçadas
mijos e cusparadas,
com meu inútil
andar cotidiano.
No rosto dos postes e árvores,
um lambe lambe sensual,
a cidade fraciona até o sol,
o dia aguarda a noite sonâmbulo,
o tempo ainda não deixou de existir.
HOMEM CAVALO
Quando?
Acordado, liberto do celeiro,
relincho, serpenteio,
escoiceio o passado,
galopo o futuro
no homem cavalo de mim.
Acordado, liberto do celeiro,
relincho, serpenteio,
escoiceio o passado,
galopo o futuro
no homem cavalo de mim.
CRACOLÂNDIA
Dúzias, covas, ossos,
não há jardins na infância,
abracadabra, abocabraba,
fumaças e pedras no caminho,
o sinal de humanidade,
estão nos olhos do mêdo.
não há jardins na infância,
abracadabra, abocabraba,
fumaças e pedras no caminho,
o sinal de humanidade,
estão nos olhos do mêdo.
SONHO
Daniela baunilha
me olhava da frutaria
sorrindo com outras frutas,
por um segundo eterno,
de pele clara, cabelos negros,
lisos como um tobogã,
Um poema alheio
que se explicava,
por existir; para ser,
Hoje é uma onça
enjaulada, que não diz que é,
outra coisa que quer ser,
Lá fora chovia, os pingos bailavam,
Daniela sorria, eu soluçava,
outro dia, de vento e água no rosto,
enquanto o sonho vivia.
me olhava da frutaria
sorrindo com outras frutas,
por um segundo eterno,
de pele clara, cabelos negros,
lisos como um tobogã,
Um poema alheio
que se explicava,
por existir; para ser,
Hoje é uma onça
enjaulada, que não diz que é,
outra coisa que quer ser,
Lá fora chovia, os pingos bailavam,
Daniela sorria, eu soluçava,
outro dia, de vento e água no rosto,
enquanto o sonho vivia.
NADA É COMO ANTES
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi;
penso para me encontrar
como forma de me perder,
perdendo o passado de pouca idade,
não compreendo os saltos, os obstáculos,
com meus braços longos, pernas finas,
procuram como forma de me achar,
entre achados e perdidos
as estórias hoje colho,
não são as sempre felizes,
são, quando as colho, de um tempo contrário,
as que não lembro, esqueço,
coisa pouca saliva a boca.
As que mais me lembro o poema contém,
dividindo as estórias com alguém,
fica o quarto, fica o parto,
o pasto, o choro, o riso,
o verso, inverso, fica de mim vocês,
eu guerreiro de lutas mortas,
feito de coisas lembradas e esquecidas,
como todos, fatigado de verdades e mentiras;
o tempo passa, com sonhos e denúncias,
lembrando as minhas duras perdas,
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi.
não são os olhos com que te vi;
penso para me encontrar
como forma de me perder,
perdendo o passado de pouca idade,
não compreendo os saltos, os obstáculos,
com meus braços longos, pernas finas,
procuram como forma de me achar,
entre achados e perdidos
as estórias hoje colho,
não são as sempre felizes,
são, quando as colho, de um tempo contrário,
as que não lembro, esqueço,
coisa pouca saliva a boca.
As que mais me lembro o poema contém,
dividindo as estórias com alguém,
fica o quarto, fica o parto,
o pasto, o choro, o riso,
o verso, inverso, fica de mim vocês,
eu guerreiro de lutas mortas,
feito de coisas lembradas e esquecidas,
como todos, fatigado de verdades e mentiras;
o tempo passa, com sonhos e denúncias,
lembrando as minhas duras perdas,
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi.
MELANCOLIA
Queria ter tido outro destino,
esse não planejei, fui indo com o vento,
de bem querer a mal querer.
Já tive mulheres e filhos,
que a ventania me levou,
joguei bola, bolinha de gude,
ri muito, fui contente,
hoje não tenho dentes.
Meu último amigo foi meu umbigo,
seco, lógico, ferido morro só,
alguns se vão como eu, de nada em nada.
O que me sobrou? Sobrou esse poema,
palavras de lamentos e recordações,
alguém que é utopicamente feliz,
um velho crocante de idade em idade,
se movimentando na barbárie.
Resta-me nessa mesmice, o som do violino,
esse mundo de múltiplas faces,
faminto de melancolias.
esse não planejei, fui indo com o vento,
de bem querer a mal querer.
Já tive mulheres e filhos,
que a ventania me levou,
joguei bola, bolinha de gude,
ri muito, fui contente,
hoje não tenho dentes.
Meu último amigo foi meu umbigo,
seco, lógico, ferido morro só,
alguns se vão como eu, de nada em nada.
