Tudo a minha volta, cores, sons e formas da natureza e da vida, são fenômenos poéticos; e sua essência está naquilo que se esconde nessas aparências, o encanto e o fascínio está nesse movimento de tudo, isso impressiona, irrita e ao menor toque explode em rimas dolorosas, porque tenho mais prazer, amo com mais violência, odeio com mais paixão que outros.
Duvido que aja alguém que possa enxugar o oceano para ficar mais próximo do horizonte. Somente o meu eu poeta.
segunda-feira, 7 de maio de 2018
PULGAS E CARRAPATOS
Os políticos só pioraram,
hienas que devoram misérias,
pulgas e carrapatos se multiplicam
disputando todos os espaços,
a miséria vai secando,
nas cinzas que respiramos.
hienas que devoram misérias,
pulgas e carrapatos se multiplicam
disputando todos os espaços,
a miséria vai secando,
nas cinzas que respiramos.
JANELAS
Meus olhos são janelas
abertas para o mundo,
na minha mente penetram,
o movimento, ativo olhar
dentro da paisagem no cérebro,
imagens intensas, ligeiras, filtradas,
processadas, esteiras,
morro só de pensar
que um dia deixarei de enxergar.
quarta-feira, 2 de maio de 2018
GOTAS DE OCEANO
Gotas de oceano,
o mundo segue seu plano,
nada a fazer, significa fazer algo,
de puro ou mundano.
Nesse seu vai vem ,
tudo pode mudar, tudo pode ser melhorado,
pelas marés da utopia,
pelas marés da lógica.
Nova gente, gera-ação
novos planos repassados,
que as hienas engordarão,
com risos insaciáveis,
Sabemos que o que começa
já anuncia seu fim,
aquilo que agora termina agora recomeça,
nas ondas do "sempre foi assim",
nas ondas do "sempre será" com
a convicção do amém.
cada qual com suas vergonhas,
vou aqui ficando com as minhas
não vou mais falar de mar,
não vou mais falar de mulheres,
De que me serve a razão
se só a desrazão engorda?
De que me serve amor e Deus,
que só olham o tempo passar?
As crianças ainda nascem,
porque o amor palpita,
os poetas ainda respiram,
outros tipos de poesia,
Gotas de oceano,
que venham as tempestades,
pois onde agora estamos,
jamais estaremos novamente.
o mundo segue seu plano,
nada a fazer, significa fazer algo,
de puro ou mundano.
Nesse seu vai vem ,
tudo pode mudar, tudo pode ser melhorado,
pelas marés da utopia,
pelas marés da lógica.
Nova gente, gera-ação
novos planos repassados,
que as hienas engordarão,
com risos insaciáveis,
Sabemos que o que começa
já anuncia seu fim,
aquilo que agora termina agora recomeça,
nas ondas do "sempre foi assim",
nas ondas do "sempre será" com
a convicção do amém.
cada qual com suas vergonhas,
vou aqui ficando com as minhas
não vou mais falar de mar,
não vou mais falar de mulheres,
De que me serve a razão
se só a desrazão engorda?
De que me serve amor e Deus,
que só olham o tempo passar?
As crianças ainda nascem,
porque o amor palpita,
os poetas ainda respiram,
outros tipos de poesia,
Gotas de oceano,
que venham as tempestades,
pois onde agora estamos,
jamais estaremos novamente.
REFLEXO
Sinto que nada é tão útil,
como brincar e ajoelhar no milho,
nada inocente, nada tão mau,
mal do ridículo de soprar no espelho,
que nem olha para você,
nem o sopro passa por aqui,
reflexo distraído que engana,
as brincadeiras refletidas de verdade.
como brincar e ajoelhar no milho,
nada inocente, nada tão mau,
mal do ridículo de soprar no espelho,
que nem olha para você,
nem o sopro passa por aqui,
reflexo distraído que engana,
as brincadeiras refletidas de verdade.
PAISAGEM
No topo do prédio mais alto,
olhava o descampado da cidade,
cheio de desprezo,
elevado um homem pior,
com a cabeça nas alturas
nada debaixo dos pés,
a não ser aquele espectro imundo
de misérias ligadas ao mundo,
a leitura dessas verdades
me leva a ignorar as estrelas, e,
pisar nesse chão.
olhava o descampado da cidade,
cheio de desprezo,
elevado um homem pior,
com a cabeça nas alturas
nada debaixo dos pés,
a não ser aquele espectro imundo
de misérias ligadas ao mundo,
a leitura dessas verdades
me leva a ignorar as estrelas, e,
pisar nesse chão.
DESCOBERTA
Nada mais se cria,
tudo se repete
num extenso movimento sinoidal,
de erros e acertos
na vaidade das especulações.
Sentados ao pôr do sol,
bebendo água na fonte,
entreventos e folhas caídas,
pertubando a ignorância
vamos conhecendo a nós mesmos.
tudo se repete
num extenso movimento sinoidal,
de erros e acertos
na vaidade das especulações.
Sentados ao pôr do sol,
bebendo água na fonte,
entreventos e folhas caídas,
pertubando a ignorância
vamos conhecendo a nós mesmos.
SOBRENATURAL
Entre as contradições,
a natureza se esvai
pouco a pouco,
desnaturalizada como ovo
frito, cozido,
choco,
triste ditadura
da fome, dentadura
em puro mecanismo.
a natureza se esvai
pouco a pouco,
desnaturalizada como ovo
frito, cozido,
choco,
triste ditadura
da fome, dentadura
em puro mecanismo.
SOPRO DA MORTE
Matei o tempo,
matei distâncias,
matei amores,
matei infância,
matei o homem,
morri velho,
minhas cinzas respiro.
matei distâncias,
matei amores,
matei infância,
matei o homem,
morri velho,
minhas cinzas respiro.
A CAMINHO DO FIM
Minha humanidade cheia de certas errâncias,
viveu numa caverna, severa e severina,
esperando a morte porvir, morte lenta,
precisava de espaço e foi viajar além mundo.
viveu numa caverna, severa e severina,
esperando a morte porvir, morte lenta,
precisava de espaço e foi viajar além mundo.
MORTE ANUNCIADA
Meu olhar se perdia
naquele oceano imenso,
que acompanhava minha imagem
frágil e transitória,
findando numa estranha maré
que contava a minha estória,
numa ressaca cultural de vida,
vai e vem, início e fim,
num precioso segundo trincou-se o espelho,
morri.
naquele oceano imenso,
que acompanhava minha imagem
frágil e transitória,
findando numa estranha maré
que contava a minha estória,
numa ressaca cultural de vida,
vai e vem, início e fim,
num precioso segundo trincou-se o espelho,
morri.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
REPETIÇÃO
O novo não tem novidades,
os galos já não cantam às 05:00 hs,
agora eu tenho Iphone,
As galinhas ainda botam ovo,
ainda do mesmo jeito,
sentadas sob o poleiro,
A confusão jaz costumeira,
Deus e o diabo vivem na terra do sol,
em paz e guerra carnaval,
A caneta gritando:
Poesia...! Poesia...! Poesia...!
os galos já não cantam às 05:00 hs,
agora eu tenho Iphone,
As galinhas ainda botam ovo,
ainda do mesmo jeito,
sentadas sob o poleiro,
A confusão jaz costumeira,
Deus e o diabo vivem na terra do sol,
em paz e guerra carnaval,
A caneta gritando:
Poesia...! Poesia...! Poesia...!