O que me sobrou? Sobrou esse poema,
palavras de lamentos e recordações,
alguém que é utopicamente feliz,
um velho crocante de idade em idade,
se movimentando na barbárie.
Resta-me nessa mesmice, o som do violino,
esse mundo de múltiplas faces,
faminto de melancolias.
quarta-feira, 26 de abril de 2017
O CÁRCERE
Anos de cárcere
levam a transformações psíquicas
pela repetição do tédio e inércia,
deixando dúvidas sobre nós mesmos.
Pensam o que penso, como penso?
Todo louco nega a loucura,
por não saber, não fazer juízo,
é uma coisa a cada instante.
Até não sei quando...
- Todo dia lutarei.
SEM RIMA
Não sou Gramsci,
não tenho livros,
nem canetas,
na minha caverna de Platão,
Minha concepção de mundo,
cabem em 9 m2 úmidos,
entre 18 homens secos,
sem lealdade intelectual,
Só me restam poemas,
sem rima.
não tenho livros,
nem canetas,
na minha caverna de Platão,
Minha concepção de mundo,
cabem em 9 m2 úmidos,
entre 18 homens secos,
sem lealdade intelectual,
Só me restam poemas,
sem rima.
RUMORES
É mais fácil esconder-se
por trás das portas,
fechar as janelas,
ficar ouvindo nuvens, até,
esperar o chegar das estrelas,
que lutar com os pés no chão
para alcançar o rumor dos passos.
por trás das portas,
fechar as janelas,
ficar ouvindo nuvens, até,
esperar o chegar das estrelas,
que lutar com os pés no chão
para alcançar o rumor dos passos.
VAZIOS
Bate a saudade,
o que nos resta,
o vazio.
O mundo a volta,
deixa sempre,
o vazio.
Nada preenche,
ele em si
mesmo com tudo,
nos enganando
com esse
vácuo.
Saudade por saudade
o vazio é todo
que nos resta,
a distância
silencioso buraco
que vou descobrindo.
o que nos resta,
o vazio.
O mundo a volta,
deixa sempre,
o vazio.
Nada preenche,
ele em si
mesmo com tudo,
nos enganando
com esse
vácuo.
Saudade por saudade
o vazio é todo
que nos resta,
a distância
silencioso buraco
que vou descobrindo.
TENTATIVAS
Todas as formas
tentadas e nada avança,
passos, sobre-passos,
caminhos tantos,
sem encontros,
certos, errados,
desencontros,
não acho,
não faço conta
das promessas
de ontem, de hoje,
tudo é incerto,
eu tento,
nem quero saber,
enquanto, quanto,
tentar tantas vezes,
dividido ao meio,
nem menos, nem mais,
quem sabe quando,
encantos, lugares?
Vou tentando
encontrar minha metade
acordando mais cedo,
amanhã.
tentadas e nada avança,
passos, sobre-passos,
caminhos tantos,
sem encontros,
certos, errados,
desencontros,
não acho,
não faço conta
das promessas
de ontem, de hoje,
tudo é incerto,
eu tento,
nem quero saber,
enquanto, quanto,
tentar tantas vezes,
dividido ao meio,
nem menos, nem mais,
quem sabe quando,
encantos, lugares?
Vou tentando
encontrar minha metade
acordando mais cedo,
amanhã.
FICANDO INFANTIL
O bom humor é a forma
que meu sentimento encontrou de ver ,
o resto é só extensão da felicidade
e um aumento de rimas
que concluem um poema,
entre metáforas e trocadilhos
vou bebendo palavras
imaginando o destino
com sorvete de pistache
então, nessa meia-idade,
infantil e lenta,
brinco de amor,
diante de olhares surpresos.
que meu sentimento encontrou de ver ,
o resto é só extensão da felicidade
e um aumento de rimas
que concluem um poema,
entre metáforas e trocadilhos
vou bebendo palavras
imaginando o destino
com sorvete de pistache
então, nessa meia-idade,
infantil e lenta,
brinco de amor,
diante de olhares surpresos.
ROUPA NOVA
Transbordo de amor pensado,
assim como das margaridas despetaladas
de sim e não,
cuido das paisagens na janela,
estáticas que murcham
de desejos e alegrias, que,
derramo nas suas tristezas,
adolescente de quem sou filho.
Tudo é um risco
numa eternidade sem espaço,
assim que me trajo,
nem tanto nem tanto aquilo,
penitencias de mentiras,
que há de não ser.
assim como das margaridas despetaladas
de sim e não,
cuido das paisagens na janela,
estáticas que murcham
de desejos e alegrias, que,
derramo nas suas tristezas,
adolescente de quem sou filho.
Tudo é um risco
numa eternidade sem espaço,
assim que me trajo,
nem tanto nem tanto aquilo,
penitencias de mentiras,
que há de não ser.
PERGUNTA A QUEM QUISER
Nada deu certo,
tudo ainda é incerto.
O povo soa a camisa
- Para quê?
O fim do tradicionalismo chega,
depois o nosso, e agora?
Muda o mundo?
Amanhece, escurece, sobe, desce,
assim. Fome ao norte, ao sul,
ao leste e oeste,
as hienas comendo o que resta.
E agora? As hienas
continuam a rir, pois restam
muito povo pra comer,
e um cheiro de meu Deus.
Nem sei mais o que dizer. Pensar
demais me traz desconforto,
ouvir dói os ouvidos,
nessa grande mesmice.
Tudo sem mudar, tudo se transforma,
não há negação radical, não há novo,
de novo o mesmo sol,
a mesma chuva.
Ontem passou
Hoje já vai,
Como será o amanhã?
tudo ainda é incerto.
O povo soa a camisa
- Para quê?
O fim do tradicionalismo chega,
depois o nosso, e agora?
Muda o mundo?
Amanhece, escurece, sobe, desce,
assim. Fome ao norte, ao sul,
ao leste e oeste,
as hienas comendo o que resta.
E agora? As hienas
continuam a rir, pois restam
muito povo pra comer,
e um cheiro de meu Deus.
Nem sei mais o que dizer. Pensar
demais me traz desconforto,
ouvir dói os ouvidos,
nessa grande mesmice.
Tudo sem mudar, tudo se transforma,
não há negação radical, não há novo,
de novo o mesmo sol,
a mesma chuva.
Ontem passou
Hoje já vai,
Como será o amanhã?
LINGUA
Você descobre
que o que sabe
não sabe. Há controvérsias.
Silêncio. Contradições.
Os dentes rangem
se mordem, com,
as palavras, na ponta
da língua, com a língua de fora.
Você descobre
que amor e valor
confabulam toda manhã,
engolindo a língua.
A língua é faca e foice,
anêmicas gêmeas,
na palavra do operário,
na garganta do patrão.
Lambuzam-se paralelas,
bolinantes pegajosas
no eterno bom gosto
salivar.
Você descobre
que as línguas serpenteiam
como vagalumes na noite,
no gesto dos amantes,
se abraçam, umedecem
como cúmplices, aos pares,
pelo mundo todo
a procura de um leito.
que o que sabe
não sabe. Há controvérsias.
Silêncio. Contradições.
Os dentes rangem
se mordem, com,
as palavras, na ponta
da língua, com a língua de fora.
Você descobre
que amor e valor
confabulam toda manhã,
engolindo a língua.
A língua é faca e foice,
anêmicas gêmeas,
na palavra do operário,
na garganta do patrão.
Lambuzam-se paralelas,
bolinantes pegajosas
no eterno bom gosto
salivar.
Você descobre
que as línguas serpenteiam
como vagalumes na noite,
no gesto dos amantes,
se abraçam, umedecem
como cúmplices, aos pares,
pelo mundo todo
a procura de um leito.
quinta-feira, 13 de abril de 2017
CRÔNICA POÈTICA
O homem
se decompõe
na calçada
O corpo
imagem
do óbvio
Entre míopes, transeuntes,
algumas palavras,
em rima, um registro,
O papel absorve
a tinta da poesia.
se decompõe
na calçada
O corpo
imagem
do óbvio
Entre míopes, transeuntes,
algumas palavras,
em rima, um registro,
O papel absorve
a tinta da poesia.
MARGARIDA
Olá Margarida!
Que alguns homens ignoram,
outros nunca conheceram.
Não há como sabê-la
só me resta colhê-la.
Que alguns homens ignoram,
outros nunca conheceram.
Não há como sabê-la
só me resta colhê-la.
RATOS
Corruptos
roem
o povo
De repente
preguiçosos
gordos - vivem?
De aparência
Revelam-se
na barbárie
e muitos outros quesitos.
roem
o povo
De repente
preguiçosos
gordos - vivem?
De aparência
Revelam-se
na barbárie
e muitos outros quesitos.
CIDADANEANDO
Cidadania é o ato
de votar sem saber
O saber desse fato
como olhar um buraco
Que te olha, presente,
de oração, sangue e miséria.
de votar sem saber
O saber desse fato
como olhar um buraco
Que te olha, presente,
de oração, sangue e miséria.
POEMA TROPICAL
A jabuticaba dos olhos
refletidas no espelho,
deixaram as maçãs do rosto
vermelhas,
diante de um maracujá
de gaveta,
passado; com saudades,
passará a adolescência?