QUESTÃO MORAL
Uma lesma se arrasta,
nua, gozada, úmida,
entre as pernas de uma mesa,
lambendo nosso chão.
Já não basta cupins,
comendo o armário?
nua, gozada, úmida,
entre as pernas de uma mesa,
lambendo nosso chão.
Já não basta cupins,
comendo o armário?
TIETÊ
Enterrei na marginal,
as margens, um braço do tietê,
Ser rio poluído é preciso prática,
começa com uma cusparada,
Comer pneus e sofás,
e outras coisas jogadas fora,
A vida fecunda, bundas,
moscas de bananas madurando mortas,
Nessa paisagem passeia o poeta afogado,
entre sapos coaxando, cada qual na sua cova,
Entremorto uma coroa de borboletas,
uma poesia sem calcinhas,
O cheiro desse poema,
banha nessas águas turvas.
as margens, um braço do tietê,
Ser rio poluído é preciso prática,
começa com uma cusparada,
Comer pneus e sofás,
e outras coisas jogadas fora,
A vida fecunda, bundas,
moscas de bananas madurando mortas,
Nessa paisagem passeia o poeta afogado,
entre sapos coaxando, cada qual na sua cova,
Entremorto uma coroa de borboletas,
uma poesia sem calcinhas,
O cheiro desse poema,
banha nessas águas turvas.
PALAVRAS
Calar para que?
Para que calar?
Palavras querem fugir,
querem falar caladas,
palavras escravizadas,
são queixosas,
falam com força,
poéticas teimosas,
Palavras desejam,
recitam, ouçam e vejam,
aos pulos, sussurros,
desembocando num oásis.
Para que calar?
Palavras querem fugir,
querem falar caladas,
palavras escravizadas,
são queixosas,
falam com força,
poéticas teimosas,
Palavras desejam,
recitam, ouçam e vejam,
aos pulos, sussurros,
desembocando num oásis.
RALO
Nenhum grito aqui ecoa,
entre confetes, cervejas e tiros,
amplo vácuo nesse silêncio fresco,
como uma falta, de tudo e nada,
som quieto, uniforme salta,
como ondulações em águas calmas,
Como tudo que vai, corre, esvai.
entre confetes, cervejas e tiros,
amplo vácuo nesse silêncio fresco,
como uma falta, de tudo e nada,
som quieto, uniforme salta,
como ondulações em águas calmas,
Como tudo que vai, corre, esvai.
segunda-feira, 5 de março de 2018
VIDA E MORTE LUMPEN
A vida passa tão rápido...
passa...passa...passa...
Chega uma velhice tão jovem,
institucionalizada falece. Tudo efêmero,
nada real, tudo tão ficção.
Passeio entre Quixotes,
Ghandis e Marxs,
namorando Fridas Calos.
Calei-me. Minha lápide: Ninguém.
passa...passa...passa...
Chega uma velhice tão jovem,
institucionalizada falece. Tudo efêmero,
nada real, tudo tão ficção.
Passeio entre Quixotes,
Ghandis e Marxs,
namorando Fridas Calos.
Calei-me. Minha lápide: Ninguém.
GESTOS
Tudo que começa termina,
como filhos de Deus e Diabo,
marionetes que olham e não vêem,
ovários e teias.
Armas que te pertencem,
mas cansam teu lombo,
Como usá-las em luta?
Ao nascer o gesto que se faça o gesto.
como filhos de Deus e Diabo,
marionetes que olham e não vêem,
ovários e teias.
Armas que te pertencem,
mas cansam teu lombo,
Como usá-las em luta?
Ao nascer o gesto que se faça o gesto.
QUEM TEM OLHO GRANDE NÃO ENTRA NA CHINA
O Brasil morre, colocado de joelhos,
do Oiapoque ao Chui, olhando,
entre sorrisos falsos, cínicos,
chapéu de memorias, sonhando,
O lábio de cima, mostra os caninos,
o inferior, cortante como serras,
os superiores são ousados,
com punhos cerrados que apoiam o queixo,
Os olhos, inquietos, definitivos,
Um Brasil de futuro americano,
O olhar de quem olha é chinês.
do Oiapoque ao Chui, olhando,
entre sorrisos falsos, cínicos,
chapéu de memorias, sonhando,
O lábio de cima, mostra os caninos,
o inferior, cortante como serras,
os superiores são ousados,
com punhos cerrados que apoiam o queixo,
Os olhos, inquietos, definitivos,
Um Brasil de futuro americano,
O olhar de quem olha é chinês.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
DIA DE SER CRIANÇA
A água chorava no telhado
a lua cerrava os olhos,
ainda nem são 07:00hs
quarto, sala, cozinha,
casa de magras coisas
onde passeiam lagartixas.
Da janela eu via o quadro,
com meus olhos de passarinho,
impaciente no ninho.
É manhã! Eu chateado?
Ninguém mexera comigo!
Devo me chatear? Eu não consigo.
Sem choro o sol parece um bicho preguiça,
descansando entre as nuvens.
Bora rimar!
De onde vem a coragem?
A coragem é que me alegra,
como criança a sujar papel em branco.
a lua cerrava os olhos,
ainda nem são 07:00hs
quarto, sala, cozinha,
casa de magras coisas
onde passeiam lagartixas.
Da janela eu via o quadro,
com meus olhos de passarinho,
impaciente no ninho.
É manhã! Eu chateado?
Ninguém mexera comigo!
Devo me chatear? Eu não consigo.
Sem choro o sol parece um bicho preguiça,
descansando entre as nuvens.
Bora rimar!
De onde vem a coragem?
A coragem é que me alegra,
como criança a sujar papel em branco.
PERDA TOTAL
Eles queriam criar um roseiral vermelho,
sob estrelas brancas, azuis, verdes e amarelas,
Com foice e martelo fizeram cercas,
pintaram de verde, mas não vingaram.
Talvez pelos tucanos que vigiavam.
sob estrelas brancas, azuis, verdes e amarelas,
Com foice e martelo fizeram cercas,
pintaram de verde, mas não vingaram.
Talvez pelos tucanos que vigiavam.
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
COISAS QUE O POVO FALA
A sentença saiu. O Ex presidente Luis Inácio LULA da Silva, monta uma nova estratégia. Vamos começar, conscientizar as bases e fortalecer o partido. Quis começar neste ano, mas não há condições políticas para isso.
- Que Marx me perdoe!
A burguesia se aproximou, chegou bem pertinho, cochichou em seu ouvido e começou a comer suaus idéias, pedacinho por pedacinho...
- Que Marx me perdoe!
A burguesia se aproximou, chegou bem pertinho, cochichou em seu ouvido e começou a comer suaus idéias, pedacinho por pedacinho...
MILITÂNCIA POÉTICA
Cai na real que nada é eterno,
fica com o germe do velho, que infecta,
um mundo em movimento,
não reto, não sinoidal, espiral,
que não finda, gesta,
eterna negação da negação,
são memórias solitárias,
sobre tudo, sobre nada,
em tempos de luta.
fica com o germe do velho, que infecta,
um mundo em movimento,
não reto, não sinoidal, espiral,
que não finda, gesta,
eterna negação da negação,
são memórias solitárias,
sobre tudo, sobre nada,
em tempos de luta.