Abacateiro acatarei teu ato,
viverei como um banana
nesse pomar de alegrias,
Eta mundão animal!
refletidas no espelho,
deixaram as maçãs do rosto
vermelhas,
diante de um maracujá
de gaveta,
passado; com saudades,
passará a adolescência?
Abacateiro acatarei teu ato,
viverei como um banana
nesse pomar de alegrias,
Eta mundão animal!
segunda-feira, 10 de abril de 2017
CANTEIROS
Minha casa tem muitos cantos,
que dão para outros encantos,
onde ficam janelas e portas,
por onde admiro meu jardim deitado,
onde cai de bruços a chuva.
As flores batem bola com os pingos,
as árvores? Nunca se vão,
obcenas, serenas, amor?
Nem me lembra!
Era uma vez...
uma poesia.
que dão para outros encantos,
onde ficam janelas e portas,
por onde admiro meu jardim deitado,
onde cai de bruços a chuva.
As flores batem bola com os pingos,
as árvores? Nunca se vão,
obcenas, serenas, amor?
Nem me lembra!
Era uma vez...
uma poesia.
MATANDO O TEMPO
Hoje de ontem,
amanhã do sempre,
flutua nas roupas.
Que forma tinha o tempo que passou?
amanhã do sempre,
flutua nas roupas.
Que forma tinha o tempo que passou?
LÚMPEN
Morrer de fome
sem lutar
é deixar o corpo
ao Deus-dará
o voto é um demônio,
herança do nosso umbigo.
Morrer é mais bonito.
sem lutar
é deixar o corpo
ao Deus-dará
o voto é um demônio,
herança do nosso umbigo.
Morrer é mais bonito.
TEMPORAL
Chuva nos lábios,
pernas molhadas,
pescoço eriçado,
tamborins e cuicas
sambam no peito,
entre borboletas e um colorido beija-flor
melaninas se fundindo,
entre, em cima, em baixo, suores,
salivando o céu da boca.
O dente do juízo, indeciso,
rangia um corpo, com medo,
prenuncio de um temporal.
pernas molhadas,
pescoço eriçado,
tamborins e cuicas
sambam no peito,
entre borboletas e um colorido beija-flor
melaninas se fundindo,
entre, em cima, em baixo, suores,
salivando o céu da boca.
O dente do juízo, indeciso,
rangia um corpo, com medo,
prenuncio de um temporal.
sexta-feira, 7 de abril de 2017
DE PAPAS PRO MAR
Hoje minha fantasia
de Tartaruga
coloca lentamente
a cabeça pra fora.
Nada a fazer:
- é hora do almoço!
Na mesa farta,
uma Rã de pernas abertas.
Não vou me avexar,
não tenho saída,
vou brigar com Siri
depois escutar a Orca cantar.
Hoje estou mareando.
de Tartaruga
coloca lentamente
a cabeça pra fora.
Nada a fazer:
- é hora do almoço!
Na mesa farta,
uma Rã de pernas abertas.
Não vou me avexar,
não tenho saída,
vou brigar com Siri
depois escutar a Orca cantar.
Hoje estou mareando.
ARRASTO
Tenho uma brisa no peito,
leve,
Dou de presente ao seu peito,
suave:
Uma ventania que arrasta
o que penso.
leve,
Dou de presente ao seu peito,
suave:
Uma ventania que arrasta
o que penso.
quarta-feira, 5 de abril de 2017
BREVES LEMBRANÇAS DE DANIELA
Intrasubjetiva, boca de beijos,
cabelos cascatas negras,
olhos de mariscos, pele em neve,
num fundo preto,
num sentar suave
de um corpo demente
tamborilavam dedos
no seu livro de conflitos
No sorriso depravado
que quebrava o silêncio,
lembro que voava
adormecida na calma da lembrança
Na garganta, muda, um nome,
que à ausência não cabe gritar,
o destino se fez caminho
que não levam mais as cavernas
O corpo cresceu entre as pernas
que despetalavam girassóis,
escassos que já não cheiram,
a carne, os seios e o sorriso.
cabelos cascatas negras,
olhos de mariscos, pele em neve,
num fundo preto,
num sentar suave
de um corpo demente
tamborilavam dedos
no seu livro de conflitos
No sorriso depravado
que quebrava o silêncio,
lembro que voava
adormecida na calma da lembrança
Na garganta, muda, um nome,
que à ausência não cabe gritar,
o destino se fez caminho
que não levam mais as cavernas
O corpo cresceu entre as pernas
que despetalavam girassóis,
escassos que já não cheiram,
a carne, os seios e o sorriso.
TROCADILHOS
Não troco chinês por japonês
nem siamês por francês
muito menos chinelo havaiana
por bunda de baiana,
tenho dois braços, duas pernas, sorte a minha,
posso rastejar ou correr,
fugir da caverna, romper o casulo,
borboletar e morrer.
nem siamês por francês
muito menos chinelo havaiana
por bunda de baiana,
tenho dois braços, duas pernas, sorte a minha,
posso rastejar ou correr,
fugir da caverna, romper o casulo,
borboletar e morrer.
segunda-feira, 3 de abril de 2017
ESPERANDO O MORTO
Por trás do violino doce,
recostado no peito,
serro as cordas,
morto, onde?
Os vagalumes ascendem, brilham.
No crematório
o som das chamas,
melancólicas, do silêncio,
antes de me doer o peito,
pelo sorriso da amada.
Um tucano
selvagem
sob as árvores
um coração fragmentado, caminho.
Só, na mesa gelada,
a barriga sem ronco,
nem é primavera,
nesse mundo de Deuses.
recostado no peito,
serro as cordas,
morto, onde?
Os vagalumes ascendem, brilham.
No crematório
o som das chamas,
melancólicas, do silêncio,
antes de me doer o peito,
pelo sorriso da amada.
Um tucano
selvagem
sob as árvores
um coração fragmentado, caminho.
Só, na mesa gelada,
a barriga sem ronco,
nem é primavera,
nesse mundo de Deuses.
EM 3D
Negro me vejo no espelho a maneira branca,
num modo narciso de se ver, alma branca,
o resto tem haver com o mesmo céu,
as mesmas nuvens, onde o olhar alcança,
então,
voo sobre o soalho do oceano,
me perco na paisagem,
um vai e vem de águas e ventanias,
que me afugentam.
Divido-me em cores primárias,
como personagem de um quadro.
num modo narciso de se ver, alma branca,
o resto tem haver com o mesmo céu,
as mesmas nuvens, onde o olhar alcança,
então,
voo sobre o soalho do oceano,
me perco na paisagem,
um vai e vem de águas e ventanias,
que me afugentam.
Divido-me em cores primárias,
como personagem de um quadro.
DESMATAMENTO
Germinei com o andar dos outros,
ereto, um chimpanzé, com nome e sobrenome,
germinei com as roupas que vestiam,
tornei-me flor em tudo, no vaso de todos,
ramos, galhos, raízes, numa floresta,
tronco parado, modelado, defecado por pássaros,
singelas folhas ao vento, desconfiado,
a madeira rústica tinha escamas,
entre um sol amanhecendo e cascos crispados,
à espera da serra elétrica.
ereto, um chimpanzé, com nome e sobrenome,
germinei com as roupas que vestiam,
tornei-me flor em tudo, no vaso de todos,
ramos, galhos, raízes, numa floresta,
tronco parado, modelado, defecado por pássaros,
singelas folhas ao vento, desconfiado,
a madeira rústica tinha escamas,
entre um sol amanhecendo e cascos crispados,
à espera da serra elétrica.
quarta-feira, 22 de março de 2017
ACHANDO O QUE FAZER
Não sei porque te amo,
nem sei se é amor...ou carência...
Talvez eu ame sem querer...
ou para ser...sobreviver...
ou morrer...
Tenho que achar o que fazer!
nem sei se é amor...ou carência...
Talvez eu ame sem querer...
ou para ser...sobreviver...
ou morrer...
Tenho que achar o que fazer!
MELANCOLIA
Somente os poetas em conflito,
sem rimas, inversos,
verão o contrário,
despindo o mundo, a vida e a morte,
no choro melancólico da cuica.
sem rimas, inversos,
verão o contrário,
despindo o mundo, a vida e a morte,
no choro melancólico da cuica.
ALÉM DO ESPELHO
Quem se olhar em espelhos
há de passar.
Quem se olhar além do espelho,
há de sentir, há de sonhar.
há de passar.
Quem se olhar além do espelho,
há de sentir, há de sonhar.
ÁGUA FRIA
Como pode um peixe vivo
esmorecer-se do que foi?
O futuro depende do peixe
que aquece a água fria.
esmorecer-se do que foi?
O futuro depende do peixe
que aquece a água fria.
segunda-feira, 20 de março de 2017
SENSUAL
As cracatuas falam sem parar,
daquele jeito obsceno,
cabelos de moicano,
estridentes arrogantes,
gritando e gozando muito.
daquele jeito obsceno,
cabelos de moicano,
estridentes arrogantes,
gritando e gozando muito.