CRÔNICA DE UM MOLUSCO
Quando os trabalhadores deram à rua, as nuvens entraram em debate, o céu começou a chorar e a cidade ficou cinza. Nos sonhos do passado, submerso as esperanças construídas com luta. Tudo institucinalizou-se; então os velhos combatentes se cobriram com o lençol da sedução, onde os burgueses e políticos havim construído a codificação da vida cotidiana.
Nesta manhã veio a sentença, que aguardava velhos e novos trabalhadores, militantes e o povo. Como pode uma lula viva, viver fora d' agua fria? Là longe o surdo marcava o tempo e o repique anunciou:
- Tudo deixou de ser notícia e o carnaval chegou!
Nesta manhã veio a sentença, que aguardava velhos e novos trabalhadores, militantes e o povo. Como pode uma lula viva, viver fora d' agua fria? Là longe o surdo marcava o tempo e o repique anunciou:
- Tudo deixou de ser notícia e o carnaval chegou!
FILANTRÓPICO
Não ganho pão
com as palavras,
elas não sabem
o que são livros,
O que ganho com elas?
Só revelo nas páginas em branco,
ao sabor dos meus erros.
com as palavras,
elas não sabem
o que são livros,
O que ganho com elas?
Só revelo nas páginas em branco,
ao sabor dos meus erros.
CRÔNICA DA RUGA
Rugas na rua,
no meio, entre,
a rua, becos, vielas,
grita!
Asfalto e brita,
cidade do avesso,
onde dorme,
onde morre,
o sol, a chuva e a noite.
no meio, entre,
a rua, becos, vielas,
grita!
Asfalto e brita,
cidade do avesso,
onde dorme,
onde morre,
o sol, a chuva e a noite.
PALAVRAS
Preso em pensamentos,
abrigado pela caverna errada,
onde vivem palavras escravas,
se obstina o silêncio,
Essa solidão patética,
com medo de afrontar,
negrume que turva os olhos,
míope para não enxergar,
Vozes para arranha - céus,
falas cortam o ar,
pingando água de côco,
limão, abacaxi, poesia - algodão,
garoada a palavra emerge,
do xicote que fere o cavalo,
relincha a memória antiga,
Desperta! Essa loucura imensa,
No ceu da boca, a palavra
é um pássaro azul,
cantando com duas asas,
frevando as pernas aos gritos,
As palavras da caverna errada,
colocam as vozes para fora,
exasperadas, zombeteiras, matreiras,
tagarelas já não recuam.
abrigado pela caverna errada,
onde vivem palavras escravas,
se obstina o silêncio,
Essa solidão patética,
com medo de afrontar,
negrume que turva os olhos,
míope para não enxergar,
Vozes para arranha - céus,
falas cortam o ar,
pingando água de côco,
limão, abacaxi, poesia - algodão,
garoada a palavra emerge,
do xicote que fere o cavalo,
relincha a memória antiga,
Desperta! Essa loucura imensa,
No ceu da boca, a palavra
é um pássaro azul,
cantando com duas asas,
frevando as pernas aos gritos,
As palavras da caverna errada,
colocam as vozes para fora,
exasperadas, zombeteiras, matreiras,
tagarelas já não recuam.
ZÉ
Quem sou eu?
Porque poderia interessar a alguém?
Sou um miserável poeta,
que come palito de dente,
que brinca de faz- de - contas,
as palavras - eu alguém
Não! Zé ninguém.
Porque poderia interessar a alguém?
Sou um miserável poeta,
que come palito de dente,
que brinca de faz- de - contas,
as palavras - eu alguém
Não! Zé ninguém.
O BOM FILHO
Filho de uma bandeira
o homem tinha sido esculpido,
lá na infância, Zé ninguém,
numa terra obscura
Se embebedava de orvalhos,
onde girassóis comiam vagalumes,
as notícias lhe acobertavam do frio,
na face só a memória das moscas,
Filho que fora folha,
sendo desfolhado pelo vento,
por que bebeu mulher numa jarra,
nunca mais parou de pingar poesia,
Dos bolsos da calça, camisa, casaco
se viam vários buracos por onde
se olhavam as igrejas,
com olhar de negro branco,
tempo que a morte rondava,
grilos, cigarras no tapa,
indigestos sapos boi,
todos iguais aos olhos da lua,
O filho foi aprendendo a vida,
um ninguém na terra do nunca,
onde ningém não dava a mínima,
sózinho fazia rimas.
o homem tinha sido esculpido,
lá na infância, Zé ninguém,
numa terra obscura
Se embebedava de orvalhos,
onde girassóis comiam vagalumes,
as notícias lhe acobertavam do frio,
na face só a memória das moscas,
Filho que fora folha,
sendo desfolhado pelo vento,
por que bebeu mulher numa jarra,
nunca mais parou de pingar poesia,
Dos bolsos da calça, camisa, casaco
se viam vários buracos por onde
se olhavam as igrejas,
com olhar de negro branco,
tempo que a morte rondava,
grilos, cigarras no tapa,
indigestos sapos boi,
todos iguais aos olhos da lua,
O filho foi aprendendo a vida,
um ninguém na terra do nunca,
onde ningém não dava a mínima,
sózinho fazia rimas.
segunda-feira, 15 de janeiro de 2018
A MENINA DOS OLHOS AZUIS
Além dessas meninas azuis,
tem uma mulher singela,
dentro de uma menina bela,
que se chama Daniela,
mas se não houver lá alguém,
essa tal mulher Daniela
para além de suas meninas azuis,
quero minha utopia possível,
que haja uma mulher sincera,
na menina que você era,
guardada bem dentro delas.
tem uma mulher singela,
dentro de uma menina bela,
que se chama Daniela,
mas se não houver lá alguém,
essa tal mulher Daniela
para além de suas meninas azuis,
quero minha utopia possível,
que haja uma mulher sincera,
na menina que você era,
guardada bem dentro delas.
PÉTALAS
Mal me quer... bem me quer...
jogadas ao vento,
não tecem amores,
Mal me quer...bem me quer...
voando na paisagem
nem sabe quem são
Mal me quer...bem me quer...
suavemente pousam no chão,
há seus pés um romance.
jogadas ao vento,
não tecem amores,
Mal me quer...bem me quer...
voando na paisagem
nem sabe quem são
Mal me quer...bem me quer...
suavemente pousam no chão,
há seus pés um romance.
ABORTAR
Quando o corpo, pote de gozo,
pari fruto com caroço,
deixando tudo em alvoroço,
entre o colosso e o lodo,
não é possível lhe aparar as asas,
mas há como cortar-lhe o vôo,
para que o corpo daquele seu corpo
deite-se em nuvens azuis.
pari fruto com caroço,
deixando tudo em alvoroço,
entre o colosso e o lodo,
não é possível lhe aparar as asas,
mas há como cortar-lhe o vôo,
para que o corpo daquele seu corpo
deite-se em nuvens azuis.
PEQUENO POETA
Não me acostumo a poemas longos,
sou poeta de paixões,
não faço poemas para casar,
boto a fila para andar,
porque atrás de mim vem rimas,
rimas são para dançar.
sou poeta de paixões,
não faço poemas para casar,
boto a fila para andar,
porque atrás de mim vem rimas,
rimas são para dançar.