PEDRA SABÃO
Sempre fui pedra sabão,
comi muito bolo de noiva,
amei as mulheres para sempre,
o sempre nunca soube,
me olharam, usaram, lambuzaram,
eu ainda procuro.
Só vou melhorar ao chorar.
comi muito bolo de noiva,
amei as mulheres para sempre,
o sempre nunca soube,
me olharam, usaram, lambuzaram,
eu ainda procuro.
Só vou melhorar ao chorar.
FUI EU ACHO
Fui feliz? Ficaram três filhos,
cinco descasamentos, muitas fotos amarelidas,
na memória: vinhos, lençóis, sorrisos, lágrimas,
cachorros e latidos, também estrelas,
tudo muito alegre e triste. Fui.
cinco descasamentos, muitas fotos amarelidas,
na memória: vinhos, lençóis, sorrisos, lágrimas,
cachorros e latidos, também estrelas,
tudo muito alegre e triste. Fui.
VOU LEVANDO
Meu tempo vai passando
sem nenhuma ruga a mais,
meus desejos, fragmentos, lembranças,
com café com leite e pão com manteiga.
sem nenhuma ruga a mais,
meus desejos, fragmentos, lembranças,
com café com leite e pão com manteiga.
SIMPLES ASSIM
Eu saio, não sei se eu,
caminho só.
em busca de poesia,
entre conversas e buzinas
canta um galo as 16 hs,
despretencioso, sonolento,
rompendo a ordem do dia.
Um canto cansado
entre nossos abraços
barulhento de ecos,
cuicas e surdos desfilando.
É meu coração disparado,
simples assim.
caminho só.
em busca de poesia,
entre conversas e buzinas
canta um galo as 16 hs,
despretencioso, sonolento,
rompendo a ordem do dia.
Um canto cansado
entre nossos abraços
barulhento de ecos,
cuicas e surdos desfilando.
É meu coração disparado,
simples assim.
segunda-feira, 13 de março de 2017
ROSA
José morreu torturado
militar = militando = gerúndio,
A luta continua! Gritavam os companheiros.
José não era capitalista, não era comunista.
Um homem humilde, pai, marido, trabalhador.
Comia pão com ovo de manhã e café
na marmita ovo de novo ou salsicha.
Gostava de flores, todas as flores.
azaléias, margaridas, rosas, mulher e três filhas.
Distribuia alegria desde as 05:00hs da manhã,
gostava de rosas, por isso não quero,
rosa longe de mim.
militar = militando = gerúndio,
A luta continua! Gritavam os companheiros.
José não era capitalista, não era comunista.
Um homem humilde, pai, marido, trabalhador.
Comia pão com ovo de manhã e café
na marmita ovo de novo ou salsicha.
Gostava de flores, todas as flores.
azaléias, margaridas, rosas, mulher e três filhas.
Distribuia alegria desde as 05:00hs da manhã,
gostava de rosas, por isso não quero,
rosa longe de mim.
DESMEDIDO
Desocultando horizontes
remando uma canoa furada,
desaceitei um naufrágio,
desinventei a viagem,
disseminarei metáforas
desoculpado da minha ocupação.
remando uma canoa furada,
desaceitei um naufrágio,
desinventei a viagem,
disseminarei metáforas
desoculpado da minha ocupação.
CRIANÇA ASSUSTADA
Há palavra mais aterrorizante
que MONSTRO?
Ou INCONSTITUCIONALICIMAMENTE?
Crianças boquiabertas, atônitas, comovidas.
que MONSTRO?
Ou INCONSTITUCIONALICIMAMENTE?
Crianças boquiabertas, atônitas, comovidas.
SINGELO
A pombas pousadas,
nos fios de alta tensão,
sem pernas, perceverantes,
- juntas por justiça -
migalhas e bondade da miséria.
nos fios de alta tensão,
sem pernas, perceverantes,
- juntas por justiça -
migalhas e bondade da miséria.
PRESAS
As hienas, riem,
o tempo observando arregalado,
os cajados, martelos, pás, covas,
cimento, capital, areia..
as presas domesticadas
que movimentam e levantam o mundo.
o tempo observando arregalado,
os cajados, martelos, pás, covas,
cimento, capital, areia..
as presas domesticadas
que movimentam e levantam o mundo.
sexta-feira, 10 de março de 2017
ESPERANÇA
Chove chuva chorando
lavando o mundo de bruços,
aguardando outros dias e noites,
sorrisos e açoites,
as mudanças que nunca vem.
lavando o mundo de bruços,
aguardando outros dias e noites,
sorrisos e açoites,
as mudanças que nunca vem.
GOTAS LENTAS
Me assusto com gotas de chuva,
exageradamente, exagerado como meu susto...
meus olhos castanhos,
olham um céu sem sol;
chorando gotas lentas.
exageradamente, exagerado como meu susto...
meus olhos castanhos,
olham um céu sem sol;
chorando gotas lentas.
MORDENDO O COTOVELO
Na disputa entre os donos da verdade,
quanto ao caminho do mundo,
ainda sob a ótica do bem e do mal,
erros e acertos, verdades e mentiras,
os conscientes inconscientes,
na singeleza ou na arrogância,
caminham pra lugar nenhum.
Desconfie, aproveita,
na realidade ainda há beleza!
Só se vive uma única vez
as efemeridades do tempo,
se não concordar,
continua mordendo o cotovelo.
quanto ao caminho do mundo,
ainda sob a ótica do bem e do mal,
erros e acertos, verdades e mentiras,
os conscientes inconscientes,
na singeleza ou na arrogância,
caminham pra lugar nenhum.
Desconfie, aproveita,
na realidade ainda há beleza!
Só se vive uma única vez
as efemeridades do tempo,
se não concordar,
continua mordendo o cotovelo.
AFLORESCÊNCIA
Num mar verde de alfaces e hortaliças
o brilho vermelho dos tomates,
sobre a planície úmida
onde passeiam lagartos e formigas,
crianças brincam de amarelinha,
muitos jogos e brincadeiras,
inocência em saber e sabedoria,
O ar cheira fraldas,
Nas meninas dos olhos,
os meninos também,
doçuras e crueldade,
páginas ganhando tinta,
canções, violinos, zumbidos,
De plantações, pomares, jardins,
hortaliças, raízes..
Com muito sol e muita água.
o brilho vermelho dos tomates,
sobre a planície úmida
onde passeiam lagartos e formigas,
crianças brincam de amarelinha,
muitos jogos e brincadeiras,
inocência em saber e sabedoria,
O ar cheira fraldas,
Nas meninas dos olhos,
os meninos também,
doçuras e crueldade,
páginas ganhando tinta,
canções, violinos, zumbidos,
De plantações, pomares, jardins,
hortaliças, raízes..
Com muito sol e muita água.
NADA É TÃO PURO HOJE
As lágrimas não caíram...
não molharam...
me afoguei.
Nunca mais entrei num rio.
Só as borboletas me contam
o que o casulo escondia.
Nada..Nada é tão puro hoje!
não molharam...
me afoguei.
Nunca mais entrei num rio.
Só as borboletas me contam
o que o casulo escondia.
Nada..Nada é tão puro hoje!
O ARTISTA
Gritos, fumaça e lágrimas,
chorando injustiças
sob o olhar das hienas
e agonia da cultura,
batalha de pedras poéticas,
contra balas de borracha.
chorando injustiças
sob o olhar das hienas
e agonia da cultura,
batalha de pedras poéticas,
contra balas de borracha.
A MULHER NA ESQUINA
Uma Gueixa
cacos de caráter pelos chão
pétala de flôr ao vento
pairando na calçada.
A coisa.
Nada mais.
A coisa,
útil ou propícia.
Havia charme
no andar
no roçar das pernas
no batuque dos sapatos.
Sorriso de maritaca
na boca a meia luz,
no poste da esquina.
Um amor guardado
a ser descoberto
entre cervejas e cocaína
numa rua sem colorido.
Escolha feita
no chão do asfalto deita
entre ratos e baratas
sempre refeita.
cacos de caráter pelos chão
pétala de flôr ao vento
pairando na calçada.
A coisa.
Nada mais.
A coisa,
útil ou propícia.
Havia charme
no andar
no roçar das pernas
no batuque dos sapatos.
Sorriso de maritaca
na boca a meia luz,
no poste da esquina.
Um amor guardado
a ser descoberto
entre cervejas e cocaína
numa rua sem colorido.
Escolha feita
no chão do asfalto deita
entre ratos e baratas
sempre refeita.
LÁGRIMAS
Eu queria nesse caminho tortuoso
não viver o conflito posição/oposição,
entre as hienas e gatos singelos,
antes lobos e cordeiros.
Dos olhos do tigre, nessa ficção,
vertem lágrimas.
não viver o conflito posição/oposição,
entre as hienas e gatos singelos,
antes lobos e cordeiros.
Dos olhos do tigre, nessa ficção,
vertem lágrimas.
CIDADANIA INFANTIL
- Se é corredor é pra correr!
- Se correr você pode cair!
- Se cair eu me levanto!
- Você pode machucar alguém!
- Só se o outro não souber correr!
- Tem gente que não sabe!