AS RUAS DA CIDADE
As ruas desta cidade
estão crescendo muito rápido,
filhas de corpo feito,
de varizes e estrias
Nas manhãs acordam adormecidas,
das noites dormidas cansadas,
homens, mulheres, não amam,
somente acasalam,
Tudo com preço e horário,
gente se escondendo da vida,
saem do anonimato
frente a uma Cidade Alerta,
A cidade tem muitas ruas,
ruas para todos os gostos,
uns a moda da casa, outros em dobradinha,
tem até crianças a milanesa para seu dia a dia,
Ó minha cidade!
As ruas agora são moças,
Genis de migrantes e imigrantes
que também defecam em você
Marginais margeiam lágrimas,
mais, matam aos poucos,
digerem misteriosos carros
com suas bocas de lobo no asfalto,
Cidade despojada, seus seios amamentam
suas hienas e pombos, por aqueles que acumulam,
viver se torna uma arte,
que caminha a morrer nas esquinas,
Não há saída! Somente,
ruas becos, marginais,
avenidas, viadutos e garoas,
Nós sonhando saídas.
estão crescendo muito rápido,
filhas de corpo feito,
de varizes e estrias
Nas manhãs acordam adormecidas,
das noites dormidas cansadas,
homens, mulheres, não amam,
somente acasalam,
Tudo com preço e horário,
gente se escondendo da vida,
saem do anonimato
frente a uma Cidade Alerta,
A cidade tem muitas ruas,
ruas para todos os gostos,
uns a moda da casa, outros em dobradinha,
tem até crianças a milanesa para seu dia a dia,
Ó minha cidade!
As ruas agora são moças,
Genis de migrantes e imigrantes
que também defecam em você
Marginais margeiam lágrimas,
mais, matam aos poucos,
digerem misteriosos carros
com suas bocas de lobo no asfalto,
Cidade despojada, seus seios amamentam
suas hienas e pombos, por aqueles que acumulam,
viver se torna uma arte,
que caminha a morrer nas esquinas,
Não há saída! Somente,
ruas becos, marginais,
avenidas, viadutos e garoas,
Nós sonhando saídas.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
GRANDE AMIZADE BRANCA
O sol suava
o fazendeiro e o negro,
tapinhas nas costas,
a fazenda, as cercas brancas,
"- É...é...meu amigo,
se você não fosse negro,
eu te dava um sabonete!"
o fazendeiro e o negro,
tapinhas nas costas,
a fazenda, as cercas brancas,
"- É...é...meu amigo,
se você não fosse negro,
eu te dava um sabonete!"
CRIANCICE
Nas memórias esqueci de outrora,
brincar, curioso, descobrir.
Agora sou grande, penso e faço,
bêbado vivo a realidade que sei.
Onde há crianças,
não se vêm bestas,
Qual o sentido de tudo?
Precisa ter?
Eu quero brincar de novo,
sonhar, pois, sem dor tudo é tão simples.
brincar, curioso, descobrir.
Agora sou grande, penso e faço,
bêbado vivo a realidade que sei.
Onde há crianças,
não se vêm bestas,
Qual o sentido de tudo?
Precisa ter?
Eu quero brincar de novo,
sonhar, pois, sem dor tudo é tão simples.
AFOGAMENTO
Salivam as hienas,
sobre o corpo seco que trabalha,
Que se farta em mão de obra
assim avança a humanidade,
Desumanidade com o outro
que considera coisa,
Das 05:00hs da manhã as 22:00hs,
deserto em que de dia caminha,
Deserto em que na noite se deita,
sonha, na sede, no trabalho se afoga.
sobre o corpo seco que trabalha,
Que se farta em mão de obra
assim avança a humanidade,
Desumanidade com o outro
que considera coisa,
Das 05:00hs da manhã as 22:00hs,
deserto em que de dia caminha,
Deserto em que na noite se deita,
sonha, na sede, no trabalho se afoga.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
COTOVELO
Ela me morde
a maçã do rosto
e se vai,
Quando ela volta,
tomo muitas doses
de revolta,
Mordo o cotovelo,
no fundo do poço
Se ex-vou indo,
deixo com a garrafa
minha última rima.
a maçã do rosto
e se vai,
Quando ela volta,
tomo muitas doses
de revolta,
Mordo o cotovelo,
no fundo do poço
Se ex-vou indo,
deixo com a garrafa
minha última rima.
UTOPIA
Que nossa utopia
nunca acabe
Precisamos sempre um novo
para chocar
O longe fica perto
perto fica longe
Utopias vem e vão
poesias sim e não
Haverá um dia
que tudo será danação.
nunca acabe
Precisamos sempre um novo
para chocar
O longe fica perto
perto fica longe
Utopias vem e vão
poesias sim e não
Haverá um dia
que tudo será danação.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
NATAL
Que neste Natal,
os doces te rasguem, com palavras,
cheias de chantily.
Tudo será oculto,
num espelho que não reflete,
pois só você verá por dentro
como os olhos dos cegos.
Neste Natal,
o que vai receber
não poderá pegar,
nem poderá ser devolvido,
que o peru, o pernil e o vinho,
não seja seu mas de todos.
Nesta postagem poética,
defecada pela memória,
emanam sobras dos afetos
sem endereço, tempo que passou,
passou sem que eu passasse.
os doces te rasguem, com palavras,
cheias de chantily.
Tudo será oculto,
num espelho que não reflete,
pois só você verá por dentro
como os olhos dos cegos.
Neste Natal,
o que vai receber
não poderá pegar,
nem poderá ser devolvido,
que o peru, o pernil e o vinho,
não seja seu mas de todos.
Nesta postagem poética,
defecada pela memória,
emanam sobras dos afetos
sem endereço, tempo que passou,
passou sem que eu passasse.
sábado, 25 de novembro de 2017
MORTOS VIVOS
O homem está com sede,
o homem está com fome,
pombas, asfalto, gente,
na cidade que nunca dorme,
Não dorme zumbi,
zumbi que nunca dorme,
come terra, come mundo,
na cidade que se arregala,
para dormir a cidade,
devemos a ela um chamego,
um cafuné e muitos beijos,
selinhos, ventosas,
mais afoitos são os jovens,
as crianças em roda,
outras amarelinhas,
sonhos num chão duro,
cheio de horizontes,
vemos o fim todos os dias,
pés inchados de correria,
descansam tumularmente,
sem que se habite a cidade.
o homem está com fome,
pombas, asfalto, gente,
na cidade que nunca dorme,
Não dorme zumbi,
zumbi que nunca dorme,
come terra, come mundo,
na cidade que se arregala,
para dormir a cidade,
devemos a ela um chamego,
um cafuné e muitos beijos,
selinhos, ventosas,
mais afoitos são os jovens,
as crianças em roda,
outras amarelinhas,
sonhos num chão duro,
cheio de horizontes,
vemos o fim todos os dias,
pés inchados de correria,
descansam tumularmente,
sem que se habite a cidade.
SONHANDO
A lua parecia ao alcance das mão,
brilhava muda, próxima aos meus dedos,
fiz cadeira para minhas pernas,
sorri,com o sopro do vento, esticando-me ,
cai, bati o coração no chão.
brilhava muda, próxima aos meus dedos,
fiz cadeira para minhas pernas,
sorri,com o sopro do vento, esticando-me ,
cai, bati o coração no chão.
SOLIDÃO BRITÂNICA
Ela se arruma,
Atrasa como um relógio;
não adianta.
Droga!
A solidão sim e pontual.
Atrasa como um relógio;
não adianta.
Droga!
A solidão sim e pontual.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
SEGREDOS
Seios inocentes
bolinhas de gude sem pêlo.
Dá-me o que quero!
Universo sem-vergonha
que cabem na minha mão.
Fiel sempre, amarroto lençóis aleitado,
guardo todos os segredos,
faça o que quer!
Eu nada conto.
bolinhas de gude sem pêlo.
Dá-me o que quero!
Universo sem-vergonha
que cabem na minha mão.
Fiel sempre, amarroto lençóis aleitado,
guardo todos os segredos,
faça o que quer!
Eu nada conto.
DIVAGANDO
Tenho dificuldades com acentos
assim como entender de métrica,
quem diria aritmética
não toco surdo nem tamborim
não distingo quiabo de monossilábico,
nada me incomoda é certo,
faço o que gosto sem rimas,
afinal poeta nada tem haver com profeta.
Acho!?
assim como entender de métrica,
quem diria aritmética
não toco surdo nem tamborim
não distingo quiabo de monossilábico,
nada me incomoda é certo,
faço o que gosto sem rimas,
afinal poeta nada tem haver com profeta.
Acho!?
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
GRITO SILENCIOSO
Brado na passeata,
florida ou armada,
bandeira.
Não avança,
ora, verte sangue e miséria.
florida ou armada,
bandeira.
Não avança,
ora, verte sangue e miséria.
CIDADANIA
Cidadania é o ato
de votar e esquecer
Esse fato
é olhar um buraco
Que te olha, te leva,
sem luz e inerte.
de votar e esquecer
Esse fato
é olhar um buraco
Que te olha, te leva,
sem luz e inerte.
APRENDIZ
Sou um insistente aprendiz
que tenta escrever,
juntando sílabas,
criando frases e rimas,
nessa efêmera vida,
de morte eterna.
que tenta escrever,
juntando sílabas,
criando frases e rimas,
nessa efêmera vida,
de morte eterna.
BURACOS
Atrás de um poste,
cheio de sacos de lixo
um rato se movia, olhos atentos,
com ele meu pensamento
correu para o esgoto.
cheio de sacos de lixo
um rato se movia, olhos atentos,
com ele meu pensamento
correu para o esgoto.
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
ARTESÃO
Pelo uso das mãos
nasce o mundo
faz-se o gesto
nasce o gesto
e o mundo
vai escorrendo
por entre os dedos
das utopias.
nasce o mundo
faz-se o gesto
nasce o gesto
e o mundo
vai escorrendo
por entre os dedos
das utopias.
POESIA EM FLÔR
Em terra seca
com pedras sobre si,
versos e rimas
lutam por germinar,
esperando que a sensibilidade
permita a poesia aflorar.
com pedras sobre si,
versos e rimas
lutam por germinar,
esperando que a sensibilidade
permita a poesia aflorar.
SEM GRAÇA
Um cão urinando no poste,
moscas beijando um velho,
duas senhoras falando de alguém,
eu bebendo a mesma cerveja.
Hoje o dia acordou sem graça.
moscas beijando um velho,
duas senhoras falando de alguém,
eu bebendo a mesma cerveja.
Hoje o dia acordou sem graça.
NÁUFRAGO
Garrafas ao mar,
assim são os poemas,
lê quem quer,
rimas de um cotidiano prosaico.
que não cabem numa gaiola,
não explicam, só se expressam.
A quem interessa a expressão,
se a explicação basta?
Eu acredito, o mentiroso também,
em rasgar qualquer silêncio.
assim são os poemas,
lê quem quer,
rimas de um cotidiano prosaico.
que não cabem numa gaiola,
não explicam, só se expressam.
A quem interessa a expressão,
se a explicação basta?
Eu acredito, o mentiroso também,
em rasgar qualquer silêncio.
PERDAS E DANOS
Já que perdi os amores que tinha,
gastarei meus míseros trocados,
tomando cerveja e debatendo com as estrelas.
gastarei meus míseros trocados,
tomando cerveja e debatendo com as estrelas.
MEU OLHAR
Não tenho um camaro amarelo,
vivo do meu mísero salário,
não tenho bens nem poder,
tenho sim, muita saúde,
um olhar apurado de quem olha,
para além daquilo que é visto.
vivo do meu mísero salário,
não tenho bens nem poder,
tenho sim, muita saúde,
um olhar apurado de quem olha,
para além daquilo que é visto.
MEU CONTRÁRIO
Quem puder não me esqueça
como aquele que admirava borboletas,
resmungava para tudo,
sempre inconformado,
com o amor, com amaré?
Com tudo que aparece de singelo,
entre Deus e o Diabo.
como aquele que admirava borboletas,
resmungava para tudo,
sempre inconformado,
com o amor, com amaré?
Com tudo que aparece de singelo,
entre Deus e o Diabo.
HUMANO
D e amores e medos
vesti meu corpo,
entre seios fartos,
bocas suculentas,
coxas, nádegas e sorrisos,
na obrigação de existir,
mais do que a matéria,
resume-se em algo mais,
mais do que corpos suados,
sim o que de humano
existe no homem.
vesti meu corpo,
entre seios fartos,
bocas suculentas,
coxas, nádegas e sorrisos,
na obrigação de existir,
mais do que a matéria,
resume-se em algo mais,
mais do que corpos suados,
sim o que de humano
existe no homem.
GUERREIROS
O Brasil explora conscientemente
a miséria e a fome, histórica
fome e miséria que engordam
políticos e presidentes,
queria eu estar infectado de:
Che Guevara e Betinho.
a miséria e a fome, histórica
fome e miséria que engordam
políticos e presidentes,
queria eu estar infectado de:
Che Guevara e Betinho.
A SUA SOMBRA
Ainda farei ciesta a sua sombra,
sombra que me excita,
suave gemido, sem choro,
meu cansaço em você descansa,
o amor vence esse cansaço,
com um coração deserto.
sombra que me excita,
suave gemido, sem choro,
meu cansaço em você descansa,
o amor vence esse cansaço,
com um coração deserto.
BANANAS
Brasil! Meu país de bananas,
falando português tupiniquim,
incerto requebrado melancólico,
minha rede de descanso,
meu balanço, meu gingado,
num sono exausto repouso,
aproximo de mim, tendo a certeza
que a fome matará muitos,
antes que eu envelheça.
falando português tupiniquim,
incerto requebrado melancólico,
minha rede de descanso,
meu balanço, meu gingado,
num sono exausto repouso,
aproximo de mim, tendo a certeza
que a fome matará muitos,
antes que eu envelheça.
SÓZINHO
Estremeço, viro e me reviro,
não rangem as molas da cama,
range o corpo resmungando desejos,
gemidos, ecos de sussurros,
de corpos me acariciando.
É madrugada, peço socorro,
braços e abraços vão embora,
sigo em frente... lá longe...
meu quarto vazio...
volto a dormir novamente,
a manhã transformo em versos,
o calor, o pavor e o amor,
depois tomo um café, visto a roupa que engordou,
vou ao trabalho... depois...
voltarei aprendiz, com o fardo do destino.
não rangem as molas da cama,
range o corpo resmungando desejos,
gemidos, ecos de sussurros,
de corpos me acariciando.