- Quem não sabe cai e aprende!
- Você tem que fazer o que nós adultos mandamos!
- Se é corredor é pra correr! Se não...
- Muda o nome para P-A-S-S-A-R-E-LA,
ai a gente D-E-S-F-I-L-A!
- Se correr você pode cair!
- Se cair eu me levanto!
- Você pode machucar alguém!
- Só se o outro não souber correr!
- Tem gente que não sabe!
- Quem não sabe cai e aprende!
- Você tem que fazer o que nós adultos mandamos!
- Se é corredor é pra correr! Se não...
- Muda o nome para P-A-S-S-A-R-E-LA,
ai a gente D-E-S-F-I-L-A!
EDUCANDO
Dos ensinamentos que tive
guardo aquilo que fui banhado,
seguindo a ser o que sou,
Nunca andei com as próprias pernas,
pernas muitas, correndo na paisagem do tempo,
o tempo mostrando o caminho,
curvas encruzilhadas, minhas escolhas,
os mestres, esqueci os rostos,
uma se fez inesquecível,
me beijou a face nos meus 6 anos e disse:
- Você não tem olhos de doutor,
porque carrega muita poesia nos olhos!
guardo aquilo que fui banhado,
seguindo a ser o que sou,
Nunca andei com as próprias pernas,
pernas muitas, correndo na paisagem do tempo,
o tempo mostrando o caminho,
curvas encruzilhadas, minhas escolhas,
os mestres, esqueci os rostos,
uma se fez inesquecível,
me beijou a face nos meus 6 anos e disse:
- Você não tem olhos de doutor,
porque carrega muita poesia nos olhos!
A TEIA
Uma aranha tecendo seu amanhã
farta de moscas e insetos,
armadilhas, devorando o mundo,
até que nada mais grude,
O sol há de aquecer a vida,
a teia há de enfraquecer,
para os fracos não terem
que se debater novamente.
farta de moscas e insetos,
armadilhas, devorando o mundo,
até que nada mais grude,
O sol há de aquecer a vida,
a teia há de enfraquecer,
para os fracos não terem
que se debater novamente.
QUADRO INFANTIL
Desenho sem forma
quadro inacabado
pai, mãe, irmãos, amigos
cruzando becos e ruas
outras famílias, pessoas,
e outras..e outras...famílias e ruas,
tinha tantos irmãos
nem sabia contar.
quadro inacabado
pai, mãe, irmãos, amigos
cruzando becos e ruas
outras famílias, pessoas,
e outras..e outras...famílias e ruas,
tinha tantos irmãos
nem sabia contar.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
CIDADANIA SURREAL
Sempre atento, sempre paranoico,
Culpa do stress. Tudo é negro. Tudo é branco.
A dor de barriga é a mesma entre nós, amarelos ou vermelhos
Brigamos institucionalmente para ser.
Acordo Guevara, Tomo café Cazuza, vivo o dia Tim Maia e durmo Drumond,
Sonho Fuerbach e tenho pesadelos com Niestche,
Um dia de choro, ao mesmo tempo sorriso
Kafikamente sou barata no universo gritando :
Brigamos institucionalmente para ser.
Acordo Guevara, Tomo café Cazuza, vivo o dia Tim Maia e durmo Drumond,
Sonho Fuerbach e tenho pesadelos com Niestche,
Um dia de choro, ao mesmo tempo sorriso
Kafikamente sou barata no universo gritando :
Vocês vão ter que me engolir!
Zagalo tem nome de vagalume.
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
NUNCA SOUBE AMAR
Sei que deveria gostar mais de mim
Deixar de buscar aprovação
Buscar um enfermeiro as vezes.
Deixar de buscar aprovação
Buscar um enfermeiro as vezes.
Pra sempre não existiria
Seria romântico e adoeceria por isso
Preciso de transfusão de poesia.
Seria romântico e adoeceria por isso
Preciso de transfusão de poesia.
Tenho um coração gelado
Cheio de mar salgado
Mariscando nas pedras.
Cheio de mar salgado
Mariscando nas pedras.
Não sei amar
Não tenho medida
Pouco, metade, demais
Sempre transbordando.
Não tenho medida
Pouco, metade, demais
Sempre transbordando.
Não compreendo os lados
Do outro, do meu
Não me dou
Se não tenho.
Do outro, do meu
Não me dou
Se não tenho.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
MEU TEMPO
.
O tempo é sussurro no ouvido
Que por vezes parece grito
Segundos que duvido
Horas que são possíveis
Dias que duvido
Meses que não findam
Anos que nos torturam
Preciso de tempo
Pra entender
O tempo que o tempo tem para mim
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