É madrugada, peço socorro,
braços e abraços vão embora,
sigo em frente... lá longe...
meu quarto vazio...
volto a dormir novamente,
a manhã transformo em versos,
o calor, o pavor e o amor,
depois tomo um café, visto a roupa que engordou,
vou ao trabalho... depois...
voltarei aprendiz, com o fardo do destino.
MEIAS VERDADES
Sou um poeta mau humorado,
que a pessoas incomodo,
nas suas falsas paz singelas.
Não sou o homem que balança o rabo,
não sou bicho, nem acatarei os atos,
sou poeta homem do mato,
só podendo ser medido no sofrimento,
nunca serei um, visto pela metade,
nem serei inteiro de verdade.
que a pessoas incomodo,
nas suas falsas paz singelas.
Não sou o homem que balança o rabo,
não sou bicho, nem acatarei os atos,
sou poeta homem do mato,
só podendo ser medido no sofrimento,
nunca serei um, visto pela metade,
nem serei inteiro de verdade.
VOLTAS QUE A GENTE DÁ
O Uber transita, a cidade
ainda me impressiona.
Os prédios e suas pichações,
arte caótica e arriscada. O vento me esquenta.
Na praça uma mulher defeca,
com a mesma calcinha de bolinhas da Minie,
um dia viveremos outro tempo,
se viver houver.
ainda me impressiona.
Os prédios e suas pichações,
arte caótica e arriscada. O vento me esquenta.
Na praça uma mulher defeca,
com a mesma calcinha de bolinhas da Minie,
um dia viveremos outro tempo,
se viver houver.
HORA DE DORMIR
A cidade vai matando de fome,
churrascos de costela,
salmão na brasa,
coração na mão;
o dia vai findando
com o ronco da barriga.
churrascos de costela,
salmão na brasa,
coração na mão;
o dia vai findando
com o ronco da barriga.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
VEM E VAI
Amores que se foram,
não podem nos deixar distraídos,
pois outros amores passarão...
Nada deve ser esquecido,
tendo sentido, ou,
não.
As experiências são tudo,
são nosso conteúdo,
até o pênis na mão,
Tudo é vem, é vão,
pois é tudo tão exato,
como nascer e morrer.
não podem nos deixar distraídos,
pois outros amores passarão...
Nada deve ser esquecido,
tendo sentido, ou,
não.
As experiências são tudo,
são nosso conteúdo,
até o pênis na mão,
Tudo é vem, é vão,
pois é tudo tão exato,
como nascer e morrer.
ABACATEIRO
Nunca quis ser mais,
bastou me ser inteiro,
simples assim, como um abacate,
inteiro a cada momento,
sendo sempre o que faço,
assim como essa fruta de mato,
suculenta por que vive,
abacateiro acataremos teu ato.
bastou me ser inteiro,
simples assim, como um abacate,
inteiro a cada momento,
sendo sempre o que faço,
assim como essa fruta de mato,
suculenta por que vive,
abacateiro acataremos teu ato.
LÁPIDE
Só ficara na história,
o dia que nasci,
o dia que morri,
entre uma data e outra,
tudo me pertence,
tudo que vivi,
irão para sempre comigo.
o dia que nasci,
o dia que morri,
entre uma data e outra,
tudo me pertence,
tudo que vivi,
irão para sempre comigo.
TUDO PASSA
Caminhando pelas ruas,
entre rostos e vozes rosnantes,
vejo seu rosto na multidão,
quando passa...passa...
Olha-me como olha a todos,
o mais comum dos seres,
ganho sempre um sorriso,
que me enche de quereres,
Caminhando pelas ruas
entre rostos e vozes rosnantes,
penso vê-la na multidão,
que não passa... não passa...
segunda-feira, 26 de junho de 2017
OLHAR POÉTICO
O olho da poesia
viu uma senhora alimentando moscas,
comendo rosas e dando água as árvores,
como uma pequena menina,
Falava com as margaridas,
fazia sopa de pedras,
dançava com a tempestades,
cantava para os passarinhos,
Tenho que fazer silêncio,
para meus dedos descansarem.
viu uma senhora alimentando moscas,
comendo rosas e dando água as árvores,
como uma pequena menina,
Falava com as margaridas,
fazia sopa de pedras,
dançava com a tempestades,
cantava para os passarinhos,
Tenho que fazer silêncio,
para meus dedos descansarem.
ÁLBUM DE RECORDAÇÕES
Cristina usava óculos,
gostava de usar jeans e camisetas,
admirava o som dos violinos,
enquanto lagarta falava comigo,
um dia saiu do casulo,
toda colorida, bateu asas de alegria,
tropeçou, caiu, levantou,
nunca mais me olhou,
caiu no álbum das minhas recordações.
gostava de usar jeans e camisetas,
admirava o som dos violinos,
enquanto lagarta falava comigo,
um dia saiu do casulo,
toda colorida, bateu asas de alegria,
tropeçou, caiu, levantou,
nunca mais me olhou,
caiu no álbum das minhas recordações.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
ABISMO
As mãos nas tuas nádegas,
a língua no teu ouvido,
ecoando te amo pelo corpo,
beijos, abraços, em cima,
embaixo, entre, sempre,
sempre é muito tempo!
nesta efêmera poesia e no sêmen, então,
o silêncio se transforma num abismo profundo.
a língua no teu ouvido,
ecoando te amo pelo corpo,
beijos, abraços, em cima,
embaixo, entre, sempre,
sempre é muito tempo!
nesta efêmera poesia e no sêmen, então,
o silêncio se transforma num abismo profundo.
SE ESSA RUA FOSSE MINHA
Disse-me hoje uma rua:
Sou a Gal. Jardim nº 32 - Centro,
- Atenção! Aqui tem gente morando!
Coisas que uma rua diz, através dos muros,
coisas que só saem da gente por escrito,
Na calçada uma senhora, urinava,
com a mesma calcinha rosa,
com os desenhos infantis de sempre,
A banca de jornal descansando no muro,
grita: Golllll!, Inflação e sangue,
frente a aqueles que palitam os dentes
e os que cagam e mijam felizes,
Ela está cheia de cães,
ligados aos donos pela mesma coleira,
numa convivência apática que os fazem iguais,
Os escritos no muro, serão poemas?
Não sei.
O que sei?
O autor do muro, me era desconhecido.
Sou a Gal. Jardim nº 32 - Centro,
- Atenção! Aqui tem gente morando!
Coisas que uma rua diz, através dos muros,
coisas que só saem da gente por escrito,
Na calçada uma senhora, urinava,
com a mesma calcinha rosa,
com os desenhos infantis de sempre,
A banca de jornal descansando no muro,
grita: Golllll!, Inflação e sangue,
frente a aqueles que palitam os dentes
e os que cagam e mijam felizes,
Ela está cheia de cães,
ligados aos donos pela mesma coleira,
numa convivência apática que os fazem iguais,
Os escritos no muro, serão poemas?
Não sei.
O que sei?
O autor do muro, me era desconhecido.
VIDAS SEVERINAS
O mundo é pródigo de pessoas,
Todos os dias brilham e caminham no tempo,
entre a destruição e a paz passageira poética.
Da minha janela que dá para o berçário
vejo muitos, como abelhas construindo um favo,
na lembrança outros enxames me assombram,
assim como os guerreiros, que morreram de overdose,
cochilo, sonho, exaurido,
entorpecido de vidas, num melaço de paixões.
Todos os dias brilham e caminham no tempo,
entre a destruição e a paz passageira poética.
Da minha janela que dá para o berçário
vejo muitos, como abelhas construindo um favo,
na lembrança outros enxames me assombram,
assim como os guerreiros, que morreram de overdose,
cochilo, sonho, exaurido,
entorpecido de vidas, num melaço de paixões.
TÚMULOS
O pobre não demora a ir para o céu,
o rico que o financia
demora muito mais,
só quando quer fugir de si,
as portas se abrem.
o rico que o financia
demora muito mais,
só quando quer fugir de si,
as portas se abrem.
terça-feira, 20 de junho de 2017
A CAVERNA
Aos olhos do homem encarcerado, de repente,
um fio de luz iluminou, desvendando os olhos,
velho e adormecido, pelos grilhões da alienação,
as amarras se removiam, a cada passo para a luz,
já não tinha pernas para andar o mundo,
já não tinha braços
para carregar fardos,
já não tinha língua, só grunidas palavras;
a luz à sua frente como uma porta aberta,
já não conhecia portas nem janelas.
A esfinge havia lhe tirado o pensamento,
com tristeza, olhou as amarras, a venda, os grilhões,
urrou como um animal deu meia volta,
Correu para a sua escuridão.
segunda-feira, 19 de junho de 2017
PREDADOR
A cabeça navega,
nas águas que banham um gato,
que devorou um canto, hoje,
na gaiola só se ouve o silêncio,
de um canário.
nas águas que banham um gato,
que devorou um canto, hoje,
na gaiola só se ouve o silêncio,
de um canário.
PALAVRAS
Do descanso romântico,
para o parnasiano exercício,
nasceram palavras tão lindas,
que não expressam nada...
nadinha de nada.
para o parnasiano exercício,
nasceram palavras tão lindas,
que não expressam nada...
nadinha de nada.
FELICIDADE
As crianças olham para as listras das zebras,
pensando em um arco - iris colorido;
por isso são muito mais felizes.
pensando em um arco - iris colorido;
por isso são muito mais felizes.
ORAÇÃO
Oh, lumpem!
meus dias são de lutas,
tensão, contradições...
Nada tenho a ver com aposentadoria!
Porque você não se torna um mastro?
Serviria ao menos para agitar a bandeira...
ou orar num altar com pão e vinho,
signo de um herói morto.
meus dias são de lutas,
tensão, contradições...
Nada tenho a ver com aposentadoria!
Porque você não se torna um mastro?
Serviria ao menos para agitar a bandeira...
ou orar num altar com pão e vinho,
signo de um herói morto.
sexta-feira, 9 de junho de 2017
CHORINHO
Eu vivo clarinetando a vida
lacrimejando os dias.
fui acolhido por um bandolim,
um cavaco, piano e pandeiro,
ao som de um violão.
Bem baixinho me dizia: Te amo!
Um acordeon.
lacrimejando os dias.
fui acolhido por um bandolim,
um cavaco, piano e pandeiro,
ao som de um violão.
Bem baixinho me dizia: Te amo!
Um acordeon.
quinta-feira, 25 de maio de 2017
POEMA INÚTIL
Nas relações surdas e cegas,
não ouvidas,nos gemidos,
nos gritos, pulos, sussurros,
só se vêem gestos rápidos,
agora lentos, se opondo a nada.
Nada de graça, só cobranças,
que se desdobram, rolam, revelam,
o final de um tempo inútil.
não ouvidas,nos gemidos,
nos gritos, pulos, sussurros,
só se vêem gestos rápidos,
agora lentos, se opondo a nada.
Nada de graça, só cobranças,
que se desdobram, rolam, revelam,
o final de um tempo inútil.
AQUI
Nesse "aqui" nada inocente,
a pele vibra, embrutece, sente,
deseja e padece, em,
meu labirinto de agora,
na rugosa paisagem,
não sou cego, vejo o polvo,
com seus tentáculos de abutre,
corre povo! Não sossego,
corre, para, salta, agacha.
Distante na tensa calma,
a palavra, sílaba, fragmento,
narra o tempo,
unidos num agora a menos,
os cacos da militância de hoje.
Revejo a poesia, pois é apoesia,
tentando concentrar um "aqui".
E agora?
Resta-me buscar um sentido,
procurando perdidos entre os achados,
não encontro nem o verso do todo
entre os destroços no vazio.
Haverá uma saída?
As palavras tem pele,
é feita pelos sentidos,
oxigena os poemas
entre tantas coisas líricas,
o povo é uma bomba polvo,
de pavio curto,
escuta esse mundo redondo
explodir e girar.
a pele vibra, embrutece, sente,
deseja e padece, em,
meu labirinto de agora,
na rugosa paisagem,
não sou cego, vejo o polvo,
com seus tentáculos de abutre,
corre povo! Não sossego,
corre, para, salta, agacha.
Distante na tensa calma,
a palavra, sílaba, fragmento,
narra o tempo,
unidos num agora a menos,
os cacos da militância de hoje.
Revejo a poesia, pois é apoesia,
tentando concentrar um "aqui".
E agora?
Resta-me buscar um sentido,
procurando perdidos entre os achados,
não encontro nem o verso do todo
entre os destroços no vazio.
Haverá uma saída?
As palavras tem pele,
é feita pelos sentidos,
oxigena os poemas
entre tantas coisas líricas,
o povo é uma bomba polvo,
de pavio curto,
escuta esse mundo redondo
explodir e girar.
SILÊNCIO
...Carrego muitos silêncios
que me habitam a todo momento,
mesmo os que não o tem como hóspede
com ele caminham ao vento...,
cada qual com seu silêncio de dentro,
como uma contínua lembrança
que invadem minhas e suas noites,
oco, inacabado, suspenso...,
como algo profundo e palpável, ou,
um deserto a saltar para fora
no chão do nada, buscando
esboçar um método...
que me habitam a todo momento,
mesmo os que não o tem como hóspede
com ele caminham ao vento...,
cada qual com seu silêncio de dentro,
como uma contínua lembrança
que invadem minhas e suas noites,
oco, inacabado, suspenso...,
como algo profundo e palpável, ou,
um deserto a saltar para fora
no chão do nada, buscando
esboçar um método...
SOBRAS
Se poesia fosse alimento
estaria eu morrendo
de obesidade mórbida,
mesmo enquanto a burguesia
palita seus dentes,
os poetas vão comendo,
correndo atrás das sobras.
estaria eu morrendo
de obesidade mórbida,
mesmo enquanto a burguesia
palita seus dentes,
os poetas vão comendo,
correndo atrás das sobras.
DO OUTRO LADO
Nem te ligo Heráclito
mesmo nem sempre sendo eu,
o importante é conseguir
atravessar o seu rio.
mesmo nem sempre sendo eu,
o importante é conseguir
atravessar o seu rio.
terça-feira, 23 de maio de 2017
LEMBRANÇAS
Lembro-me das pequenas perdas
que a imaginação desloca,
preferiria ter perdido todas,
das grandes as pequenas.
As ausências são um bom silêncio,
as lembranças ficam nuas,
pequenas, adultas, adultas, velhas,
velhas querem morrer,
não sei pela sobra ou falta de amor.
que a imaginação desloca,
preferiria ter perdido todas,
das grandes as pequenas.
As ausências são um bom silêncio,
as lembranças ficam nuas,
pequenas, adultas, adultas, velhas,
velhas querem morrer,
não sei pela sobra ou falta de amor.
SAUDOSISMO
Os adolescentes são crianças
no seu tempo, os invejo,
pois já me falham as lembranças.
Hoje tenho um fardo na corcunda,
carrego um calombo nas costas.
no seu tempo, os invejo,
pois já me falham as lembranças.
Hoje tenho um fardo na corcunda,
carrego um calombo nas costas.
FIM DOS TEMPOS
Alguns dias enterro,
pois mortos eles não sonham mais;
que esses versos galopem,
os percursos cotidianos,
vivos, como os dias de ontem
que serão melhor um dia,
seguindo diferentes,
sem nunca olhar para os lados,
sob as lápides em cova rasa,
embaladas pelos dias mortos
com as horas que não mais avançam,
adormecidas, as lágrimas molham,
os dias mortos exaustos
que estirados soluçam.
pois mortos eles não sonham mais;
que esses versos galopem,
os percursos cotidianos,
vivos, como os dias de ontem
que serão melhor um dia,
seguindo diferentes,
sem nunca olhar para os lados,
sob as lápides em cova rasa,
embaladas pelos dias mortos
com as horas que não mais avançam,
adormecidas, as lágrimas molham,
os dias mortos exaustos
que estirados soluçam.
terça-feira, 16 de maio de 2017
MULHER APENAS
Daniela
fresca
sutil
(vagalumes
iluminam
sua noite)
só
uma
mulher
linda
serena
misteriosa
apenas.
fresca
sutil
(vagalumes
iluminam
sua noite)
só
uma
mulher
linda
serena
misteriosa
apenas.
ATÉ AMANHÃ
Bocejo,
eu: mortalmente vivo:
respiro.
No jornal do dia
as crianças da noite,
em notícia.
Nos meus passos calibrados,
disparo um praguejo.
Nas calçadas
mijos e cusparadas,
com meu inútil
andar cotidiano.
No rosto dos postes e árvores,
um lambe lambe sensual,
a cidade fraciona até o sol,
o dia aguarda a noite sonâmbulo,
o tempo ainda não deixou de existir.
eu: mortalmente vivo:
respiro.
No jornal do dia
as crianças da noite,
em notícia.
Nos meus passos calibrados,
disparo um praguejo.
Nas calçadas
mijos e cusparadas,
com meu inútil
andar cotidiano.
No rosto dos postes e árvores,
um lambe lambe sensual,
a cidade fraciona até o sol,
o dia aguarda a noite sonâmbulo,
o tempo ainda não deixou de existir.
HOMEM CAVALO
Quando?
Acordado, liberto do celeiro,
relincho, serpenteio,
escoiceio o passado,
galopo o futuro
no homem cavalo de mim.
Acordado, liberto do celeiro,
relincho, serpenteio,
escoiceio o passado,
galopo o futuro
no homem cavalo de mim.
CRACOLÂNDIA
Dúzias, covas, ossos,
não há jardins na infância,
abracadabra, abocabraba,
fumaças e pedras no caminho,
o sinal de humanidade,
estão nos olhos do mêdo.
não há jardins na infância,
abracadabra, abocabraba,
fumaças e pedras no caminho,
o sinal de humanidade,
estão nos olhos do mêdo.
SONHO
Daniela baunilha
me olhava da frutaria
sorrindo com outras frutas,
por um segundo eterno,
de pele clara, cabelos negros,
lisos como um tobogã,
Um poema alheio
que se explicava,
por existir; para ser,
Hoje é uma onça
enjaulada, que não diz que é,
outra coisa que quer ser,
Lá fora chovia, os pingos bailavam,
Daniela sorria, eu soluçava,
outro dia, de vento e água no rosto,
enquanto o sonho vivia.
me olhava da frutaria
sorrindo com outras frutas,
por um segundo eterno,
de pele clara, cabelos negros,
lisos como um tobogã,
Um poema alheio
que se explicava,
por existir; para ser,
Hoje é uma onça
enjaulada, que não diz que é,
outra coisa que quer ser,
Lá fora chovia, os pingos bailavam,
Daniela sorria, eu soluçava,
outro dia, de vento e água no rosto,
enquanto o sonho vivia.
NADA É COMO ANTES
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi;
penso para me encontrar
como forma de me perder,
perdendo o passado de pouca idade,
não compreendo os saltos, os obstáculos,
com meus braços longos, pernas finas,
procuram como forma de me achar,
entre achados e perdidos
as estórias hoje colho,
não são as sempre felizes,
são, quando as colho, de um tempo contrário,
as que não lembro, esqueço,
coisa pouca saliva a boca.
As que mais me lembro o poema contém,
dividindo as estórias com alguém,
fica o quarto, fica o parto,
o pasto, o choro, o riso,
o verso, inverso, fica de mim vocês,
eu guerreiro de lutas mortas,
feito de coisas lembradas e esquecidas,
como todos, fatigado de verdades e mentiras;
o tempo passa, com sonhos e denúncias,
lembrando as minhas duras perdas,
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi.
não são os olhos com que te vi;
penso para me encontrar
como forma de me perder,
perdendo o passado de pouca idade,
não compreendo os saltos, os obstáculos,
com meus braços longos, pernas finas,
procuram como forma de me achar,
entre achados e perdidos
as estórias hoje colho,
não são as sempre felizes,
são, quando as colho, de um tempo contrário,
as que não lembro, esqueço,
coisa pouca saliva a boca.
As que mais me lembro o poema contém,
dividindo as estórias com alguém,
fica o quarto, fica o parto,
o pasto, o choro, o riso,
o verso, inverso, fica de mim vocês,
eu guerreiro de lutas mortas,
feito de coisas lembradas e esquecidas,
como todos, fatigado de verdades e mentiras;
o tempo passa, com sonhos e denúncias,
lembrando as minhas duras perdas,
Os olhos com que te vejo,
não são os olhos com que te vi.
MELANCOLIA
Queria ter tido outro destino,
esse não planejei, fui indo com o vento,
de bem querer a mal querer.
Já tive mulheres e filhos,
que a ventania me levou,
joguei bola, bolinha de gude,
ri muito, fui contente,
hoje não tenho dentes.
Meu último amigo foi meu umbigo,
seco, lógico, ferido morro só,
alguns se vão como eu, de nada em nada.
O que me sobrou? Sobrou esse poema,
palavras de lamentos e recordações,
alguém que é utopicamente feliz,
um velho crocante de idade em idade,
se movimentando na barbárie.
Resta-me nessa mesmice, o som do violino,
esse mundo de múltiplas faces,
faminto de melancolias.
esse não planejei, fui indo com o vento,
de bem querer a mal querer.
Já tive mulheres e filhos,
que a ventania me levou,
joguei bola, bolinha de gude,
ri muito, fui contente,
hoje não tenho dentes.
Meu último amigo foi meu umbigo,
seco, lógico, ferido morro só,
alguns se vão como eu, de nada em nada.
O que me sobrou? Sobrou esse poema,
palavras de lamentos e recordações,
alguém que é utopicamente feliz,
um velho crocante de idade em idade,
se movimentando na barbárie.
Resta-me nessa mesmice, o som do violino,
esse mundo de múltiplas faces,
faminto de melancolias.
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